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Autor Tópico: O início do declínio de Gaspar?  (Lida 51575 vezes)

tote

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Re:O início do declínio de Gaspar?
« Responder #180 em: 2012-09-24 17:15:54 »
Portugal fora do euro.

karnuss

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Re:O início do declínio de Gaspar?
« Responder #181 em: 2012-09-25 11:30:57 »
Mais um bom artigo do Pacheco Pereira. Se em vez de técnicos teóricos e impreparados este governo se tivesse rodeado de malta com tacto político, que efectivamente conhecesse o povo deste país, muito do que foi (mal) feito poderia ter sido evitado:

Citar
Lenine, que era particularmente sensível à realidade do poder político, como tinham sido Maquiavel e Hobbes, escreveu que "a morte de uma organização acontece quando os de baixo já não querem e os de cima já não podem." A frase é muitas vezes usada para caracterizar uma "situação revolucionária", e tornou-se um truísmo que serve para tudo, até para Aguiar-Branco uma vez no Parlamento embasbacar os jornalistas com um discurso em que citou Lenine, Rosa Luxemburgo e Sérgio Godinho. Quase todas as citações eram abusivas, fora do contexto ou erradas - por exemplo, Rosa Luxemburgo era citada como tendo dito uma frase anos depois da data em que tinha morrido -, mas o efeito de embasbacamento verificou-se. No Parlamento os velhos esquerdistas, como eu, Rosas e Louçã, estávamos divertidos com aquilo tudo, mas que Aguiar-Branco citou Lenine para épater les journalistes, lá isso citou. Devia agora voltar à frase que citou e lê-la em Conselho de Ministros, para ilustração de Passos Coelho e dos seus colegas de governação, porque talvez assim o que essa frase diz sobre o poder político e o seu ocaso ganhe uma dimensão mais concreta.

Uma das vantagens desta frase é que ela é antitecnocrática pela sua natureza, remete para factores subjectivos que costumam ser completamente ignorados por aqueles para quem a realidade é apenas feita de coisas materiais e objectivas, em particular números, estatísticas, projecções, modelos, cuja eficácia fica garantida enquanto apenas se tratar de exercícios abstractos. Ao confundirem modelos com a realidade, eles fazem má economia e péssima política. Dir-me-ão que os melhores modelos incorporam exactamente variáveis "subjectivas", e nenhum economista ignora o papel das expectativas e o natural "ruído" do mundo, que também pode ser expresso em números, só que com equações um pouco mais complicadas e modelos mais complexos.

Porém, o forte traço tecnocrático que atravessa algumas personagens deste Governo não é o problema de fundo que emerge nos nossos dias. Não ignoro que a consciência de que muitos erros foram cometidos no âmbito da decisão política, que originaram desperdícios e "regabofe", iriam gerar o movimento contrário: chamai os técnicos, correi com os políticos. Não é nada de novo, já aconteceu muitas vezes, na I República, no início do Estado Novo, no período pós-25 de Abril. Mas seria errado considerar que o que se passa se deve apenas a um conflito entre "pessoas" e "números", a vida e os modelos, a ignorância dos factores subjectivos em detrimento da crença de que os factores objectivos são tão "incontornáveis" como o diamante é duro. Os partidários desta escola costumam lembrar-nos que os factos são duros e não adianta ignorá-los que eles batem-nos sempre à porta, com tanta maior surpresa quanto os pretendemos ignorar com lirismo verbal e florinhas cor-de-rosa sobre "primeiro as pessoas". Têm razão. Os factos batem sempre à porta de quem os ignora, e foi isso que aconteceu na última semana, mas os responsáveis são os políticos e não os tecnocratas se os deixam à solta.

