Olá, Visitante. Por favor entre ou registe-se se ainda não for membro.

Entrar com nome de utilizador, password e duração da sessão
 

Autor Tópico: Portugal falido  (Lida 3462522 vezes)

Smog

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 6776
    • Ver Perfil
Re: Portugal falido
« Responder #18520 em: 2019-04-10 20:42:53 »
É por termos uma sociedade como aqui se vê espelhada, que desvaloriza a cultura como ferramenta de soft kill essencial, que se lê pouco.

Eu conheço muitas pessoas que precisamente por causa da cultura (batata, vinha, floresta, etc), que os papás não tiverem possibilidade de os enviar para a escola, que têm muita dificuldade com a cultura, já que não sabem ler nem escrever.

E, outros, quase 1 milhão a ganhar o salário mínimo que a sua preocupação principal é precisamente a cultura, mas de não saberem o que cultivar, para ganharem mais  :-X

eu sei plantar batatas em versão tradicional (ensinou a minha mãe) e em versão biológica (aprendi com as bases do meu curso - Biologia) e gostei do Camões e do Fernando Pessoa e do Gil Vicente e do Fernão Lopes e etc.
Tu sabes cultivar o quê? 8)

Eu sei semear batatas no modo convencional e semear batatas no modo de produção biológico, para além de saber fazer produzir muitos outros tipos de culturas que tu deves comer.
Grande parte daquilo que sei fazer, aprendi com os meus pais e avós que não sabiam ler nem escrever, porque tinham de trabalhar de sol-a-sol, para conseguirem alimentar toda a família e mesmo assim por vezes com muita dificuldade.

Mas isto, para a senhora professora, devem ser estórias.
a senhora professora ( RESPECT! >:( ) é filha de um emigrante e de uma agricultora. aprendeu a fazer agricultura de subsistência no interior do pais onde ainda vive.
És mulher ou homem? ;D
« Última modificação: 2019-04-10 20:43:24 por smog »
wild and free

Incognitus

  • Administrator
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 30961
    • Ver Perfil
Re: Portugal falido
« Responder #18521 em: 2019-04-10 20:44:33 »
Incognitus, os miúdos devem ser sempre confrontados com os bons autores. Isso não está em causa. O que pode ser melhorada é a abordagem aos autores maiores do nosso país.

É bom ter presente que a maioria dos portugueses estrutura os seus pensamentos na Língua de Camões. Um maior domínio da nossa língua tem a vantagem de nos enraizar, de nos colocar em sintonia com milhões de pessoas e, last but not least, ao aumentarmos o nosso acervo terminológico, temos a possibilidade de melhorar francamente o nosso pensamento abstrato.

As coisas são boas ou más consoante cumprem ou não os objectivos para os quais são usadas. Esses "bons" autores e "maiores" disto e daquilo, não são nem bons nem maiores quando o objectivo é ensinar a língua Portuguesa e criar interesse pela leitura e pelo auto-melhoramento.

Quanto a estarem entre os "maiores" Portugueses, isso é enormemente subjectivo. O valor que cada pessoa lhes dá varia, e não existe valor para lá desse.

É também óbvio que esses autores não são a cola de coisa nenhuma, pois repugnam as crianças, e nenhum valor partilhado é criado com repugnância.

--------


O ensino do Português é (muito) mais eficaz se as obras que são lidas forem do agrado dos alunos (e formalmente correctas).

A "Lingua de Camões" é uma frase um pouco sem sentido. Sim, é a língua que ele falava, e nada mais. É tão do Camões como de qualquer outro que a fale.
« Última modificação: 2019-04-10 20:49:17 por Incognitus »
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.thinkfn.com

Smog

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 6776
    • Ver Perfil
Re: Portugal falido
« Responder #18522 em: 2019-04-10 20:44:56 »
Repare que é com os casca-grossas e com a cáfila de pseudo-liberais que enxameiam os centros de decisão e os espaços anexos cá da praça que mais mal se tem gasto dinheiro.

Caro, o primo da fotografia só é um génio aos olhos de quem é ingénuo. óculos efeminados e tons de voz à tubo só impressionam sopeiras e casca-grossas do tijolo. Esta é a prova de que é preciso mais cultura neste país para fugir a este tipo de cromos.

