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Autor Tópico: Angola - Tópico principal  (Lida 70507 vezes)

Thunder

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Re: Angola - Tópico principal
« Responder #140 em: 2015-11-25 15:08:29 »
Não sei se seria. Tal como o Brasil e Portugal, Angola tem muitas pessoas capazes de funcionar ao nível do primeiro mundo, e muitas que não conseguem produzir nada que possa sequer competir com Chineses mal instruídos vindos do campo.

O índice de GINI em países que tenham tais condições vai ser sempre monstruoso.

----------

Concordo que muitos destes países estariam melhor como estavam, colonizados. Teriam instituições mais funcionais e isso a par com a economia de mercado ajuda imenso ao desenvolvimento.

No Brasil, China, Angola, tens milionários que só o são por estarem completamente ligados ao estado.
E a maioria deles até sangra o dinheiro do país, estacionando o mesmo em paraísos fiscais.
Para mim é obvio que tal tem impacto no índice de GINI. O capital do estado de uma forma ou de outra têm que vir de algum lado, e será da parte não corrupta da população.

Eu não defendo a manutenção de colonialismo.
O que eu já discuti contigo é que o processo de colonização do Brasil, da África do Sul, de ilhas na zona da Indonésia, não teve nada à ver com o que se passou no Botswana.
Nos primeiros a colonização foi totalmente extrativa. Ninguém estava preocupado com a existência de sociedades minimamente funcionais e estáveis.
No Botswana houve a chance de manter as estruturas locais e uma sociedade minimamente estruturada.

Não, o capital não vem da parte da população que não produz nada, nem nada é retirado a essa parte da população a menos que a mesma seja impedida de produzir ... não é assim que o sistema funciona. Igualmente no Ocidente os pobres em absoluto não são produzidos pelo capitalismo "que lhes tira coisas". Só os pobres relativos são produzidos pelo capitalismo, na medida em que quem participa enriquece brutalmente versus quem não o faz.

É argumentável que um sistema melhor levaria a mais produção. Mas o sistema presente, se não impede de produzir, não pode levar a empobrecimento que não existiria de outra forma. É nisso que o socialismo consegue ser tão mau, porque ao impedir a propriedade privada, impede de produzir, além de mesmo entre os que produzem o sistema remove o incentivo para produzir.

Uma economia de mercado, mesmo toda corrupta, não tem esse efeito -- excepto na medida em que se lhe sejam acrescentadas medidas colectivistas que controlem agressivamente quem pode produzir o quê.

----------

Já agora, pelo menos na África do Sul esse teu conceito não pode ter sido aplicado porque esta se desenvolveu muito mais do que os países circundantes.

E novamente, essa coisa da "colonização extractiva" é debatível. Com escravos, sim, não é debatível. Mas com liberdade, é, porque ninguém é obrigado a participar em indústrias extractivas e quem o faz só ganha com isso (na sua perspectiva, ou não participaria). Além disso, "extrair" não reduz o nível de vida. Certamente aumenta-o versus "não extrair", e não o altera versus "deixar no chão".

O petróleo é da população angolana, não dos generais e apaniguados do Eduardo dos Santos.
Em relação à colonização extrativa, já debatemos isso ad nauseam, no tópico do QI, não vamos sair do ponto em que ficamos.
Agora achei curioso pegares no Botswana como exemplo. Usas a questão da organização do país (é um argumento justo), mas esqueces dos outros factores que já te foram demonstrados.

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Re: Angola - Tópico principal
« Responder #141 em: 2015-11-25 15:10:16 »
Inc, para ti o uso que é dado a um recurso natural do país, é igual em Angola ou na Noruega?

Não, claramente a situação em Angola é MUITO mais injusta. Tal como o é quando comparada com o Kuwait.

Porém:
* É pior ainda o recurso não ser explorado e daí ser derivada alguma melhoria.
* E embora seja uma coisa trementamente injusta, não existe alguém que fique mais pobre por isso acontecer -- simplesmente não enriquece, ou não enriquece tanto, por isso acontecer mesmo sem produzir nada.