Que "os de baixo já não querem" é uma evidência, mas quem criou esta situação não foram os números de Gaspar, mas a política de Passos Coelho, o continuado e sistemático desprezo pela realidade a favor de meia dúzia de ideias simples e erradas que cobrem os exercícios de Excel dos tecnocratas por um programa em que as "empresas" são boas e os trabalhadores são maus, os diligentes empreendedores querem "democracia económica" sem direitos e os "piegas" querem manter prebendas a que chamam direitos. Desde o primeiro dia até à Nini cantada, Passos Coelho deu lições de moral que eram a preto, o que as de Louçã eram a branco. Só que Passos manda e Louçã não. E a mistura de ignorância, ideias feitas, incompetência e completa falta de sentido de justiça, e de empatia pela dor alheia, veio desaguar na TSU, como se fosse uma colectiva bofetada na esmagadora maioria dos portugueses. E eles são cristãos, mas não gostam. E estão agora a retribuir.

Olhando do Governo e do poder político para "baixo", o que é que desapareceu? Margem de manobra, a fabulosa e raríssima margem de manobra que este Governo teve em 2011 e 2012, e que se traduzia na existência de um forte consenso de que era necessário haver sacrifícios. Não se pode menosprezar este facto: numa democracia, praticamente todos estavam dispostos a perderem parte do seu rendimento e regalias, para "ajudar" o país a resolver a crise que provocara a intervenção externa. Nem todos concordavam com as medidas, nem todos as achavam justas, nem todos entendiam que estavam a ser tratados com equidade, mas todos sabiam que tinha que haver austeridade. Foi isto que o Governo desbaratou, e nunca mais vai recuperar. E desbaratou-o porque confundiu perda de rendimentos com perda de direitos, perda de regalias, com aumento de desigualdade, e porque praticou um acto de completa injustiça, que virou todos os factores subjectivos contra ele, com a proposta da TSU.

E por que é que isso é dramático? Porque o Governo está longe de conseguir gerir a situação económica e financeira, quer pela sua dificuldade, quer pelos erros que cometeu. Como é que neste ambiente e contexto o Governo pode esperar exigir pelo menos mais três novas vagas de austeridade, sobre as já existentes, entre hoje e 2014? É que o Governo sabe bem de mais que vai ser preciso tomar novas medidas para garantir os 5% do défice este ano (apesar de o Tribunal lhe ter consentido o duplo corte em 2012), a passagem de 5, se os conseguir, para os 4,5% do próximo ano, aí já tendo que resolver o problema da inconstitucionalidade do duplo corte, e, por fim, que ferro e fogo de austeridade nos vão fazer passar em 2014 de 4,5 para 2,5%, um objectivo absurdo de tão zeloso que é. E isto sem contar com a TSU, que tem pouco impacto no défice.

Não vão conseguir, porque aí Portugal será mesmo a Grécia, sem disfarces. O problema é que de há uma semana para cá, já o sabem, que "os de cima já não podem". Talvez seja por isso que, cheio de patriotismo, Paulo Portas quis abandonar o barco e Passos Coelho, sozinho, teria posto a hipótese de se demitir. Que acabou a margem de manobra, sabe-o Passos Coelho, sabe-o Portas, que deve estar tão furioso com a forma pueril como isto aconteceu, sabe-o Ricardo Salgado, que esse sabe tudo, sabe Cavaco Silva, sabe-o Seguro, com pasmo e terror, e até Borges começa a perceber que afinal "o ajustamento não vai correr tão depressa" como desejava. Sabem os blogues ligados ao poder, que forneceram a Passos Coelho um ersatz simplista de vulgata liberal e receberam em troca lugares de assessoria, onde, ou se rabia em desespero, ou se foge por todas as cordas possíveis. Daqui a uns dias, vão almoçar ou jantar com Seguro num evento directo nas redes sociais, para descobrir que "afinal não é tão mau como parecia". É um espectáculo triste, mas já vi vários e o padrão é sempre o mesmo.

