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Autor Tópico: TAP - Tópico principal  (Lida 127894 vezes)

vbm

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Re:TAP - tópico principal
« Responder #200 em: 2015-02-02 12:05:03 »
A maioria da população não quer governar
mas sim ser governada; embora não
por incompetentes e vígaros.

tommy

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Re:TAP - tópico principal
« Responder #201 em: 2015-02-02 12:14:37 »
A maioria da população não quer governar
mas sim ser governada; embora não
por incompetentes e vígaros.

Como todos são incompetentes (pelo menos é o que dizem), siga para os referendos. Acabava-se as desculpas!  :D

Incognitus

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Re:TAP - tópico principal
« Responder #202 em: 2015-02-02 12:58:31 »
Penso que no Sábado houve uma manif pedindo um referendo para a questão da TAP.
Se calhar não era má ideia.

Não era má ideia, mas possivelmente subestimas a quantidade de pessoas que votaria a favor disso ou da RTP visto que para elas tudo está desligado (ou seja, a opinião delas sobre TAP, RTP, etc, está desligada dos respectivos custos).

Só ligando muito fortemente as duas coisas é que terias opiniões informadas. Por exemplo na RTP seria simples - se a RTP no mínimo vai levar com a contribuição audiovisual na conta de electricidade, então a pergunta deveria ser "Manter a RTP? (3 EUR/mês para si) Não manter a RTP (gratuito)".
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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secret

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Re:TAP - tópico principal
« Responder #203 em: 2015-02-02 13:05:49 »
Penso que no Sábado houve uma manif pedindo um referendo para a questão da TAP.
Se calhar não era má ideia.

Não era má ideia, mas possivelmente subestimas a quantidade de pessoas que votaria a favor disso ou da RTP visto que para elas tudo está desligado (ou seja, a opinião delas sobre TAP, RTP, etc, está desligada dos respectivos custos).

Só ligando muito fortemente as duas coisas é que terias opiniões informadas. Por exemplo na RTP seria simples - se a RTP no mínimo vai levar com a contribuição audiovisual na conta de electricidade, então a pergunta deveria ser "Manter a RTP? (3 EUR/mês para si) Não manter a RTP (gratuito)".

Eu vendo já minha parte e passo a poupar os 3 euros. Eu nem vejo televisão.

Se alguém aqui do forum quiser comprar envie-me mp.  :D

E da TAP tb estou vendedor.

Zenith

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Re:TAP - tópico principal
« Responder #204 em: 2015-02-02 13:22:55 »
Já estás a deturpar a ideia do referendo  ;D
É uma consulta popular em que a mairia decidir que quer pagar os 3Eur, tu também vais ter de meter uma moeditas  ;D
« Última modificação: 2015-02-02 13:28:33 por Zenith »

secret

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Re:TAP - tópico principal
« Responder #205 em: 2015-02-02 13:26:30 »
Assim já não estou a gostar da brincadeira.  :D

Incognitus

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Re:TAP - tópico principal
« Responder #206 em: 2015-02-02 13:31:38 »
Já estás a deturpar a ideia do referendo  ;D
É uma consulta popular em que a mairia decidir que quer pagar os 3Eur, tu também vais ter de meter uma moeditas  ;D

Não é um problema desde que todos estejam a decidir em consciência, em vez de movidos por um qualquer conceito falacioso. Seria uma boa ideia qualquer referendo vir acompanhado de um custo concreto para a pessoa MESMO que depois esse custo não fosse realmente cobrado a essa pessoa (como aconteceria em muitos casos incluindo a TAP - embora na RTP o custo seja mesmo directo)
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vbm

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Re:TAP - tópico principal
« Responder #207 em: 2015-02-02 14:17:47 »
Isso era preciso que os preços fossem coisa séria, quase tipo padrão-ouro!

Incognitus

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Re:TAP - tópico principal
« Responder #208 em: 2015-02-02 14:22:31 »
Isso era preciso que os preços fossem coisa séria, quase tipo padrão-ouro!

Varia de caso para caso. No caso da RTP seria possível ser coisa séria se o financiamento fosse limitado à contribuição audiovisual.
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Thunder

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Re:TAP - tópico principal
« Responder #209 em: 2015-02-03 15:48:16 »
A questão Tommy é que a nossa legislação basicamente bloqueia referendos. O processo, basicamente permite às nossas "elites" bloquearem os referendos.
Democracia, mas elitista.... as vezes nem parece que já estamos no Séc XXI .....


