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Autor Tópico: Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal  (Lida 655072 vezes)

rs_trader

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #2300 em: 2014-09-02 17:51:09 »
A Rioforte, uma das holdings do Grupo Espírito Santo, terá detectado um “buraco” nas contas na ordem dos dois mil milhões de euros, cerca de duas semanas antes de entrar com o pedido de gestão controlada.

A notícia é avançada pelo Jornal de Negócios, acrescentando que, após detectar o “buraco”, a administração da Rioforte foi autorizada a fazer um aumento de capital. Isto, menos de duas semanas antes de pedir a protecção de credores.

Foi autorizada por quem? Os seus accionistas?!!!  :o
Em memória do grande DeMelo: "PQP... gajo chato fdx."

EUROBORN

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #2301 em: 2014-09-02 21:37:25 »
KPMG - TRABALHOS DE AUDITORIA/REVISÃO LEGAL DE CONTAS

SOLUÇÃO PARA OS PROBLEMAS ATUAIS:

1) EMPRESAS COTADAS:
1.1) CMVM PAGA ÀS AUDITORAS
1.2) EMPRESAS PAGAM TAXA À CMVM PARA ESTA PAGAR AUDITORAS
1.3) EMPRESAS DE AUDITORIA E PARTES A ESTA RELACIONADA NÃO PODEM PRESTAR AO AUDITADO OUTROS SERVIÇOS

2) EMPRESAS NÃO COTADAS
2.1) AUTORIDADE TRIBUTÁRIA PAGA AS AUDITORAS
2.2) EMPRESAS PAGAM À AUTORIDADE TRIBUTÁRIA PARA ESTA PAGAR AS AUDITORAS
2.3) EMPRESAS DE AUDITORIA E PARTES A ESTA RELACIONADA NÃO PODEM PRESTAR AO AUDITADO OUTROS SERVIÇOS

PROBLEMA RESOLVIDO
PREÇOS TABELADOS
RELATÓRIOS ENVIADOS PARA ADMINISTRAÇÃO EMPRESAS, CMVM E AUTORIDADE TRIBUTÁRIA

RESULTADO: SITUAÇÃO RESOLVIDA

gaia

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #2302 em: 2014-09-04 15:24:10 »

johnpotato

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #2303 em: 2014-09-04 15:28:14 »
KPMG - TRABALHOS DE AUDITORIA/REVISÃO LEGAL DE CONTAS

SOLUÇÃO PARA OS PROBLEMAS ATUAIS:

1) EMPRESAS COTADAS:
1.1) CMVM PAGA ÀS AUDITORAS
1.2) EMPRESAS PAGAM TAXA À CMVM PARA ESTA PAGAR AUDITORAS
1.3) EMPRESAS DE AUDITORIA E PARTES A ESTA RELACIONADA NÃO PODEM PRESTAR AO AUDITADO OUTROS SERVIÇOS

2) EMPRESAS NÃO COTADAS
2.1) AUTORIDADE TRIBUTÁRIA PAGA AS AUDITORAS
2.2) EMPRESAS PAGAM À AUTORIDADE TRIBUTÁRIA PARA ESTA PAGAR AS AUDITORAS
2.3) EMPRESAS DE AUDITORIA E PARTES A ESTA RELACIONADA NÃO PODEM PRESTAR AO AUDITADO OUTROS SERVIÇOS

PROBLEMA RESOLVIDO
PREÇOS TABELADOS
RELATÓRIOS ENVIADOS PARA ADMINISTRAÇÃO EMPRESAS, CMVM E AUTORIDADE TRIBUTÁRIA

RESULTADO: SITUAÇÃO RESOLVIDA

Qual é o interesse da CMVM em garantir que as auditorias têm em conta o interesse dos accionistas?
Parece-me que nenhum. O regulador nunca é responsabilizado monetariamente pelos seus erros e se for os erros das empresas cotadas, ocultação de informação por exemplo, serão pagos pelos contribuintes aka CMVM.

