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Autor Tópico: Testes serológicos: a nova tendência  (Lida 2593 vezes)

Kin2010

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Re: Testes serológicos: a nova tendência
« Responder #20 em: 2020-04-25 06:00:26 »
https://www.publico.pt/2020/04/24/ciencia/noticia/covid19-especialistas-alertam-risco-quebra-padroes-rigor-cientifico-1913752

Eu concordo com essa mensagem mas acrescento algo. A mim não me chocava nada que eles agora desenvolvessem vacinas mais rápidas, com standards científicos piores, e sem dúvida dando menos garantias, desde que essas limitações estivessem bem explicadas e às claras. Pergunto ao Antunes e ao Kitano se cham que esta proposta minha tem algum problema ético.






kitano

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Re: Testes serológicos: a nova tendência
« Responder #21 em: 2020-04-25 10:01:48 »
Vacina e tratamento será diferente.

Actualmente tens procedimentos de fast track para tratamentos life saving. Por exemplo, em ensaios com controlo por placebo se descobrem que quem recebe o tratamento ativo está a ter uma sobreviva significativa é interrompido o ensaio e colocam todos os doentes a fazer o tratamento ativo.
Por exemplo, em medicamentos oncológicos o normal será teres as primeiras aprovações para as fases mais graves da doença (terminais) e posteriormente para fases mais precoces.

Quando tens doentes a morrer, sem alternativas de tratamento, é lícito algum tratamento experimental...o que não significa não cumprir rigor ético e científico.

Na vacina, geralmente é pretendido chegar a uma fatia da população enorme, e o risco benefício tem que ser bem avaliado uma vez que a estatística de efeitos adversos na investigação e pós-comercialização tem uma dimensão enorme.

Geralmente, uma vacina experimental seria lícito utilizar no meio de um foco ativo bastante descontrolado ou em população em alto risco.
No HIV iam testar vacinas e profilaxia pôs-exposição em prostitutas no Quénia...
"Como seria viver a vida que realmente quero?"

Visitante

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Re: Testes serológicos: a nova tendência
« Responder #22 em: 2020-04-25 12:52:14 »
Há alguma estatística dos estudos passados de testes a vacinas? Era interessante saber-se qual a probabilidade do teste a uma vacina falhar. Se a probabilidade for baixa se calhar seria razoável atalhar caminho em contexto de pandemia.

Isto também terá algo a ver com as características de projecto da vacina. Uma análise prévia aos componentes da vacina julgo que já dará para tirar algumas conclusões sobre a probabilidade de ser ou não bem sucedida.

Kin2010

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Re: Testes serológicos: a nova tendência
« Responder #23 em: 2020-05-04 04:04:50 »
Há alguma estatística dos estudos passados de testes a vacinas? Era interessante saber-se qual a probabilidade do teste a uma vacina falhar. Se a probabilidade for baixa se calhar seria razoável atalhar caminho em contexto de pandemia.

Isto também terá algo a ver com as características de projecto da vacina. Uma análise prévia aos componentes da vacina julgo que já dará para tirar algumas conclusões sobre a probabilidade de ser ou não bem sucedida.

Os EUA dizem que terão uma até final deste ano. O UK já está a testar uma, equipa de Oxford. E haverá mais.

Kin2010

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Re: Testes serológicos: a nova tendência
« Responder #24 em: 2020-05-04 04:11:14 »
Há dois desenvolvimentos nesta frente.

Em Estocolmo parece que já há 25% da população com anticorpos.

E há novos modelos a prever que, mesmo com 15-20% de pessoas com eles, isso pode ser suficiente para a herd immunity. É muito menos do que os 50-70% que se dizia antes.
Uma equipa que chegou a esta conclusão é a da Dra Gabriela Gomes. No modelo dela tiveram em conta a heterogeneidade da susceptibilidade.