Os eleitores que permitem a ascensão deste tipo de "cromos" são aqueles a quem enfiaram os Lusíadas pela goela abaixo, geração após geração, em nome do "espirito crítico". O resultado do "espírito crítico" está à vista. Se calhar é melhor juntar mais uns sonetos ao programa de português.


Levas porrada se voltas a insultar este conceito. >:(
« Última modificação: 2019-04-10 20:45:39 por smog »
wild and free

Incognitus

  • Administrator
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 30961
    • Ver Perfil
Re: Portugal falido
« Responder #18523 em: 2019-04-10 20:47:04 »
Repare que é com os casca-grossas e com a cáfila de pseudo-liberais que enxameiam os centros de decisão e os espaços anexos cá da praça que mais mal se tem gasto dinheiro.

Caro, o primo da fotografia só é um génio aos olhos de quem é ingénuo. óculos efeminados e tons de voz à tubo só impressionam sopeiras e casca-grossas do tijolo. Esta é a prova de que é preciso mais cultura neste país para fugir a este tipo de cromos.

Os eleitores que permitem a ascensão deste tipo de "cromos" são aqueles a quem enfiaram os Lusíadas pela goela abaixo, geração após geração, em nome do "espirito crítico". O resultado do "espírito crítico" está à vista. Se calhar é melhor juntar mais uns sonetos ao programa de português.


Levas porrada se voltas a insultar este conceito. >:(

O espírito crítico desde logo não pode verdadeiramente ser motivado por algo que é obrigatório e inquestionável. Espírito crítico é entender que aquilo que é publicitado como sendo "o maior" pode ser na realidade não ser propriamente o maior.
« Última modificação: 2019-04-10 20:47:39 por Incognitus »
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.thinkfn.com

Smog

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 6776
    • Ver Perfil
Re: Portugal falido
« Responder #18524 em: 2019-04-10 20:50:11 »
Uma dúzia de pessoas a discutir, com opiniões completamente antagónicas, devia ser prova mais do que suficiente que isso dos simbolos culturais, identidade cultural, cultura portuguesa e o diabo a sete é coisa que não é consensual e cuja importância é relativa.

É que é muito fácil debitar-se umas larachas sobre cultura a partir de um gabinete com ar condicionado e uma empregada a servir cafés, enquanto há alguém que tem as mãos neste estado, porque culturalmente é um atrasado e não deveria viver apenas para trabalhar  :'(



estás a insultar os meus pais que tinham as mãos nesse estado mas sempre valorizaram "os estudos!" como forma de promover alguma ascensão social para a prole.
por estudos incluíam não só o conhecimento cientifico e técnico ( que adquiri) mas também uma razoável bagagem cultural .... que faz hesitar aqui o pessoal e nem saber bem o que é um biólogo! 8) li e registei. ;D
wild and free

Automek

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 30976
    • Ver Perfil
Re: Portugal falido
« Responder #18525 em: 2019-04-10 20:52:25 »
Claro. Aprendi a ler antes de me dedicar à sua leitura... Quanto à idade para o ler, devo dizer que preferi lê-lo com tempo lá para os 19, 20 anos. No Liceu, no 8º ano, o professor mandava às urtigas o gosto pela leitura e punha-nos a conjugar verbos e fazer análises sintáticas escabrosas... Não era, de facto, a melhor abordagem. Agora atribuir a culpa disso ao Camões...
O que se critica não é o Camões (eu já disse que acho os Lusíadas uma obra genial), mas sim a utilidade do Camões no momento em que é ministrado. Momento que devia ser de captação do maior número de adolescentes para a leitura. Se eles forem leitores lá chegarão ao Camões, ao Eça e a todos os clássicos, na idade própria (e a idade própria nem sequer é igual para toda a gente!). Eu que, como já disse, adoro o Eça, só apreciei o Maias muito depois de mo terem enfiado pela boca abaixo, no 10º ou 11º, salvo erro. Que suplicio que foi naquela altura!

A tua experiência foi a minha e, diria, é a da maioria das pessoas que passam pelo banco da escola. Tu passaste ileso por essa agressão mas muitos, demasiados, tombarão pelo caminho às mãos do Camões e de outros autores, numa espécie de ejaculação literária precoce, passe a boçalidade. Nunca mais serão leitores porque lhes enfiaram o Camões na altura errada.