O risco tem de ficar com quem tem o proveito. Se o proveito é dos accionistas têm de ser estes a garantir que a empresa não os está a ludibriar. O sistema actual faz quase sentido excepto na parte que se espera que os reguladores realmente protejam os investidores. A única coisa que devem proteger o sistema em cima, ou seja, que as falências sejam esporádicas e não tenham impactos significativos no restante sistema financeiro.

johnpotato

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #2304 em: 2014-09-04 16:10:06 »
A informação que vinha no prospecto era relativa ao 1ºT. Pelo que se veio a saber o BdP torceu o nariz a essas contas e exigiu constituição de provisões, ou seja considerava que a informação no relatório do 1ºT não espelhava de maneira fiel a situação do banco (noutras declarações o BdP até se gaba de conhecer a situação á 1 ano), em privado exigiu alguma acção, mas quando houve um AC não colocou reservas nenhuma, ou seja enganou por omissão.

1 - Que torcer foi essa às contas do primeiro trimestre?

2 - Há um ano o problema foram as irregularidades nas contas da ESI não era com o BES.

Na primeira questão já escrevi num post anterior
Citar
Não podemos ter garantias porque as conversações e contactos que terão existido entre BdP e BES não são públicas, mas temos os seguintes factos:

1) O BES submeteu relatório trimestral em que não havia provisões para exposição ao grupo GES, e racios cumpriam folgadamente requisitos do BdP
2) O BES propos AC incluindo esse mesmo relatorio no prospecto e justificando que embora racios actuais fossem folgadamente cumpridos, regulação BaselIII ia impor racios mais exigentes e banco tinha de se preparar para isso.

Veio-se a verificar posteriormente que motivação era de facto cumprir racios existentes pq se fizessem provisoes que se impunham racios vinham cá para baixo. Mas se CMVM não tinha hipotese de verificar isso e aprovou o AC e relatório de contas  na boa fé que informação era completa e verdadeira, accionistas que foram ao AC só se podem queixar da administração.

Mas posteriormente veio-se a saber que
3) BdP exigiu ao BES almofada de 2 mil milhões

Isso esta nos comunicados do BdP o que não sabemos é em que data tal foi exigido.

No entanto se fizermos as contas um AC de 1000 milhões dá precisamente a almofada requerida se nas contas do primeiro trimestre incluirmos provisões de 2000 milhões. Indo ao relatorio do semestre verfica-se então que provisões foram de 4253 milhões, metade das quais referem-se a coisas que já existiam no primeiro trimestre e a outra metade ao aumento do buraco que administração fez no segundo trimestre.

Portanto, tudo indica que BdP torceu nariz as contas do primeiro trimestre, achou que deveriam ser feitas provisões que não estavam la, ou seja que de acordo com informação que BdP tinha relatorio não espelhava correctamente a situação do BES. Se foi assim BdP estava na posse de informação que tornavam a informação do prospecto incompleta e não totalmente verdadeira e deixou andar.

Quanto ao caso ESI-BES, imagino que quando o BdP diz que situação tinha sido detectada há um ano se refere ao possivel impacto das contas da ESI no BES. Se não tivesse detectado possibilidades de impacto a melhor ou menor saude financeira de um acionista de um banco é irrelevante para o supervisor.

Podes partilhar referências destas provisões que falhas?
A única provisão que encontrei do BES/ESFG foi relativo ao papel comercial das empresas do espirito santo no valor de 700 Milhões.

Do que me lembro, Carlos Costa, disse na comissão que a situação da ESI foram  irregularidades nas contas da própria ESI não estando o BES relacionado.

vbm

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #2305 em: 2014-09-04 22:25:41 »
Hoje recebi um cheque (pequeno) de rescisão
de um contrato com a EDP (uma das que agora
pululam por aí). Foi curioso ver o  cheque sacado,
verde, sobre o «Banco Espírito Santo». Recebê-lo-ei? :)...

