É normal que ou comprem ao produtor, ou comprem a alguém com margens esmagadíssimas que compra ao produtor. As grandes superfícies regra geral compram tudo bem - ou seja, com margens esmagadas para quem quer que lhes venda alguma coisa, excepto se esse alguém tiver uma diferenciação qualquer (marca, etc) para a qual a grande superfície não consiga alternativa (a alternativa última aqui são os produtos brancos, mas não é a mesma coisa).
Bem, penso que é mesmo isso: compram a quem esmaga as margens do produtor, e,
doppo, acordam um
preço de transferência do intermediário para o supermercado, e qualquer outra combinação
ad lattere ser-nos -á desconhecida e porventura inauditável.
Hoje por acaso até fui a uma loja Continente, e aquilo é impressionante: parece a Caverna do
Ali-Babá e os 40 Ladrões! Realmente, há muitos outros produtos a comerciar e vender, para lá dos alimentares, e porventura 50% serão mesmo importados e margens de 'transferência' comercialmente negociáveis
à la carte.
Sim, [isto sobre o teu outro postal] prender pessoas por meras suspeitas é ignóbil, mas é o que a polícia por cá faz!
Há uma ´camouflage´ no teu argumento quando dizes que o «negócio está aberto à concorrência». Não está. É de uma escala que cerra portas a muitos interessados. Depois, há o próprio espaço, limitado, que força a negar licenciamentos a concorrentes. Por fim, dizes algo que te aproxima da minha impressão: a margem dos 5% é depois de vários
overheads. A natureza analítica destes tem de passar pelo crivo da sua racionalidade. É certo que
juros têm de creditar-se a quem avance os capitais para os activos que o negócio requeira. Mas já nem falo do
procurement de tais investimentos e dos valores 'arbitrados' para cada negócio montado.
Mas, Incognitus, eu ouço-te com atenção sempre que criticas o que eu digo, porque evidentemente que já percebi há muito tempo que estruturas as tuas posições em sistema lógico bem concatenado. E eu posso até dar-te razão em muitas conclusões e apreciar vários argumentos. O que mais censuro no sistema de suporte da tua argumentação é o relativismo indiferente de valores, a abstração da necessidade da governação política da sociedade de cada país independente, e a suposição de que os mercados resolvem tudo da melhor maneira, o que me faz sorrir. Mas estou consciente de uma coisa: toda a concorrência tende para uma estruturação regulada da actividade produtiva e comercial, que terá porventura facetas positivas e vantajosas mesmo para os consumidores, mas tende a ser um ónus de encarecimento e prejuízo social em benefício de poucos.
Quanto aos 'nossos merceeiros duopolistas' é para mim um gosto apodá-los assim, mas concedo que ignoro os meandros da distribuição, embora gostasse que ela fosse 'monografada' por economistas para eventualmente mais beneficiar não só as cidades como a lavoura e o produto nacional (e acho o belmiro melhor que o soares dos santos na preferência do produto português).