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Autor Tópico: Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal  (Lida 655025 vezes)

Luisa Fernandes

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1800 em: 2014-08-12 13:49:15 »
...

Portanto a tua opinião é de que longe de o ter exigido, o BdP devia ter IMPEDIDO o aumento de capital?

O que deveria ter feito no seu lugar, então? Intervido e queimado os accionistas imediatamente? Sim, porque numa situação destas e sem aumento de capital é essa a alternativa. Aliás, o BdP quando EXIGE um aumento de capital, está implícito que se os accionistas não tiverem mais dinheiro para queimar, o investimento anterior vai arder imediatamente.

A minha posição é de que a missão do BdP é garantir que existe capital suficiente, seja exigindo-o via aumentos de capital, seja reestruturando a instituição se os aumentos de capital não forem suficientes. A missão nunca é assegurar que o dinheiro investido não arde, pelo contrário, está implícito que quanto maior probabilidade existir de o dinheiro arder, mais a missão do BdP o obriga a exigir capital para alimentar a fogueira.

Muito bem coerência acima de tudo  :D

Isto para quem acha desperdícios alguns milhões de € gastos em saúde , educação e justiça (estado social) do país!

Biliões de € para bancos & companhia nem que seja para queimar já tem de ser !

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1801 em: 2014-08-12 13:49:20 »

1. Garantes que, numa situação normal, em que todos iam quinhoar na liquidação de acordo com a hierarquia de credores, os obrigacionistas seniores iriam receber o valor total?

Não preciso de garantir, porque na solução encontrada existiram novos investidores para tomar as fatias de maior risco tornando a questão irrelevante (já que novas perdas seriam NOVAMENTE assumidas pelos novos investidores antes de chegarem aos séniores).


Senão garantes, estarias a BENEFICIAR os credores seniores. Ora, se aceitas BENEFICIAR os credores seniores, porque é não aceitas BENEFICAR outros ainda que dentro da hierarquia de credores? Ex. Supõe que o cenário 1 os credores seniores são receberiam 20% do investido, tu estarias com a tua escoha a beneficiar os ditos credores seniores em 80%. Agora supõe o cenário 2, em que todos os credores seniores estariam 100% salvaguardado, mas as perdas para so accionistas andariam em torno de 80% ou até menos, porque é que não aceitas beneficiar esses, da mesma forma que aceitas beneficiar os credores seniores?

2. Garantes que, numa situação normal, em que todos iam quinhoar na liquidação de acordo com a hierarquia de credores, os accionistas não iriam receber pelo menos uma pequenina parte?

Bem, eu garanto que se os séniores fossem potencialmente afectados então os accionistas não receberiam nada. E se que se é necessário afectar a dívida subordinada, os accionistas não devem receber nada. Mas, mesmo assim a solução presente permite que os accionistas possam, se tiverem sorte, receber alguma coisa. Numa solução mais típica que passasse por uma redução de capital a zero e posterior aumento de capital, a única coisa que os accionistas antigos teriam seria preferência na subscrição.


3. Por fim, achas normal que se engane os pequenos accionistas num Aumento de Capital chancelado pelo BdP, pelo Presidente da Republica, pelo Primeiro Ministro e outras entidades, para passado uma semana esse dinheiro lhes ser retirado e entregue aos obrigacionistas seniores?

As bocas que as pessoas emitem fora do âmbito das suas funções não valem grande coisa, nem as do BdP, que fará as do PR ou PM. As pessoas têm a obrigação de saber isso. De resto, achar agora que se devia receber o dinheiro de volta porque alguém falou favoravelmente da coisa é apenas humano. As pessoas procuram sempre culpados numa entidade exterior, é um bias comportamental estudado. Um facto é que quando chega a um investimento, o único responsável é quem mete a assinatura no fim do papel.


O BdP não deu uma opinião. PRESTOU UMA INFORMAÇÃO e dentro das funções. Quem falou não foi o Carlos Costa, mas sim o Governador do Banco de Portugal. Esta tua posição não é minimamente defensável. Já te dei exemplos que o responsável é quem assina o papel, desde que o esteja a fazer em boa-fé e com informação verdadeira que não o leva em erro. Decorre da lei.

