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Autor Tópico: A mão invisível dos arquitectos do euro  (Lida 33157 vezes)

JoaoAP

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Re:A mão invisível dos arquitectos do euro
« Responder #100 em: 2015-01-18 21:35:28 »
Hermes,

Atendendo aos desenvolvimentos, ainda mantens tudo que escreveste sobre o Euro?
Achas que com os problemas da Grécia, Suiça que deixou...o peg, endividamento dos vários países, dinheiro a sair da Eurolândia... claúsula das compras agora pelo BCE...

hermes

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Re:A mão invisível dos arquitectos do euro
« Responder #101 em: 2015-01-19 09:49:45 »
JoaoAP,

Três questões:

* Para onde vai a sustentabilidade do sistema moentário internacional [padrão dólar]?
* A Eurolândia ainda tem a ganhar com a metamorfose do euro?
* Os políticos atuais conseguem mudar a arquitetura do euro?
"Everyone knows where we have been. Let's see where we are going." – Another

Castelbranco

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Re:A mão invisível dos arquitectos do euro
« Responder #102 em: 2015-01-19 17:05:08 »
A União Monetaria e o Euro não vão muito longe, ainda poderemos andar aqui uns anos nisto, mas como disse e muito bem concordo em 100% com o que disse Pedro Arroja, porque a Europa não tem uma cultura homogénea, desde os Países do sul até aos nórdicos existem diferenças enormes, e alem disso muitos Países não tem cultura democrática, lembrar que a Monarquia está presente na Europa e alguns Países que são agora Republicanos foram até há pouco tempo Monárquicos, enfim... muita coisa diferente entre todos eles.

vbm

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Re:A mão invisível dos arquitectos do euro
« Responder #103 em: 2015-01-19 18:43:31 »
A União Monetaria e o Euro não vão muito longe, ainda poderemos andar aqui uns anos nisto, mas como disse e muito bem concordo em 100% com o que disse Pedro Arroja, porque a Europa não tem uma cultura homogénea, desde os Países do sul até aos nórdicos existem diferenças enormes, e alem disso muitos Países não tem cultura democrática, lembrar que a Monarquia está presente na Europa e alguns Países que são agora Republicanos foram até há pouco tempo Monárquicos, enfim... muita coisa diferente entre todos eles.

Haverá, ou melhor, há todas essas diferenças que enumeras;
mas em quê isso há de colidir com ter uma moeda comum?

Se a cotação externa da moeda corresponder
às variações do comércio externo global
dos países dessa união monetária,
o comércio intracomunitário
fica imune a variações
de câmbio,
e o extracomunitário adequar-se-á ao balanceamento
das transacções do conjunto como o resto do mundo.

Dir-se-á, o pior é a desigualdade entre os países membros,
e os ciclos económicos diferenciados que atravessem,
a que a unidade monetária sendo um valor médio
penalizará ou beneficiará diferentemente
cada um.

Mas, e porque é que não há de ser assim?

Bom, uma razão é que tender-se-á a perder a diversidade
o que pressupostamente considerar-se-ia valioso...

Mas a intenção da união foi mesmo a de homogeneizar
o desenvolvimento de todos.

O que parece ir acontecer dadas as dificuldades
que as Alemanhas, os Reinos Unidos,
as 'Repúblicas' Italianas, e os
'Países' da vizinha Espanha
atravessam...

Enquanto nós, os mais atrasados,
vamos finalmente começar a crescer!