Pois pois... a solução poderia começar por aí: alterar a legislação, e responsabilizar a população pelas suas decisões. Para decretos e com o acordo de mais de 50% do parlamento, a questão ia logo a referendo. Seria um processo caro, mas podiamos aproveitar as restantes eleições nacionais e colocar lá os boletins de voto dos referendos. Caro mas mais democrático e responsabilizador.


Tommy a questão é que isso está na Constituição (penso não estar enganado) e aí exigiria 2/3 de votação. Os partidos do arco nunca cederão tal fatia de poder se não for por pressão popular. Ou seja dificilmente acontecerá em breve.....


Não era má ideia, mas possivelmente subestimas a quantidade de pessoas que votaria a favor disso ou da RTP visto que para elas tudo está desligado (ou seja, a opinião delas sobre TAP, RTP, etc, está desligada dos respectivos custos).

Só ligando muito fortemente as duas coisas é que terias opiniões informadas. Por exemplo na RTP seria simples - se a RTP no mínimo vai levar com a contribuição audiovisual na conta de electricidade, então a pergunta deveria ser "Manter a RTP? (3 EUR/mês para si) Não manter a RTP (gratuito)".


Entendo o teu ponto de vista e se calhar tens razão. Talvez num primeiro referendo isto passava. Agora aqui a questão é começar a educar as pessoas. Daqui a uns anos quando a TAP aparecesse a dar prejuízo forte a malta já não podia empurrar pra baixo do tapete e dizer que foi o partido A ou o partido B o culpado. Seria a própria população. Num próximo referendo se calhar há que pensar um bocado melhor no assunto antes de enfiar lá uma cruz ao calhas. Seria um processo gradual é claro, mas penso que seria a melhor forma de começar a varrer a demagogia do sistema.

Já estás a deturpar a ideia do referendo  ;D
É uma consulta popular em que a mairia decidir que quer pagar os 3Eur, tu também vais ter de meter uma moeditas  ;D


Exactamente ;)
A intenção é que as pessoas sejam gradualmente envolvidas no processo decisório. Que reflitam melhor nas coisas porque elas realmente terão impacto futuro.
Ao invés dum sistema elitista em que meia dúzia de iluminados (e outra meia dúzia que são corruptos) andam a ditar as leis a populaça.
« Última modificação: 2015-02-03 15:49:46 por Thunder »
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tommy

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Re:TAP - tópico principal
« Responder #210 em: 2015-02-03 15:57:48 »
Tommy a questão é que isso está na Constituição (penso não estar enganado) e aí exigiria 2/3 de votação. Os partidos do arco nunca cederão tal fatia de poder se não for por pressão popular. Ou seja dificilmente acontecerá em breve.....

Sim estamos de acordo. A minha esperança é que ao expor a minha visão nestes fóruns, junte mais vozes à minha, e possamos pressioná-los a introduzir os referendos no nosso modo-de-vida democrático.

Assim acabam as desculpas: as deles (políticos) e as nossas (população).

Thunder

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Re:TAP - tópico principal
« Responder #211 em: 2015-02-03 15:59:26 »
Totalmente de acordo!
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Moppie85

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Re:TAP - tópico principal
« Responder #212 em: 2015-02-04 18:32:01 »
Penso que no Sábado houve uma manif pedindo um referendo para a questão da TAP.
Se calhar não era má ideia.

devia ser feito na declaração de IRS deste ano um quadro especial para fazer esse referendo. Quem votasse não, pagava o "extra" que essa opção custa.

Zakk

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Re:TAP - tópico principal
« Responder #214 em: 2015-03-03 14:16:56 »
Penso que no Sábado houve uma manif pedindo um referendo para a questão da TAP.
Se calhar não era má ideia.

devia ser feito na declaração de IRS deste ano um quadro especial para fazer esse referendo. Quem votasse não, pagava o "extra" que essa opção custa.

Seria mesmo a única forma de o pessoal votar em consciência. Senão a coisa torna-se imaterial ou toda a gente julga que serão os outros a pagar.
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Re:TAP - tópico principal
« Responder #215 em: 2015-03-03 14:20:13 »
A questão Tommy é que a nossa legislação basicamente bloqueia referendos. O processo, basicamente permite às nossas "elites" bloquearem os referendos.
Democracia, mas elitista.... as vezes nem parece que já estamos no Séc XXI .....


Pois pois... a solução poderia começar por aí: alterar a legislação, e responsabilizar a população pelas suas decisões. Para decretos e com o acordo de mais de 50% do parlamento, a questão ia logo a referendo. Seria um processo caro, mas podiamos aproveitar as restantes eleições nacionais e colocar lá os boletins de voto dos referendos. Caro mas mais democrático e responsabilizador.


