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Autor Tópico: Educação - Tópico principal  (Lida 378208 vezes)

Smog

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Re: Educação - Tópico principal
« Responder #3680 em: 2023-12-22 00:21:35 »
Oh tens pena e inveja de quem tem um contrato no público. Tem vantagens sim. Vai concorrendo e não desanimes.Um dia chegará a tua vez. Viver do financiamento da F C é duro. Também tenho na família doutorados nesse inferno.

Agradeço as tuas palavras, mas há mtos anos q deixei de concorrer ao q quer q seja e não recebo qualq. financiamento público desde o milénio anterior... qto a ter "inveja de quem tem um contrato no público"... sou pouco dado à inveja, sorry.... mesmo sendo pobre... 
Mas sim, acho este sistema lamentável e altamente lesivo para os contribuintes e para a economia em geral... e em rel. à "ciência", já há mto tempo q percebi q a maior parte dela e daquilo q se publica não serve para quase nada... pouco beneficia a humanidade, qdo não prejudica mesmo activamente - por ex. "aquecimento global", "climate change", "transição energética", "descarbonização", "energias verdes" ou "renováveis", "pandemias" e as respectivas "vacinas", "wokismos" e "ideologias de género", etc.   :(

Não acreditas na ciência e acreditas no mercado. É  incoerente.
A ciência está frequentemente enviesada, depende de quem paga mas....é a única coisa que temos para combater a ignorância e o  obscurantismo.
Os mercados neste momento estão todos manipulados e se pensas que aí encontras liberdade desengana te.
Há nichos no mundo em que a ciência é livre e há quem lute para que continue assim. Sim, é uma guerra mas é dessa luta que pode emergir a luz.
O dinheiro é poderoso mas a bomba atómica tem argumentos próprios.
Pensa nisso.


Sim, de acordo, «A ciência está frequentemente enviesada, depende de quem paga» - exactamente!! Os cientistas são mto semelhantes aos advogados - defendem os interesses de quem lhes paga - o q é inteiramente legítimo, claro.   ;D

A ciência tanto pode servir «para combater a ignorância e o  obscurantismo» como para propagá-los...   ::)

«emergir a luz»?? - não sou religioso...   ::)

«Os mercados neste momento estão todos manipulados e se pensas que aí encontras liberdade desengana te.» - Sim, os mercados são manipulados, de acordo... mas continua a existir alg. liberdade - provavelmente existirá sempre...

«O dinheiro é poderoso mas a bomba atómica tem argumentos próprios.»??? - Non capisco, sorry...  sei q existem bombas atómicas, mas acho q não vale a pena estar com medo delas...   8)

Na minha juventude tb se dizia q o mundo iria acabar por causa da guerra nuclear... mas passaram 40 a. e ainda aqui estamos...   ;D

Agora dizem q vai acabar por causa do "aquecimento global" ou "climate change"... enfim, maluquices...   :o

Ou então pode acabar devido à invasão por ET's ou "marcianos", quem sabe? Tb já se fala nisso há mto tempo...   :D

Tb diziam q iria acabar no ano 1000 ou no ano 2000...   :-\


Sandy e Paula Toller - E O Mundo Não Se Acabou

https://www.youtube.com/watch?v=mbjoEs2UNEg

Luz é metáfora de razão desde o Iluminismo. Falta te alguma cultura geral para que me entendas.
Deverias saber que uma extinção em massa é algo natural no planeta e que em termos geológicos se mede em milhões de anos. Mais milhão menos milhão na geologia é irrelevante. Porém o factor antropico está a alterar a velocidade de resposta. Alterações no campo magnético e  no sol que está em mínimos até 2030 terão impacto no clima e logo na biosfera. Como se fará a interferência da atividade humana não sei.
Diz o soromenho marques que entre 2030 e 2050 veremos rupturas no planeta. A península ibérica vai arrefecer, nível do mar subir, pontos quentes noutros locais. Portugal é um sítio bom para sobreviver excepto nas zonas litorais baixas. Serra talvez arrefeça.  Entretanto morro e filhota está bem situada.
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I. I. Kaspov

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Re: Educação - Tópico principal
« Responder #3681 em: 2023-12-22 02:33:14 »
Os mercados enviesam-se em monopólios.