As respostas não se relacionam entre elas, e é obvio se o ponto 1 (não pagamento total aos seniores) não se verificar, o ponto 2 (os accionistas reberam pelo menos uma pequenia parte) nunca se podia verificar, pelo que escusas de vir com essa teoria e peço que respondas apenas SIM ou NAO.

É absurdo pensar que as respostas não se relacionam entre elas, é equivalente ao bloco de esquerda a berrar contra as agências de rating num momento e contra a dívida impagável no seguinte. Todas as respostas têm necessariamente que se relacionar, até porque umas excluem outras. A minha posição é coerente, a tua não é.


As respostas não se relacionam entre elas como disse, na medida em que são cenários potencialmente diferentes e que servem apenas para comparar o teu grau de tolerância e aceitação a quem beneficiavas e pelos vistos não tens problemas em beneficiar uns, mas, em iguais circunstancias, recusas beneficiar outros... e estou a usar o termo beneficiar apenas para dar mais visibilidade à questão.

Expliquei bem acima que um caso não pode ser comparado com outro, exactamente porque se os seniores não recebessem, garantidamente os accionistas também não. A TAL HIERARQUIA DE CUSTOS, pelo que a falacia do espantalho (quando se atribui a outrem uma opinião fictícia ou se deturpam as suas afirmações de modo a terem outro significado) não adere.

Tu és bom nos argumentos, nas analogias e eficaz no uso das palavras, mas isso não significa que tenhas razão, principalmente quando a tua posição não é coerente (num cenário aceitas beneficiar os credores seniores, e em outro cenário não aceitarias beneficar os accionistas).

O que tu dizes é que os SENIORES devem ter protecção, independente de haver dinheiro ou não para lhes pagar (pois não consegues garantir que exista), mas os Acionistas não, mesmo que até exista algum dinheiro para lhes pagar.

A tua posição, só por isso, não é coerente.

A mim parece-me sinceramente que não compreendes a solução encontrada.

Eu não digo que é necessário dar protecção a ninguém excepto talvez aos depositantes. O que eu digo é que se encontras uma solução em que tirando n fatias obténs investidores para tomar o risco dessas fatias, então só necessitas de retirar essas fatias e não é por isso que não estás a tratar todos por igual.

Não é preciso beneficiar ninguém num tal cenário. Só é preciso ir tirando fatias até que o que sobre seja suficiente para motivar novos investidores para tomar o risco dessas fatias. Se fosse necessário tirar mais fatias, teriam ido aos séniores.

Nem preciso de postar porque o Inc esta a dizer tudo o que penso.

Mas refiro que como depositante nao vejo a coisa famosa a nivel de UE.  Quantos bancos estaram como o BES (ou como estava o BES) ?  acho que de momento essa é a maior preocupação dos clientes bancarios.

Nem toda a gente teve a experiencia de  crises ciclicas  e falencias do genero..  , era preciso ter agora uma idade mais avançada.
É como ter aulas de macro , historia etc...

e ter a sorte de ler as coisas certas! que a meu ver vai de encontro ao que o Inc esta a postar, nestes ultimos post aqui

Incognitus

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1802 em: 2014-08-12 13:53:00 »
...

Portanto a tua opinião é de que longe de o ter exigido, o BdP devia ter IMPEDIDO o aumento de capital?

O que deveria ter feito no seu lugar, então? Intervido e queimado os accionistas imediatamente? Sim, porque numa situação destas e sem aumento de capital é essa a alternativa. Aliás, o BdP quando EXIGE um aumento de capital, está implícito que se os accionistas não tiverem mais dinheiro para queimar, o investimento anterior vai arder imediatamente.

A minha posição é de que a missão do BdP é garantir que existe capital suficiente, seja exigindo-o via aumentos de capital, seja reestruturando a instituição se os aumentos de capital não forem suficientes. A missão nunca é assegurar que o dinheiro investido não arde, pelo contrário, está implícito que quanto maior probabilidade existir de o dinheiro arder, mais a missão do BdP o obriga a exigir capital para alimentar a fogueira.

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Não pareces compreender como funciona a economia. Esses biliões são de investidores privados e já foram previamente taxados para alimentar o Estado. Não é como se o Estado devesse crescer até limpar todos os tostõezinhos existentes, ou é? Já limpa mais do que suficiente.

