O paradigma da sociedade era primeiramente de nómadas que vivam do que conseguiam obter da natureza. Depois, há cerca de 22000 anos atrás e com o advento da agricultura, passou a ser um paradigma sedentário de produção e troca de excedentes com consequente especialização.
Aí começa a civilização. O Nilo e o Antigo Egipto, faraónico e sacerdotal, o berço de todas as religiões: monoteístas (às ocultas, por contrárias ao interesse dos sacerdotes, mas que vingaram quer através do judaísmo (Moisés, salvo das águas) quer do cristianismo (Jesus, da tribo judaica dos Essénios, a que sempre dedicava ao culto de Deus, o filho primogénito, educado e instruído no Egipto) - Egipto, diga-se, civilização mais antiga do que a da China, só que se dissipou e regrediu com o descalabro da nova religião nómada, a dos muçulmanos, que poluíram todo o norte de África e a costa marítima do Índico, por muito que os cruzados lusos os quisessem combater!
Já agora, - que embarquei num discorrer histórico - saliente-se a imponente antiguidade da Babilónia, cuja religião nada teve de comparável à mestria do Egipto, mas que desenvolveu, a ciência, a astronomia, a matemática, o comércio e a navegação. Só uma nota demonstrativa: Pitágoras 'doutorou-se' dez anos no Egipto e a seguir outros dez entre os Caldeus. - Platão também foi para o Egipto, mas deve ter 'chumbado' porque só lá esteve três anos. De resto, os Gregos, para os Egípcios, eram considerados uns 'fala-barato', porque falavam, falavam e... não acontecia nada; enquanto que no Egipto, eram os oráculos que tinham voz, e o que diziam acontecia, especialmente as condenações à escravidão e à morte.
Quando a robotização/informatização da sociedade avançarem até um dado ponto crítico, pode acontecer que tenha lugar (finalmente) um novo paradigma. Isso será especialmente provável quando as máquinas conseguirem não só produzir, mas também desenharem-se e programarem-se a si próprias. É claro, esperemos que quando essa singularidade tiver lugar, o novo paradigma não seja algo retirado dum filme tipo "Exterminador implacável" ... :D
Daqui saúdo o nosso administrador do fórum por este espírito histórico e prospectivo. Gosto. Não que não preste culto ao saber abstracto e quase intemporal da lógica, da física e da biologia. Mas as ciências e as artes sociais requerem um certo espírito inserido no tempo. À física, o corpúsculo do átomo no espaço; ao espírito, o ritmo ondulado no tempo.
E proporia a permanência na arqueologia da produção humana do serviço
personalizado, homem a homem, mão a mão.
Jean Fourastié ensinou, que essa produção é de produtividade inelástica com a evolução do conhecimento e da ciência; a frase é assim: «um corte de cabelo no antigo Egipto demora quase tanto tempo como em pleno século xx ou xxxi»!
De modo que, havendo procura - e há e haverá - essa prestação de serviços jamais será automatizada, porque no âmago do serviço prestado está o próprio indivíduo que o presta, e querendo tal resultado - que ocorre no tempo, por definição ondulatória do próprio espírito que anima, habita, o vivente (não o morto, obviamente, restituído à pedra) - de modo que, ou bem que se está vivo para prestar tais serviços, ou morto, - como aliás é próprio do irmão-gato de Schrödinger :) - e só se evita a última hipótese 'dando de comer ao serviçal', o que já se proclamava na lei de bronze dos salários de
Lassalle (1864) e Fourastié assumia, por muito que a produtividade aumente na produção de bens de consumo de massa, e dos próprios instrumentos de trabalho e máquinas de produção. Na base sempre estará quer a inteligência racional do homem quer a sua presença na pessoalização dos serviços por maquinar.
Assim, o paradigma do século xxv ou xxx, será por certo o do
«livre desenvolvimento de cada um, como condição do máximo desenvolvimento de todos.»