E quase 25 anos volvidos lá vi o meu puto também a levar, também ele, com o ilocutório assertivo, o predicativo do complemento directo e todo o tipo de tentativas de assassinatos que a escola perpetua sobre putos.
O meu safou-se à conta dos livros da Aventura e da Cherub, esses atentados literários aos olhos de muitos. A partir daí começou a ler e hoje lê de tudo. No 12º ano vi-o, inclusivé, a apreciar poesia de Pessoa graças a um extraordinário professor que teve. Mas a origem, não nos enganemos, esteve cá muito atrás, nessa porcaria da "Cherub" e que me forçava uma ida à livraria, no mesmíssimo dia em que saía, tal o entusiasmo que ele e os amigos tinham por aquilo.

Zenith

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 5259
    • Ver Perfil
Re: Portugal falido
« Responder #18526 em: 2019-04-10 20:53:29 »
É que é muito fácil debitar-se umas larachas sobre cultura a partir de um gabinete com ar condicionado e uma empregada a servir cafés, enquanto há alguém que tem as mãos neste estado, porque culturalmente é um atrasado e não deveria viver apenas para trabalhar  :'(

Esse "culturalmente atrasado" sabe de coisas que o "culturalmente adiantado" não sabe.
Como se reconhecer o pintor do monocromático ou ter lido o Chagas Freitas fosse mais valioso do que saber quando se semeiam ervilhas e o que é o rabo de raposa.
E, pior do que não ser possível provar que tal seja mais valioso, é esfolarem o pouco que o culturalmente atrasado tem para os culturalmente adiantados se poderem pavonear em museus e em concertos de música classica.


Que saudades eu tenho do camarada Mao.
Com esse, tentassem pavonear-se que ele logo lhes dizia onde podiam meter a cultura.
Toca mas é a ir já para o campo ou montanhas, aprender a cultura da batata ou da ervilha com quem sabe  ;D

Ele pode ter sido enterrado na China mas vai renascer em Portugal :-)

Error 404 (Not Found)!!1

« Última modificação: 2019-04-10 20:59:47 por Zenith »

Raposo Tavares

  • Sr. Member
  • ****
  • Mensagens: 320
    • Ver Perfil
    • Raposo Tavares
Re: Portugal falido
« Responder #18527 em: 2019-04-10 20:55:26 »
Incognitus, os miúdos devem ser sempre confrontados com os bons autores. Isso não está em causa. O que pode ser melhorada é a abordagem aos autores maiores do nosso país.

É bom ter presente que a maioria dos portugueses estrutura os seus pensamentos na Língua de Camões. Um maior domínio da nossa língua tem a vantagem de nos enraizar, de nos colocar em sintonia com milhões de pessoas e, last but not least, ao aumentarmos o nosso acervo terminológico, temos a possibilidade de melhorar francamente o nosso pensamento abstrato.

As coisas são boas ou más consoante cumprem ou não os objectivos para os quais são usadas. Esses "bons" autores e "maiores" disto e daquilo, não são nem bons nem maiores quando o objectivo é ensinar a língua Portuguesa e criar interesse pela leitura e pelo auto-melhoramento.

Quanto a estarem entre os "maiores" Portugueses, isso é enormemente subjectivo. O valor que cada pessoa lhes dá varia, e não existe valor para lá desse.

É também óbvio que esses autores não são a cola de coisa nenhuma, pois repugnam as crianças, e nenhum valor partilhado é criado com repugnância.
Se percebi o que escreveste pensas que o valor de Camões é relativo. Que o seu real valor depende de uma espécie de sondagem a nível nacional. Que é igual servirmo-nos de uma tradução do Harry Potter ou de um bom escritor para ensinar Português aos miúdos. E constato que se pode conseguir o auto-melhoramento em proficiência linguística lendo as 'Aventuras do Pinóquio'.

Por último, afirmas  que «É também óbvio que esses autores não são a cola de coisa nenhuma, pois repugnam as crianças, e nenhum valor partilhado é criado com repugnância.»
Pois, ó Incognitus, também os bróculos e as couves de Bruxelas...