Tommy a questão é que isso está na Constituição (penso não estar enganado) e aí exigiria 2/3 de votação. Os partidos do arco nunca cederão tal fatia de poder se não for por pressão popular. Ou seja dificilmente acontecerá em breve.....


Não era má ideia, mas possivelmente subestimas a quantidade de pessoas que votaria a favor disso ou da RTP visto que para elas tudo está desligado (ou seja, a opinião delas sobre TAP, RTP, etc, está desligada dos respectivos custos).

Só ligando muito fortemente as duas coisas é que terias opiniões informadas. Por exemplo na RTP seria simples - se a RTP no mínimo vai levar com a contribuição audiovisual na conta de electricidade, então a pergunta deveria ser "Manter a RTP? (3 EUR/mês para si) Não manter a RTP (gratuito)".


Entendo o teu ponto de vista e se calhar tens razão. Talvez num primeiro referendo isto passava. Agora aqui a questão é começar a educar as pessoas. Daqui a uns anos quando a TAP aparecesse a dar prejuízo forte a malta já não podia empurrar pra baixo do tapete e dizer que foi o partido A ou o partido B o culpado. Seria a própria população. Num próximo referendo se calhar há que pensar um bocado melhor no assunto antes de enfiar lá uma cruz ao calhas. Seria um processo gradual é claro, mas penso que seria a melhor forma de começar a varrer a demagogia do sistema.

Já estás a deturpar a ideia do referendo  ;D
É uma consulta popular em que a mairia decidir que quer pagar os 3Eur, tu também vais ter de meter uma moeditas  ;D


Exactamente ;)
A intenção é que as pessoas sejam gradualmente envolvidas no processo decisório. Que reflitam melhor nas coisas porque elas realmente terão impacto futuro.
Ao invés dum sistema elitista em que meia dúzia de iluminados (e outra meia dúzia que são corruptos) andam a ditar as leis a populaça.


Para TAPs e afins, também se podia usar um esquema engraçado, que seria chegar uma conta com os custos incorridos para recapitalizar os vários momos.

Rapidamente as pessoas deixavam de os querer, só de pensarem que poderiam ter mais umas férias ou fumar mais uns maços de tabaco se aquelas coisas não fossem públicas.
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Re:TAP - tópico principal
« Responder #217 em: 2015-03-28 17:19:23 »
....ainda não é desta que colocam o bando de "zucas" na rua ???


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TAP regista prejuízo de 46M€

Publituris, 25 de Março de 2015
 
A TAP registou, em 2014, um resultado negativo de 46 milhões de euros, facto que o presidente da companhia, Fernando Pinto, justifica com “os problemas operacionais, sobretudo no Verão, e greves não normais na história da empresa”.

Apesar de ter obtido um recorde máximo no número de passageiros transportados (11 413 699, +6,6%) e uma ocupação de 80,6%, as dificuldades operacionais da empresa ao longo de 2014 levaram a um resultado negativo ao fim de cinco anos consecutivos de resultados positivos.

Teresa Lopes, Chief Financal Oficcer da TAP, explicou que as dificuldades operacionais, nomeadamente, o atraso na entrada em operação dos seis aviões da companhia, assim como problemas operacionais na actual frota e os 22 dias de greves realizadas ou anunciados tiveram um impacto de 108 milhões de euros. Para o cálculo deste número foi contabilizada a redução da tarifa média ( -53 milhões de euros), a transferência de passageiros para outras companhias (-27 milhões de euros), o fretamentos de aviões (que custou à companha 16 milhões de euros) e a indeminização a passageiros no valor de 12 milhões de euros.

Nas receitas, a TAP alcançou os 2.489 milhões de euros, 9 milhões mais do que em 2013. Os custos de exploração registaram um aumento da ordem dos 3,4 por cento face ao período homólogo, chegando aos 2.341 milhões, muito por força do custo do conjunto das ocorrências referidas e do aumento da operação em 5,5 por cento. O EBITDAR situou-se nos 148 milhões de euros.

Questionado pela imprensa se os resultados negativos terão impacto no processo de privatização da companhia, Fernando Pinto respondeu que não, uma vez que “são eventos que acontecem na vida de uma empresa e são considerados fora do normal”.

Já sobre as recentes notícias sobre a perda de interesse de alguns possíveis compradores da TAP, o responsável afirmou desconhecer que haja uma perda de interesse. Sobre a privatização disse apenas que decorre actualmente uma apresentação da companhia aos interessados na compra, não adiantando, no entanto, que propostas existem.