Castelbranco

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Re:A mão invisível dos arquitectos do euro
« Responder #104 em: 2015-01-19 23:46:54 »
Existe uma tendência natural devido á posição geográfica dos países do sul do norte e centro, podemos radicalizar e olharmos para a africa, e porque africa, porque em termos geográficos fica numa zona de muito calor, onde o ser humano não tem a mesma atitude de um nórdico. Aqui na europa existem grandes diferenças entre os nórdicos e países do sul, e depois temos ainda o problema dos periféricos, isto tudo alem das culturas de todos estes países serem muito diferentes, e isso levaria seculos para equilibrar todos esses desequilíbrios, eu não acredito que países do centro da europa passem a vida a dar dinheiro aos periféricos

Poderíamos pensar em fazer uma coisa parecida com os estados unidos, mas temos que nos lembrar que os estados unidos nasceram há pouco mais de 200 anos e nasceram todos ao mesmo tempo(apenas tiveram que acertar com os indios), e a europa não, a europa tem centenas de anos tal como a conhecemos agora respeitando as fronteiras claro. 

vbm

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Re:A mão invisível dos arquitectos do euro
« Responder #105 em: 2015-01-20 15:09:13 »
As diferenças de cultura existem realmente e as nações são distintas também.
Pensando essas diferenças, parece-me até desejável que se mantenham.

Não estou nada interessado em tornar-me nórdico ou ver ao meu redor
uma data de nórdicos. E mais: quando, aqui há já muitos anos
estive em Estocolmo e na Lapónia, achei o país espantoso,
um ambiente de sossego e suavidade de uma sensação
de quase um planeta extraterrestre! e belíssimo.

Estas diferenças, oxalá subsistam todas.

A moeda comum pode não ocasionar
grandes diferenças de preço,
mas os rendimentos per capita
por certo divergirão diferenciando
o tipo de consumo nacional.

Eu prevejo ou presumo que cada país
europeu vá aprofundar a sua economia
dualista, um sector moderno,
quase franchisado, e outro
local, 'indígena'! :)

A dignidade social, civil, política,
tem de ser absolutamente a mesma
para os cidadãos que trabalhem num
ou noutro sector.  Lá os rendimentos
podem divergir moderadamente, mas
a igualdade cívica e política tem de ser
salvaguardada.

Depois, vai ser preciso mudar a 'cabeça' atrasada
dos nosso pseudojornalistas e de vários políticos
que estão  convencidos que cada país tem de estar
sempre a crescer, e que não pode estar
sem crescimento nenhum! quando
é óbvio que pode com a população
constante e o rendimento menos
desigualmente distribuído.



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Re:A mão invisível dos arquitectos do euro
« Responder #106 em: 2015-01-20 15:14:08 »
O rendimento menos desigualmente distribuído não vai ser fácil. Portugal tem uma fatia de pessoas que não consegue competir com ninguém e cuja produção estará estruturalmente próxima de zero, e outra fatia que consegue competir com os melhores do mundo (e os melhores do mundo vêem a sua produtividade explodir devido à evolução tecnológica). O resultado é que naturalmente a diferença entre estas duas fatias estará sempre a crescer muito rapidamente, mesmo que vão sendo tomadas medidas para pontualmente as reaproximar.
« Última modificação: 2015-01-20 15:14:32 por Incognitus »
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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Re:A mão invisível dos arquitectos do euro
« Responder #107 em: 2015-01-20 16:02:49 »
O rendimento menos desigualmente distribuído não vai ser fácil. Portugal tem uma fatia de pessoas que não consegue competir com ninguém e cuja produção estará estruturalmente próxima de zero, e outra fatia que consegue competir com os melhores do mundo (e os melhores do mundo vêem a sua produtividade explodir devido à evolução tecnológica). O resultado é que naturalmente a diferença entre estas duas fatias estará sempre a crescer muito rapidamente, mesmo que vão sendo tomadas medidas para pontualmente as reaproximar.