'Não existe empreendimento mais custoso do que querer precipitar o curso calculado do tempo. Evitemos portanto dever-lhe juros.'
in: Aforismos sobre a Sabedoria de Vida, Arthur Schopenhauer

"Se um homem tiver realmente muita fé, pode dar-se ao luxo de ser céptico."
in: Citações e Pensamentos, Friedrich Nietzsche

"O ar quando não é poluído, é condicionado."
in: Jô Soares (conhecido humorista brasileiro)

Smog

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 6776
    • Ver Perfil
Re: Portugal falido
« Responder #18528 em: 2019-04-10 21:08:25 »
Repare que é com os casca-grossas e com a cáfila de pseudo-liberais que enxameiam os centros de decisão e os espaços anexos cá da praça que mais mal se tem gasto dinheiro.

Caro, o primo da fotografia só é um génio aos olhos de quem é ingénuo. óculos efeminados e tons de voz à tubo só impressionam sopeiras e casca-grossas do tijolo. Esta é a prova de que é preciso mais cultura neste país para fugir a este tipo de cromos.

Os eleitores que permitem a ascensão deste tipo de "cromos" são aqueles a quem enfiaram os Lusíadas pela goela abaixo, geração após geração, em nome do "espirito crítico". O resultado do "espírito crítico" está à vista. Se calhar é melhor juntar mais uns sonetos ao programa de português.


Levas porrada se voltas a insultar este conceito. >:(

O espírito crítico desde logo não pode verdadeiramente ser motivado por algo que é obrigatório e inquestionável. Espírito crítico é entender que aquilo que é publicitado como sendo "o maior" pode ser na realidade não ser propriamente o maior.
o espirito critico é a capacidade de avaliar de forma subjetiva mas sustentada ( baseada em factos e argumentos). é produto dos conhecimentos e inteligências que um dada pessoa tem. uma pessoa culta (em qq área) tem uma maior capacidade de produzir espirito critico que um ignorante.
é por isso que na escola os alunos têm, primeiro, que aprender conhecimentos básicos para  depois poder emitir juízos críticos. ;D
wild and free

Reg

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 13546
    • Ver Perfil
Re: Portugal falido
« Responder #18529 em: 2019-04-10 21:09:32 »
broculos e facil dar criança começa com 1  pequeno.... tempo faz resto 

dar prato cheio deles e não funciona
« Última modificação: 2019-04-10 21:11:34 por Reg »
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

Incognitus

  • Administrator
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 30961
    • Ver Perfil
Re: Portugal falido
« Responder #18530 em: 2019-04-10 21:14:43 »
Repare que é com os casca-grossas e com a cáfila de pseudo-liberais que enxameiam os centros de decisão e os espaços anexos cá da praça que mais mal se tem gasto dinheiro.

Caro, o primo da fotografia só é um génio aos olhos de quem é ingénuo. óculos efeminados e tons de voz à tubo só impressionam sopeiras e casca-grossas do tijolo. Esta é a prova de que é preciso mais cultura neste país para fugir a este tipo de cromos.

Os eleitores que permitem a ascensão deste tipo de "cromos" são aqueles a quem enfiaram os Lusíadas pela goela abaixo, geração após geração, em nome do "espirito crítico". O resultado do "espírito crítico" está à vista. Se calhar é melhor juntar mais uns sonetos ao programa de português.


Levas porrada se voltas a insultar este conceito. >:(

O espírito crítico desde logo não pode verdadeiramente ser motivado por algo que é obrigatório e inquestionável. Espírito crítico é entender que aquilo que é publicitado como sendo "o maior" pode ser na realidade não ser propriamente o maior.
o espirito critico é a capacidade de avaliar de forma subjetiva mas sustentada ( baseada em factos e argumentos). é produto dos conhecimentos e inteligências que um dada pessoa tem. uma pessoa culta (em qq área) tem uma maior capacidade de produzir espirito critico que um ignorante.
é por isso que na escola os alunos têm, primeiro, que aprender conhecimentos básicos para  depois poder emitir juízos críticos. ;D

Sim, e o Camões não providencia grande coisa disso. Excepto para ser criticado, digamos, pela falha em produzir resultados.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.thinkfn.com