E pela lei de Ricardo dos rendimentos
decrescentes os ganhos de produção
das empresas intramarginais
é obsceno, como se vê
no florescer arábico
da Opep.

Contudo, há que contemporizar
com os ganhos excepcionais
dos que inventam e
inovam. Porém,
não ad aeternum.



Gostei da expressão "florescer arábico"!

Dantes dizia-se A.E.I.O.U. = Austriae est imperare orbi universo  (https://en.wikipedia.org/wiki/A.E.I.O.U.)

Agora poderá dizer-se OPEC+E.I.O.U. = OPEC plus est imperare orbi universo !!   ;)

Mas não, estou a brincar!   :D   Na verdade, o poder imperial dos U.S.A. continuará provavelmente ad aeternum (pelo menos durante as nossa vidas efémeras)!

E os outros impérios tb continuam bem firmes!

Por ex. estes (imagens provenientes da Wikipedia):
« Última modificação: 2023-12-22 02:38:14 por Kaspov »
Gloria in excelsis Deo; Jai guru dev; There's more than meets the eye; I don't know where but she sends me there; Let's Make Rome Great Again!

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Re: Educação - Tópico principal
« Responder #3682 em: 2023-12-22 03:13:19 »
Oh tens pena e inveja de quem tem um contrato no público. Tem vantagens sim. Vai concorrendo e não desanimes.Um dia chegará a tua vez. Viver do financiamento da F C é duro. Também tenho na família doutorados nesse inferno.

Agradeço as tuas palavras, mas há mtos anos q deixei de concorrer ao q quer q seja e não recebo qualq. financiamento público desde o milénio anterior... qto a ter "inveja de quem tem um contrato no público"... sou pouco dado à inveja, sorry.... mesmo sendo pobre... 
Mas sim, acho este sistema lamentável e altamente lesivo para os contribuintes e para a economia em geral... e em rel. à "ciência", já há mto tempo q percebi q a maior parte dela e daquilo q se publica não serve para quase nada... pouco beneficia a humanidade, qdo não prejudica mesmo activamente - por ex. "aquecimento global", "climate change", "transição energética", "descarbonização", "energias verdes" ou "renováveis", "pandemias" e as respectivas "vacinas", "wokismos" e "ideologias de género", etc.   :(

Não acreditas na ciência e acreditas no mercado. É  incoerente.
A ciência está frequentemente enviesada, depende de quem paga mas....é a única coisa que temos para combater a ignorância e o  obscurantismo.
Os mercados neste momento estão todos manipulados e se pensas que aí encontras liberdade desengana te.
Há nichos no mundo em que a ciência é livre e há quem lute para que continue assim. Sim, é uma guerra mas é dessa luta que pode emergir a luz.
O dinheiro é poderoso mas a bomba atómica tem argumentos próprios.
Pensa nisso.


Sim, de acordo, «A ciência está frequentemente enviesada, depende de quem paga» - exactamente!! Os cientistas são mto semelhantes aos advogados - defendem os interesses de quem lhes paga - o q é inteiramente legítimo, claro.   ;D

A ciência tanto pode servir «para combater a ignorância e o  obscurantismo» como para propagá-los...   ::)

«emergir a luz»?? - não sou religioso...   ::)

«Os mercados neste momento estão todos manipulados e se pensas que aí encontras liberdade desengana te.» - Sim, os mercados são manipulados, de acordo... mas continua a existir alg. liberdade - provavelmente existirá sempre...

«O dinheiro é poderoso mas a bomba atómica tem argumentos próprios.»??? - Non capisco, sorry...  sei q existem bombas atómicas, mas acho q não vale a pena estar com medo delas...   8)

Na minha juventude tb se dizia q o mundo iria acabar por causa da guerra nuclear... mas passaram 40 a. e ainda aqui estamos...   ;D

Agora dizem q vai acabar por causa do "aquecimento global" ou "climate change"... enfim, maluquices...   :o

Ou então pode acabar devido à invasão por ET's ou "marcianos", quem sabe? Tb já se fala nisso há mto tempo...   :D