Zenith

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #2306 em: 2014-09-04 22:31:25 »
A informação que vinha no prospecto era relativa ao 1ºT. Pelo que se veio a saber o BdP torceu o nariz a essas contas e exigiu constituição de provisões, ou seja considerava que a informação no relatório do 1ºT não espelhava de maneira fiel a situação do banco (noutras declarações o BdP até se gaba de conhecer a situação á 1 ano), em privado exigiu alguma acção, mas quando houve um AC não colocou reservas nenhuma, ou seja enganou por omissão.

1 - Que torcer foi essa às contas do primeiro trimestre?

2 - Há um ano o problema foram as irregularidades nas contas da ESI não era com o BES.

Na primeira questão já escrevi num post anterior
Citar
Não podemos ter garantias porque as conversações e contactos que terão existido entre BdP e BES não são públicas, mas temos os seguintes factos:

1) O BES submeteu relatório trimestral em que não havia provisões para exposição ao grupo GES, e racios cumpriam folgadamente requisitos do BdP
2) O BES propos AC incluindo esse mesmo relatorio no prospecto e justificando que embora racios actuais fossem folgadamente cumpridos, regulação BaselIII ia impor racios mais exigentes e banco tinha de se preparar para isso.

Veio-se a verificar posteriormente que motivação era de facto cumprir racios existentes pq se fizessem provisoes que se impunham racios vinham cá para baixo. Mas se CMVM não tinha hipotese de verificar isso e aprovou o AC e relatório de contas  na boa fé que informação era completa e verdadeira, accionistas que foram ao AC só se podem queixar da administração.

Mas posteriormente veio-se a saber que
3) BdP exigiu ao BES almofada de 2 mil milhões

Isso esta nos comunicados do BdP o que não sabemos é em que data tal foi exigido.

No entanto se fizermos as contas um AC de 1000 milhões dá precisamente a almofada requerida se nas contas do primeiro trimestre incluirmos provisões de 2000 milhões. Indo ao relatorio do semestre verfica-se então que provisões foram de 4253 milhões, metade das quais referem-se a coisas que já existiam no primeiro trimestre e a outra metade ao aumento do buraco que administração fez no segundo trimestre.

Portanto, tudo indica que BdP torceu nariz as contas do primeiro trimestre, achou que deveriam ser feitas provisões que não estavam la, ou seja que de acordo com informação que BdP tinha relatorio não espelhava correctamente a situação do BES. Se foi assim BdP estava na posse de informação que tornavam a informação do prospecto incompleta e não totalmente verdadeira e deixou andar.

Quanto ao caso ESI-BES, imagino que quando o BdP diz que situação tinha sido detectada há um ano se refere ao possivel impacto das contas da ESI no BES. Se não tivesse detectado possibilidades de impacto a melhor ou menor saude financeira de um acionista de um banco é irrelevante para o supervisor.

Podes partilhar referências destas provisões que falhas?
A única provisão que encontrei do BES/ESFG foi relativo ao papel comercial das empresas do espirito santo no valor de 700 Milhões.

Do que me lembro, Carlos Costa, disse na comissão que a situação da ESI foram  irregularidades nas contas da própria ESI não estando o BES relacionado.

As provisões estão no relatório semestre.
A indicação de que o BdP exigiu á anterior administração almofada de 2Bilioes, é no comunicado do BdP (também disponivel na CMVM).

Paquinho

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #2307 em: 2014-09-05 12:29:57 »
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“Um pró-forma”, “um verbo de encher”, “um detalhe, um acessório de toilete de senhora”. Foi assim que o vice-presidente da Ordem dos Advogados e ex-membro da administração do BES definiu o conselho de administração não executivo do BES. Em entrevista ao Jornal i, Nuno Godinho de Matos falou sem papas na língua do órgão que integrou a troco de 2.400 euros líquidos por reunião e no qual “entrou sempre mudo e saiu calado”.