Raposo Tavares

  • Sr. Member
  • ****
  • Mensagens: 320
    • Ver Perfil
    • Raposo Tavares
Re: Portugal falido
« Responder #18531 em: 2019-04-10 21:16:30 »
Claro. Aprendi a ler antes de me dedicar à sua leitura... Quanto à idade para o ler, devo dizer que preferi lê-lo com tempo lá para os 19, 20 anos. No Liceu, no 8º ano, o professor mandava às urtigas o gosto pela leitura e punha-nos a conjugar verbos e fazer análises sintáticas escabrosas... Não era, de facto, a melhor abordagem. Agora atribuir a culpa disso ao Camões...
O que se critica não é o Camões (eu já disse que acho os Lusíadas uma obra genial), mas sim a utilidade do Camões no momento em que é ministrado. Momento que devia ser de captação do maior número de adolescentes para a leitura. Se eles forem leitores lá chegarão ao Camões, ao Eça e a todos os clássicos, na idade própria (e a idade própria nem sequer é igual para toda a gente!). Eu que, como já disse, adoro o Eça, só apreciei o Maias muito depois de mo terem enfiado pela boca abaixo, no 10º ou 11º, salvo erro. Que suplicio que foi naquela altura!

A tua experiência foi a minha e, diria, é a da maioria das pessoas que passam pelo banco da escola. Tu passaste ileso por essa agressão mas muitos, demasiados, tombarão pelo caminho às mãos do Camões e de outros autores, numa espécie de ejaculação literária precoce, passe a boçalidade. Nunca mais serão leitores porque lhes enfiaram o Camões na altura errada.

E quase 25 anos volvidos lá vi o meu puto também a levar, também ele, com o ilocutório assertivo, o predicativo do complemento directo e todo o tipo de tentativas de assassinatos que a escola perpetua sobre putos.
O meu safou-se à conta dos livros da Aventura e da Cherub, esses atentados literários aos olhos de muitos. A partir daí começou a ler e hoje lê de tudo. No 12º ano vi-o, inclusivé, a apreciar poesia de Pessoa graças a um extraordinário professor que teve. Mas a origem, não nos enganemos, esteve cá muito atrás, nessa porcaria da "Cherub" e que me forçava uma ida à livraria, no mesmíssimo dia em que saía, tal o entusiasmo que ele e os amigos tinham por aquilo.

Automek, seja como for, tivemos, eu, tu, o teu filho... um primeiro contacto com os melhores autores portugueses... É possível que o nosso regresso ao seu seio tenha sido motivado por este primeiro contacto.
Repara que, muito injustamente, autores como o Torga, ou o brasileiro Machado de Assis, passam despercebidos nas estantes das livrarias. Será por não receberem o devido enfoque nos programas curriculares?
'Não existe empreendimento mais custoso do que querer precipitar o curso calculado do tempo. Evitemos portanto dever-lhe juros.'
in: Aforismos sobre a Sabedoria de Vida, Arthur Schopenhauer

"Se um homem tiver realmente muita fé, pode dar-se ao luxo de ser céptico."
in: Citações e Pensamentos, Friedrich Nietzsche

"O ar quando não é poluído, é condicionado."
in: Jô Soares (conhecido humorista brasileiro)

Reg

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 13546
    • Ver Perfil
Re: Portugal falido
« Responder #18532 em: 2019-04-10 21:17:48 »
isso e discutir gostos e markting  :D

a maioria filhos não teve  pais comprar livros filhos  como voces

leitura foi toma la lusiadas, maias  e saramago e pronto acabou  livros maioria

« Última modificação: 2019-04-10 21:21:39 por Reg »
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

Smog

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 6776
    • Ver Perfil
Re: Portugal falido
« Responder #18533 em: 2019-04-10 21:19:36 »
Repare que é com os casca-grossas e com a cáfila de pseudo-liberais que enxameiam os centros de decisão e os espaços anexos cá da praça que mais mal se tem gasto dinheiro.

Caro, o primo da fotografia só é um génio aos olhos de quem é ingénuo. óculos efeminados e tons de voz à tubo só impressionam sopeiras e casca-grossas do tijolo. Esta é a prova de que é preciso mais cultura neste país para fugir a este tipo de cromos.