Dito de outra forma, alguém na Noruega ou no Kuwait é altamente beneficiado pelas políticas que são muito mais justas a distribuir a riqueza que é passível de ser gerada pelo recurso. Mas não se pode dizer que alguém seja prejudicado por não ser beneficiado -- apenas é menos beneficiado, em Angola. Não fica pior do que está, fica pior do que poderia ter ficado.

Em certa medida no Ocidente em geral a política também não será tremendamente diferente -- na medida em que sejam empresas privadas a explorar os recursos. Quase só os seus accionistas e trabalhadores ganham, o Estado ganha apenas indirectamente via aplicação de impostos à actividade, que serão menores do que o benefício retirado por parte da Noruega ou Kuwait. É claro, um Estado no Ocidente tende a depois distribuir esses impostos, mesmo sendo eles relativamente menores.

---------

Resumindo, Angola poderia fazer muito melhor a distribuir a benesse que resulta do recurso, mas não está necessariamente a colocar pessoas pior do que elas estariam na ausência da exploração (injusta) desse recurso. Apenas possivelmente as poderia estar a colocar melhor do que está.

É um pouco como a ideia de que o capitalismo tira coisas às pessoas. Não tira. Apenas não dá, só dá a quem participa.
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Re: Angola - Tópico principal
« Responder #142 em: 2015-11-25 15:11:20 »
Aquilo é uma economia completamente corrupta; para mim isso foge da definição de mercado livre.

Lá como cá... presidentes de câmaras municipais a fazer rotundas e rotundinhas totalmente desnecessárias, estradas abertas em regiões autónomas para levar a sítio nenhum com pontes pelo meio, ex-ministros a liderar empresas de sectores que tutelaram e a quem entregaram balúrdios de dinheiro. Até um ex-primeiro-ministro preso...

Naturalmente que há diferenças abissais. Ma sacredito que faz parte do caminho para ser um país bem melhor.

Não tenhas dúvidas que são mais os prejudicados que os beneficiados.
O problema é que os beneficiados têm muito maior acesso a sindicatos, aos decisores nas CM, nos gabinetes de estado e aos próprios legisladores.

Explica o processo para existirem sequer "prejudicados".

Só existem 2 formas de alguém sair prejudicado:
* Ou por o impedirem de produzir algo.
* Ou por o taxarem forte e feio no que produz para dar a outros.

Não parece que alguma destas esteja em questão mesmo que um monte de malandros façam estradas e pontes para lado nenhum em Angola ... necessariamente fazerem isso não impede alguém de produzir algo, e também não serão as massas improdutivas que serão certamente taxadas para fazer isso.

Penso que estarás a contar com o direito da população em geral a parte da riqueza que não produz, simplesmente porque os recursos vendidos que a produzem seriam de todos (o que é relativamente razoável). Mas isso, novamente, é debatível. Isto porque essa riqueza não se extraí sozinha. A população não teria direito a nada (como não teve, durante muito tempo) se ninguém a extraísse ...

Obviamente pode ser uma coisa claramente pouco justa (só uns quantos beneficiarem, o que é debatível, porque provavelmente o Estado Angolano até está a espalhar um bocado uma parte dessa riqueza), mas é muito diferente de ser efectivamente tirado algo a alguém.

Inc, estava a responder ao Paquinho falando do que ocorre aqui (o post do Paquinho era sobre Portugal).
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Re: Angola - Tópico principal
« Responder #143 em: 2015-11-25 15:12:44 »
Não sei se seria. Tal como o Brasil e Portugal, Angola tem muitas pessoas capazes de funcionar ao nível do primeiro mundo, e muitas que não conseguem produzir nada que possa sequer competir com Chineses mal instruídos vindos do campo.

O índice de GINI em países que tenham tais condições vai ser sempre monstruoso.

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Concordo que muitos destes países estariam melhor como estavam, colonizados. Teriam instituições mais funcionais e isso a par com a economia de mercado ajuda imenso ao desenvolvimento.

No Brasil, China, Angola, tens milionários que só o são por estarem completamente ligados ao estado.
E a maioria deles até sangra o dinheiro do país, estacionando o mesmo em paraísos fiscais.
Para mim é obvio que tal tem impacto no índice de GINI. O capital do estado de uma forma ou de outra têm que vir de algum lado, e será da parte não corrupta da população.