A porção de pessoas que nada consegue produzir com interesse para o mercado, e muito menos inovar bens que tecnologicamente se expandam por todo o lado, não tornará tal porção de gente numa mera inutilidade se ela, pelo mero facto de existir e viver, aí estiver para ser descoberta e conhecida. Aqui há muitos anos, no tempo do Salazar-profundo, chegava a pensar-se que certos inactivos à beira-mar, na Nazaré ou Peniche, e um pouco por outras terras, que nada faziam nem se percebe de que viviam, eram, seriam, pagos pelo SNI para enfeitar a paisagem turística! :) como uma espécie de figurantes. A mim parece-me que o sistema económico dualizar-se-á inevitavelmente e que a economia 'indígena', local, pode ter menores rendimentos, mas com a demografia e a imigração controlada, pode não só  sobreviver mas viver condignamente, com instrução, cultura e valor de si e da sua região pátria. [Não esquecer que a qualidade de vida aumenta numa sociedade com diferenças sociais ou regionais, mas de igual condignidade cívica].
« Última modificação: 2015-01-20 16:04:13 por vbm »

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Re:A mão invisível dos arquitectos do euro
« Responder #108 em: 2015-01-20 16:04:33 »
O rendimento menos desigualmente distribuído não vai ser fácil. Portugal tem uma fatia de pessoas que não consegue competir com ninguém e cuja produção estará estruturalmente próxima de zero, e outra fatia que consegue competir com os melhores do mundo (e os melhores do mundo vêem a sua produtividade explodir devido à evolução tecnológica). O resultado é que naturalmente a diferença entre estas duas fatias estará sempre a crescer muito rapidamente, mesmo que vão sendo tomadas medidas para pontualmente as reaproximar.

A porção de pessoas que nada consegue produzir com interesse para o mercado, e muito menos inovar bens que tecnologicamente se expandam por todo o lado, não tornará tal porção de gente numa mera inutilidade se ela, pelo mero facto de existir e viver, aí estiver para ser descoberta e conhecida. Aqui há muitos anos, no tempo do Salazar-profundo, chegava a pensar-se que certos inactivos à beira-mar, na Nazaré ou Peniche, e um pouco por outras terras, que nada faziam nem se percebe de que viviam, eram, seriam, pagos pelo SNI para enfeitar a paisagem turística! :) como uma espécie de figurantes. A mim parece-me que o sistema económico dualizar-se-á inevitavelmente e que a economia 'indígena', local, pode ter menores rendimentos, mas com a demografia e a imigração controlada, pode não só  sobreviver mas viver condignamente, com instrução, cultura e valor de si e da sua região pátria. [Não esquecer que a qualidade de vida aumenta numa sociedade com diferenças sociais ou regionais, mas de igual condignidade cívica].

Sobreviver condignamente não impede a desigualdade de crescer a grande velocidade.
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Re:A mão invisível dos arquitectos do euro
« Responder #109 em: 2015-01-20 16:12:16 »
Sobreviver condignamente não impede a desigualdade de crescer a grande velocidade.

Tenho em mente o caso sueco,
onde se vive diferentemente
em Estocolmo e em Khiruna.

A desigualdade de património
não se repercute totalmente
na de rendimento, e esta
não é tão acentuada
que a instrução e
a educação não
a esbatam e

assim tornem possível
a convivialidade social,
sexual e cultural!

A mobilidade horizontal - no espaço -
e vertical - no tempo -, fica garantida
económica e socialmente!
« Última modificação: 2015-01-20 16:13:12 por vbm »

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Re:A mão invisível dos arquitectos do euro
« Responder #110 em: 2015-01-20 16:18:48 »
Com a imigração maciça, a desigualdade na Suécia também deverá aumentar ao longo do tempo, pois também estão a criar uma fatia de população razoavelmente incapaz de competir internacionalmente (e em alguns casos, sequer com vontade de o fazer).

Isto será mitigado pelo sistema social Sueco, tal como é pelo Português. Porém, como os benefícios vindos do apoio social são relativamente fixos e o crescimento do rendimento da fatia melhor remunerada/mais produtiva da sociedade será tendencialmente crescente, a desigualdade mesmo assim deverá aumentar.

Esse efeito já começa a ser visível mesmo após taxas e transferências.