Isto faz sentido. Se a população tiver níveis muito variáveis de susceptibilidade ao vírus (ou por diferenças genéticas, ou por comportamentos, ou seja lá pelo que for), é lógico que os primeiros a apanhar o vírus e a ganhar anti-corpos não serão uma amostra representativa, em vez disso serão uma amostra de gente mais susceptível. Logo, se 25% tem anti-corpos, esses têm muita gente muito susceptível, e logo os restantes 75% são pouco susceptíveis.

Outra coisa que ela diz é que se houver segunda vaga será mais pequena que a primeira. Isto é diametralmente oposto ao modelo do Pedro Simas que prevê uma segunda vaga gigante.


D. Antunes

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Re: Testes serológicos: a nova tendência
« Responder #25 em: 2020-05-04 18:39:06 »
Sim, a heterogeneidade faz sentido. E nem é preciso ir pela susceptibilidade biológica. Basta pensar que os que têm mais contacto social são os que mais cedo tendem a entrar em contacto com o virus. Isso permitirá reduzir as medidas de contenção. Diria que com 25-30% de infectados bastará metade da contenção. Provavelmente, bastará evitar grandes eventos e usar máscaras.
“Price is what you pay. Value is what you get.”
“In the short run the market is a voting machine. In the long run, it’s a weighting machine."
Warren Buffett

“O bom senso é a coisa do mundo mais bem distribuída: todos pensamos tê-lo em tal medida que até os mais difíceis de contentar nas outras coisas não costumam desejar mais bom senso do que aquele que têm."
René Descartes

D. Antunes

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Re: Testes serológicos: a nova tendência
« Responder #26 em: 2020-05-04 19:25:52 »
Sim, a heterogeneidade faz sentido. E nem é preciso ir pela susceptibilidade biológica. Basta pensar que os que têm mais contacto social são os que mais cedo tendem a entrar em contacto com o virus. Isso permitirá reduzir as medidas de contenção. Diria que com 25-30% de infectados bastará metade da contenção. Provavelmente, bastará evitar grandes eventos e usar máscaras.
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René Descartes

Zel

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Re: Testes serológicos: a nova tendência
« Responder #27 em: 2020-05-04 20:24:05 »
Há dois desenvolvimentos nesta frente.

Em Estocolmo parece que já há 25% da população com anticorpos.

E há novos modelos a prever que, mesmo com 15-20% de pessoas com eles, isso pode ser suficiente para a herd immunity. É muito menos do que os 50-70% que se dizia antes.
Uma equipa que chegou a esta conclusão é a da Dra Gabriela Gomes. No modelo dela tiveram em conta a heterogeneidade da susceptibilidade.

Isto faz sentido. Se a população tiver níveis muito variáveis de susceptibilidade ao vírus (ou por diferenças genéticas, ou por comportamentos, ou seja lá pelo que for), é lógico que os primeiros a apanhar o vírus e a ganhar anti-corpos não serão uma amostra representativa, em vez disso serão uma amostra de gente mais susceptível. Logo, se 25% tem anti-corpos, esses têm muita gente muito susceptível, e logo os restantes 75% são pouco susceptíveis.

Outra coisa que ela diz é que se houver segunda vaga será mais pequena que a primeira. Isto é diametralmente oposto ao modelo do Pedro Simas que prevê uma segunda vaga gigante.

e esses testes sao de fiar? nao dao falsos positivos?
« Última modificação: 2020-05-04 20:24:20 por Camarada Neo-Liberal »

Zenith

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Re: Testes serológicos: a nova tendência
« Responder #28 em: 2020-05-04 20:27:15 »
Há dados experimentais que permitem fazer essa divisão das pessoas em grupos de susceptibildade?
Caso contrário é introduzir percentagens , x, y, z, ..., que nos confirmam a ideia teórica mas que podem terpouco a ver com realidade.

Kin2010

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Re: Testes serológicos: a nova tendência
« Responder #29 em: 2020-05-04 21:57:54 »
Há dois desenvolvimentos nesta frente.

Em Estocolmo parece que já há 25% da população com anticorpos.