“Não havia perguntas não porque não pudesse haver, mas porque jamais alguém as fez”, explicou quando confrontado sobre o papel do conselho administrativo não executivo do BES, antes da intervenção do Banco de Portugal (BdP). “Os não executivos não têm nada a ver com a vida diária do banco. Vão às reuniões do conselho de administração quando são convocados, quatro ou cinco vezes por ano. O que conhecem da vida do banco é o que é reportado nessas reuniões pelos quadros superiores”, explicou.

     “Em seis anos nunca abri a boca, entrava mudo e saía calado. Bem como todos os restantes administradores”, acrescentou.

Segundo o advogado, o presidente do conselho de administração Alberto Pinto “abria os trabalhos de acordo com a ordem, sujeitava-os a deliberação”. E nem o “dr. Ricardo Salgado [vice-presidente] falava”. Era um “pró-forma”, perguntou-lhe a jornalista. Ele assumiu que sim. “Exatamente”. Mais do que isso, os próprios administradores não executivos são “verdadeiros verbos de encher”, são um “detalhe”. “Um acessório na toilete de uma senhora”, acrescentou.

Seguiu-se a pergunta do preço desse acessório. E o ex-administrador respondeu sem problemas. “É barato. No caso do BES, que é o que conheço, recebiam a senha de presença, que dava, líquido, cerca de 2.400 euros por reunião de conselho de administração, ou seja, entre 10 a 12 mil euros por ano.

Segundo um relatório da CMVM, em 2013 Nuno Godinho de Matos auferiu 42 mil euros brutos pelas reuniões onde entrou “mudo e saiu calado”.

Nuno Godinho Matos, que tem cerca de 100 mil euros retidos no ‘banco mau’, que resultou da divisão do BES, conta o episódio que o conduziu aquele lugar. Corria o ano de 1995 e o julgamento das faturas falsas da Engil, uma sociedade de construção civil. “O advogado da Engil era o dr. Proença de Carvalho [com quem trabalhou até final do ano passado] e eu trabalhava ao seu lado, por indicação sua, para dois administradores. Tal como o já falecido dr. Filinto Elísio, advogado do filho do engenheiro que era, ao tempo, dono maioritário da Engil”. Terá sido Filinto Elísio que lhe disse que, no Banco Espírito Santo, “havia quem defendesse a vantagem de incluir no conselho de administração alguém ligado à resistência ao antigo regime, de esquerda, e que não fosse profissional da atividade política”.

Nuno Godinho de Matos acedeu. Mas foi claro:

     “Sabia tanto de bancos como de calceteiro, embora goste de calçadas”.

O advogado, que se assume como um socialista pró-Costa, mas que defende que um governo ideal estaria nas mãos de sociais-democratas como Vítor Gaspar, aponta falhas na supervisão do banco. E não hesita em criticar todos os intervenientes.

    “Onde há um falhanço total é por parte do Banco de Portugal, por parte da CMVM e por parte das empresas de auditoria, que nunca se aperceberam do que quer que fosse. E nem o argumento de que foi na segunda quinzena de julho que se constituiu a dívida de 1.500 milhões de euros, que é real, cola, porque existe tudo o que está para trás. (…) . É um argumento que mata a administração do BES, mas mata a administração do BdP, mata a CMVM, mata os auditores, que não podiam ignorar a possibilidade dessa exigência”, disse.

As principais vítimas, defende, “deverão ser as pessoas que foram ao último aumento de capital, porque compraram papel que hoje não vale nada, nem para embrulho“. Também os depositantes nas instituições ligadas ao BES no estrangeiro “foram completamente defraudados”: só encontram nas suas contas papel comercial de sociedades” ligadas ao grupo que hoje não valem nada e ainda por cima estão numa jurisdição que nem sequer é portuguesa [Suíça e Luxemburgo]“.

