Olá, Visitante. Por favor entre ou registe-se se ainda não for membro.

Entrar com nome de utilizador, password e duração da sessão
 

Autor Tópico: A Nova pobreza  (Lida 227807 vezes)

Zel

  • Visitante
Re:A Nova pobreza
« Responder #900 em: 2014-01-22 23:02:39 »

zenith, preferes entao um mundo com menos ricos e mais pobres? ou achas que o mundo esta a melhorar com a globalizacao ?

à primeiro pergunta a resposta é não
á segunda a resposta não diria um não definitivo mas parece-me que em geral as melhorias são ténues . Os beneficios estão essencialmente na China
Fiz umas contas simples com os dados do quadro. Verifica-se que aproxidamente  o rendimento médio aumentou cerca de 4% ao ano . Se nos focarmos no percentil abaixo dos 70% que eles dizem ser os paises em vias de desenvolvimente o aumento cerca de 5,5% ao ano. Se consideramos que a China representa cerca de 30% e lá rendimento cresceu 10% ao ano, significa que resto cresceu 2,5% o que não propriamente espectacular.

10% ao ano na china? entao porque, devido ao pib ? isso nao da 10% para os mais pobres, deve dar menos.

mas mesmo 2.5% ao ano  (q exclui a china, embora nao entenda a logica disso) da muito ao fim de 10 anos, quem dera a um portugues ter um aumento de 28% dos rendimentos a cada decada qt mais a alguem miseravel, para quem 28% tem um valor ainda maior

acho que tens expectativas alucinadas, nao deves perceber bem o que isto significa para os mais pobres
« Última modificação: 2014-01-22 23:12:22 por Neo-Liberal »

Zenith

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 5259
    • Ver Perfil
Re:A Nova pobreza
« Responder #901 em: 2014-01-22 23:16:39 »
Deviam ler a nova carta anual da Bill and Melinda Gates Foundation... Ficam aqui alguns factos, trazidos pelo tio Bill:



Só o 1º e 4º quadro tem a ver com economia, e desses só o 1º se pode invocar para discutir globalização já que o 4º começa em 1960, ou seja mais de metade do tempo referindo-se a um ambiente económico que não se podia considerar globalizado.
« Última modificação: 2014-01-22 23:17:39 por Zenith »

Zenith

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 5259
    • Ver Perfil
Re:A Nova pobreza
« Responder #902 em: 2014-01-22 23:22:28 »

zenith, preferes entao um mundo com menos ricos e mais pobres? ou achas que o mundo esta a melhorar com a globalizacao ?

à primeiro pergunta a resposta é não
á segunda a resposta não diria um não definitivo mas parece-me que em geral as melhorias são ténues . Os beneficios estão essencialmente na China
Fiz umas contas simples com os dados do quadro. Verifica-se que aproxidamente  o rendimento médio aumentou cerca de 4% ao ano . Se nos focarmos no percentil abaixo dos 70% que eles dizem ser os paises em vias de desenvolvimente o aumento cerca de 5,5% ao ano. Se consideramos que a China representa cerca de 30% e lá rendimento cresceu 10% ao ano, significa que resto cresceu 2,5% o que não propriamente espectacular.

10% ao ano na china? entao porque, devido ao pib ? isso nao da 10% para os mais pobres, deve dar menos.

mas mesmo 2.5% ao ano  (q exclui a china, embora nao entenda a logica disso) da muito ao fim de 10 anos, quem dera a um portugues ter um aumento de 28% dos rendimentos a cada decada qt mais a alguem miseravel, para quem 28% tem um valor ainda maior

acho que tens expectativas alucinadas, nao deves perceber bem o que isto significa para os mais pobres

A lógica de excluir a China foi mostrar que os beneficios da globalização não são globais mas localizados.

John_Law

  • Ordem dos Especialistas
  • Sr. Member
  • *****
  • Mensagens: 466
    • Ver Perfil
Re:A Nova pobreza
« Responder #903 em: 2014-01-22 23:49:17 »
Deviam ler a nova carta anual da Bill and Melinda Gates Foundation... Ficam aqui alguns factos, trazidos pelo tio Bill:




Só o 1º e 4º quadro tem a ver com economia, e desses só o 1º se pode invocar para discutir globalização já que o 4º começa em 1960, ou seja mais de metade do tempo referindo-se a um ambiente económico que não se podia considerar globalizado.