Eu não defendo a manutenção de colonialismo.
O que eu já discuti contigo é que o processo de colonização do Brasil, da África do Sul, de ilhas na zona da Indonésia, não teve nada à ver com o que se passou no Botswana.
Nos primeiros a colonização foi totalmente extrativa. Ninguém estava preocupado com a existência de sociedades minimamente funcionais e estáveis.
No Botswana houve a chance de manter as estruturas locais e uma sociedade minimamente estruturada.

Não, o capital não vem da parte da população que não produz nada, nem nada é retirado a essa parte da população a menos que a mesma seja impedida de produzir ... não é assim que o sistema funciona. Igualmente no Ocidente os pobres em absoluto não são produzidos pelo capitalismo "que lhes tira coisas". Só os pobres relativos são produzidos pelo capitalismo, na medida em que quem participa enriquece brutalmente versus quem não o faz.

É argumentável que um sistema melhor levaria a mais produção. Mas o sistema presente, se não impede de produzir, não pode levar a empobrecimento que não existiria de outra forma. É nisso que o socialismo consegue ser tão mau, porque ao impedir a propriedade privada, impede de produzir, além de mesmo entre os que produzem o sistema remove o incentivo para produzir.

Uma economia de mercado, mesmo toda corrupta, não tem esse efeito -- excepto na medida em que se lhe sejam acrescentadas medidas colectivistas que controlem agressivamente quem pode produzir o quê.

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Já agora, pelo menos na África do Sul esse teu conceito não pode ter sido aplicado porque esta se desenvolveu muito mais do que os países circundantes.

E novamente, essa coisa da "colonização extractiva" é debatível. Com escravos, sim, não é debatível. Mas com liberdade, é, porque ninguém é obrigado a participar em indústrias extractivas e quem o faz só ganha com isso (na sua perspectiva, ou não participaria). Além disso, "extrair" não reduz o nível de vida. Certamente aumenta-o versus "não extrair", e não o altera versus "deixar no chão".

O petróleo é da população angolana, não dos generais e apaniguados do Eduardo dos Santos.
Em relação à colonização extrativa, já debatemos isso ad nauseam, no tópico do QI, não vamos sair do ponto em que ficamos.
Agora achei curioso pegares no Botswana como exemplo. Usas a questão da organização do país (é um argumento justo), mas esqueces dos outros factores que já te foram demonstrados.

Eu só estou a tentar explicar que mesmo que achemos que o petróleo é da população Angolana, a população não ficaria melhor se o petróleo ficasse no chão. Logo não se pode linearmente dizer que é prejudicada por ele ser explorado de forma injusta. O que é, é menos beneficiada do que poderia ser, via formas de distribuição mais justas como as que ocorrem na Noruega ou Kuwait.
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Re: Angola - Tópico principal
« Responder #144 em: 2015-11-25 15:13:29 »
Aquilo é uma economia completamente corrupta; para mim isso foge da definição de mercado livre.

Lá como cá... presidentes de câmaras municipais a fazer rotundas e rotundinhas totalmente desnecessárias, estradas abertas em regiões autónomas para levar a sítio nenhum com pontes pelo meio, ex-ministros a liderar empresas de sectores que tutelaram e a quem entregaram balúrdios de dinheiro. Até um ex-primeiro-ministro preso...

Naturalmente que há diferenças abissais. Ma sacredito que faz parte do caminho para ser um país bem melhor.

Não tenhas dúvidas que são mais os prejudicados que os beneficiados.
O problema é que os beneficiados têm muito maior acesso a sindicatos, aos decisores nas CM, nos gabinetes de estado e aos próprios legisladores.

Explica o processo para existirem sequer "prejudicados".

Só existem 2 formas de alguém sair prejudicado:
* Ou por o impedirem de produzir algo.
* Ou por o taxarem forte e feio no que produz para dar a outros.

Não parece que alguma destas esteja em questão mesmo que um monte de malandros façam estradas e pontes para lado nenhum em Angola ... necessariamente fazerem isso não impede alguém de produzir algo, e também não serão as massas improdutivas que serão certamente taxadas para fazer isso.