Os eleitores que permitem a ascensão deste tipo de "cromos" são aqueles a quem enfiaram os Lusíadas pela goela abaixo, geração após geração, em nome do "espirito crítico". O resultado do "espírito crítico" está à vista. Se calhar é melhor juntar mais uns sonetos ao programa de português.


Levas porrada se voltas a insultar este conceito. >:(

O espírito crítico desde logo não pode verdadeiramente ser motivado por algo que é obrigatório e inquestionável. Espírito crítico é entender que aquilo que é publicitado como sendo "o maior" pode ser na realidade não ser propriamente o maior.
o espirito critico é a capacidade de avaliar de forma subjetiva mas sustentada ( baseada em factos e argumentos). é produto dos conhecimentos e inteligências que um dada pessoa tem. uma pessoa culta (em qq área) tem uma maior capacidade de produzir espirito critico que um ignorante.
é por isso que na escola os alunos têm, primeiro, que aprender conhecimentos básicos para  depois poder emitir juízos críticos. ;D

Sim, e o Camões não providencia grande coisa disso. Excepto para ser criticado, digamos, pela falha em produzir resultados.
o camões é fruição estética em termos de literatura. é para ser degustado.
É como dar caviar aos putos. podem não gostar mas educa o paladar! ;D
wild and free

Incognitus

  • Administrator
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 30961
    • Ver Perfil
Re: Portugal falido
« Responder #18534 em: 2019-04-10 21:19:42 »
Incognitus, os miúdos devem ser sempre confrontados com os bons autores. Isso não está em causa. O que pode ser melhorada é a abordagem aos autores maiores do nosso país.

É bom ter presente que a maioria dos portugueses estrutura os seus pensamentos na Língua de Camões. Um maior domínio da nossa língua tem a vantagem de nos enraizar, de nos colocar em sintonia com milhões de pessoas e, last but not least, ao aumentarmos o nosso acervo terminológico, temos a possibilidade de melhorar francamente o nosso pensamento abstrato.

As coisas são boas ou más consoante cumprem ou não os objectivos para os quais são usadas. Esses "bons" autores e "maiores" disto e daquilo, não são nem bons nem maiores quando o objectivo é ensinar a língua Portuguesa e criar interesse pela leitura e pelo auto-melhoramento.

Quanto a estarem entre os "maiores" Portugueses, isso é enormemente subjectivo. O valor que cada pessoa lhes dá varia, e não existe valor para lá desse.

É também óbvio que esses autores não são a cola de coisa nenhuma, pois repugnam as crianças, e nenhum valor partilhado é criado com repugnância.
Se percebi o que escreveste pensas que o valor de Camões é relativo. Que o seu real valor depende de uma espécie de sondagem a nível nacional. Que é igual servirmo-nos de uma tradução do Harry Potter ou de um bom escritor para ensinar Português aos miúdos. E constato que se pode conseguir o auto-melhoramento em proficiência linguística lendo as 'Aventuras do Pinóquio'.

Por último, afirmas  que «É também óbvio que esses autores não são a cola de coisa nenhuma, pois repugnam as crianças, e nenhum valor partilhado é criado com repugnância.»
Pois, ó Incognitus, também os bróculos e as couves de Bruxelas...

Não, o real valor do Camões não depende de uma sondagem. O valor do Camões está na cabeça de cada um, e varia de pessoa para pessoa. Não existe valor para lá disso, para o Camões.

Os bróculos e as couves de Bruxelas podem ser bons para a saúde, mas mesmo que sejam, isso não garante de forma nenhuma que outras coisas que provoquem repugnância sejam igualmente boas para a saúde ou para outra coisa qualquer. Além disso, os bróculos e as couves de bruxelas não aumentam a apetência das crianças em comerem coisas saudáveis.

Várias coisas:
* Sim, o Harry Potter seria certamente uma melhor escolha, baseado simplesmente na observação de as crianças o quererem ler. Porém, tanto podia ser o Harry Potter como outro que provocasse a mesma vontade.
* O Harry Potter apenas ajudaria a melhorar o Português. Porém, também ajudaria a ganhar gosto por ler. O gosto por ler depois ajudaria a melhorar outras áreas que não o Portuguès.
* Duvido que "As Aventuras do Pinóquo" recolhessem grande favorismo, excepto numa idade muito precoce.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.thinkfn.com

Incognitus

  • Administrator
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 30961
    • Ver Perfil
Re: Portugal falido
« Responder #18535 em: 2019-04-10 21:21:15 »
Repare que é com os casca-grossas e com a cáfila de pseudo-liberais que enxameiam os centros de decisão e os espaços anexos cá da praça que mais mal se tem gasto dinheiro.