Tb diziam q iria acabar no ano 1000 ou no ano 2000...   :-\


Sandy e Paula Toller - E O Mundo Não Se Acabou

https://www.youtube.com/watch?v=mbjoEs2UNEg

Luz é metáfora de razão desde o Iluminismo. Falta te alguma cultura geral para que me entendas.
Deverias saber que uma extinção em massa é algo natural no planeta e que em termos geológicos se mede em milhões de anos. Mais milhão menos milhão na geologia é irrelevante. Porém o factor antropico está a alterar a velocidade de resposta. Alterações no campo magnético e  no sol que está em mínimos até 2030 terão impacto no clima e logo na biosfera. Como se fará a interferência da atividade humana não sei.
Diz o soromenho marques que entre 2030 e 2050 veremos rupturas no planeta. A península ibérica vai arrefecer, nível do mar subir, pontos quentes noutros locais. Portugal é um sítio bom para sobreviver excepto nas zonas litorais baixas. Serra talvez arrefeça.  Entretanto morro e filhota está bem situada.


Falta-me alguma cultura geral para te entender?  Merci!!  Acho q nunca me tinham dito isso!!   :)

Mas OK, admito q não estou ao teu nível!!  You're a bit too grand for me...   ;D

Uma extinção em massa é algo natural no planeta? - sim, estou inteiramente de acordo!!  Concordo q o «factor antropico» é importante!

«Alterações no campo magnético e  no sol que está em mínimos até 2030 terão impacto no clima e logo na biosfera. Como se fará a interferência da atividade humana não sei.» - Pois... je ne sais pas aussi...   :-\

«Diz o soromenho marques que entre 2030 e 2050 veremos rupturas no planeta.»  Bom, se esse ilustre filósofo o diz, não serei eu a negá-lo... esperemos ter vida e saúde para podermos assistir ao q de maravilhoso então sucederá...   8)

Como disse a grande Rita Lee: «Se Deus quiser um dia eu morro bem velha. Na hora "H" quando a bomba estourar quero ver da janela»

«A península ibérica vai arrefecer, nível do mar subir, pontos quentes noutros locais.» - Pois, o frio é q me lixa mesmo...   :'(

«Portugal é um sítio bom para sobreviver excepto nas zonas litorais baixas.» - OK, let's hope so!!   :D

«Serra talvez arrefeça.» - Quizás?? - Pelo menos não vivo na Sierra - limito-me a contemplá-la da minha humilde janela...   :)

«Entretanto morro e filhota está bem situada.» - Morrer é uma perspectiva mto aborrecida...  :'(  mas, claro, pode acontecer aos melhores (até agora tem sempre acontecido a todos...)... seja como for, é bom q a descendência tenha sucesso!!  Eu não tenho descendência - mas, se a tivesse, tb gostaria q fosse bem sucedida!!   :D

E, voltando ao problema da luz, razão e Iluminismo, esperemos q, daqui a pouco + de 1 ano, o Presidente Trump regresse em glória para ocupar o trono imperial até 2029, iluminando-nos a todos com a sua grande sabedoria e bom exemplo!!   :D

(https://en.wikipedia.org/wiki/2024_United_States_presidential_election;
https://en.wikipedia.org/wiki/Nationwide_opinion_polling_for_the_2024_United_States_presidential_election)
« Última modificação: 2023-12-22 14:56:11 por Kaspov »
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Re: Educação - Tópico principal
« Responder #3683 em: 2023-12-22 16:48:49 »
Foca uma questão de cada vez.
Gosto de separar os assuntos em vários threads.
Fica menos confuso
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I. I. Kaspov

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Re: Educação - Tópico principal
« Responder #3684 em: 2023-12-22 17:03:22 »
Foca uma questão de cada vez.
Gosto de separar os assuntos em vários threads.
Fica menos confuso


OK, tens razão!!   :)
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Re: Educação - Tópico principal
« Responder #3685 em: 2023-12-22 21:49:15 »
O Ministério Público
diz é o que vai fazer,
para arrumar com
o influencer!