Penso que estarás a contar com o direito da população em geral a parte da riqueza que não produz, simplesmente porque os recursos vendidos que a produzem seriam de todos (o que é relativamente razoável). Mas isso, novamente, é debatível. Isto porque essa riqueza não se extraí sozinha. A população não teria direito a nada (como não teve, durante muito tempo) se ninguém a extraísse ...

Obviamente pode ser uma coisa claramente pouco justa (só uns quantos beneficiarem, o que é debatível, porque provavelmente o Estado Angolano até está a espalhar um bocado uma parte dessa riqueza), mas é muito diferente de ser efectivamente tirado algo a alguém.

Inc, estava a responder ao Paquinho falando do que ocorre aqui (o post do Paquinho era sobre Portugal).

Ok, aqui a situação é diferente pois existem efectivamente prejudicados, pois os recursos usados são primeiramente (ou posteriormente) retirados via impostos.
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Re: Angola - Tópico principal
« Responder #145 em: 2015-11-25 15:20:15 »
Inc, para ti o uso que é dado a um recurso natural do país, é igual em Angola ou na Noruega?

Não, claramente a situação em Angola é MUITO mais injusta. Tal como o é quando comparada com o Kuwait.

Porém:
* É pior ainda o recurso não ser explorado e daí ser derivada alguma melhoria.
* E embora seja uma coisa trementamente injusta, não existe alguém que fique mais pobre por isso acontecer -- simplesmente não enriquece, ou não enriquece tanto, por isso acontecer mesmo sem produzir nada.

Dito de outra forma, alguém na Noruega ou no Kuwait é altamente beneficiado pelas políticas que são muito mais justas a distribuir a riqueza que é passível de ser gerada pelo recurso. Mas não se pode dizer que alguém seja prejudicado por não ser beneficiado -- apenas é menos beneficiado, em Angola. Não fica pior do que está, fica pior do que poderia ter ficado.

Em certa medida no Ocidente em geral a política também não será tremendamente diferente -- na medida em que sejam empresas privadas a explorar os recursos. Quase só os seus accionistas e trabalhadores ganham, o Estado ganha apenas indirectamente via aplicação de impostos à actividade, que serão menores do que o benefício retirado por parte da Noruega ou Kuwait. É claro, um Estado no Ocidente tende a depois distribuir esses impostos, mesmo sendo eles relativamente menores.

---------

Resumindo, Angola poderia fazer muito melhor a distribuir a benesse que resulta do recurso, mas não está necessariamente a colocar pessoas pior do que elas estariam na ausência da exploração (injusta) desse recurso. Apenas possivelmente as poderia estar a colocar melhor do que está.

É um pouco como a ideia de que o capitalismo tira coisas às pessoas. Não tira. Apenas não dá, só dá a quem participa.

Inc, não vamos entrar nestes jogos de retórica mega complicados.
Falei do índice de GINI e da corrupção que impede que ele seja mais justo.
Angola pode extrair petróleo e ao mesmo tempo melhorar os rendimentos e condições de vida da população. O problema é que isso deixaria uma fatia pequena ou muito pequena para ser distribuida pelas "elites". O que tal faria ao índice de GINI angolano?

A questão da não exploração é uma falácia.
O recurso está a ser extraído e está a ser alvo duma pilhagem (por poucos). Estes são os factos.
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Paquinho

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Re: Angola - Tópico principal
« Responder #146 em: 2015-11-25 15:46:04 »
Sim, quando referi

Citar
Lá como cá... presidentes de câmaras municipais a fazer rotundas e rotundinhas totalmente desnecessárias, estradas abertas em regiões autónomas para levar a sítio nenhum com pontes pelo meio, ex-ministros a liderar empresas de sectores que tutelaram e a quem entregaram balúrdios de dinheiro. Até um ex-primeiro-ministro preso...

estava a falar de Portugal que muito tem beneficiado da exploração das riquezas naturais de Angola

Quando o Thunder refere que tem amigos na construção a trabalhar em Angola que dizem que "aquilo é o fim do mundo em cuecas" seguramente também dirão que estão a ter oportunidade de construir algo que contribui para melhorar para o país, essencialmente quando as obras são ao nível das infraestruturas. E que estão a fazer algo muitas vezes muito complexo e muito desafiante que nunca na vida teriam possibilidade de o fazer em Portugal. E que isso lhes trará uma valia técnica que de outra forma não teriam. E que lhes permite saber que poderão ser bons engenheiros civis em qualquer parte do Mundo.


