Nessa altura não estava ainda a usar nenhum método sistemático. Eram trades geralmente de semanas ou meses de duração, mas baseado só em intuição. Em 1986 comecei com 100 contos apenas, acumulados com mesadas de 10 contos do meu pai! Ganhei imenso em 1986-87 porque toda a gente ganhou. Tinha 10000 contos em Outubro de 1987 (um ano depois de começar), desceram para 2500 com o crash. Apanhei com o crash sem vender. Isto apesar de, nas semanas anteriores, ter tido numerosas discussões com amigos que também investiam (sobretudo nas cervejarias Portugália e Trindade!) em que nós prevíamos, correctamente, que o crash ia acontecer e não devia tardar muito. Fomos gananciosos. Estávamos todos a ganhar centenas de contos por dia (Setembro de 1987, nos dias em que a carteira subia quase 5% / dia), e isto era inebriante para quem, um ano antes, apenas tinha uma mesada de 10 contos por mês. Por isso caí.
Em 1988-92, continuou a ser uma fase de aprendizagem. Foi nesse período que realmente aprendi sobre Bolsa.
A partir de 1992 comecei a usar uma estratégia de buy & hold, mas ainda não era nenhum método de selecção de acções. Em vez disso era simplesmente a decisão de estar investido longo 100% do tempo e com 100% do capital em acções, escolhidas de forma banal (simplesmente blue chips ou small caps das quais gostava). Escolhi fazer isso, porque é o que vem recomendado no livro de Paul Samuelson, p.71. Ele diz que não vale a pena tentar prever timings, o melhor é comprar e guardar, e dá exemplos impressionantes. Levei aquele capítulo muito a sério. Apesar disso, fiz muitos trades de curto ou médio prazo, mas noto que a minha performance nunca foi boa nisso.
A longo prazo isto deu resultado. Isto, mais a decisão de tentar pôr de lado uns 50 contos / mês do salário para reforçar a carteira e, assim, fazê-la recuperar em valor depois de bear markets mais rápido.