I. I. Kaspov

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Re: Educação - Tópico principal
« Responder #3686 em: 2023-12-23 15:50:05 »
Acerca dos pássaros / sur les oiseaux:

O pardal doméstico «É atualmente a espécie de ave com maior distribuição geográfica no mundo.[1]»

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pardal-dom%C3%A9stico

https://en.wikipedia.org/wiki/House_sparrow

« Última modificação: 2023-12-23 15:55:38 por Kaspov »
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Re: Educação - Tópico principal
« Responder #3687 em: 2023-12-30 02:39:59 »
Uma entrevista interessante, sobre o ensino (da História) em Portugal, etc.:


«Facilitismos

Chegar ao décimo segundo ano do liceu tornou-se um passeio no parque

Avatar de Fátima Bonifácio

Fátima Bonifácio

29 de Dezembro 2023

às
19:27

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Comecei a dar aulas em Março de 1980, como assistente do Professor Joel Serrão, no Departamento de História da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Na realidade, fui mais do que assistente: concebi o programa e a bibliografia e durante vários anos dei todas as aulas do ‘cadeirão’ de ‘História Económica e Social do Antigo Regime na Europa’, uma cadeira do 3.º ano do curso. Acho que nunca estudei tanto como nesses anos de 1980 e 1981. Depois, já mais rodada, continuei a estudar para ir aperfeiçoando e actualizando o programa e a bibliografia, ao mesmo tempo que iniciei a investigação para o meu futuro doutoramento, pois não me seria concedido nenhum ano sabático para o efeito. Mais tarde, dei outras cadeiras, como História Política da Europa no século XIX ou História de Portugal no século XIX e História da Revolução Francesa de 1789, disciplinas do 4.º ano, além de mestrados vários. Lidei assim com uma grande variedade de alunos até 2012, quando, demasiado decepcionada, me mudei a tempo inteiro para o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, a que desde a sua fundação sempre tinha pertencido a tempo parcial e onde, tendo já feito a ‘agregação’ na F.C.S.H., cheguei rapidamente, por concurso, ao topo da carreira de investigação superior – Investigador-Coordenador. Também no Instituto, a par do meu trabalho de investigação, cheguei a dar aulas em pelo menos dois mestrados de pós-graduação. Nem por isso melhorei a minha opinião geral sobre os alunos com que me defrontei.

Por que abandonei a docência? Porque é muito frustrante dar aulas a alunos mais ou menos analfabetos e totalmente desinteressados. De 1980 até meados da década de noventa, sempre tive nas minhas turmas, que, conforme os anos, variavam entre cinquenta e noventa alunos, um apreciável lote de alunos bons e até muito bons; alunos que tinham uma formação de base razoável, que eram aplicados e estavam muito motivados para aprender e alargar os seus conhecimentos. Não foi sol de muita dura.

A partir de meados da década de noventa, o número dos bons alunos foi gradualmente decrescendo de ano para ano, até que os alunos muito bons se sumiram e os bons iam ficando reduzidos a uma meia dúzia. Não exagero: entre 2004 e 2006, quando dei o curso sobre a Revolução Francesa, já só tive alunos medíocres ou até muito maus. Não me apareceu ninguém que conseguisse alinhar duas ou três frases sensatas sobre a matéria; todos ignoravam que a Revolução se radicalizara ao ponto de abolir a monarquia, dissolver a Assembleia Nacional e convocar uma Convenção que dirigiria a Primeira República Francesa (Setembro de 1792); ninguém sabia o que eram os jacobinos. Isto no 4.º e último ano do curso.

Não demorei a perceber que o notório declínio da qualidade dos alunos se limitava a reflectir a crescente degradação do ensino liceal. E dei comigo a pensar como poderiam alunos como os meus – e dos meus colegas – vir a dar aulas no ensino liceal, já que saíam da Universidade largamente ignorantes e claramente impreparados para uma docência liceal de qualidade. A baixa qualidade dos alunos, a partir, como disse, de meados da década de noventa, tinha necessariamente de reflectir a crescente baixa qualidade da docência liceal, já que os estudantes saíam directamente da Universidade para o ensino público. Com as desastrosas levas de licenciados que a Universidade ia ‘formando’ todos os anos, a situação no secundário só pode ter continuado num percurso descendente.