Thunder

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Re: Angola - Tópico principal
« Responder #147 em: 2015-11-25 15:51:17 »
O que eles relatam é muita desorganização, desperdício de recursos. Máquinas que andam a passear dum lado para o outro sem necessidade.
E que desperdiçam uma energia enorme tentando organizar os funcionários (e não são só os de "base").
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Re: Angola - Tópico principal
« Responder #148 em: 2015-11-25 16:29:03 »
Inc, para ti o uso que é dado a um recurso natural do país, é igual em Angola ou na Noruega?

Não, claramente a situação em Angola é MUITO mais injusta. Tal como o é quando comparada com o Kuwait.

Porém:
* É pior ainda o recurso não ser explorado e daí ser derivada alguma melhoria.
* E embora seja uma coisa trementamente injusta, não existe alguém que fique mais pobre por isso acontecer -- simplesmente não enriquece, ou não enriquece tanto, por isso acontecer mesmo sem produzir nada.

Dito de outra forma, alguém na Noruega ou no Kuwait é altamente beneficiado pelas políticas que são muito mais justas a distribuir a riqueza que é passível de ser gerada pelo recurso. Mas não se pode dizer que alguém seja prejudicado por não ser beneficiado -- apenas é menos beneficiado, em Angola. Não fica pior do que está, fica pior do que poderia ter ficado.

Em certa medida no Ocidente em geral a política também não será tremendamente diferente -- na medida em que sejam empresas privadas a explorar os recursos. Quase só os seus accionistas e trabalhadores ganham, o Estado ganha apenas indirectamente via aplicação de impostos à actividade, que serão menores do que o benefício retirado por parte da Noruega ou Kuwait. É claro, um Estado no Ocidente tende a depois distribuir esses impostos, mesmo sendo eles relativamente menores.

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Resumindo, Angola poderia fazer muito melhor a distribuir a benesse que resulta do recurso, mas não está necessariamente a colocar pessoas pior do que elas estariam na ausência da exploração (injusta) desse recurso. Apenas possivelmente as poderia estar a colocar melhor do que está.

É um pouco como a ideia de que o capitalismo tira coisas às pessoas. Não tira. Apenas não dá, só dá a quem participa.

Inc, não vamos entrar nestes jogos de retórica mega complicados.
Falei do índice de GINI e da corrupção que impede que ele seja mais justo.
Angola pode extrair petróleo e ao mesmo tempo melhorar os rendimentos e condições de vida da população. O problema é que isso deixaria uma fatia pequena ou muito pequena para ser distribuida pelas "elites". O que tal faria ao índice de GINI angolano?

A questão da não exploração é uma falácia.
O recurso está a ser extraído e está a ser alvo duma pilhagem (por poucos). Estes são os factos.

Compreendes que Angola sem a sua elite e sem a dita exploração nem sequer extrairia grande coisa dali?

Em todo o caso o meu ponto é que se pode argumentar que não estão a ser beneficiados devidamente. Mas não faz sentido argumentar que estão a ser prejudicados (ou seja, não estão a ficar pior do que se não existisse extracção nenhuma).

É subtil, a diferença, eu sei.
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Re: Angola - Tópico principal
« Responder #149 em: 2015-11-25 17:49:55 »
Metam isto no tópico de Angola....
"Como seria viver a vida que realmente quero?"

Automek

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D. Antunes

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Re: Angola - Tópico principal
« Responder #151 em: 2016-01-04 15:25:10 »
Inc, para ti o uso que é dado a um recurso natural do país, é igual em Angola ou na Noruega?

Não, claramente a situação em Angola é MUITO mais injusta. Tal como o é quando comparada com o Kuwait.

Porém:
* É pior ainda o recurso não ser explorado e daí ser derivada alguma melhoria.
* E embora seja uma coisa trementamente injusta, não existe alguém que fique mais pobre por isso acontecer -- simplesmente não enriquece, ou não enriquece tanto, por isso acontecer mesmo sem produzir nada.