Quanto à educação, saúde e justiça, deve gastar-se o necessário e pagar-se o necessário para a providenciar, e não mais. Se o sector privado para uma mesma coisa usa 1 pessoa e o público usa 1.5, há espaço para usar menos pessoas. Se o sector privado paga 100 e o público 150 para a mesma coisa, há espaço para pagar menos. As outras pessoas estão expostas a um mercado livre, quando pagam serviços do Estado via impostos também os devem pagar a preços (e eficiências) de um mercado livre.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1803 em: 2014-08-12 13:56:26 »

Uma redução do capital para 0 e aumento posterior para o que quer que fosse necessário resolvia o problema com menos gritos e complicações. As pessoas assim não sentem que o dinheiro já ardeu, ficam com esperanças. É um pouco como as derrotas militares das 2GG versus as presentes, as primeiras eram mais definitivas e não existiam queixas posteriores.

Eu também me parece isso.  Mas se calhar tem qualquer falta de legitimidade de direito, grave... Mas, é o que me parece: registar imparidades, qualificar incobráveis, constituir provisões, zerar a acumulação de prejuízos por uma redução de capital. Convidar ao aumento de capital novos accionistas, aceitando porventura numa proporção residual o que subsistisse do capital acionista anterior e a subscrição do novo aumento, aberta também ao sistema bancário, seria completada pelo Tesouro (Estado). Depois logo se veria, e a competição por capital e lucro que  prosseguisse. O que se recuperasse dos activos da massa falida seriam  ganhos do novo banco. Porquê isto não é factível jurídica ou economicamente, gostava que alguém aqui no fórum me mostrasse, pois deve ser por razões ponderosas que aceitarei por certo e aprendia qualquer coisa...

A razão é simples. Não prepararam as coisas atempadamente (parece que andavam com visões e passavam tempo a dialogar com investidores imaginários), chegou-se ao último dia entraram em pânico fizeram as coisas á pressa e pariram aborto que viola principios fundamentais.
Mas nem sequer era necessário fazer as contas imediatamente. Podia ficar estabelecido o principio de que fundo de resolução entrava agora com totalidade e aos antigos accionistas eram atribuidos direitos para comprar acções quando o novo banco fosse vendido. O nº de acções que poderiam recomprar a posteriori seria calculado durante o periodo de recuperação para se ter garantia de valores rigorosos no apuramento dos aspectos que referes. Assim se o prejuizo a assumir pelos accionistas correspondesse a 80% do capital cada 10 acções antigas dava direito a uma nova e possibilidade de comprar outra (preços nominais iguais), 90% 20 acções direito a a uma nova e compra de outro etc. A partir do momento em que isso tivesse bem calculado direitos podiam ser emitidos e negociados em bolsa até á venda final. Os accionistas suportavam o prejuizo que lhes era atribuivel (e todos a gente ficava contente por ver vizinho a arder) mas não era violada nenhuma lei da propriedade privada.

E não se  pode mudar para essa solução?

Li por alto - a culpa é da net,
e da rapidez 'anti-manoel d'oliveira'
que não favorece ler, calar, e pensar -,
mas o esquema que desenhas
parece-me mais correcto.

Não houve tempo - disse o  Incognitus.
Mas agora há. Porque não mudar?

O tempo disponível vinha do que estava a financiar aquilo tudo. Agora já há uma boa solução, e essa outra até seria ainda mais desfavorável aos accionistas.

Eu fico realmente estupefacto como é que alguém que se reclama do liberalismo económico acha boa uma solução algo que viola as leis da propriedade privada.
Se substituirmos fundo de resolução por estado, esta seria o expediente de um governo comunista mas num estado democrático (em que nacionalizações deveriam ter as indeminizações adequadas), que quisesse expropriar os accionistas mas sem proceder a uma nacionalização de facto (onde indeminização teria de ser pelo menos igual ao capital).
Isso não tem nada a ver com solução mais ou menos favorável para os accionistas. Se por exemplo se BdP tivesse decidido que se ia sacar da conta do Ricardo Salgado para me indemnizar continuaria a achar que não era justo.