O advogado tinha cerca de 16 mil euros à ordem e perto de 80 mil euros a prazo no BES. “Desses, 58 mil resultam da venda de uma casa que foi dos meus pais e que eu e o meu irmão vendemos no ano passado. O restante é poupança”, explicou. Nuno Godinho de Matos já escreveu ao BdP a expor o caso. Como não obteve resposta vai avançar para o tribunal. “E os tribunais administrativos são uma entidade que funciona mal, é demoradíssima, tudo o que lá cai apodrece antes de ser resolvido”.


http://observador.pt/2014/09/05/ex-administrador-bes-sabia-tanto-de-bancos-como-de-calceteiro/

 ;D


karnuss

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #2308 em: 2014-09-05 12:42:45 »
Citar
“Um pró-forma”, “um verbo de encher”, “um detalhe, um acessório de toilete de senhora”. Foi assim que o vice-presidente da Ordem dos Advogados e ex-membro da administração do BES definiu o conselho de administração não executivo do BES. Em entrevista ao Jornal i, Nuno Godinho de Matos falou sem papas na língua do órgão que integrou a troco de 2.400 euros líquidos por reunião e no qual “entrou sempre mudo e saiu calado”.

“Não havia perguntas não porque não pudesse haver, mas porque jamais alguém as fez”, explicou quando confrontado sobre o papel do conselho administrativo não executivo do BES, antes da intervenção do Banco de Portugal (BdP). “Os não executivos não têm nada a ver com a vida diária do banco. Vão às reuniões do conselho de administração quando são convocados, quatro ou cinco vezes por ano. O que conhecem da vida do banco é o que é reportado nessas reuniões pelos quadros superiores”, explicou.

     “Em seis anos nunca abri a boca, entrava mudo e saía calado. Bem como todos os restantes administradores”, acrescentou.

Segundo o advogado, o presidente do conselho de administração Alberto Pinto “abria os trabalhos de acordo com a ordem, sujeitava-os a deliberação”. E nem o “dr. Ricardo Salgado [vice-presidente] falava”. Era um “pró-forma”, perguntou-lhe a jornalista. Ele assumiu que sim. “Exatamente”. Mais do que isso, os próprios administradores não executivos são “verdadeiros verbos de encher”, são um “detalhe”. “Um acessório na toilete de uma senhora”, acrescentou.

Seguiu-se a pergunta do preço desse acessório. E o ex-administrador respondeu sem problemas. “É barato. No caso do BES, que é o que conheço, recebiam a senha de presença, que dava, líquido, cerca de 2.400 euros por reunião de conselho de administração, ou seja, entre 10 a 12 mil euros por ano.

Segundo um relatório da CMVM, em 2013 Nuno Godinho de Matos auferiu 42 mil euros brutos pelas reuniões onde entrou “mudo e saiu calado”.

Nuno Godinho Matos, que tem cerca de 100 mil euros retidos no ‘banco mau’, que resultou da divisão do BES, conta o episódio que o conduziu aquele lugar. Corria o ano de 1995 e o julgamento das faturas falsas da Engil, uma sociedade de construção civil. “O advogado da Engil era o dr. Proença de Carvalho [com quem trabalhou até final do ano passado] e eu trabalhava ao seu lado, por indicação sua, para dois administradores. Tal como o já falecido dr. Filinto Elísio, advogado do filho do engenheiro que era, ao tempo, dono maioritário da Engil”. Terá sido Filinto Elísio que lhe disse que, no Banco Espírito Santo, “havia quem defendesse a vantagem de incluir no conselho de administração alguém ligado à resistência ao antigo regime, de esquerda, e que não fosse profissional da atividade política”.

Nuno Godinho de Matos acedeu. Mas foi claro:

     “Sabia tanto de bancos como de calceteiro, embora goste de calçadas”.