« Última modificação: 2015-01-20 16:20:54 por Incognitus »
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Re:A mão invisível dos arquitectos do euro
« Responder #111 em: 2015-01-20 16:40:52 »
O efeito de crescimento da desigualdade de rendimento, presumo, é devido a um acréscimo conjuntural de descobertas científicas e inovações tecnológicas que não se manterão indefinidamente e a distorção de rendimentos esbater-se-á. A aritmética de Picketty de a taxa de juro (remuneração do aforro) tender a absorver a quase totalidade da taxa de crescimento do produto - e assim explicar que os ricos ficam cada vez mais ricos e os pobres mais pobres - ignora que a dinâmica das sociedades tanto pode virar-se a proteger o capital como a valorizar o trabalho produtivo e o pouco produtivo, podendo inclusive, passar a praticar taxas de juro negativas ou simplesmente a destruir capital pelo desencadeamento de guerras. De modo que, a desigualdade de rendimento só  é altamente prejudicial quando a incultura grassa!
« Última modificação: 2015-01-20 16:41:57 por vbm »

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Re:A mão invisível dos arquitectos do euro
« Responder #112 em: 2015-01-20 16:46:31 »
O efeito de crescimento da desigualdade de rendimento, presumo, é devido a um acréscimo conjuntural de descobertas científicas e inovações tecnológicas que não se manterão indefinidamente e a distorção de rendimentos esbater-se-á. A aritmética de Picketty de a taxa de juro (remuneração do aforro) tender a absorver a quase totalidade da taxa de crescimento do produto - e assim explicar que os ricos ficam cada vez mais ricos e os pobres mais pobres - ignora que a dinâmica das sociedades tanto pode virar-se a proteger o capital como a valorizar o trabalho produtivo e o pouco produtivo, podendo inclusive, passar a praticar taxas de juro negativas ou simplesmente a destruir capital pelo desencadeamento de guerras. De modo que, a desigualdade de rendimento só  é altamente prejudicial quando a incultura grassa!

Se ainda presumes isso é porque não compreendeste o que eu disse. Tens que compreender três coisas:
1) A fatia com maior rendimento vê os seus rendimentos crescer intrinsicamente rápido, pois essa fatia estará sempre a reflectir quem mais beneficia dos avanços tecnológicos e de produtividade que são constantes. A ftria pode nem ser composta das mesmas pessoas, mas as que estarão nessa fatia serão tendencialmente as que mais beneficiam dos avanços;
2) A fatia com menor rendimento vê os seus rendimentos serem estáveis. Quer porque não produz quase nada, onde o rendimento será próximo de zero, quer porque se obtém rendimento ele virá via transferências do Estado que serão razoavelmente estáveis;
3) A desigualdade é calculada dividindo o rendimento da fatia do topo pelo rendimento da fatia do fundo - logo, intrinsecamente e num mundo cada vez mais produtivo, essa desigualdade sofre uma pressão brutal para aumentar em todos os momentos desde que os países sejam capitalistas (o que leva a aumentos de produtividade e produção tendencialmente constantes, ditados pela concorrência e pela vontade de vencer todos os outros no mercado).
« Última modificação: 2015-01-20 16:47:21 por Incognitus »
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Re:A mão invisível dos arquitectos do euro
« Responder #113 em: 2015-01-20 18:46:40 »
As diferenças de cultura existem realmente e as nações são distintas também.
Pensando essas diferenças, parece-me até desejável que se mantenham.

Não estou nada interessado em tornar-me nórdico ou ver ao meu redor
uma data de nórdicos. E mais: quando, aqui há já muitos anos
estive em Estocolmo e na Lapónia, achei o país espantoso,
um ambiente de sossego e suavidade de uma sensação
de quase um planeta extraterrestre! e belíssimo.

Estas diferenças, oxalá subsistam todas.

A moeda comum pode não ocasionar
grandes diferenças de preço,
mas os rendimentos per capita
por certo divergirão diferenciando
o tipo de consumo nacional.