Dito de outra forma, alguém na Noruega ou no Kuwait é altamente beneficiado pelas políticas que são muito mais justas a distribuir a riqueza que é passível de ser gerada pelo recurso. Mas não se pode dizer que alguém seja prejudicado por não ser beneficiado -- apenas é menos beneficiado, em Angola. Não fica pior do que está, fica pior do que poderia ter ficado.

Em certa medida no Ocidente em geral a política também não será tremendamente diferente -- na medida em que sejam empresas privadas a explorar os recursos. Quase só os seus accionistas e trabalhadores ganham, o Estado ganha apenas indirectamente via aplicação de impostos à actividade, que serão menores do que o benefício retirado por parte da Noruega ou Kuwait. É claro, um Estado no Ocidente tende a depois distribuir esses impostos, mesmo sendo eles relativamente menores.

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Resumindo, Angola poderia fazer muito melhor a distribuir a benesse que resulta do recurso, mas não está necessariamente a colocar pessoas pior do que elas estariam na ausência da exploração (injusta) desse recurso. Apenas possivelmente as poderia estar a colocar melhor do que está.

É um pouco como a ideia de que o capitalismo tira coisas às pessoas. Não tira. Apenas não dá, só dá a quem participa.

Inc, não vamos entrar nestes jogos de retórica mega complicados.
Falei do índice de GINI e da corrupção que impede que ele seja mais justo.
Angola pode extrair petróleo e ao mesmo tempo melhorar os rendimentos e condições de vida da população. O problema é que isso deixaria uma fatia pequena ou muito pequena para ser distribuida pelas "elites". O que tal faria ao índice de GINI angolano?

A questão da não exploração é uma falácia.
O recurso está a ser extraído e está a ser alvo duma pilhagem (por poucos). Estes são os factos.

Compreendes que Angola sem a sua elite e sem a dita exploração nem sequer extrairia grande coisa dali?

Em todo o caso o meu ponto é que se pode argumentar que não estão a ser beneficiados devidamente. Mas não faz sentido argumentar que estão a ser prejudicados (ou seja, não estão a ficar pior do que se não existisse extracção nenhuma).

É subtil, a diferença, eu sei.

Eu diria que os recursos de Angola são dos angolanos. Quando é extraído, as reservas ficam menores. Em troca dessa redução deveria haver benefícios para todos os sócios do estado angolano, que são os angolanos. Se não recebem nada ou quase nada e se as reservas se reduzem penso que estão a ser roubados.
Quando dizes: sem a elite corrupta esses recursos não seriam aproveitados. Isso é um pouco como dizer: as coisas são o que são e seria difícil que fossem muito diferentes. Até podemos dizer que se houvesse mudança de regime as coisas seriam provavelmente iguais ou piores.
Mas penso que não seria difícil existir um concurso público com regras simples e claras e uma parte do dinheiro fosse distribuída por todos os angolanos.

Penso que o problema da corrupção é frequentemente subestimado no nosso país. Devido a ele, o estado português está sistematicamente a fazer maus negócios e Portugal perdeu muitos centros de decisão. Para mim, logo após o envelhecimento da população e a imigração, é o pior problema do nosso país. Infelizmente pessoas como o Paulo Morais têm pouco apoio. Até o candidato do partido comunista não valorizou muito o problema da corrupção. Para ele a prioridade são as desigualdades e injustiças sociais. Um governo comunista é que nos tornaria a todos abastados, isso está claro.
“Price is what you pay. Value is what you get.”
“In the short run the market is a voting machine. In the long run, it’s a weighting machine."
Warren Buffett

“O bom senso é a coisa do mundo mais bem distribuída: todos pensamos tê-lo em tal medida que até os mais difíceis de contentar nas outras coisas não costumam desejar mais bom senso do que aquele que têm."
René Descartes

Zel

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Re: Angola - Tópico principal
« Responder #152 em: 2016-01-04 15:34:59 »
corrupcao eh qd se rouba pouco, neste caso eles sao os donos do pais pela forca das armas

D. Antunes

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Re: Angola - Tópico principal
« Responder #153 em: 2016-01-04 15:52:27 »
corrupcao eh qd se rouba pouco, neste caso eles sao os donos do pais pela forca das armas

