Nos EUA sei que cerca de 25% das cirurgias realizadas não trazem benefício para o doente, são realizadas apenas para ir buscar dinheiro aos seguros de saúde.
Cá no privado tenho alegado conhecimento de sobreprescrição de exames complementares de diagnóstico para facturar mais aos seguros e ADSE. Há também casos em que o utente realiza um acto e é-lhe facturado um mais caro da lista: aqui tanto ganha o médico como o doente, pois vai reembolsar mais da ADSE, por exemplo, caso esteja a usar o serviço não convencionado. Também tenho alegado conhecimento de médicos que abandonam clínicas por se sentir pressionados pelas administrações a estas práticas. Nas cirurgias não tenho conhecimento de casos, falou-se há uns tempos no caso das cesarianas desnecessárias, mas não sei. Agora é tentador extrapolar o caso da sobrepresrição dos exames para as cirurgias.
Agora, nos hospitais públicos não sei se há pressão das administrações para sobreprescrever actos cirúrgicos desnecessários, mas se houver não me espanta. O modelo de financiamento baseado na produção de actos médicos conduz facilmente a isso. Um bom mercador gosta sempre de ver a loja cheia, com longas filas/listas de espera.