Eu prevejo ou presumo que cada país
europeu vá aprofundar a sua economia
dualista, um sector moderno,
quase franchisado, e outro
local, 'indígena'! :)

A dignidade social, civil, política,
tem de ser absolutamente a mesma
para os cidadãos que trabalhem num
ou noutro sector.  Lá os rendimentos
podem divergir moderadamente, mas
a igualdade cívica e política tem de ser
salvaguardada.

Depois, vai ser preciso mudar a 'cabeça' atrasada
dos nosso pseudojornalistas e de vários políticos
que estão  convencidos que cada país tem de estar
sempre a crescer, e que não pode estar
sem crescimento nenhum! quando
é óbvio que pode com a população
constante e o rendimento menos
desigualmente distribuído.


Pelo que escreves vai ser preciso mudar muita coisa!!! o que acho quase impossível, por isso eu digo a moeda e a união não deverão ter futuro muito longo

vbm

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Re:A mão invisível dos arquitectos do euro
« Responder #114 em: 2015-01-20 19:04:52 »
Se ainda presumes isso é porque não compreendeste o que eu disse. Tens que compreender três coisas:
1) A fatia com maior rendimento vê os seus rendimentos crescer intrinsecamente rápido, pois essa fatia estará sempre a reflectir quem mais beneficia dos avanços tecnológicos e de produtividade que são constantes. A fatia pode nem ser composta das mesmas pessoas, mas as que estarão nessa fatia serão tendencialmente as que mais beneficiam dos avanços;
2) A fatia com menor rendimento vê os seus rendimentos serem estáveis. Quer porque não produz quase nada, onde o rendimento será próximo de zero, quer porque se obtém rendimento ele virá via transferências do Estado que serão razoavelmente estáveis;
3) A desigualdade é calculada dividindo o rendimento da fatia do topo pelo rendimento da fatia do fundo - logo, intrinsecamente e num mundo cada vez mais produtivo, essa desigualdade sofre uma pressão brutal para aumentar em todos os momentos desde que os países sejam capitalistas (o que leva a aumentos de produtividade e produção tendencialmente constantes, ditados pela concorrência e pela vontade de vencer todos os outros no mercado).

:)) Considero ingénuos e não provados os pressupostos, que destaquei, que alicerçam as conclusões que atinges, da desigualdade crescente, que reputo impossível. O enunciado 2) é o único que me parece provável e, espero, preenchido com uma população culta!

O que te leva a crer em avanços tecnológicos e crescimento da produtividade constante!? Não me parece nada forçoso ou determinado. Os ciclos de inovação nascem, desenvolvem-se a atenuam-se naturalmente. Vê lá os telemóveis! Atingirão um ponto de nenhuma evolução ulterior; à maturidade sucederá a saturação do mercado.

Além de a evolução tecnológica ser a acima descrita, acresce que a lei geral económica não é nunca a do acréscimo indefinido da produtividade, mas antes a lei dos rendimentos decrescentes, i.e., precisamente a tendência à produtividade desacelerada, e até decrescente, p.e., por limitação ecológica ou de recursos naturais.

Quanto aos 'heróis' capitalistas com vontade de vencer os outros no mercado, deixa-me rir, :), porque acho graça. Os capitalistas são uns pobres coitados que arrostam com dificuldades de toda a ordem, têm imenso medo da concorrência, que os arruína em dois tempos, e sem a estratégia de grandes políticos de visão e condições bem favoráveis, não conseguem fazer nada de jeito, senão digladiarem-se entre si, e formar monopólios sem concorrência.

Capitalismo eficaz, precisa do Estado por detrás!

« Última modificação: 2015-01-20 19:06:55 por vbm »

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Re:A mão invisível dos arquitectos do euro
« Responder #115 em: 2015-01-20 19:29:49 »
O crescimento constante da produtividade é óbvio, porque todas as empresas em concorrência fazem por ele continuamente (as que não o fazem num mercado concorrencial acabam por ser ultrapassadas e destruídas). Tentam melhorar os produtos, tentam acrescentar-lhes funcionalidade e qualidade, tentam torná-los mais baratos de produzir, etc.