Incognitus

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1804 em: 2014-08-12 14:01:11 »
Isso é porque vês a coisa como uma expropriação e não como uma falência. Além de não compreenderes a subtil diferença de como a equity é vista no sector bancário (como uma almofada para absorver perdas). A equity ali fez o seu papel, absorveu perdas. Teria que o fazer antes de entrarem novos investidores, visto que o aumento de capital necessário era tão grande que se não o fizesse estes novos investidores iriam sempre responder por uma parte das perdas já existentes. Adicionalmente, se foi necessário atribuir perdas a obrigacionistas subordinados, naturalmente as acções deveriam bater no zero.

A solução alternativa de reduzir o capital para zero e aumentá-lo de seguida, reconhecendo entretanto as perdas, pode parecer mais justa, mas:
* Não existia tempo para usar essa solução, com a retirada de confiança do BCE;
* Essa solução produziria uma perda ainda mais definitiva para os accionistas.

Esta solução é a solução possível. Os accionistas não são prejudicados nesta solução face às alternativas. Os accionistas parecem simplesmente não querer acreditar no que lhes aconteceu.
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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1805 em: 2014-08-12 14:01:34 »
Não se pode dizer que os accionistas foram enganados no AC porque à data o banco era viável. Tão viável, que foi o único aumento de capital de que tenho memória em que as acções subiram sustentadamente durante todo o período da oferta. O que fez cair o banco foi a política de terra queimada da administração depois de lhe ter sido dito que tinha de abandonar.

Não podemos ter garantias porque as conversações e contactos que terão existido entre BdP e BES não são públicas, mas temos os seguintes factos:

1) O BES submeteu relatório trimestral em que não havia provisões para exposição ao grupo GES, e racios cumpriam folgadamente requisitos do BdP
2) O BES propos AC incluindo esse mesmo relatorio no prospecto e justificando que embora racios actuais fossem folgadamente cumpridos, regulação BaselIII ia impor racios mais exigentes e banco tinha de se preparar para isso.

Veio-se a verificar posteriormente que motivação era de facto cumprir racios existentes pq se fizessem provisoes que se impunham racios vinham cá para baixo. Mas se CMVM não tinha hipotese de verificar isso e aprovou o AC e relatório de contas  na boa fé que informação era completa e verdadeira, accionistas que foram ao AC só se podem queixar da administração.

Mas posteriormente veio-se a saber que
3) BdP exigiu ao BES almofada de 2 mil milhões

Isso esta nos comunicados do BdP o que não sabemos é em que data tal foi exigido.

No entanto se fizermos as contas um AC de 1000 milhões dá precisamente a almofada requerida se nas contas do primeiro trimestre incluirmos provisões de 2000 milhões. Indo ao relatorio do semestre verfica-se então que provisões foram de 4253 milhões, metade das quais referem-se a coisas que já existiam no primeiro trimestre e a outra metade ao aumento do buraco que administração fez no segundo trimestre.

Portanto, tudo indica que BdP torceu nariz as contas do primeiro trimestre, achou que deveriam ser feitas provisões que não estavam la, ou seja que de acordo com informação que BdP tinha relatorio não espelhava correctamente a situação do BES. Se foi assim BdP estava na posse de informação que tornavam a informação do prospecto incompleta e não totalmente verdadeira e deixou andar.

A CMVM que visse isso do prospecto. Ao BdP só interessava que existisse mais dinheiro para queimar. Mais almofada, como lhe chamas. Se há AC há mais almofada. O BdP fica contente, é exactamente isso que ele quer e não exactidões de prospectos ou o diabo a sete. O BdP quer simplesmente mais dinheiro para arder.

Talvez isso se pudesse argumentar á umas décadas atrás. Mas depois disso foi criado o Conselho Nacional de Supervisores Financeiros com o objectivo de melhor coordenar e articular os vários sectores financeiros e não me parece que BdP se posso auto-excluir sem mais nem menos do que se passa no mercado de capitais.

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1806 em: 2014-08-12 14:06:28 »
Não se pode dizer que os accionistas foram enganados no AC porque à data o banco era viável. Tão viável, que foi o único aumento de capital de que tenho memória em que as acções subiram sustentadamente durante todo o período da oferta. O que fez cair o banco foi a política de terra queimada da administração depois de lhe ter sido dito que tinha de abandonar.