Caro, o primo da fotografia só é um génio aos olhos de quem é ingénuo. óculos efeminados e tons de voz à tubo só impressionam sopeiras e casca-grossas do tijolo. Esta é a prova de que é preciso mais cultura neste país para fugir a este tipo de cromos.

Os eleitores que permitem a ascensão deste tipo de "cromos" são aqueles a quem enfiaram os Lusíadas pela goela abaixo, geração após geração, em nome do "espirito crítico". O resultado do "espírito crítico" está à vista. Se calhar é melhor juntar mais uns sonetos ao programa de português.


Levas porrada se voltas a insultar este conceito. >:(

O espírito crítico desde logo não pode verdadeiramente ser motivado por algo que é obrigatório e inquestionável. Espírito crítico é entender que aquilo que é publicitado como sendo "o maior" pode ser na realidade não ser propriamente o maior.
o espirito critico é a capacidade de avaliar de forma subjetiva mas sustentada ( baseada em factos e argumentos). é produto dos conhecimentos e inteligências que um dada pessoa tem. uma pessoa culta (em qq área) tem uma maior capacidade de produzir espirito critico que um ignorante.
é por isso que na escola os alunos têm, primeiro, que aprender conhecimentos básicos para  depois poder emitir juízos críticos. ;D

Sim, e o Camões não providencia grande coisa disso. Excepto para ser criticado, digamos, pela falha em produzir resultados.
o camões é fruição estética em termos de literatura. é para ser degustado.
É como dar caviar aos putos. podem não gostar mas educa o paladar! ;D

É mais como dar esterco, querendo com isso que eles passem a ganhar apetite.

-------------

Ninguém comentou o Galego-Português que agora também ocupa imenso espaço no programa.
« Última modificação: 2019-04-10 21:26:00 por Incognitus »
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.thinkfn.com

Reg

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 13546
    • Ver Perfil
Re: Portugal falido
« Responder #18536 em: 2019-04-10 21:28:39 »
Galego-Português mediaval no sec 21

e assim algo  ate a mim  me deixa calado sem saber como reagir a isto

mais parece coisa para  masoquismo ?
« Última modificação: 2019-04-10 21:51:42 por Reg »
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

Raposo Tavares

  • Sr. Member
  • ****
  • Mensagens: 320
    • Ver Perfil
    • Raposo Tavares
Re: Portugal falido
« Responder #18537 em: 2019-04-10 21:29:37 »


Pieter Bruegel, dito "O Velho", 1568
'Não existe empreendimento mais custoso do que querer precipitar o curso calculado do tempo. Evitemos portanto dever-lhe juros.'
in: Aforismos sobre a Sabedoria de Vida, Arthur Schopenhauer

"Se um homem tiver realmente muita fé, pode dar-se ao luxo de ser céptico."
in: Citações e Pensamentos, Friedrich Nietzsche

"O ar quando não é poluído, é condicionado."
in: Jô Soares (conhecido humorista brasileiro)

5555

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 5555
    • Ver Perfil

vbm

  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 13842
    • Ver Perfil
Re: Portugal falido
« Responder #18539 em: 2019-04-10 22:08:14 »
Por curiosidade, fui ver o que tinha no meu Word sobre Camões.
Surpreendeu-me ser apenas isto, mas que reconheço emblemático do meu pensar:

«A Lei tenho daquele a cujo império
obedece o visível e o invisível»
(Camões)

É o que tendo a sentir, se estou junto de alguém com poder:
– 'ele' tem de obedecer a uma lei que tanto o obriga a mim quanto a ele.

Logo, somos iguais perante a lei. Tal como o cigano pobre trata o cigano rico por tu,
assim eu, sem falta de educação, trato em plano de igualdade cívica o meu semelhante
por poderoso ou famoso que seja.