O resto penso que não compreendeste. Imagina que estamos a falar de corredores e que existe uma melhoria constante da sua performance (da mesma forma que aqui existe uma maior produtividade). Imagina que depois seleccionas apenas a fatia dos melhores desses corredores. Não serão sempre os mesmos, mas os melhores estarão sempre a melhorar. Se depois comparares esses corredores a pessoas normais que caminham sempre à mesma velocidade, a diferença será sempre cada vez maior. Porque estás a comparar os mais rápidos e em melhoria constante, a outros que andam sempre à mesma velocidade.

Enfim, a coisa é relativamente óbvia.

Citar
Quanto aos 'heróis' capitalistas com vontade de vencer os outros no mercado, deixa-me rir, :) , porque acho graça. Os capitalistas são uns pobres coitados que arrostam com dificuldades de toda a ordem, têm imenso medo da concorrência, que os arruína em dois tempos, e sem a estratégia de grandes políticos de visão e condições bem favoráveis, não conseguem fazer nada de jeito, senão digladiarem-se entre si, e formar monopólios sem concorrência.

Essa é uma opinião absurda, apenas passível de ser detida por alguém que nunca tenha colocado os pés num centro comercial ou supermercado, ou procurado um produto na Ebay. Ou comprado um smartphone. Ou um carro.

Isso, ou uma negação completa do que se passa à volta da pessoa, claro.


----------------

Nota ainda que muita desta melhoria NÃO existe nova tecnologia. A nova tecnologia permite saltos rápidos, mas entre evoluções tecnológicas existe uma melhoria constante na mesma, resultante de curvas de aprendizagem, concorrência, melhorias técnicas e logísticas, milhares de factores diferentes.

-----------------

Enfim, exibes continuamente uma forma de ver o mundo pouco compatível quer com a realidade, quer com factos e dados facilmente comprováveis.
« Última modificação: 2015-01-20 19:31:03 por Incognitus »
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Re:A mão invisível dos arquitectos do euro
« Responder #116 em: 2015-01-20 19:48:53 »
Está bem. De facto, a minha visão é outra. Mas não importa. A realidade é como é, e o devir por muito que surpreenda quaisquer inteligíveis tendências, sempre exibirá o poder de serpentear quaisquer obstáculos e reformular todas as suposições de constância que os modelos de previsão adoptem.

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Re:A mão invisível dos arquitectos do euro
« Responder #117 em: 2015-01-20 21:04:56 »
Está bem. De facto, a minha visão é outra. Mas não importa. A realidade é como é, e o devir por muito que surpreenda quaisquer inteligíveis tendências, sempre exibirá o poder de serpentear quaisquer obstáculos e reformular todas as suposições de constância que os modelos de previsão adoptem.

Ainda assim, não devias fechar os olhos ao que eles vêem sempre que passam por uma grande superfície comercial.
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Re:A mão invisível dos arquitectos do euro
« Responder #118 em: 2015-01-24 09:10:48 »
Ainda não consegui ler o tópico todo com atenção, bem como todos os links associados; e  há coisas que estarão fora das minhas capacidades.
De qualquer forma, há muita informação, logo muito obrigado Hermes.

O programa "bazuca" está naquela fase de "lua de mel". O nome colou. As populações, que estão cansadas das  medidas de ajustamento tomadas anteriormente adoraram a "bazuca", os partidos políticos vislumbram uma forma de terem mais folga (mantendo o seu modo de operação actual sem terem que abordar assuntos mais "delicados") e está a ser feito um massivo trabalho de demonização da deflação.

Na minha opinião, em que num assunto tão complexo, apenas estarei a ver uma parte do quadro total, há dois factores que estão a ser muito pouco valorizados ou até nada falados.