Não podemos ter garantias porque as conversações e contactos que terão existido entre BdP e BES não são públicas, mas temos os seguintes factos:

1) O BES submeteu relatório trimestral em que não havia provisões para exposição ao grupo GES, e racios cumpriam folgadamente requisitos do BdP
2) O BES propos AC incluindo esse mesmo relatorio no prospecto e justificando que embora racios actuais fossem folgadamente cumpridos, regulação BaselIII ia impor racios mais exigentes e banco tinha de se preparar para isso.

Veio-se a verificar posteriormente que motivação era de facto cumprir racios existentes pq se fizessem provisoes que se impunham racios vinham cá para baixo. Mas se CMVM não tinha hipotese de verificar isso e aprovou o AC e relatório de contas  na boa fé que informação era completa e verdadeira, accionistas que foram ao AC só se podem queixar da administração.

Mas posteriormente veio-se a saber que
3) BdP exigiu ao BES almofada de 2 mil milhões

Isso esta nos comunicados do BdP o que não sabemos é em que data tal foi exigido.

No entanto se fizermos as contas um AC de 1000 milhões dá precisamente a almofada requerida se nas contas do primeiro trimestre incluirmos provisões de 2000 milhões. Indo ao relatorio do semestre verfica-se então que provisões foram de 4253 milhões, metade das quais referem-se a coisas que já existiam no primeiro trimestre e a outra metade ao aumento do buraco que administração fez no segundo trimestre.

Portanto, tudo indica que BdP torceu nariz as contas do primeiro trimestre, achou que deveriam ser feitas provisões que não estavam la, ou seja que de acordo com informação que BdP tinha relatorio não espelhava correctamente a situação do BES. Se foi assim BdP estava na posse de informação que tornavam a informação do prospecto incompleta e não totalmente verdadeira e deixou andar.

A CMVM que visse isso do prospecto. Ao BdP só interessava que existisse mais dinheiro para queimar. Mais almofada, como lhe chamas. Se há AC há mais almofada. O BdP fica contente, é exactamente isso que ele quer e não exactidões de prospectos ou o diabo a sete. O BdP quer simplesmente mais dinheiro para arder.

Talvez isso se pudesse argumentar á umas décadas atrás. Mas depois disso foi criado o Conselho Nacional de Supervisores Financeiros com o objectivo de melhor coordenar e articular os vários sectores financeiros e não me parece que BdP se posso auto-excluir sem mais nem menos do que se passa no mercado de capitais.

O BdP exige sempre mais capital quando não há capital suficiente, independentemente da racionalidade de injectar mais capital na situação. Quanto muito o BdP pode tomar medidas para mudar práticas e pessoas das instituições que supervisiona. No fundo tentaram isso no BES, e aí falharam um bocado por permitirem que as práticas continuassem e agravassem a situação, talvez porque não foram suficientemente lestos a substituir as pessoas.
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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1807 em: 2014-08-12 14:28:29 »
o zenith acha que um banco deve ser tratado como uma empresa normal. deixar falir e depois vai se a massa falida. era uma hipotese. seria a que protegia o sistema financeiro portugues de uma crise sistemica?
Em memória do grande DeMelo: "PQP... gajo chato fdx."

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1808 em: 2014-08-12 14:36:53 »
o zenith acha que um banco deve ser tratado como uma empresa normal. deixar falir e depois vai se a massa falida. era uma hipotese. seria a que protegia o sistema financeiro portugues de uma crise sistemica?

mais uma vez fica obvio que os bancos sao algo de especial e com regras especiais e quem nao gosta nao investe em bancos

eu nao me importo nada que os bancos tenham regras especiais mas incomoda-me muito que nao sejam claras

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1809 em: 2014-08-12 14:40:19 »
Acho que roça se aqui o conceito de divida , credito , que volta e meia é o core , tal como os seus ciclos .

Ha alguem mais despesista que o estado e banca ? O estado procura e consegue financiamento de algumas formas... tal como a banca . Um depende do outro.
A banca precisa de investidores , o estado precisa tambem. Investem um no outro , procuram outros investidores e quem se trama? os outros..

