Quem conhece os bairros antigos de Lisboa, onde agora se vendem casas por preços astronómicos, lembra-se de como eram essas zonas há 10, 15, 20 anos. Prédios com fachadas degradadas e sem pintura, tudo a cair de podre por dentro e por fora, varandas, portas, janelas, num estado deplorável, etc.
Eu morei na zona do Campo Mártires da Pátria e havia ali algumas ruelas em que já só se esperava o dia em que um daqueles prédios viesse abaixo, passe o exagero. Hoje passa-se por lá e são inúmeros os edifícios recuperados, pintados, impecáveis. Por dentro presumo que também o estejam. E muitos outros estão em recuperação. Também morei perto da Praça do Chile. Idem nessa zona. Passar por Alfama, Mouraria ou baixa de Lisboa hoje ou há 20 anos atrás nem tem comparação.
Eu acho que há quem associa o "típico" ao antigo e para isso é preciso ter casas a cair. Isso é que é bom. É como aquele pessoal que adora Havana porque é uma viagem no tempo. Parece que se voltou aos anos 60, esquecendo que aquilo acontece pelas piores razões.
Já agora, diga-se que quando havia camiões de prédios a cair e disponíveis ao preço da chuva, ninguém os queria comprar. Agora é que ficam todos ouriçados porque querem comprar e não conseguem. Mas o especulador, que se atravessou com o dinheiro quando ninguém queria aquilo, é que é o mauzão.