E há novos modelos a prever que, mesmo com 15-20% de pessoas com eles, isso pode ser suficiente para a herd immunity. É muito menos do que os 50-70% que se dizia antes.
Uma equipa que chegou a esta conclusão é a da Dra Gabriela Gomes. No modelo dela tiveram em conta a heterogeneidade da susceptibilidade.

Isto faz sentido. Se a população tiver níveis muito variáveis de susceptibilidade ao vírus (ou por diferenças genéticas, ou por comportamentos, ou seja lá pelo que for), é lógico que os primeiros a apanhar o vírus e a ganhar anti-corpos não serão uma amostra representativa, em vez disso serão uma amostra de gente mais susceptível. Logo, se 25% tem anti-corpos, esses têm muita gente muito susceptível, e logo os restantes 75% são pouco susceptíveis.

Outra coisa que ela diz é que se houver segunda vaga será mais pequena que a primeira. Isto é diametralmente oposto ao modelo do Pedro Simas que prevê uma segunda vaga gigante.

e esses testes sao de fiar? nao dao falsos positivos?

Eu até agora só tenho lido sobre estes testes em press releases da imprensa. Sim, os testes de anti-corpos dão falsos positivos mas eles vão evoluindo, à medida que o tempo passa vão-se tornando mais fidedignos. Uma série de labs cria os seus próprios testes e depois aparecem papers a comparar a qualidade deles (sensibilidade e especificidade).




Kin2010

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Kin2010

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Re: Testes serológicos: a nova tendência
« Responder #31 em: 2020-05-17 04:50:01 »
.... Se acreditassemos nisto.....  :-\

https://www.jn.pt/local/noticias/lisboa/cascais/cascais-07-das-familias-tem-anticorpos-contra-a-covid-19-12203833.html

Bolas, 0.7% em Cascais é muito baixo. Talvez seja por termos tido um lockdown severo. Um grande estudo espanhol envolvendo 60k pessoas encontrou 5% e 11% em Madrid. Na França também encontraram 5%. Em Estocolmo 25%. Todos estes dados não são muito fidedignos nem comparáveis, pois a qualidade dos assays usados pode ter sido variada.


Automek

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Re: Testes serológicos: a nova tendência
« Responder #32 em: 2020-05-17 10:04:08 »
Não vamos a lado nenhum com estes números.
Por outro lado mostra que quem teve contacto com o virus foram 7x mais do que os que souberam estar infectados, o que é a parte do meio copo cheio.
Por outras palavras, sabemos que de cada 100 infectados conhecidos, cerca de 85 recuperam em casa, com sintomas moderados.
Isso quer dizer que 100 representam 700. Em cada 700 infectados (conhecidos e não conhecidos) só 15 é que têm de ir para o hospital.

vbm

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Re: Testes serológicos: a nova tendência
« Responder #33 em: 2020-05-17 11:43:09 »
15 / 700 = 3 / 140 = 2,1%

Kin2010

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Re: Testes serológicos: a nova tendência
« Responder #34 em: 2020-05-29 02:20:27 »
Citar
Começou a recolha de amostras de sangue para o Inquérito Serológico Nacional

A recolha iniciou-se esta manhã e está a ocorrer entre as pessoas que vão fazer análises de rotina aos cerca de 100 laboratórios privados e hospitais do SNS aderentes. O Inquérito Serológico é conduzido pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge. Serão selecionados 1720 adultos e 352 crianças, com menos de dez anos, numa amostra da população residente em Portugal.

Pretende-se, assim, conhecer como é que o vírus da Covid-19 está disseminado no país através da presença de anticorpos no sangue.

Uma informação importante, já que um número elevado de pessoas pode ter sido infetado sem ter revelado qualquer sintoma.

https://www.rtp.pt/noticias/pais/comecou-a-recolha-de-amostras-de-sangue-para-o-inquerito-serologico-nacional_n1231565

Deviam ter um sample size aí 10 X maior do que esse para poderem ter poder estatístico para diferenciar por regiões, faixa etária, etc.