A divida so é má para os contribuintes , nao necessariamente para o estado e para a banca.
O estado pensa que consegue financiamento eterno , a banca pensa que consegue  financiamento eterno, isto tudo numa grande visao optimista por ambas as partes.

No fim quem paga ? o contribuinte.

E sim , as empresas depenadas do estado estao incluidas , os activos toxicos do banco estao incluidos (tal como do estado) . Sempre foi assim.


Resume se a isto , os bancos e o estados controlam  (ou tentam) e ja sabem que isto é certo (nao digo a nivel mundial mas quase) :









e um dos meus preferidos


Automek

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1810 em: 2014-08-12 14:48:12 »
Pena a notícia não estar completa mas gostava de conhecer as declarações do CC que levaram a esta interpretação do jornalista do Correio da Manhã.
Deve ser um gajo que agora nas férias faz a economia no intervalo entre o relato da facada e do suicídio.
Banco de Portugal admite falência do Novo Banco

itg00022289

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1811 em: 2014-08-12 14:58:43 »
coisas igualmente sérias :)

Citar
Mangala era do BES
12 Agosto 2014, 14:01 por Pedro Ferreira Esteves | pesteves@negocios.pt

 
O jogador francês vendido pelo FC Porto ao Manchester City estava dado como garantia a um empréstimo de 30 milhões de euros do BES à SAD portista, que tinha de ser liquidado até Julho. Venda rendeu 30,5 milhões.
A sociedade anónima desportiva (SAD) do Futebol Clube do Porto (FCP) comunicou esta segunda-feira, 11 de Agosto, que recebeu 30,5 milhões de euros pela venda de 56,67% dos direitos económicos que detinha do jogador Mangala, defesa central internacional francês.
 
Mas nas contas do terceiro trimestre do exercício 2013/2014 - entre Janeiro e Março -, a SAD portista divulgou que os "passes" dos jogadores Mangala e Jackson Martinez estavam dados como garantia/colateral a um empréstimo de 30 milhões de euros do Banco Espírito Santo, cujo reembolso estava dividido em duas tranches: 23 milhões de euros em Julho deste ano e os restantes sete milhões em Outubro próximo.
 
No mesmo documento, sobre esta garantia/colateral, a SAD portista esclarece que "caso a empresa aliene, ceda ou transfira a propriedade dos direitos económicos dos passes dos jogadores Mangala e Jackson Martinez que detinha à data de abertura do financiamento antes do término da maturidade do mesmo, está obrigada a liquidá-lo imediata e antecipadamente".
 
Isto significa que se a SAD do FCP não tiver encontrado um parceiro para substituir o crédito do BES e, com esse financiamento, liquidado o empréstimo de 30 milhões até ao momento em que assegurou a venda de Mangala (segunda-feira, 11 de Agosto), o proveito da venda foi usado para pagar ao Novo Banco, que assumiu todos os créditos que o BES detinha com os seus clientes, antes da intervenção do Banco de Portugal no último dia 3 de Agosto.
 
Fonte oficial da SAD portista, questionado sobre se o destino do encaixe realizado com a venda do central francês foi o reembolso do empréstimo do BES, não respondeu em tempo útil.
 
Refira-se que a imprensa desportiva britânica tem assumido que o custo total de Mangala para o Manchester City terá sido de 40 milhões de euros.

http://www.jornaldenegocios.pt/empresas/detalhe/mangala_era_do_bes.html

Luisa Fernandes

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1812 em: 2014-08-12 15:05:51 »
Para já, o que é facto é que são os contribuintes que, através do dinheiro que o Estado está a adiantar, vão suportar o financiamento do “Novo Banco”, correndo eles o risco – para evitar o sistémico, que esse jamais pode ocorrer, cruzes, credo!… – que a operação obviamente comporta (se as coisas não correrem – não será nada inédito – como se apregoa…).

É esta a crise: converter a dívida privada em dívida pública.
 E por que é que ela não acaba? Porque, desta maneira, quem a provocou é quem continua a beneficiar com ela.
 Consuma-se, assim, a gigantesca, obscena, transferência dos recursos dos mais pobres para os mais ricos (os “sacrifícios” as “poupanças” que exige o “ajustamento”).