Sim, é verdade e é à grande.
Mas a corrupção pode resultar em grande delapidação, quer na totalidade, quer individualmente. Em Portugal o que não faltaram foram grandes roubos, embora menores do que em Angola. Mas o PT, na Petrobrás, conseguiu competir com os valores angolanos.
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deMelo

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Re: Angola - Tópico principal
« Responder #154 em: 2016-01-04 17:56:59 »
Alguém consegue shortar Kwanza (vs USD)?
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Re: Angola - Tópico principal
« Responder #155 em: 2016-01-07 00:03:19 »
Alguém consegue shortar Kwanza (vs USD)?

Palizeeee?
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Re: Angola - Tópico principal
« Responder #156 em: 2016-01-07 01:49:41 »
Isso é mesmo muito fora do mainstream. Só se for um banco a montar a coisa, tipo OTC. Para retalho isso não deve existir.
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Re: Angola - Tópico principal
« Responder #157 em: 2016-01-07 02:08:22 »
e nao seria certamente ao cambio oficial

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Re: Angola - Tópico principal
« Responder #158 em: 2016-01-07 09:21:48 »
Hummmm... ok.
Obrigado.

Podia ser que houvesse alguma forma, ate com cruzamento de pares/cross.
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Re: Angola - Tópico principal
« Responder #159 em: 2016-01-08 15:49:59 »
O que o preço do petróleo faz.  :D

Citar
O Governo angolano considerou existir “maturidade e serenidade bastantes” entre Lisboa e Luanda para “resolver e ultrapassar os eventuais mal-entendidos” e transmitiu a Portugal a sua “vontade política de sedimentar as relações” entre os dois países.

A mensagem do Governo de José Eduardo dos Santos foi transmitida pelo embaixador angolano em Portugal, José Marcos Barrica, ao ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, numa audiência no Palácio das Necessidades, divulgou a embaixada em Lisboa, em comunicado.

O embaixador sustentou que há “maturidade e serenidade bastantes entre as legítimas autoridades de ambos os Estados para que, em sede própria, sejam resolvidos e ultrapassados os eventuais mal-entendidos ou até espevitações mal-intencionadas de quem, por qualquer razão subjetiva, esteja a desfavor de um bom relacionamento entre os nossos países e povos”, segundo a mesma nota.

Marcos Barrica considerou haver “relações de cooperação entre Estados que devem ser mantidas e incrementadas na base da confiança mútua e respeito recíproco”.


O diplomata mostrou-se convicto que os executivos dos dois países “continuarão a trabalhar nesse sentido, apesar de haver alguns ruídos nas relações, o que é natural na dinâmica dos processos de interação humana”.

Na audiência, o diplomata angolano entregou ao ministro português uma missiva, na qual o chefe da diplomacia angolana, Georges Chikoti, o felicita pela sua nomeação e apresenta em nome do Governo de Angola e em seu nome pessoal, “as sinceras felicitações, assim como os votos de prosperidade para o povo português”.

Na missiva, o ministro angolano exprime “o desejo de continuar a trabalhar para que as relações de amizade e de cooperação existentes entre a República de Angola e a República Portuguesa se fortaleçam nos mais variados domínios, no interesse dos dois povos e governos”.

Segundo a nota da embaixada angolana, a mensagem que José Marcos Barrica entregou a Augusto Santos Silva “traduz um sinal claro e inequívoco da vontade política continuada do Governo de Angola de sedimentar as relações entre ambos os governos, mas sobretudo entre os povos, que se ligam por laços históricos e afetivos profundos e que não devem, por isso, ser negligenciados”, lê-se no comunicado da embaixada.

Durante a audiência, que durou 30 minutos, o embaixador “enalteceu os laços de amizade e de cooperação existentes entre os povos de Angola e de Portugal, que são seculares”.

Em outubro de 2013, o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, anunciou o fim da parceria estratégica com Portugal. Os dois países tinham previsto realizar, em Luanda, em fevereiro de 2014, a primeira cimeira bilateral, encontro que nunca chegou a acontecer.

http://observador.pt/2016/01/08/angola-diz-haver-maturidade-resolver-eventuais-mal-entendidos-portugal/