Eu não defendo nenhuma solução em concreto porque para fazer isso teria de estudar a fundo os dossiers. Agora a percepção que tenho é que ajustamento exigido foi demasiado rápido baseado numa motivação punitiva e não resultou. Os paises intervencionados ficaram sem grandes perspectivas de futuro, a Europa como um todo não recuperou e começa de facto a haver noção que toda a estrategia europeia de resposta á crise foi errada, como comprova a acção do BCE.
Eu não tenho solução mas de resto também não tens. Tens simplesmente a visão de um curandeiro que ignora tudo de medicina e ao ver um dedo com pus imediatamente recomenda o corte.
É uma percepção errada, os Gregos andam há anos nisto e até já tiveram um perdão de dívida - se alguma coisa, já se foi vastamente longe demais no apoio aos Gregos. E os paises intervencionados ficarem sem grandes perspectivas de futuro é normal - pois se de um momento para o outro vêem que o seu nível de vida que está a 100 agora vai para 70 e daí terão que esgadanhar para voltarem aos 100 ... mas isso não depende da solução encontrada, depende sim da forma insustentável como se chegou aos 100.
Eu não tenho visão nenhuma de curandeiro, apenas defendo sistemas com regras simples e iguais para todos. Sistemas intrinsecamente justos que não beneficiam uns versus os outros devido a critérios subjectivos tipo o nível de vida alcançado ser inalienável independentemente do nível de produção e nem que terceiros que vivem pior tenham que ser obrigados a sustentar esse nível de vida superior (como já é o caso se os Gregos não nos pagarem o empréstimo que lhes demos).
(em certa medida não admira que os Gregos andem nisto há anos nem que tenham um desemprego maciço. Afinal, se calhar o seu nível de vida sustentável anda próximo do Português, e por enquanto ainda estão MUITO acima)
Mas eu não estou a argumentar nada por questão de justiça ou ética. Argumento contra uma solução que me pareceu má para enfrentar a crise.
A Europa como outros paises foi apanhada num turbilhão financeiro e dentro da europa houve alguns pontos mais sensíveis. O que é que a Europa fez? Como o pais mais poderoso até estava a resistir bem focou as tenções nos pontos mais débeis adoptando a nível politico uma posição de censura moral e a nível económico um plano de centrado num plano de reequilibro a curto prazo* desencolvido por técnicos que olhavam para o futuro atrvés do retrovisor, que se revelou com custos elevadissimos.
Passados 4 anos vê-se que os paises resgatados não estão melhor, a europa como um todo não está melhor e o oasis esta prestes a secar, de modo que os decisores já enveredaram por uma nova estratégia. Portanto o balanço não é famoso. Falhanço a nível politico com clivagem e estigmatização norte sul e a nível económico, com estagnação.
Parece-me que se há ambições de desenvolver um projeto europeu a crise teria sido uma boa oprtunidade de apresentar uma solução unificada. Agora se se está numa parceria onde se desconfia uns dos outros, o melhor é acabar com ela e cada um vai à sua vida.
* Foi uma vez aqui referido (acho que pelo Batman) que Merkel no caso de Portugal era contra fixação de metas do défice. Portanto no meio desta cegueira toda Merkel nem sequer é a menos clarividente.