.....a continuarem assim....nem a vão conseguir vender.....eh.eh.... 8)
« Última modificação: 2015-03-28 17:20:59 por Batman »

Automek

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Re:TAP - tópico principal
« Responder #218 em: 2015-03-28 18:32:22 »
Uma empresa pública a competir num mercado internacional fortemente concorrencial, com o governo a impor regras orçamentais, de financiamento e funcionamento, não vai lá. Não é uma questão de zucas, tugas, chinocas ou outro qualquer à frente da empresa.

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Re:TAP - tópico principal
« Responder #219 em: 2015-04-12 11:35:50 »
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O dia em que a TAP deitou borda fora os accionistas privados

  Publico, 12/04/2015 - 08:55

Há 40 anos, as participações dos privados na transportadora aérea foram nacionalizadas. Primeiro, através da banca. Depois, de forma directa. Agora, o Governo quer que o Estado saia da empresa.

A TAP, do alto dos seus 70 anos, tem mais tempo de vida como companhia estatal do que como empresa com capitais privados. A diferença temporal deve-se à nacionalização da transportadora aérea, cujos 40 anos são marcados na próxima quarta-feira, dia 15 de Abril. Nesse dia, em 1975,a TAP passou a ser 100% detida pelo Estado português, o que se mantém até hoje.

Os primeiros passos tinham sido dados semanas antes, com a nacionalização da banca (através de uma lei publicada a 14 de Março) e dos seguros (a 15 de Março). Graças a essas investidas, tomadas após o 11 de Março, o Estado, que já era accionista, passou a controlar 65% da TAP.

No dia 16, quando a investida junto do tecido económico continuou e foram nacionalizadas as empresas dos sectores dos petróleos, energia eléctrica, siderurgia, transportes e navegação, os restantes 35% foram assimilados. Com esta acção, subscrita por personalidades como Álvaro Cunhal, Mário Soares e Mário Murteira, o Estado colocou borda fora diversos accionistas, antigos sócios de outro regime, com destaque para o grupo CUF (detido então por Jorge e José de Mello). O decreto-lei, promulgado pelo então Presidente da República, Francisco Costa Gomes, impõe uma retroactividade de 24 horas na decisão.

Embora o diploma tenha sido  publicado a 16 de Março, a companhia dos Transportes Aéreos Portugueses “é declarada nacionalizada com eficácia a contar de 15 de Março” desse ano.  Ainda estávamos no Inverno, mas o Verão já se anunciava quente. A viragem à esquerda, embalada pelo 11 de Março, iria durar até 25 de Novembro desse ano.

Foram várias as explicações para a nacionalização: o quase exclusivo da concessão de transporte aéreo nacional da empresa, o elevado volume de vendas e de empregos, as “novas realidades no campo das relações diplomáticas decorrentes do processo revolucionário em curso” e a dependência da TAP “em termos financeiros, do sector público” por via da nacionalização da banca. Os principais grupos financeiros não só eram accionistas, como eram o garante do fluxo de dinheiro para a empresa.

Se a história da TAP começa em 1945, foi oito anos depois que surgiu com a designação tal como a conhecemos, ao transformar-se numa sociedade anónima, e, ao mesmo tempo, ao acolher investidores privados. Nessa altura, empresários como António de Medeiros e Almeida, que comprara a Aero Portuguesa (conhecida como a primeira transportadora regular de aviação em Portugal, fundada em 1934) e a fundira com a TAP (tornando-se então o seu maior accionista privado até sair do capital, em 1960) apostam no desenvolvimento da empresa de aviação. Nesta época, a TAP pouco mais fazia do que ligar Portugal às províncias ultramarinas e a cidades europeias como Madrid, Lisboa e Paris.

Voar para a bolsa

Em 1971, com Angola, Moçambique e Guiné-Bissau em estado de guerra, e numa altura em que a empresa já operava com uma frota de aviões a jacto, dá-se um novo passo: a dispersão de acções em bolsa. Esta é uma etapa pouco conhecida da transportadora aérea, mas confirmada ao PÚBLICO pela Euronext Lisboa: a 21 de Maio desse ano estavam admitidas a negociação no mercado de capitais acções da TAP que valiam 1600 escudos cada (equivalente a oito euros, o que, a valores actuais, seria algo como 409 euros por cada título).

O assunto foi digno de notícia, com a “A Capital” a relatar que os primeiros títulos tinham sido negociados nesse dia e que iria em breve proceder-se a um aumento de capital. Preparava-se ainda um aumento de capital da empresa. Eram os tempos de expansão e do boom das ligações às então Províncias Ultramarinas. Até 1974, os territórios portugueses em África eram responsáveis por mais de 40% do tráfego total de passageiros da TAP.