- Todos têm que ver com economia. Se indicadores sociais melhoram é porque há mais recursos: o income das famílias aumentou, os serviços prestados pelo Estado que beneficia de um economia maior melhoram, etc.

- Mais de metade não...


Se o próprio termo globalização aparece no início dos anos 80, metade não será. E mesmo que fosse estás a sugerir o quê? Que depois da década de 80 todos esses indicadores deixaram de melhorar?! Não só continuaram a melhorar como aumentaram a uma velocidade diretamente proporcional ao aumento desse fenómeno.

Hans Rosling's 200 Countries, 200 Years, 4 Minutes - The Joy of Stats - BBC Four


Podemos ir para algumas provas menos interactivas... Queres uma texto de um Nobel da Economia bastante unbiased? O que estás a tentar negar é uma evidência. Com mais ou menos desigualdade capitalismo e a globalização, elevou os níveis de vida à generalidade da população mundial, não há discussão possível.

Zenith

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 5259
    • Ver Perfil
Re:A Nova pobreza
« Responder #904 em: 2014-01-23 09:50:30 »
Não sei o que gráficomostra mas deveria estar numa escala logaritmica e ter legendas que digam do que trata para ter alguma utilidade.
Mas seja lá o que mede e ampliando já se consegue ver mais ou menos o valor para 1970, e houve um crescimentoda tal incognita que mede de 9% ao ano. Portanto não pode ser nem o PIB nem o rendimento mundial. 
Qunato á parte interactiva parece-me que o program foca o densenvolvimento desde a revolução indistrial em geral. A mensagem é que o progresso tecnologico associado ao desenvolvimento industrial melhora a riqueza que se produz. Não me parece que haja muito a contestar.
Quanto ao texto pena o Lark ter abandonado o forum antes de ver alguém aqui invocar o seu herói.  ;D
Mas de resto o tom parece-se ser mais no sentido de refrear os o discurso exaltado dos radicais da anti-globalização do que mostrar a optimalidade da globalização.

Mas parece haver alguma confusão quanto á minha posição. Eu não sou anti-globalização, apenas digo que com os resultados que se conhecem, não parece ser panaceia que muitas vezes nos querem impingir. Salvo conflitos prolongados ou epidemias á escala mundial o progresso é uma coisa natural e não me parece que tenha havido uma aceleração vertiginosa (com excepção da China que de facto representa uma parte consideravel da população).
O problema da globalização, é que a nível nacional a competição é feita dentro de um quadro legal, e os paises mais avançados criaram esse quadro para eliminar eficiências economicas (monopolios etc), promover alguma ética (punir corrupção, limitar informação fraudulenta etc) e outos aspectos sociais, e depois a nível internacional mesmo havendo alguns acordos a ´´unica maneira de lutar contra práticas que um país considera inaceitavel é a retaliação. Passamos da competição económica dentros dos estados (os mais desenvolvidos) para a guerra económica entre estados.


Luisa Fernandes

  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 1261
    • Ver Perfil
Re:A Nova pobreza
« Responder #905 em: 2014-01-25 16:19:28 »
The Story of Globalization in Graph

A crystal-clear picture of the world's winners and losers in the last generation


Imagine you lined up every human being in the world by income, divided them into 100 groups ("percentiles") ranging from lowest to highest, and asked: How has the last generation of economic growth been for you?

This is the answer. It's a graph of real income growth for the entire world population, regardless of country, from poor to rich, drawn by Branko Milanovic, the lead economist of the World Bank’s research department.

Source: Milanovic, B., Lead Economist, World Bank Research Department, Global income inequality by the numbers.

Globalization has winners and losers. The winners—particularly the upwardly mobile middle classes of China, India, Indonesia,Brazil, and Egypt—occupy the long hump of this elephant-like line. They have seen their inflation-adjusted incomes grow by 70 percent or more. The world's "1%" (which works out to the top 12 percent of the U.S., or households making more than $130,000) is also racing away with income, particularly at the tippy-top.

But the story for world's poorest percentiles has been the same as for the developed world's lower-middle class: No growth or worse.