É certo que existem todos os problemas com a colocação de professores que bem conhecemos. Mas isso só explica uma parte ínfima do problema. O desleixo do ensino superior, que passa diplomas de licenciatura a criaturas quase analfabetas – incapazes de ler livros do princípio ao fim, substituídos por umas fotocópias manhosas de um ou outro capítulo, e que frequentemente não sabem interpretar o pouco que lêem – o desleixo do ensino superior, dizia eu, tem outra causa para além da duvidosa competência dos docentes. Essa causa, talvez a principal, chama-se facilitismo. Com efeito, em obediência a uma cultura que, estupidamente, recomenda ou até exige que os jovens não sejam sobrecarregados com trabalhos de casa para poderem fruir da sua adolescência ou juventude com toda a leveza do ser, diminuiu-se drasticamente, ou até mesmo eliminou-se quase por completo esses trabalhos. Devem contar-se pelos dedos quantos alunos leram algum livro do Eça de fio a pavio, para já não falar n’Os Lusíadas de Camões, que no meu tempo, e ainda muito depois do meu tempo, eram de leitura integral obrigatória.

Mas há mais: há muito tempo que, com o mesmo intuito de não maçar os jovens e de lhes evitar qualquer espécie de stress – não vá ficarem traumatizados – foram abolidos exames e provas de aferição regulares. Chegar ao décimo segundo ano do liceu tornou-se um passeio no parque. Um aluno só chumba no final do Liceu se for um caso mesmo desesperado de estupidez e ignorância. É por tudo isto que o alarmante ranking em que o PISA coloca Portugal não deve surpreender ninguém.»


https://sol.sapo.pt/2023/12/29/facilitismos/
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Re: Educação - Tópico principal
« Responder #3688 em: 2023-12-30 03:41:25 »
Citação de: Fátima Bonifácio (via Kaspov)
Comecei a dar aulas em Março de 1980, como assistente do Professor Joel Serrão, no Departamento de História da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Na realidade, fui mais do que assistente: concebi o programa e a bibliografia e durante vários anos dei todas as aulas do ‘cadeirão’ de ‘História Económica e Social do Antigo Regime na Europa’, uma cadeira do 3.º ano do curso. Acho que nunca estudei tanto como nesses anos de 1980 e 1981. Depois, já mais rodada, continuei a estudar para ir aperfeiçoando e actualizando o programa e a bibliografia, ao mesmo tempo que iniciei a investigação para o meu futuro doutoramento, pois não me seria concedido nenhum ano sabático para o efeito. Mais tarde, dei outras cadeiras, como História Política da Europa no século XIX ou História de Portugal no século XIX e História da Revolução Francesa de 1789, disciplinas do 4.º ano, além de mestrados vários. Lidei assim com uma grande variedade de alunos até 2012, quando, demasiado decepcionada, me mudei a tempo inteiro para o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, a que desde a sua fundação sempre tinha pertencido a tempo parcial e onde, tendo já feito a ‘agregação’ na F.C.S.H., cheguei rapidamente, por concurso, ao topo da carreira de investigação superior – Investigador-Coordenador. Também no Instituto, a par do meu trabalho de investigação, cheguei a dar aulas em pelo menos dois mestrados de pós-graduação. Nem por isso melhorei a minha opinião geral sobre os alunos com que me defrontei.

Por que abandonei a docência? Porque é muito frustrante dar aulas a alunos mais ou menos analfabetos e totalmente desinteressados. De 1980 até meados da década de noventa, sempre tive nas minhas turmas, que, conforme os anos, variavam entre cinquenta e noventa alunos, um apreciável lote de alunos bons e até muito bons; alunos que tinham uma formação de base razoável, que eram aplicados e estavam muito motivados para aprender e alargar os seus conhecimentos. Não foi sol de muita dura.

A partir de meados da década de noventa, o número dos bons alunos foi gradualmente decrescendo de ano para ano, até que os alunos muito bons se sumiram e os bons iam ficando reduzidos a uma meia dúzia. Não exagero: entre 2004 e 2006, quando dei o curso sobre a Revolução Francesa, já só tive alunos medíocres ou até muito maus. Não me apareceu ninguém que conseguisse alinhar duas ou três frases sensatas sobre a matéria; todos ignoravam que a Revolução se radicalizara ao ponto de abolir a monarquia, dissolver a Assembleia Nacional e convocar uma Convenção que dirigiria a Primeira República Francesa (Setembro de 1792); ninguém sabia o que eram os jacobinos. Isto no 4.º e último ano do curso.

