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Autor Tópico: Como aproveitar melhor as impressoras do FED? Europa vs EUA?  (Lida 2729 vezes)

rnbc

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O tema tem sido amplamente discutido aqui e por todos os fóruns financeiros: o FED não pára de imprimir. Mesmo quando diz que vai parar é sempre daqui a 6 meses; depois chega lá e continua.

Sem dúvida isso cria uma enorme pressão altista em primeiro lugar no mercado americano, pela simples razão de que o dinheiro entra primordialmente lá. No entanto a desvalorização provocada na moeda pelo mesmo motivo acaba por destruir grande parte do potencial ganhador que resulta deste ambiente. Especialmente para quem está deste lado do atlântico e vive com o Euro.

No entanto parte do dinheiro assim criado entra no mercado europeu. De facto um 1T$ é muito dinheiro e chega para todos, e as instituições financeiras americanas investem muito no estrangeiro. Mesmo que só 1/10 entre na Zona Euro já puxa o mercado para cima. Junta-se a esta ajuda o fator psicológico: existe grande correlação a prazos de alguns meses e até anos entre o desempenho do mercado americano e europeu. Muitos investidores atuam em ambos os mercados, e uma fatia considerável só vê gráficos à frente.

A minha questão é: até que ponto faz sentido apanhar boleia do FED nos mercados americanos, onde estamos sujeitos a um risco cambial elevado devido ao mesmo FED, quando podemos fazê-lo nos mercados europeus, sem risco cambial?

Devido a este fator e outros que enumerarei a seguir a minha determinação atual é não investir no mercado americano. Aqui fica a lista:
  • Risco cambial alto por via dos sucessivos aumentos da massa monetária.
  • Risco de fuga capitais (americanos) para moedas mais fortes, o que potencia o problema anterior.
  • Impostos altos: mesmo preenchendo o W-8BEN os dividendos pagam 15% à cabeça, mais os impostos portugueses. Grande parte do potencial valorizador de longo prazo do mercado americano está nos dividendos, e assim não dá!
  • Dois factores altamente discutíveis. Sujeito-me a ser sovado por os mencionar:
    • Muita informação acessível sobre as empresas americanas, de forma resumida, gratuita, e organizada, o que equaliza o mercado e limita a vantagem de fazer boas análises. Mesmo assim há aberrações como a Apple vs Amazon.
    • Mercado europeu fragmentado e com informação sobre as empresas pouco acessível. Muita dela aparece primeiro na língua nativa e só mais tarde é analisada e dissecada em inglês, o que facilita encontrar «pechinchas» antes dos outros se se souber a língua.
  • Melhor conhecimento dos mercados locais. Mesmo sem querer conhecemos relativamente bem as empresas no mercado português e espanhol, basta ler notícias e andar por aí. A América está lá longe e sem respirar o pó daquela terra todos os dias é difícil sentir se empresas como a Ford, a GM, a Apple, etc... estão a cair em desgraça junto dos consumidores ou pelo contrário a ganhar terreno.

Qual a vossa opinião? Não consultei estudos quantitativos para suportar a minha opinião, é apenas a percepção que tenho, mas se alguém os tiver sobre este tema agradecia, quer para suportar quer para demolir.
« Última modificação: 2013-01-20 02:52:43 por rnbc »

Incognitus

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Re:Como aproveitar melhor as impressoras do FED? Europa vs EUA?
« Responder #1 em: 2013-01-20 01:57:16 »
Penso que como é uma coisa mais indirecta, investir somente na Europa com base na impressão da Fed provavelmente está sujeito a mais volatilidade.
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rnbc

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Re:Como aproveitar melhor as impressoras do FED? Europa vs EUA?
« Responder #2 em: 2013-01-20 02:57:00 »
Fiz ali umas correçõeszitas, escrevi à pressa e tinha-me esquecido de 2 ou 3 palavras lá no meio :P

Mas como fazes para não ter risco cambial? Simplesmente deixas uma posição aberta no forex do mesmo tamanho da tua carteira americana para fazer hedging? Isso também tem custos...

Os outros factores, nomeadamente os impostos e a falta de informação em primeira mão (respirar o mesmo pó...) também são importantes.

Incognitus

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Re:Como aproveitar melhor as impressoras do FED? Europa vs EUA?
« Responder #3 em: 2013-01-20 03:12:05 »
Fiz ali umas correçõeszitas, escrevi à pressa e tinha-me esquecido de 2 ou 3 palavras lá no meio :P

Mas como fazes para não ter risco cambial? Simplesmente deixas uma posição aberta no forex do mesmo tamanho da tua carteira americana para fazer hedging? Isso também tem custos...

Os outros factores, nomeadamente os impostos e a falta de informação em primeira mão (respirar o mesmo pó...) também são importantes.

