Ricardo Reis defende a criação de instrumentos de mutualização de dívida na Europa, mas reconhece que esse é um caminho político complexo e lento. O mesmo se passa com a criação de um mecanismo comum de transferências para subsídio de desemprego que tem vindo a ser proposto e debatido por alguns economistas e políticos. Por isso, na sua intervenção privilegiou instrumentos que possam ser usados a curto prazo, que dependam exclusivamente das autoridades nacionais, e que permitam reduzir o risco de um segundo resgate.
Por um lado defendeu a emissão de dívida pública indexada à inflação nacional que, por ser mais baixa que a média europeia, permitiria ao país poupar na despesa com juros, pelo menos nas fases de desvalorização e deflação como a actual. "Esta é uma proposta que tem exactamente o mesmo efeito" que uma transferência externa (por exemplo através do subsídio de desemprego comum) na fase baixa do ciclo, e que permitiria poupar qualquer coisa como 150 a 200 milhões de euros por ano, nas contas do economista.
Em segundo lugar, Ricardo Reis defendeu a importância do Tesouro nacional apostar em emissões de dívida de mais longo prazo. É que se não existir dívida pública para amortizar e o país estiver a gerar excedentes ou saldos equilibrados nas contas públicas, então as taxas de juro podem subir, que o País não vai à falência - pela simples razão que não tem pagamentos a fazer.
"Queria sugerir emitir dívida de muito longo prazo. Esse é o seguro para evitar uma nova crise. Se houver um aumento das taxas de juro nós podemos ter novamente problemas de tesouraria", mas isso é "evitável prolongando as maturidades e pedindo emprestado a mais longo prazo", defendeu.
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"Temos um sistema financeiro em que os bancos têm uma enorme intervenção na dívida pública e isto não é saudável nem para os bancos nem para o país", continuou, defendendo a redução de exposição dos bancos à República "permitiria mudar o enfoque [dos banqueiros na gestão dos seus balanços] e libertar crédito para a economia".