Diferenças entre edições de "Erros típicos, solução atípica"

Da Thinkfn
(Conclusão)
m (Protegeu "Erros típicos, solução atípica": Artigo Think Finance não sujeito a alterações [edit=sysop:move=sysop])
 
(Sem diferenças)

Edição atual desde as 06h27min de 26 de setembro de 2008

Como todos sabem, existem um conjunto de erros que quase todos os Traders fazem, que quase todos os Traders são avisados para não fazerem, e que quase todos os Traders repetem. A solução tipicamente oferecida é “Não faça isto”, o resultado tipicamente obtido é faze-lo.

Este artigo vai abordar alguns desses erros, e uma possível nova aproximação aos ditos, em que o que muda não é a nossa forma de actuar, e sim o tipo e dimensão de Trades que fazemos de forma a que os erros mesmo continuando a verificar-se, não afectem o resultado final do Trader/Investidor.


Transaccionar com a emoção

É um dos mais famosos. Quantos de nós no calor do momento não tomámos uma posição porque “parecia mesmo que ia subir/descer”. E depois faz o contrário, e incorremos noutro erro que vou descrever a seguir, que é o “cortar os ganhos, deixar correr as perdas”.

Bem, a forma de evitar este erro, é associada à forma de combater esse outro erro: Compre/Venda apenas aquilo que, se não pudesse cortar (eliminar a posição, vender/comprar) logo de seguida, compraria/venderia. Ou seja, aquilo do qual não tem medo daqui a um ano ou mais, e não daqui a 15 minutos. Aquilo que, fundamentalmente, você pensa que vale substancialmente mais (compra) ou substancialmente menos (venda) do que o preço presente.

Isso, claro, implica aprender formas grosseiras de avaliar uma empresa, de ter uma ideia de qual o seu valor e o que o pode afectar.

Fazer isto, não evita o erro em si, mas faz com que o erro não tenha consequências permanentes com uma probabilidade elevada.

Adicionalmente, é necessário reduzir o tamanho das posições. Isto porque qualquer posição suficientemente grande nos afecta emocionalmente se correr contra nós. E nos arruina se a deixarmos em carteira.


Cortar os ganhos, deixar correr as perdas

Quase toda a gente o faz. Ou alternativamente deixam correr os ganhos tanto que eles desaparecem. As perdas, invariavelmente, todos deixam correr, principalmente se forem grandes logo de início.

Aplicam-se, portanto, as mesmas duas soluções do ponto “transaccionar com a emoção”. Comprar o que vale demonstravelmente mais, vender o que vale demonstravelmente menos. Ter flexibilidade para mudar de opinião sobre o valor, e se o fizer, actuar de acordo.

Isto não evita que se perca, mas tende a evitar que as perdas sejam permanentes.

O outro ponto, claro, é reduzir a dimensão das posições de forma a que qualquer delas não coloque em causa a carteira como um todo. Isto faz-se tanto nas posições em acções, como derivados, o­nde o que conta é o valor do subjacente comparado à totalidade da carteira.


Comprar para o preço médio / Shortar mais, mais acima

Se estamos convencidos que algo vale mais, invariavelmente vamos comprar mais se tal continuar a cair. Todos o fazem embora seja voz corrente que não se deve atirar dinheiro bom atrás de dinheiro mau.

Para evitar este erro, a solução é começar todas as posições como pequenas, 1/3 da posição final ou algo semelhante, e adicionar apenas com quedas razoáveis. A posição final (3/3), claro, deve respeitar o que falei nos pontos anteriores, ou seja, ela própria não deve comprometer a carteira (10-20% de peso final no MÁXIMO, e isto já para carteiras pouco diversificadas) e deve possuir uma razão fundamental para ser detida (uma probabilidade razoável de ser algo que vale mais do que o que estamos a pagar).


Acreditar que o mercado está errado

É preciso continuar a acreditar nisso. Acreditar noutra coisa é sonhar. Ou será que a bolha TMT não mostra claramente que o mercado pode estar COMPLETAMENTE errado? Se pode estar completamente errado, certamente que mesmo no estado normal vai estar pontualmente errado, num ou outro título. Passa então a ser a missão de quem quer vencer, procurar essas oportunidades o­nde ele está errado.


Conclusão

A Filosofia corrente, em quase todos os livros de Trading, é de que o Trader precisa de alterar a sua forma natural de actuar, para poder ter sucesso. Tem que deixar de ter emoções, deixar de comprar para o preço médio, deixar de cortar os ganhos e parar de deixar as perdas amontoarem-se. Se fizer isso, aparentemente, pode ignorar o que compra, quanto vale o que compra, e pode ter a certeza de que o mercado está certo e ele está errado.

O que eu proponho é abrir os olhos, e verificar que:

  1. Quem escreveu os livros de Trading não está na lista da Forbes;
  2. Quem está na lista da Forbes não actuou como quem escreveu os livros de Trading diz para actuar;
  3. Em vez de se alterar a si próprio para fazer o Trading funcionar, o Trader deve adaptar o Trading de forma a que não tenha que se alterar a si próprio. Isso permite-lhe, certo ou errado, continuar a ter emoções, a comprar para o preço médio, a cortar os ganhos e a deixar correr as perdas. E ganhar no fim.
  4. Para que o ponto 3 funcione, o Trader tem que saber o que está a comprar e ter uma ideia ainda que grosseira, do seu valor. Tem que tomar as suas posições gradualmente e nunca deixar nenhuma delas comprometer irremediavelmente a carteira. E tem que acreditar que o mercado está errado e ele está certo, o que implica esperar que o mercado lhe dê razão.
  5. Por fim, o sucesso na bolsa virá da mesma razão que vem o sucesso em todas as outras profissões: de saber o que se está a fazer, de saber o que se está a comprar e a vender, e quanto se pode esperar que cada uma dessas posições venha a valer, e porquê.

Para isto funcionar, claro, temos que ter uma forma de avaliar cada uma das oportunidades que se nos depara.

Autor

Incognitus, em 19/9/2004

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