Como é que se vai sair disto? Não vai. Vai haver primeiro um ainda maior apodrecimento da situação, semelhante ao modelo de resposta à crise Relvas, ceder na TSU, fazer de conta que não aconteceu nada, incensar a manifestação para a tornar inócua e, mais tarde do que cedo, remodelar. Só que os quadros de Excel de Gaspar vão continuar a piorar e virão próximos pacotes de austeridade em clima de desespero. E aí a crise vai atingir o âmago da democracia, onde aliás já está.


http://abrupto.blogspot.pt/2012/09/quando-os-de-baixo-ja-nao-querem-e-os.html

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Re:O início do declínio de Gaspar?
« Responder #182 em: 2012-09-25 11:58:47 »
Lenine, exemplo???? Quando "os de baixo já não querem" há que criar uma força militar para obrigá-los a querer.
Próximo exemplo, Hitler. :P
“Our values are human rights, democracy and the rule of law, to which I see no alternative. This is why I am opposed to any ideology or any political movement that negates these values or which treads upon them once it has assumed power. In this regard there is no difference between Nazism, Fascism or Communism..”
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karnuss

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Re:O início do declínio de Gaspar?
« Responder #183 em: 2012-09-25 13:28:45 »
Local, lê o artigo todo, por favor, e não apenas a primeira frase. Não há lá nenhum apologia a Lenine ou Hitler. Pelo contrário, há imensa crítica ao absolutismo ideológico (neste caso, do governo).

Incognitus

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Re:O início do declínio de Gaspar?
« Responder #184 em: 2012-09-25 13:32:17 »
Naquele artigo do Pacheco Pereira é bastante óbvio porque é que se chegou à stiaução actual. Basicamente tivemos uma governação informada por aquilo que ele defende.
 
Agora quer gostemos quer não, quer queiramos quer não, vamos ter uma governação informada pela parede imóvel da falta de dinheiro.
 
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Re:O início do declínio de Gaspar?
« Responder #185 em: 2012-09-25 13:39:13 »
Há crítica ao governo, não ao absolutismo ideológico. E quando se cita sanguinários...
“Our values are human rights, democracy and the rule of law, to which I see no alternative. This is why I am opposed to any ideology or any political movement that negates these values or which treads upon them once it has assumed power. In this regard there is no difference between Nazism, Fascism or Communism..”
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Re:O início do declínio de Gaspar?
« Responder #186 em: 2012-10-03 16:38:39 »
Citar
O ministro das Finanças anunciou hoje o que classificou de "enorme aumento de impostos". Redução da despesa só acontecerá em 2014.

O Governo praticamente abdicou de cortar despesa pública no próximo ano. O buraco de 2,5 mil milhões de euros que ameaçava o Orçamento do Estado para 2013 - dois mil milhões de euros criados pelo chumbo do Tribunal Constitucional à suspensão dos subsídios de Férias e Natal dos funcionários públicos e pensionistas mais 500 milhões pelo recuo na Taxa Social Única - vai ser quase todo compensado com aumento de impostos.

texto completo: http://economico.sapo.pt/noticias/gaspar-anuncia-enorme-aumento-de-impostos_153113.html


tote

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Re:O início do declínio de Gaspar?
« Responder #187 em: 2012-10-05 03:14:51 »
Ora viva,

Dia de duas moções de censura. E retirei duas notas.

Primeira. Vi um excelente ator - Paulo Portas. Passou o debate sem abrir a boca, com carinha tristonha, talvez para dar a entender que estava "incomodado" - já está a pensar nas eleições. É um artista português. Tem piada que quando estava a sair já ia todo sorridente  :D E ainda dizem que ele é um excelente político... devia ir para o teatro, é excelente ator!

Segunda.O outro cavalheiro, de seu nome "Gaspar", ao dizer que o povo português é o "melhor do mundo", com aquela cara incomodada, revelou ser um péssimo ator.

Resumindo. O Portas devia dedicar-se mais às artes da representação, e o Gaspar devia voltar à universidade.

Joao-D

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Re:O início do declínio de Gaspar?
« Responder #188 em: 2012-10-05 10:17:26 »
Ora viva,

Dia de duas moções de censura. E retirei duas notas.

Primeira. Vi um excelente ator - Paulo Portas. Passou o debate sem abrir a boca, com carinha tristonha, talvez para dar a entender que estava "incomodado" - já está a pensar nas eleições. É um artista português. Tem piada que quando estava a sair já ia todo sorridente  :D E ainda dizem que ele é um excelente político... devia ir para o teatro, é excelente ator!