Sim, os custos não são grandes, as taxas de juro são próximas de 0% em todo o lado.
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Kin2010

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Re:Como aproveitar melhor as impressoras do FED? Europa vs EUA?
« Responder #4 em: 2013-01-20 04:53:38 »
O risco cambial talvez seja limitado pois as moedas de todo um mundo estão cada vez mais a ficar com um peg formal ou informal em relasão ao USD. Como resposta à Fed, a Suiça, o Japão, o UK (pelo menos) têm imprimido também. Chamam a isso uma "guerra cambial" em curso.

Outra coisa que parece mitigar o risco cambial é que, se se comprar acções de multinacionais exportadoras (de qq país) não importa muito em que moeda estejam cotadas, pois elas representam um quinhão constante da economia global. Logo, se a Fed imprimir muito, o USD cai muito, mas a cotação sobe proporcionalmente, de forma a manter o mesmo quinhão da economia global.

Por isso, acho que o QE massivo que está e vai continuar a ser feito não poderá produzir grandes ganhos em termos reais. Produzirá ganhos na cotação das acções expressas em moeda, mas seria irracional se aumentasse a cotação das acções expressas em quinhões ou da economia global ou mesmo dos valores dos activos globais.

Aguardo as vossas respostas, claro...

Incognitus

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Re:Como aproveitar melhor as impressoras do FED? Europa vs EUA?
« Responder #5 em: 2013-01-20 06:29:31 »
Pode aumentar o valor das acções versus outros activos mais prejudicados pela impressão.
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Re:Como aproveitar melhor as impressoras do FED? Europa vs EUA?
« Responder #6 em: 2013-01-20 17:31:08 »
As ações são sempre dos ativos menos prejudicados pela inflação. A questão aqui é que o quinhão dos EUA na economia mundial é cada vez menor, por isso apostar só lá sem resguardar o risco cambial, que é o que faz subir o mercado a martelo, não me parece avisado.

E reparem, o dólar não desce por causa das impressoras, pelo menos não diretamente! Desce porque há muita venda de dólares para comprar outras moedas e presumivelmente comprar ativos nessas moedas. Daí eu achar que os benefícios são colhidos mesmo investindo na zona euro.

Isso além do facto dos ATzinhos puxarem pelos mercados cá, por correlação pura e simples!

hermes

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Re:Como aproveitar melhor as impressoras do FED? Europa vs EUA?
« Responder #7 em: 2013-01-20 18:11:50 »
As ações são sempre dos ativos menos prejudicados pela inflação. A questão aqui é que o quinhão dos EUA na economia mundial é cada vez menor, por isso apostar só lá sem resguardar o risco cambial, que é o que faz subir o mercado a martelo, não me parece avisado.

E reparem, o dólar não desce por causa das impressoras, pelo menos não diretamente! Desce porque há muita venda de dólares para comprar outras moedas e presumivelmente comprar ativos nessas moedas. Daí eu achar que os benefícios são colhidos mesmo investindo na zona euro.

Isso além do facto dos ATzinhos puxarem pelos mercados cá, por correlação pura e simples!


Não obstante as acções serem das melhores protecções que conheço contra a inflação, estas não são uma protecção absoluta, pois começam a engripar no agregado quando a inflação ultrapassa o patamar dos 5%. Torno a colocar aqui a explicação, pois onde foi colocada originalmente, poca gente a deve ter lido:

Não susteria o meu fôlego na crença de que as acções beneficiam [em termos reais] com a inflação. A compra de acções, é melhor que seja por outras razões, que não a inflação, se bem que haja donzelas mais horríveis [dinheiro e seus derivados, i.e dívida].


Investing Error: Don't Use Stocks as an Inflation Hedge

http://www.dailyfinance.com/2012/03/09/investing-error-stocks-not-inflation-hedge/

You've heard it so often you can probably repeat it in your sleep: Equities are the best protection against inflation.

Financial planners say it. Money managers say it. Pundits and gurus say it. Without a nice chunk of equities in our portfolio, we are told, inflation will ravage our net worth, and we may not have anything left for our very old age.

That's why some experts have even recommended that retirees or near-retirees hold 60% or more of their assets in stocks -- terrible advice, and it destroyed many people's finances and peace of mind during the crash a couple of years ago.

The market has come back since then -- without the participation of those who sold at the bottom in despair -- so maybe some advisors believe it was sound thinking after all.

But academic research, old and new, completely flies in the face of this conventional "wisdom." It establishes clearly that stocks are not a very good hedge at all against inflation, particularly high inflation. Even Stocks for the Long Run himself, Jeremy Siegel, acknowledges that.

"Historically, that's been the case," said John Tatom, a finance professor at Indiana State University." I claim that's one of the most well-established tenets in financial economics."