The graph is a real print-and-saver, because even as we debate the sad geography of social mobility in the United States, the true geography of social mobility is global. And it has been a far happier story. The typical Chinese worker in 1988 was richer than only 10 percent of the globe's workers. Today he's richer than half the world. The typical Indian worker has moved from the 10th percentile to the 27th in the world; the Indonesian has gone from 25th to 39th; and in Brazil, from 40th to 66th.

Note this graph does not take into consideration the aftermath of the Great Recession, which has particularly hurt the "developed world middle class" group.

http://www.theatlantic.com/business/archive/2014/01/the-story-of-globalization-in-1-graph/283342/
(Via Joe Weisenthal)

Quem não Offshora não mama...

Incognitus

  • Administrator
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 30961
    • Ver Perfil
Re:A Nova pobreza
« Responder #906 em: 2014-01-25 16:56:57 »
É natural que os mais pobres seja no mundo desenvolvido, seja principalmente no mundo não desenvolvido, estejam bloqueados sem crescimento da riqueza. Isto porque a riqueza e rendimento são uma função do valor entregue aos outros, e em ambos os casos existe uma fatia que simplesmente não produz para os outros.

Esta fatia terá um rendimento derivado de transferências do Estado no mundo desenvolvido, suficiente para ultrapassar a esmagadora maioria do mundo não desenvolvido, mas a fatia tenderá a ser estática. No mundo não desenvolvido esta fatia não terá rendimento (e continuará nessa situação).
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.thinkfn.com

Zel

  • Visitante
Re:A Nova pobreza
« Responder #907 em: 2014-01-25 18:07:38 »
o mais provavel eh que os mais pobre estejam em paises que nao beneficiam da globalizacao, tipo sudao, coreia do norte, etc

esse grafico mostra uma historia de sucesso, pena que a luisa so esteja preocupada com o seu bolso e nao preocupada com o combate a pobreza, mostra bem que eh uma egoista 

Luisa Fernandes

  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 1261
    • Ver Perfil
Re:A Nova pobreza
« Responder #908 em: 2014-02-06 19:43:45 »
Aumenta o número de pessoas que vivem com menos de 1 euro nos países pobres


Mais de um terço das pessoas que vive com menos de 1 euro por dia está nos 51 países mais pobres e essa fatia aumentará para 50% dentro de quatro anos. Segundo a OCDE, os países mais ricos "não estão a fazer o suficiente para ajudar os Estados frágeis" e a percentagem de apoio internacional tende a descer.


A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) publicou esta quinta-feira o estudo "Estados frágeis 2014", no qual analisa os 51 países afetados por conflitos, instabilidade e fracas instituições, cuja maior fonte de rendimento continua a ser a ajuda internacional.

Em 2011, a ajuda financeira internacional - garantida por países como os Estados Unidos da América, Canadá, Reino Unido, França e Alemanha - desceu 2,4% e a tendência é para diminuir.

O relatório conclui que estes 51 Estados frágeis, nos quais continuam a figurar os lusófonos Angola, Guiné-Bissau e Timor-Leste, apenas conseguem cobrar 14% do seu PIB em impostos, bem abaixo da linha de 20% que a ONU estima ser o mínimo necessário para cumprir os objetivos de desenvolvimento.

As alterações face ao relatório do ano passado incluem a entrada na lista do Burkina Faso, Egito, Líbia, Síria, Mali, Mauritânia, Madagáscar e Tuvalu, e a saída de países como a Geórgia, Irão, Ruanda e o Quirguistão.

O estudo conclui que apenas 0,07% da Ajuda Pública ao Desenvolvimento nos Estados frágeis é canalizada para melhorar a responsabilização e o funcionamento dos sistemas de pagamento de impostos. Nesse sentido os peritos da OCDE recomendam que os doadores internacionais façam mais para ajudar estes Estados a aumentar a cobrança de impostos.

"Os doadores internacionais não estão a cumprir as promessas de se focarem mais nas receitas nacionais" por via dos impostos, disse o diretor da OCDE responsável pelo pelouro do Desenvolvimento e Cooperação, Jon Lomoy, concluindo que "está a perder-se uma grande oportunidade de investir em ajuda inteligente".

*com Lusa
Quem não Offshora não mama...