No entanto, a instabilidade laboral na empresa começa logo em 1973, ano em que os sindicatos exigem uma revisão do Acordo Colectivo do Trabalho (ACT), incluindo aumento salariais. A questão agudiza-se perante um impasse nas negociações, com uma reunião geral dos trabalhadores cancelada à última hora na Voz do Operário e que acabou com uma carga policial. Em Março de 1974, vinte sindicatos entregam nova proposta de revisão ao ACT. No mês seguinte, o Movimento das Forças Armadas depõe o Governo de Marcello Caetano. 

A 25 de Abril, encerram diversos serviços, como o aeroporto e a bolsa. O aeroporto reabre dois dias depois, mas a bolsa continuará fechada por muito mais tempo. Se no início de Abril os títulos da TAP valiam dois mil escudos (322 euros a preços actuais), no final desse mês o seu preço estava ligado ao futuro da empresa.

Agindo de forma rápida, logo no dia 2 de Maio uma comissão sindical da TAP entrega um caderno reivindicativo à Junta de Salvação Nacional: exigem saneamentos, a destituição do conselho de administração e a autogestão. As  negociações sobre o ACT voltam a estar em cima da mesa. Poucos dias depois, a 8 de Maio, o conselho de administração é substituído por uma comissão administrativa, eleita por trabalhadores e pela Junta, que elege também o presidente. Todos os escolhidos pela Junta são militares e funcionários da TAP, incluindo o presidente, coronel Moura Pinto. 

No discurso proferido no refeitório da TAP, Moura Pinto explica que tinham sido escolhidos militares porque estes “dificilmente conseguem invocar argumentos para não cumprir o que se lhes pede ou manda”. Afirmando que a comissão pretendia ver “banido para sempre o conceito de que a administração é a única entidade com capacidade para decidir”, sublinhava que os problemas eram bem conhecidos, pelo que “não é necessário gritá-los”. Por outro lado, admitia um facto: “Nenhum dos membros da comissão possui qualquer experiência administrativa” [in O 25 de Abril e as lutas sociais nas empresas, Edições Afrontamento, 1977]. Além da comissão administrativa, há ainda um conselho de trabalhadores e uma comissão de justiça, além de uma comissão sindical. Nos sindicatos, as diversas forças políticas presentes lutam por influência.

“Ociosos” e “extremistas”

Trinta e cinco dias depois da sua tomada de posse, o presidente da comissão administrativa já fala em “35 noites de pesadelo” e numa luta contra os “medrosos”, os “ociosos”, os “extremistas”. Entretanto, já o salário mínimo na TAP subira para os 5050 escudos (814 euros a preços de hoje) e tinham sido readmitidos os empregados despedidos por motivos políticos ou sem justa causa. A 16 de Julho de 1974, a comissão administrativa anuncia que apresentou a sua demissão à Junta de Salvação Nacional. Justificação: “falta de apoio governamental”; “obstrução das instituições bancárias e de crédito a todas as operações financeiras TAP”; “animosidade e desconfiança dos sindicatos”; “falta de apoio efectivo dos trabalhadores”. “A companhia caminha rapidamente para um abismo donde dificilmente sairá”, defende a comissão administrativa demissionária.

O comunicado é repudiado por muitos trabalhadores, e o tema da autogestão e de maior intervenção dos trabalhadores volta à superfície. Com greves pelo meio, como a dos operários da divisão de manutenção e engenharia, e com desafios como a ponte área (a maior operação da TAP), de modo a trazer para o território nacional os portugueses presentes em África, a situação financeira da empresa era pouco famosa. As exigências salariais tinham custos elevados (havia quase 9000 funcionários), o tráfego de passageiros sofria uma forte quebra, a inflação disparava e o custo do combustível estava historicamente elevado desde 1973. Além disso, muitos depósitos da TAP tinham ficado retidos em Angola e Moçambique, e existiam diversos pagamentos em falta. A Petrogal servia de apoio, mas havia uma factura a pagar, mais cedo ou mais tarde.

Com a nacionalização da transportadora aérea, em Abril de 75, a derrapagem financeira fica disfarçada, mas continua. Em 1976, o Estado avança com a primeira aplicação de capital, e muitos outros subsídios se irão seguir.

Hoje, a impossibilidade de injectar dinheiro na TAP é o principal argumento do Governo para voltar a incluir capital privado na transportadora. Para já, se tudo correr como deseja o executivo, serão alienados 66% do capital da empresa antes das legislativas. Destes, 5% serão para os trabalhadores (com direito a desconto). Mas a ideia é que o Estado saia por completo da transportadora aérea. A diferença face ao passado é que, se assim for, não só o Estado passa de omnipresente a ausente, como, muito provavelmente, o capital privado não será de investidores portugueses.