O advogado, que se assume como um socialista pró-Costa, mas que defende que um governo ideal estaria nas mãos de sociais-democratas como Vítor Gaspar, aponta falhas na supervisão do banco. E não hesita em criticar todos os intervenientes.

    “Onde há um falhanço total é por parte do Banco de Portugal, por parte da CMVM e por parte das empresas de auditoria, que nunca se aperceberam do que quer que fosse. E nem o argumento de que foi na segunda quinzena de julho que se constituiu a dívida de 1.500 milhões de euros, que é real, cola, porque existe tudo o que está para trás. (…) . É um argumento que mata a administração do BES, mas mata a administração do BdP, mata a CMVM, mata os auditores, que não podiam ignorar a possibilidade dessa exigência”, disse.

As principais vítimas, defende, “deverão ser as pessoas que foram ao último aumento de capital, porque compraram papel que hoje não vale nada, nem para embrulho“. Também os depositantes nas instituições ligadas ao BES no estrangeiro “foram completamente defraudados”: só encontram nas suas contas papel comercial de sociedades” ligadas ao grupo que hoje não valem nada e ainda por cima estão numa jurisdição que nem sequer é portuguesa [Suíça e Luxemburgo]“.

O advogado tinha cerca de 16 mil euros à ordem e perto de 80 mil euros a prazo no BES. “Desses, 58 mil resultam da venda de uma casa que foi dos meus pais e que eu e o meu irmão vendemos no ano passado. O restante é poupança”, explicou. Nuno Godinho de Matos já escreveu ao BdP a expor o caso. Como não obteve resposta vai avançar para o tribunal. “E os tribunais administrativos são uma entidade que funciona mal, é demoradíssima, tudo o que lá cai apodrece antes de ser resolvido”.


http://observador.pt/2014/09/05/ex-administrador-bes-sabia-tanto-de-bancos-como-de-calceteiro/

 ;D


Também quero ser um acessório destes :D

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #2309 em: 2014-09-05 13:19:49 »
Este merecia era um enxerto de porrada na praça pública, por ser uma sanguessuga.

Então o gajo era administrador não executivo, nunca abriu a boca, só estava lá para mamar senhas de presença e agora diz que o falhanço total é por parte do BP?
“Our values are human rights, democracy and the rule of law, to which I see no alternative. This is why I am opposed to any ideology or any political movement that negates these values or which treads upon them once it has assumed power. In this regard there is no difference between Nazism, Fascism or Communism..”
Urmas Reinsalu

Zenith

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #2310 em: 2014-09-05 14:07:51 »
É preciso descaramento. Chegámos a um tal estado de coisas que já nem noção de pudor há.
Mas a palavra mamões está rservada para funcinários públicos. O Inc ainda vai justificar isso pelo facto do homem ser socialista e que o parasitismo está nos genes dessa gente  ;D

O Dias Loureiro era administrador do BPN e não sabia nada de contabilidade, agora no BES tabém aparecem administradores que sabem tanto de bancos como de calceteiros. Se isso é generalizado melhor tirar dinheiro todo dos bancos  ;D
« Última modificação: 2014-09-05 14:10:06 por Zenith »

kitano

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #2311 em: 2014-09-05 16:18:07 »
com gente desta nas administrações, parece-me justo que os accionistas fiquem sem nada...
"Como seria viver a vida que realmente quero?"

vbm

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #2312 em: 2014-09-05 16:28:23 »
fala-se muito dos administradores não-executivos, dos socialistas,
dos funcionários públicos, dos que não sabem nada e ganham milhões,
dos que recebem garoupas e vão presos, dos que as oferecem e não mais
o fazem, porque de presos preventivos passam a definitivos... mas,
antigamente como era? Os cargos na função pública
eram vendidos e comprados a dinheiro!
De modo que, tudo continua
enronaldo, digo enrolado.

