O Rio sofre do mesmo problema de quase todos os políticos: não percebe que está a falar para toda a gente e não para uma elite. Ainda ontem se viu isso nas partes que vi.
- Enredou-se a falar em despesa nominal e % do PIB. Acha a maioria das pessoas sabe (ou quer saber) dessas tecnalidades ?! Depois tentou compor o quadro quando disse que o défice foi devido aos juros baixos e dividendos do banco de Portugal. Mas aí, sim, é que devia ter sido mais explícito e não foi.
- Na parte da carga fiscal, mais um enredo com tecnicalidades que impediu de passar a mensagem. O Costa defendeu-se que os impostos totais aumentaram porque o país está muito melhor e o Rio perdeu a oportunidade de dizer que podia ter aproveitado para descer, ainda mais, os impostos.
- Quando falou na execução na saúde perdeu uma excelente oportunidade para entalar o costa. Debitou os números da execução em milhões, por cada ano, mas não disse quanto é que o Centeno tinha orçamentado (pior, disse que não tinha ido ver o orçamento mas que de certeza era superior - falta de preparação num tema previsível). Era a forma de mostrar que o Costa apresenta muita despesa no OE mas depois não a gasta porque o Centeno cativa.
- Quando falou nas PPP não soube puxar os relatórios de eficiência, por exemplo, do hospital de Braga. Nem sequer foi capaz de trazer a vergonhosa situação da ala pediátrica do Porto para mostrar que o investimento na saúde foi miserável durante 4 anos.
- Na questão dos professores quis mostrar como foi injusto terem aumentado os juízes (e foi IMO), mas foi logo compará-los com os generais, gajos que a população até acha que são muitos e já ganham bem. Facilmente entalava o Costa se dissesse que não quis aumentar professores, mas aumentou alguns juízes em 700 euros por mês.
- Na parte da cartelização mete-se a falar em players. Epá, players ?! Vá-se catar. Pensa que está a falar num seminário de empresários ?
Ou seja, o Rio esteve tecnicamente correcto, mas politicamente deixou muito a desejar IMO.
Neste aspecto o Paulo Portas, uma figura que eu desprezo, era uma máquina. O tipo falava de forma a que toda a gente entendia. Pegava em meia dúzia de coisas e disparava. Estes tipos tinham muito a aprender com o Paulinho, um dos melhores comunicadores.