Não demorei a perceber que o notório declínio da qualidade dos alunos se limitava a reflectir a crescente degradação do ensino liceal. E dei comigo a pensar como poderiam alunos como os meus – e dos meus colegas – vir a dar aulas no ensino liceal, já que saíam da Universidade largamente ignorantes e claramente impreparados para uma docência liceal de qualidade. A baixa qualidade dos alunos, a partir, como disse, de meados da década de noventa, tinha necessariamente de reflectir a crescente baixa qualidade da docência liceal, já que os estudantes saíam directamente da Universidade para o ensino público. Com as desastrosas levas de licenciados que a Universidade ia ‘formando’ todos os anos, a situação no secundário só pode ter continuado num percurso descendente.

É certo que existem todos os problemas com a colocação de professores que bem conhecemos. Mas isso só explica uma parte ínfima do problema. O desleixo do ensino superior, que passa diplomas de licenciatura a criaturas quase analfabetas – incapazes de ler livros do princípio ao fim, substituídos por umas fotocópias manhosas de um ou outro capítulo, e que frequentemente não sabem interpretar o pouco que lêem –o desleixo do ensino superior, dizia eu, tem outra causa para além da duvidosa competência dos docentes. Essa causa, talvez a principal, chama-se facilitismo. Com efeito, em obediência a uma cultura que, estupidamente, recomenda ou até exige que os jovens não sejam sobrecarregados com trabalhos de casa para poderem fruir da sua adolescência ou juventude com toda a leveza do ser, diminuiu-se drasticamente, ou até mesmo eliminou-se quase por completo esses trabalhos. Devem contar-se pelos dedos quantos alunos leram algum livro do Eça de fio a pavio, para já não falar n’Os Lusíadas de Camões, que no meu tempo, e ainda muito depois do meu tempo, eram de leitura integral obrigatória.

Mas há mais: há muito tempo que, com o mesmo intuito de não maçar os jovens e de lhes evitar qualquer espécie de stress – não vá ficarem traumatizados – foram abolidos exames e provas de aferição regulares.

Chegar ao décimo segundo ano do liceu tornou-se um passeio no parque. Um aluno só chumba no final do Liceu se for um caso mesmo desesperado de estupidez e ignorância. É por tudo isto que o alarmante ranking em que o PISA coloca Portugal não deve surpreender ninguém.»

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Re: Educação - Tópico principal
« Responder #3689 em: 2023-12-30 12:11:50 »
Estas gajas do Superior acham se o suprasumo do conhecimento mas depois fogem das dificuldades.
Contextualização: na viragem do milénio já trabalhava. Observei que todos queriam as stem porque isso dava acesso a cursos com empregabilidade. Porém havia muito insucesso na matemática e os que tinham negativa nessa disciplina fugiam para letras. Ou seja, para letras só iam os burros com uma ou outra excepção. O resto ia para ciências.
Entretanto as engenharias começaram a ter médias de acesso ao Superior muito baixinhas. Os professores do Superior foram obrigados a baixar a exigência para não chumbar turmas inteiras. Veio a revolução bolonhesa. Os alunos mais fracos de stem avançaram em força para engenharias manhosas.
Neste momento as médias altas continuam a ser para a saúde e a engenharia aeroespacial surgiu no lote.
São dinâmicas sociais que resultam de variados fatores sociais e económicos. As letras estão cada vez mais secundarizadas e tenho pena da história e da filosofia serem residuais nos currículos. Elas são importantes para desenvolver espírito crítico.
As stem estão cada vez mais fortes mas a matemática continua a ser o calcanhar de aquiles para muita gente.
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Re: Educação - Tópico principal
« Responder #3690 em: 2023-12-30 12:42:01 »
Com tudo isso o professorado compactuou.