In a 2011 paper, Tatom wrote: "There is a strong negative correlation between inflation and real and nominal stock prices. Contrary to opinion, equities are not a good hedge against inflation."

Some new research by three noted experts on asset prices confirms this. Elroy Dimson, Paul Marsh, and Mike Staunton of the London Business School have one of the world's deepest databases on the performance of stocks, bonds, bills, and currencies, as well as inflation. It covers 19 different markets and goes all the way back to 1900.

In an article in the 2012 Credit Suisse Global Investment Returns Yearbook, they found that during periods of "marked" inflation, equities easily outperform bonds, probably the worst investment to own during inflationary episodes. Yet equities gave a real return of -12% during those periods, while bonds lost 23.2%. Double ouch.

"When inflation has been moderate and stable,...equities have performed relatively well," the three professors concluded. "When there has been a leap in inflation, equities have performed less well in real terms. These sharp jumps in inflation are dangerous for investors."

"High inflation reduces equity values," they summed up.

Confusing ROI with Inflation Protection

So why have so many experts embraced equities as an inflation hedge? Because they're confusing the large total returns investors may have earned from equities over long periods of time with an actual "hedge" against inflation.

Because of their greater risk, equities tend to produce bigger rewards over the long run -- say, 20 years or more.

But that's not quite in the bag, either.

Exhibit A: the lost decade. The average annual total return for the S&P 500 index from 1999 to 2011 was -0.4%. So, we're going to need a hell of a good next eight years to reach the S&P's long-term averages of just under 10% a year in this 20-year period. Dow 36,000 anyone?

Of course, if you invested in certain types of stocks -- small-cap value, real estate investment trusts, and emerging markets -- you would have done well. But who knew that in 1999?

And when it comes to inflation, even the esteemed Jeremy Siegel of The Wharton School of the University of Pennsylvania hedges his bets, so to speak.

"Over 30-year periods, the return on stocks after inflation is virtually unaffected by the inflation rate," he wrote in Kiplinger's last year. "Although stocks do well when annual inflation is in the range of 2% to 5%, their performance begins to falter when inflation exceeds 5%."

Why? Because "companies can't always pass along increased costs, especially in the case of an important raw material, such as oil. As a result, many companies will see their profits squeezed," he wrote.

Siegel's conclusion: "Stocks are not good short-term hedges against rapidly increasing inflation, but bonds are worse."

What You Should Actually Buy

So, what does that mean? If you own a lot of stock because you want to protect your portfolio against inflation, you probably should sell some.

For instance, if you're five to ten years from retirement and you have 50% to 60% of your assets in stocks, you should reduce those holdings to 40 to 50% of your portfolio.

And if you're worried about inflation, you should take some of that money -- and sell some of your bond holdings, too-- to buy some asset classes that have better track records as inflation hedges.

Such as? "In periods of high and increasing inflation, gold and commodities are definitely something you want in your portfolio," said Mark Johannessen, managing director of Harris SBSB in McLean, Va., and former president of the Financial Planning Association.

Dimson, Marsh, and Staunton's research backs him up. "Gold is the only asset that does not have its real value reduced by inflation," they write. "Gold has on average been resistant to the impact of inflation. However, investment in gold has generated volatile price fluctuations...There have been long periods when the gold investor was 'underwater' in real terms."

Not for the last decade, of course, when gold rose more than sevenfold before stalling below $1,900 per ounce. But the researchers are talking about the very long run.

Another good hedge: housing. Don't everyone all groan at once. According to Dimson, Marsh, and Staunton, "real house-price changes ... seem relatively insensitive to inflation ... Housing has provided a long-term capital appreciation that is similar in magnitude to gold."

Unfortunately, U.S. housing has produced the weakest returns of major markets over the last century, so if you'd like to hedge against inflation with your home, pack up and move to Australia.

Real estate investment trusts (REITs) may be a decent substitute, but there aren't as much data on their performance over many, many years -- and they've had a big run.

Finally, there are TIPs (Treasury inflation-protected securities), inflation-linked bonds issued by the US and other governments. Smart people like David Swensen, Yale's chief investment officer, recommend them for individual investors as good protection against inflation. But they're very expensive now.

So, what should you do? I'd take some profits in your stock and bond holdings and buy small positions (maybe 5% of your portfolio each) in gold, commodities, REITs, and TIPs ETFs, preferably when they've sold off a bit, too.

Then, I'd keep 40% to 50% in stock, 20% to 30% in bonds, and another 10% in cash. That way, you'll have some protection against inflation, deflation, and just normal life.

And if your financial advisor tells you to buy more stock to keep from outliving your money, tell him or her that in the long run, we're all dead.
"Everyone knows where we have been. Let's see where we are going." – Another