O problema do nosso país, tem uma fortíssima componente cultural.
Levei com isso na cara, ao ler um recente estudo a que tive acesso (que vai ser publicado em livro), que analisou exaustivamente várias dezenas de países.
O estudo incidiu sobre 6 dimensões. Deixo aqui apenas 3, descrevendo sucintamente o polo em que Portugal se situa (se tiverem interesse nas restantes avisem):
- Distância ao Poder (Elevada Distancia ao Poder vs Proximidade ao Poder)
- Individualismo (Individualismo vs Colectivismo)
- Afirmação da Pessoa (Afirmação Forte vs Afirmação Discreta)
- Controlo da Incerteza ( Elevada Necessidade de Controlo da Incerteza vs Baixa Necessidade de Controlo da Incerteza)
- Organização do Tempo (Monocronismo vs Policronismo)
- Organização da Informação (Contexto Forte vs Contexto Fraco)
Distância ao Poder:
Portugal destacou-se como um dos países com maior distância ao poder (a par de Malásia, China, Índia, Países Arabes,...).
Neste tipo de culturas, sas pessoas vêm a distância ao poder como um factor natural, porque todos têm á partida um lugar definido na hierarquia social.
As pessoas são educadas para obedecer á autoridade dos mais velhos e dos superiores. O poder está centralizado e os superiores, são frequentemente pessoas pouco acessíveis e tratadas com formalismo. Tendem a multiplicar-se os niveis hierárquicos e há uma distancia social acentuada.
Individualismo
Sem surpresa, Portugal destacou-se como um país onde impera o colectivismo (em oposição a EUA, Australia, Holanda, Alemanha ou Suiça, por exemplo)
Nas sociedades como a nossa,as pessoas identificam-se pelo grupo social de pertença e valem pelo seu estatuto social, origem familiar, étnica ou religiosa, relacionamentos sociais ou apoios que dispõem.
A aplicação dos princípios, valores e normas, é particularista, isto é, tende a ser ajustado caso a caso, dependendo das pessoas e dos contextos.
Há uma forte preocupação com o que os outros podem pensar dizer ou sentir. Os desacordos e conflitos são evitados, minimizados ou tratados de forma indirecta, para evitar o confronto.
A relação empregador-empregado é de natureza moral: envolve a ideia que o empregador é responsável pelo empregado; o empregado pelo seu lado espera espera que a organização lhe garanta estabilidade.
Afirmação da Pessoa
Os países com atitude de formação mais discreta, são mais uma vez Portugal, America Latina, Espanha, Países Escadinavos e Países Africanos, por exemplo.
Os país com afirmação discreta da pessoa, acreditam que os acontecimentos e o futuro das pessoas já estão em parte determinados por forças que transcendem o individuo. Acredita-se que as iniciativas individuais têm uma capacidade reduzida de modelar os acontecimentos. As pessoas têm ambições moderadas e o desejo de evidenciar o seu seucesso pode ser visto como falta de humildade.
Dá-se a prioridade á harmonia nos relacionamentos, aos consensos, á cooperação e á inter-ajuda.
Os conflitos são resolvidos por compromisso, negociação ou acomodação.
As pessoas com desempenhos excepcionais ou rapida ascensão, podem ser alvo de crítica ou desconfiança. Há uma tendencia para apreciar a mediania ou regularidade.
As empresas são organizações de espirito familiar onde prevalece a igualdade, a solidariedade e a qualidade da vida no trabalho