Zel

  • Visitante
Re:A Nova pobreza
« Responder #909 em: 2014-02-06 19:52:52 »
Aumenta o número de pessoas que vivem com menos de 1 euro nos países pobres


Mais de um terço das pessoas que vive com menos de 1 euro por dia está nos 51 países mais pobres e essa fatia aumentará para 50% dentro de quatro anos. Segundo a OCDE, os países mais ricos "não estão a fazer o suficiente para ajudar os Estados frágeis" e a percentagem de apoio internacional tende a descer.


A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) publicou esta quinta-feira o estudo "Estados frágeis 2014", no qual analisa os 51 países afetados por conflitos, instabilidade e fracas instituições, cuja maior fonte de rendimento continua a ser a ajuda internacional.

Em 2011, a ajuda financeira internacional - garantida por países como os Estados Unidos da América, Canadá, Reino Unido, França e Alemanha - desceu 2,4% e a tendência é para diminuir.

O relatório conclui que estes 51 Estados frágeis, nos quais continuam a figurar os lusófonos Angola, Guiné-Bissau e Timor-Leste, apenas conseguem cobrar 14% do seu PIB em impostos, bem abaixo da linha de 20% que a ONU estima ser o mínimo necessário para cumprir os objetivos de desenvolvimento.

As alterações face ao relatório do ano passado incluem a entrada na lista do Burkina Faso, Egito, Líbia, Síria, Mali, Mauritânia, Madagáscar e Tuvalu, e a saída de países como a Geórgia, Irão, Ruanda e o Quirguistão.

O estudo conclui que apenas 0,07% da Ajuda Pública ao Desenvolvimento nos Estados frágeis é canalizada para melhorar a responsabilização e o funcionamento dos sistemas de pagamento de impostos. Nesse sentido os peritos da OCDE recomendam que os doadores internacionais façam mais para ajudar estes Estados a aumentar a cobrança de impostos.

"Os doadores internacionais não estão a cumprir as promessas de se focarem mais nas receitas nacionais" por via dos impostos, disse o diretor da OCDE responsável pelo pelouro do Desenvolvimento e Cooperação, Jon Lomoy, concluindo que "está a perder-se uma grande oportunidade de investir em ajuda inteligente".

*com Lusa

eh mais uma daquelas noticias aldrabonas, nao explicam nada. pode aumentar devido a um unico ano contra a tendencia ou apenas devido ao aumento da populacao nesses paises, so alguem burro e irracional disputa o facto que a pobreza no mundo esta a diminuir

Incognitus

  • Administrator
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 30961
    • Ver Perfil
Re:A Nova pobreza
« Responder #910 em: 2014-02-06 20:07:17 »
É ainda mais surreal. Nota bem o pormenor:

Citar
"Mais de um terço das pessoas que vive com menos de 1 euro por dia está nos 51 países mais pobres e essa fatia aumentará para 50% dentro de quatro anos."

Não se trata de aumentar o número de pessoas pobres. Trata-se de aumentar a proporção que vive nos países mais pobres!!!!

E PIOR ainda, é uma lista variável!

Citar
As alterações face ao relatório do ano passado incluem a entrada na lista do Burkina Faso, Egito, Líbia, Síria, Mali, Mauritânia, Madagáscar e Tuvalu, e a saída de países como a Geórgia, Irão, Ruanda e o Quirguistão.

Ou seja, num mundo que está a ficar menos pobre, se mantiveres uma lista dos países mais pobres que tenha uma pobreza relativamente estável, então a percentagem das pessoas pobres que vive nesses países irá AUMENTAR. Principalmente se por cima disso tudo ainda estiveres a comparar essa percentagem contra uma lista variável de países, de forma a teres sempre os mais pobres nessa lista. Por ridículo, se os pobres desaparecessem totalmente fora desses países e caíssem 90% nesses países, este artigo AINDA PODERIA SER ESCRITO e seria ainda mais grave, seria algo do género "Mais de metade das pessoas que vive com menos de 1 euro por dia está nos 51 países mais pobres e essa fatia aumentará para 100% dentro de quatro anos."

Lixo jornalístico completo.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.thinkfn.com

Zel

  • Visitante
Re:A Nova pobreza
« Responder #911 em: 2014-02-06 20:33:21 »
tens razao, nem julguei possivel que fosse isso da proporcao... mas aposto que a luisa nem percebeu a explicacao pois eh demasiado complicada para ela

5555

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 5555
    • Ver Perfil
Re: A Nova pobreza
« Responder #912 em: 2015-09-01 22:06:31 »
Citar
Quando para Portas ser Oliveira da Figueira era competir com os gregos na aldrabice

1/9/2015, 19:03 Observador.pt


Ser Oliveira da Figueira, ou seja, um vendedor por esse mundo fora, nem sempre foi uma boa imagem para Portas. Na década de 90, significava vender o país por meia dúzia de autoestradas pagas pela CEE.