Segunda.O outro cavalheiro, de seu nome "Gaspar", ao dizer que o povo português é o "melhor do mundo", com aquela cara incomodada, revelou ser um péssimo ator.

Resumindo. O Portas devia dedicar-se mais às artes da representação, e o Gaspar devia voltar à universidade.

Não faço ainda nenhum juízo sobre o ministro das finanças nem do governo, vou esperar pelo futuro para fazer isso.  Acho que a ideia de sair da crise rapidamente à custa do "melhor povo do mundo" uma boa ideia desde que o futuro seja muito melhor, mas os sacrifícios deveriam ser melhor distribuídos por todos.

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Re:O início do declínio de Gaspar?
« Responder #189 em: 2012-10-05 12:56:36 »
Distribuir melhor os sacrifícios por todos neste momento equivaleria a taxar menos os maiores rendimentos e mais os menores, pois os sacrifícios estão a cair essencialmente sobre os maiores rendimentos.
 
Não me parece que queiras, ou alguém queira, distribuir realmente melhor os sacrifícios por todos.
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Re:O início do declínio de Gaspar?
« Responder #190 em: 2012-10-05 13:30:58 »
Distribuir melhor os sacrifícios por todos neste momento equivaleria a taxar menos os maiores rendimentos e mais os menores, pois os sacrifícios estão a cair essencialmente sobre os maiores rendimentos.
 
Não me parece que queiras, ou alguém queira, distribuir realmente melhor os sacrifícios por todos.

Distribuir proporcionalmente, claro, não que todos paguem o mesmo.

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Re:O início do declínio de Gaspar?
« Responder #191 em: 2012-10-05 13:43:09 »
Os sacrifícios estão a cair proporcionalmente mais sobre os maiores rendimentos ... não se trata de pagarem todos o mesmo. A maior parte das medidas tem afectado muito mais gravemente os rendimentos mais elevados, os rendimentos acima da média em Portugal.
 
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Re:O início do declínio de Gaspar?
« Responder #192 em: 2012-10-05 14:27:42 »
Distribuir melhor os sacrifícios por todos neste momento equivaleria a taxar menos os maiores rendimentos e mais os menores, pois os sacrifícios estão a cair essencialmente sobre os maiores rendimentos.
 
Não me parece que queiras, ou alguém queira, distribuir realmente melhor os sacrifícios por todos.

Isso significa que retirar a mesma quantidade de dinheiro a um rico ou a um pobre é uma melhor distribuição dos sacrifícios?

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Re:O início do declínio de Gaspar?
« Responder #193 em: 2012-10-05 14:54:13 »
Distribuir melhor os sacrifícios por todos neste momento equivaleria a taxar menos os maiores rendimentos e mais os menores, pois os sacrifícios estão a cair essencialmente sobre os maiores rendimentos.
 
Não me parece que queiras, ou alguém queira, distribuir realmente melhor os sacrifícios por todos.

Isso significa que retirar a mesma quantidade de dinheiro a um rico ou a um pobre é uma melhor distribuição dos sacrifícios?

Não - significa que as medidas têm retirado proporcionalmente muito mais a quem já mais contribui, do que a quem menos contribui.
 
Geralmente quando se fala que é preciso distribuir melhor os sacrifícios, isso tem implícito que quem mais ganha deveria pagar mais, mas isso já está a acontecer massivamente.
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Re:O início do declínio de Gaspar?
« Responder #194 em: 2012-10-05 17:53:24 »
Distribuir melhor os sacrifícios por todos neste momento equivaleria a taxar menos os maiores rendimentos e mais os menores, pois os sacrifícios estão a cair essencialmente sobre os maiores rendimentos.
 
Não me parece que queiras, ou alguém queira, distribuir realmente melhor os sacrifícios por todos.

Isso significa que retirar a mesma quantidade de dinheiro a um rico ou a um pobre é uma melhor distribuição dos sacrifícios?

Não - significa que as medidas têm retirado proporcionalmente muito mais a quem já mais contribui, do que a quem menos contribui.
 