Automek

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #2313 em: 2014-09-05 17:36:24 »
O Inc ainda vai justificar isso pelo facto do homem ser socialista e que o parasitismo está nos genes dessa gente  ;D
Por ser socialista, não, mas parasitismo, claramente que sim.
Ninguém paga a ninguém 2.400 euros, 4 ou 5 vezes por ano, para estar calado em reuniões, se fora dessas reuniões não houver muito tráfico de influências que justifiquem os 'honorários' pagos.
Ora, o tráfico de influências só existe quando há muita benesse para distribuir, arbitrariedade de decisões, etc.


(já agora, alguém sabe para onde é que se manda o CV para uma posição destas ?)  :D

tatanka

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #2314 em: 2014-09-05 17:48:58 »
Citar

O advogado tinha cerca de 16 mil euros à ordem e perto de 80 mil euros a prazo no BES. “Desses, 58 mil resultam da venda de uma casa que foi dos meus pais e que eu e o meu irmão vendemos no ano passado. O restante é poupança”, explicou. Nuno Godinho de Matos já escreveu ao BdP a expor o caso. Como não obteve resposta vai avançar para o tribunal. “E os tribunais administrativos são uma entidade que funciona mal, é demoradíssima, tudo o que lá cai apodrece antes de ser resolvido”.


É revoltante, este tom de coitadinho, com que termina a entrevista.

O gajo mamou durante 20 anos, 12,000€ por ano. Dá praticamente 250,000€. Devia mas é estar calado, e ter vergonha na cara.
“I hate reality but it's still the best place to get a good steak.”
― Woody Allen

deMelo

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #2315 em: 2014-09-05 17:57:34 »
O Inc ainda vai justificar isso pelo facto do homem ser socialista e que o parasitismo está nos genes dessa gente  ;D
Por ser socialista, não, mas parasitismo, claramente que sim.
Ninguém paga a ninguém 2.400 euros, 4 ou 5 vezes por ano, para estar calado em reuniões, se fora dessas reuniões não houver muito tráfico de influências que justifiquem os 'honorários' pagos.
Ora, o tráfico de influências só existe quando há muita benesse para distribuir, arbitrariedade de decisões, etc.


(já agora, alguém sabe para onde é que se manda o CV para uma posição destas ?)  :D

Exactly!
The Market is Rigged. Always.

vbm

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #2316 em: 2014-09-05 21:49:48 »
[ ]
Ora, o tráfico de influências só existe quando há muita benesse para distribuir, arbitrariedade de decisões, etc.

Nem sempre será um tráfico de influências visando actuações futuras,
mas apenas compensando intervenções passadas, não remidas
num pagamento flat-cash, portanto um suborno
implícito e diplomático, pago a prestações.

No entanto, há sempre a expectativa do pagador
de, no mínimo, uma certa informação
de 'espionagem' de ideias ou
intenções de rivais
potenciais.

Zel

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #2317 em: 2014-09-06 00:13:57 »
isso do adminstrator que nao sabia nada de banca eh mais um sintoma de um sistema de governo das cotadas q eh uma palhacada e q tem de ser revisto, obviamente que foi escolhido para estar calado e dar carta branca aos insiders do conselho executivo. eh provavel que nao seja caso isolado e que estejamos perante algo sistematico
« Última modificação: 2014-09-06 00:14:35 por Neo-Liberal »

vbm

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #2318 em: 2014-09-06 10:34:40 »
é sistemático. e há muitos anos.

vbm

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #2319 em: 2014-09-06 10:42:39 »
Começo a achar o Victor Bento, um bocado Choninhas.

Parece-me que a ideia do <fundo de resolução>
é mais uma de verdadeira <irresolução>!

Preferia uma nacionalização imediata do capital,
a criação de um banco limpo (que o é, em princípio),
com um nome apelativo - assim, tipo
Banco Europeu do Atlântico
ou Banco Português Europeu -;

enfim, algo mais determinado,
aberto a revenda, no todo
ou em tranches, e com
intervenção ousada
na economia
produtiva.