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Re: Educação - Tópico principal
« Responder #3691 em: 2023-12-30 12:58:34 »
Quando se é limitado pouco se pode fazer.
Por exemplo farto.me de te explicar os contextos mas continuas a não entender. Deus te ilumine....
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Re: Educação - Tópico principal
« Responder #3692 em: 2023-12-30 14:12:44 »
Quando se é limitado pouco se pode fazer.
Por exemplo farto.me de te explicar os contextos mas continuas a não entender. Deus te ilumine....


Deus nos ilumine a todos... sobretudo aos propagandistas do "aquecimento global", "descarbonização" (whatever that means), e "transição energética"...   ::)
« Última modificação: 2023-12-30 14:14:04 por Kaspov »
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Re: Educação - Tópico principal
« Responder #3693 em: 2023-12-30 14:20:24 »
Estas gajas do Superior acham se o suprasumo do conhecimento mas depois fogem das dificuldades.
Contextualização: na viragem do milénio já trabalhava. Observei que todos queriam as stem porque isso dava acesso a cursos com empregabilidade. Porém havia muito insucesso na matemática e os que tinham negativa nessa disciplina fugiam para letras. Ou seja, para letras só iam os burros com uma ou outra excepção. O resto ia para ciências.
Entretanto as engenharias começaram a ter médias de acesso ao Superior muito baixinhas. Os professores do Superior foram obrigados a baixar a exigência para não chumbar turmas inteiras. Veio a revolução bolonhesa. Os alunos mais fracos de stem avançaram em força para engenharias manhosas.
Neste momento as médias altas continuam a ser para a saúde e a engenharia aeroespacial surgiu no lote.
São dinâmicas sociais que resultam de variados fatores sociais e económicos. As letras estão cada vez mais secundarizadas e tenho pena da história e da filosofia serem residuais nos currículos. Elas são importantes para desenvolver espírito crítico.
As stem estão cada vez mais fortes mas a matemática continua a ser o calcanhar de aquiles para muita gente.


"Letras são tretas" - já o meu pai dizia (e estudou letras abundantemente) - no entanto, o Direito continua a ser extremamente importante e a História continua omnipresente como sempre!!   :D
« Última modificação: 2023-12-30 14:22:22 por Kaspov »
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Re: Educação - Tópico principal
« Responder #3694 em: 2023-12-30 14:54:07 »
Quando se é limitado pouco se pode fazer.
Por exemplo farto.me de te explicar os contextos mas continuas a não entender. Deus te ilumine....

Sei que referiste, o contexto
europeu e nosso, porém, não é
desculpa para compactuar
e não protestar.

Smog

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Re: Educação - Tópico principal
« Responder #3695 em: 2023-12-30 18:03:45 »
Quando se é limitado pouco se pode fazer.
Por exemplo farto.me de te explicar os contextos mas continuas a não entender. Deus te ilumine....

Sei que referiste, o contexto
europeu e nosso, porém, não é
desculpa para compactuar
e não protestar.


O teu raciocínio é ilógico.
wild and free

Smog

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Re: Educação - Tópico principal
« Responder #3696 em: 2023-12-30 18:10:02 »
Estas gajas do Superior acham se o suprasumo do conhecimento mas depois fogem das dificuldades.
Contextualização: na viragem do milénio já trabalhava. Observei que todos queriam as stem porque isso dava acesso a cursos com empregabilidade. Porém havia muito insucesso na matemática e os que tinham negativa nessa disciplina fugiam para letras. Ou seja, para letras só iam os burros com uma ou outra excepção. O resto ia para ciências.
Entretanto as engenharias começaram a ter médias de acesso ao Superior muito baixinhas. Os professores do Superior foram obrigados a baixar a exigência para não chumbar turmas inteiras. Veio a revolução bolonhesa. Os alunos mais fracos de stem avançaram em força para engenharias manhosas.
Neste momento as médias altas continuam a ser para a saúde e a engenharia aeroespacial surgiu no lote.
São dinâmicas sociais que resultam de variados fatores sociais e económicos. As letras estão cada vez mais secundarizadas e tenho pena da história e da filosofia serem residuais nos currículos. Elas são importantes para desenvolver espírito crítico.
As stem estão cada vez mais fortes mas a matemática continua a ser o calcanhar de aquiles para muita gente.