Democracia? Não: Plutocracia. Chamemos os devidos nomes às coisas.
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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1813 em: 2014-08-12 15:07:06 »
se um banco vai a falencia por um problema de liquidez de curto-prazo o banco central pode tomar conta daquilo limpando os accionistas mesmo que o banco esteja solvente?

eu sei que no caso do BES tb ha duvidas qt a solvencia, mas esquecamos isso por enquanto
« Última modificação: 2014-08-12 15:07:46 por Neo-Liberal »

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1814 em: 2014-08-12 15:09:57 »


Para já, o que é facto é que são os contribuintes que, através do dinheiro que o Estado está a adiantar, vão suportar o financiamento do “Novo Banco”, correndo eles o risco – para evitar o sistémico, que esse jamais pode ocorrer, cruzes, credo!… – que a operação obviamente comporta (se as coisas não correrem – não será nada inédito – como se apregoa…).

É esta a crise: converter a dívida privada em dívida pública.
 E por que é que ela não acaba? Porque, desta maneira, quem a provocou é quem continua a beneficiar com ela.
 Consuma-se, assim, a gigantesca, obscena, transferência dos recursos dos mais pobres para os mais ricos (os “sacrifícios” as “poupanças” que exige o “ajustamento”).

Democracia? Não: Plutocracia. Chamemos os devidos nomes às coisas.

Bem, uma coisa é certa, não foram os donos (accionistas) que beneficiaram. Não os vês a miar?
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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1815 em: 2014-08-12 15:15:03 »
o zenith acha que um banco deve ser tratado como uma empresa normal. deixar falir e depois vai se a massa falida. era uma hipotese. seria a que protegia o sistema financeiro portugues de uma crise sistemica?

Ja disse num post anterior que esta novidade europeia mas testada em Portugal veio acabar com dicotomia estado-sector empresarial do estado, e temos o terno estado-sector bancário - sector empressarial privado não bancário.

O sector bancário goza de algumas particularidades
Não pode falir (talvez seja bom não sei)
Dívida senior assegurada (bom para quem investe em obgrigações bancárias senior)
Salvamentos ficam a cargo dos governos e bancos centrais aos quais é conferido um elevado grau de discrcioinariedade na aplicação das medidas desde que não comprometam os 2 principios anteriores.

É possível que venha a ser um mundo melhor e mais estável, mas é conferido a paridade da intemporalidade do sector bancário com os estados (os accionistas entram, crescem e eventualmente queimam.se sendo substituidos por outros e o ciclo repete-se mas o banco perdura).
« Última modificação: 2014-08-12 15:19:41 por Zenith »

Zel

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1816 em: 2014-08-12 15:18:11 »
o zenith acha que um banco deve ser tratado como uma empresa normal. deixar falir e depois vai se a massa falida. era uma hipotese. seria a que protegia o sistema financeiro portugues de uma crise sistemica?

Ja disse num post anterior que esta novidade europeia mas testada em Portugal veio acabar com dicotomia estado-sector empresarial do estado, e temos o terno estado-sector bancário - sector empressarial privado não bancário.

O sector bancário goza de alhumas particularidades
Não pode falir (talvez seja bom não sei)
Dívida senior assegurada (bom para quem investe em obgrigações bancárias senior)
Salvamentos ficam a caro dos governos e bancos centrais aos quais é conferido um elevado grau de discrcioinariedade na aplicação das medidas desde que não comprometam os 2 principios anteriores.

É possível que venha a ser um mundo melhor e mais estável, mas é conferido a paridade da intemporalidade do sector bancário com os estados (os accionistas entram, crescem e eventualmente queimam.se sendo substituidos por outros e o ciclo repete-se mas o banco perdura).

mesmo essa proteccao da divida senior parece que vai acabar em 2016 e as perdas vao poder ir ate aos depositantes maiores, isto segundo o Economist

Zenith

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1817 em: 2014-08-12 15:18:46 »
coisas igualmente sérias :)

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Mangala era do BES
12 Agosto 2014, 14:01 por Pedro Ferreira Esteves | pesteves@negocios.pt

 
O jogador francês vendido pelo FC Porto ao Manchester City estava dado como garantia a um empréstimo de 30 milhões de euros do BES à SAD portista, que tinha de ser liquidado até Julho. Venda rendeu 30,5 milhões.
A sociedade anónima desportiva (SAD) do Futebol Clube do Porto (FCP) comunicou esta segunda-feira, 11 de Agosto, que recebeu 30,5 milhões de euros pela venda de 56,67% dos direitos económicos que detinha do jogador Mangala, defesa central internacional francês.
 