Nos anos 90 éramos um país de “Oliveiras Figueiras”, que competíamos com gregos na aldrabice. Dois anos mais tarde, o mesmo espírito de vendedor da personagem do Tintin, fazia do povo português, um bando de “deslumbrados”, capazes de trocar os símbolos da soberania – a “bandeira ou o Parlamento” – por meia dúzia de tostões que jorrassem de Bruxelas. As palavras são de um jornalista, na altura diretor de um jornal, que já na altura mostrava conhecimento da personagem de banda desenhada e o usava para descrever a atitude dos portugueses. Mas para Paulo Portas, ser um Oliveira da Figueira era tudo menos prestigiante. Vinte anos depois, foi o próprio Paulo Portas que disse sentir-se na pele de Oliveira da Figueira – e com muito orgulho – com uma pasta debaixo do braço.

Rewind. Estamos em 1990, os anos em que a discussão para o Tratado de Maastricht estava ao rubro. Portas, já se sabe era eurocético e o Tratado de Maastricht era mais um “tramado”, como chegou a titular uma primeira página. Mas o resto do país, na visão do então diretor d’ O Independente, andava “deslumbrado” com o dinheiro da CEE e, na altura, para Portas, o país competia com outro bem debaixo dos holofotes também por estes dias. “Em Portugal, a história do debate sobre a Europa é uma velha trapaça. O país gosta é de fundos: como somos uma terra de Oliveiras Figueiras, só devemos competir com os gregos na aldrabice institucional”, escreveu numa crónica de 1990 em que criticava a posição dos socialistas e do Governo (então de Cavaco Silva) na Europa e defendia que não havia pressa para o federalismo europeu.





Dois anos mais tarde, o diretor do semanário regressou à personagem das histórias do Tintin. E não regressou para elogiar os portugueses. O objetivo era o de atacar Cavaco Silva e a defesa do Tratado. E aí, classificou o país como um “país de Oliveiras da Figueira” a quem brilhavam os olhos pelos dinheiros da Europa:


Durante um ano, o primeiro-ministro e todo o coro oficial venderam ao país inteiro uma equação oportunista: Maastricht é dinheiro. Justiça seja feita aos federalistas, porque esses não precisavam do pagamento em moeda para se convencerem da Europa em que acreditam. Mas o Portugal dos Oliveiras da Figueira, esse, deslumbrou-se. Chegou-se a tal ponto que muita gente não se importava de trocar a bandeira ou o Parlamento se lhe dessem mais um quilómetro de estrada. O primeiro-ministro foi o teórico desta barganha em que Portugal exportava soberania e perdia democracia recebendo fundos consideráveis na volta”

Recorrer à personagem do Tintin voltou a ser visto com bons olhos mais de 20 anos depois. O ano passado, à revista Sábado, Portas já tinha vestido na pele do vendedor: “Às vezes, nas missões de promoção de exportações, sinto-me um pouco como o Oliveira da Figueira, um português das aventuras do Tintim, que aparecia a tentar vender aquela mala cheia de toda a sorte de produtos”, disse.

E esta semana, o vice-primeiro-ministro voltou à comparação com a personagem dos livros de Hergé. “Senti-me uma espécie de Oliveira da Figueira. Lembram-se de uma personagem do Tintim que vendia tudo nos mercados externos, tinha uma pasta e vendia uma série de produtos. Eu lembro-me do azeite português”, disse, a propósito da promoção das empresas e de produtos portugueses no estrangeiro – uma área sob a sua responsabilidade enquanto vice-primeiro-ministro.

Mais de vinte anos depois, a personagem mal-amada passou a herói. O vendedor que tudo vendia apenas com o poder de persuasão passou a ser visto com bons olhos e Portas vestiu-lhe a pele. Logo de seguida, o número dois do Governo acrescentou que, “sem ironia, ajudar a vender marcas portuguesas e bens portugueses é fazer um serviço à economia portuguesa”.