"Letras são tretas" - já o meu pai dizia (e estudou letras abundantemente) - no entanto, o Direito continua a ser extremamente importante e a História continua omnipresente como sempre!!   :D
História e filosofia existem. Mas são um simulacro do que deveriam ser.
A responsabilidade dos curricula é exclusiva do governo e  obedecem a lógicas politicas e ideológicas. Quando escolhes um governo escolhes uma forma de ver a realidade e isso é traduzido para um determinado curriculum educativo.
Os curricula não são socialmente neutros.
Investir em ciências em detrimento de letras é uma opção política e nunca neutra.
« Última modificação: 2023-12-30 18:11:58 por Lac_lunair »
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I. I. Kaspov

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Re: Educação - Tópico principal
« Responder #3697 em: 2023-12-30 18:58:15 »
Estas gajas do Superior acham se o suprasumo do conhecimento mas depois fogem das dificuldades.
Contextualização: na viragem do milénio já trabalhava. Observei que todos queriam as stem porque isso dava acesso a cursos com empregabilidade. Porém havia muito insucesso na matemática e os que tinham negativa nessa disciplina fugiam para letras. Ou seja, para letras só iam os burros com uma ou outra excepção. O resto ia para ciências.
Entretanto as engenharias começaram a ter médias de acesso ao Superior muito baixinhas. Os professores do Superior foram obrigados a baixar a exigência para não chumbar turmas inteiras. Veio a revolução bolonhesa. Os alunos mais fracos de stem avançaram em força para engenharias manhosas.
Neste momento as médias altas continuam a ser para a saúde e a engenharia aeroespacial surgiu no lote.
São dinâmicas sociais que resultam de variados fatores sociais e económicos. As letras estão cada vez mais secundarizadas e tenho pena da história e da filosofia serem residuais nos currículos. Elas são importantes para desenvolver espírito crítico.
As stem estão cada vez mais fortes mas a matemática continua a ser o calcanhar de aquiles para muita gente.


"Letras são tretas" - já o meu pai dizia (e estudou letras abundantemente) - no entanto, o Direito continua a ser extremamente importante e a História continua omnipresente como sempre!!   :D
História e filosofia existem. Mas são um simulacro do que deveriam ser.
A responsabilidade dos curricula é exclusiva do governo e  obedecem a lógicas politicas e ideológicas. Quando escolhes um governo escolhes uma forma de ver a realidade e isso é traduzido para um determinado curriculum educativo.
Os curricula não são socialmente neutros.
Investir em ciências em detrimento de letras é uma opção política e nunca neutra.


Eu, sendo liberal, prefiro q seja cada um de nós (e não o estado) a escolher aquilo q mais lhe interessa!   :)

Qto aos actuais curricula, confesso ignorar o seu conteúdo...    :-\
Gloria in excelsis Deo; Jai guru dev; There's more than meets the eye; I don't know where but she sends me there; Let's Make Rome Great Again!

Smog

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Re: Educação - Tópico principal
« Responder #3698 em: 2023-12-30 19:19:57 »
Se tu fores uma criança comes o que te põem no prato. Os curricula servem o público e o privado porque os exames são transversais. E o que interessa são os exames no fim do secundário. O iave devia ser independente do ministério da educação e não é. Tal como a inspecção. São braços ao serviço da ideologia de quem ocupa a cadeira do me. Os professores são obrigados a cumprir as determinações do ministério ou vão para o olho da rua.
Isso de não se poder despedir ninguém não é bem assim.
Eu até protestei no ano passado mas depois vieram os serviços mínimos (considerados ilegais mais tarde)e fui obrigada a calar me. Chama se repressão em democracia jogar com a justiça. Eram ilegais? Ah está bem... entretanto o efeito do protesto já tinha passado.
Os curricula são uma forma de emburrecer o povo mas está nas mãos do povo votar por outra coisa.
O povo que acorde e vote em consciência. Culpar o mensageiro pela mensagem não é nada inteligente.
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vbm

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Re: Educação - Tópico principal
« Responder #3699 em: 2023-12-30 19:44:07 »
Deviam ter protestado e ido pró olho da rua.
Não o fizeram por que não prestam
estavam vendidos ao estado
que os comprou.