Mas nas contas do terceiro trimestre do exercício 2013/2014 - entre Janeiro e Março -, a SAD portista divulgou que os "passes" dos jogadores Mangala e Jackson Martinez estavam dados como garantia/colateral a um empréstimo de 30 milhões de euros do Banco Espírito Santo, cujo reembolso estava dividido em duas tranches: 23 milhões de euros em Julho deste ano e os restantes sete milhões em Outubro próximo.
 
No mesmo documento, sobre esta garantia/colateral, a SAD portista esclarece que "caso a empresa aliene, ceda ou transfira a propriedade dos direitos económicos dos passes dos jogadores Mangala e Jackson Martinez que detinha à data de abertura do financiamento antes do término da maturidade do mesmo, está obrigada a liquidá-lo imediata e antecipadamente".
 
Isto significa que se a SAD do FCP não tiver encontrado um parceiro para substituir o crédito do BES e, com esse financiamento, liquidado o empréstimo de 30 milhões até ao momento em que assegurou a venda de Mangala (segunda-feira, 11 de Agosto), o proveito da venda foi usado para pagar ao Novo Banco, que assumiu todos os créditos que o BES detinha com os seus clientes, antes da intervenção do Banco de Portugal no último dia 3 de Agosto.
 
Fonte oficial da SAD portista, questionado sobre se o destino do encaixe realizado com a venda do central francês foi o reembolso do empréstimo do BES, não respondeu em tempo útil.
 
Refira-se que a imprensa desportiva britânica tem assumido que o custo total de Mangala para o Manchester City terá sido de 40 milhões de euros.

http://www.jornaldenegocios.pt/empresas/detalhe/mangala_era_do_bes.html



Mas o Porto reembolsou a tranche dos 23 milhoes em Julho, ou já estava em incumprimento e só agora com venda do Mangala pode proceder ao reembolso?

vbm

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1818 em: 2014-08-12 15:20:20 »
se um banco vai a falencia por um problema de liquidez de curto-prazo o banco central pode tomar conta daquilo limpando os accionistas mesmo que o banco esteja solvente?

eu sei que no caso do BES tb ha duvidas qt a solvencia, mas esquecamos isso por enquanto

Numa empresa, uma simples crise de liquidez, permite ao credor requerer a falência. Os bancos, privados, antes do 25 de Abril, era assim que se apoderavam das empresas e lucravam com a massa (pseudo-)falida. Num banco, julgo que o banco central pode intervir mesmo sem falência, por causa da obrigação de impedir o pânico dos depositantes e a derrocada do sistema bancário. Em todo o caso, se o banco bom e o banco mau, somados, se averarem não falidos antes, em termos finais, solventes, parece-me que os accionistas também participarão no rateio do excente que houver! Mas só no fim. Sem o  Estado estar a garantir a "desintoxicação" de activos 'infectados', nem a resolução de contendas insolúveis.

Incognitus

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Re:Banco Espírito Santo (BES) - Tópico principal
« Responder #1819 em: 2014-08-12 15:22:41 »
se um banco vai a falencia por um problema de liquidez de curto-prazo o banco central pode tomar conta daquilo limpando os accionistas mesmo que o banco esteja solvente?

eu sei que no caso do BES tb ha duvidas qt a solvencia, mas esquecamos isso por enquanto

Um problema de liquidez de curto prazo não deverá derrubar um banco, porque existem mecanismos para transformar activos ilíquidos em liquidez dando-os como garantia de empréstimos (é para isso que os diversos programas dos bancos centrais servem, com activos mais duvidosos a sofrerem haircuts maiores).
« Última modificação: 2014-08-12 15:23:00 por Incognitus »
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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