Geralmente quando se fala que é preciso distribuir melhor os sacrifícios, isso tem implícito que quem mais ganha deveria pagar mais, mas isso já está a acontecer massivamente.

Ou seja, defendes que as medidas deviam atacar quem tem rendimentos mais baixos? Quem ganha 500 euros mÊs?

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Re:O início do declínio de Gaspar?
« Responder #195 em: 2012-10-05 18:05:34 »
Não, apenas estou a dizer que o refrão muitas vezes repetido, de que os sacrifícios deveriam ser melhor distribuídos, neste momento literalmente equivaleria ao contrário daquilo que as pessoas que repetem o refrão pensam.
 
Ou seja, as pessoas pensam que neste momento para os sacrifícios serem melhor distribuídos quem tem maiores rendimentos deveria pagar mais, quando na realidade os sacrifícios (de rendimento) de quem tem maiores rendimentos já têm sido proporcionalmente bastante maiores, porque a maior parte das medidas tem atingido mais os maiores rendimentos (que à partida também já pagavam proporcionalmente mais).
« Última modificação: 2012-10-05 18:05:50 por Incognitus »
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Re:O início do declínio de Gaspar?
« Responder #196 em: 2012-10-05 18:10:24 »
Outro problema ainda, ocorre quando pessoas que só recebem 250-300-350 euros do Estado, se queixam que recebem demasiado pouco e que não chega para uma vida condigna.
 
O que até é verdade, porém levanta outra questão. Quanto é que descontaram? O que é que produzem para os outros? Até que ponto é justo retirar mais aos que trabalham e produzem algo, para entregar aos que não produzem?
 
Dizer "até que tenham uma vida condigna" pode eventualmente não ser uma resposta válida, se atribuir uma vida condigna a quem não produz determinar retirá-la a quem produz (e que por produzir tem desde logo uma série de custos fixos, pelo que o seu rendimento não é directamente comparável a uma subvenção do Estado).
 
No final só resta uma solução: adoptar um modelo que permita à produção total do país crescer substancialmente, de forma a que estas questões não se coloquem.
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Re:O início do declínio de Gaspar?
« Responder #197 em: 2012-10-05 20:33:33 »
O rendimento social de inserção em portugal é de menos de 200 euros, se calhar é o mais baixo da europa e nem todos os desempregados têm direito.

Outra coisa que desilude é a não redução da despesa do estado, tomou poucas medidas nesse sentido, a maior medida que tomou foi a de não pagar 1/2 subsídios aos funcionários públicos, não parece que seja esse o caminho correto, mas também acredito que seja dificil, talvez, reduzir a despesa do estado implique ainda mais desempregados.

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Re:O início do declínio de Gaspar?
« Responder #198 em: 2012-10-05 20:47:49 »
O RSI ser o mais baixo é perfeitamente irrelevante, no final o que vai contar é comparar o que se entrega ao que se produz, numa situação de equilíbrio. Os montantes são irrelevantes per se.
 
Se existirem 8 batatas indivisíveis para distribuir e 10 pessoas a quererem comer uma, só 8 é que vão comer. E muito antes disso já se tem um problema, pois as 8 batatas só existem se quem as produz ficar com uma parte significativa delas, por exemplo se for indiferente produzir ou não produzir para se obter a batata redistribuída, a produção rapidamente cai de 8 para 0. E depois ninguém come.

Este fenómeno pode parecer "académico", mas já se verifica hoje. Por exemplo, já é difícil, devido ao RSI, contratar pessoas Portuguesas para fazerem trabalho doméstico. Isto porque simplesmente não compensa a essas pessoas produzirem algo (o trabalho doméstico) quando podem obter quase o mesmo rendimento sem produzir nada em troca.
 
« Última modificação: 2012-10-05 20:49:33 por Incognitus »
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Re:O início do declínio de Gaspar?
« Responder #199 em: 2012-10-05 22:29:06 »
A despesa com salários diminuiu mais de 10%, mas os custos com a dívida pública é que aumentaram muito.
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