O primeiro será a reacção do eleitorado mais conservador em países como a Alemanha e companhia. Não será que isto irá alienar um bocado estas pessoas do projecto europeu? E inflacionar as quotas de partidos mais extremistas nesses mesmos países? Penso que terá muita importância já que estamos a falar dos países que são as locomotivas da UE.

A segunda questão está ligada com este tópico. Enquanto o ponto anterior ainda tenho visto algumas pessoas abordarem, a segunda questão está a passar completamente fora do radar.... mas também posso ser eu a ver mal "o filme". Segundo o que percebi os bancos centrais de cada país terão bastante responsabilidade em caso de default.
Segundo a tabela do Hermes (http://www.thinkfn.com/forumbolsaforex/index.php/topic,530.msg22933.html#msg22933) e esta mais actual (http://en.wikipedia.org/wiki/Gold_reserve), Portugal terá cerca de 382 500 kg de ouro, algo como 12 297 849 onças. Algo como 15 8960 000 000 USD.
Esse ouro poderá ser usado como meio de pagamento no caso de o BdP ficar entalado em relação ao BCE?
Parece-me que a ideia do Hermes é que tais reservas poderão ter um papel estratégico bastante alto num cenário futuro. Estando Portugal bastante numa posição bastante alta na lista (15º lugar) não poderemos nós estar a arriscar um activo bastante interessante a nível estratégico, em troca da algo que agora parece maravilhoso (a bazuca do BCE), mas que poderá ter um efeito baixo e de prazo limitado?

PS: Alterações para melhorar o texto
« Última modificação: 2015-01-26 11:46:50 por Thunder »
Nullius in Verba
Divide et Impera
Não há almoços grátis
Facts do not cease to exist because they are ignored
Bulls make money, bears make money.... pigs get slaughtered

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Re:A mão invisível dos arquitectos do euro
« Responder #119 em: 2015-01-24 11:03:28 »
Ainda assim, não devias fechar os olhos ao que eles vêem sempre que passam por uma grande superfície comercial.

Dá-me graça de sorriso, estes cuidados pequenos pelos caprichos do povoléu e suas comadres. Não que se deva desprezar coisas pequenas e miúdas. Podem ser bem interessantes e por certo, porventura omnipresentes à cabeceira de um moribundo. E tudo é respeitável e humano. Não estou portanto a gozar. Até de minha escolha, já decidi o almofadão para a minha hora final: o da minha avó, para a mesma finalidade! :)

No entanto, as 'grandes' superfícies comerciais não valem coisa nenhuma! Não é por elas que passam os grandes negócios, mas apenas os de natureza terminal, com empregados e comerciantes consignatários precários, ambos pagos com ganhos incertos e sem futuro.

O grande comércio, a grande praça das transacções, pouco tem a ver com o consumidor final, os próprios retalhistas não passando de escoadouro de produtos invendáveis à beira da falência. O grande comércio é engenhado em toda a produção intermediária entre o agro-silvicultor, o mineiro, as fábricas e os grandes armazéns grossistas.

Tudo se reduz a uma negociação de stocks de produtos intermediários e de meios de produção de produtos intermediários, com o software tecnológico a dar tratos à imaginação criativa de gadgets finais com os quais se possa ludibriar o grande público, para o que se impõe emitir incultura maciça pela televisão,  internet, e até produtos de tipografia que aparentam ser 'livros'!!!

A negociação de stocks corresponde à transacção de uma quantidade física de bens, já produzida - se por encomenda de algo a produzir, a condição situacional do comprador e do vendedor é quase a mesma, por a capacidade instalada da fábrica existir pronta a laborar, o que equivale na prática a um stock potencial - que, por exemplo, no  caso da pesca pode equivaler a uma venda e recompra sucessiva da quantidade de pescado do porão da embarcação ainda antes de qualquer captura ter ocorrido, de modo a buscar a última melhor cotação de  entrega! -, e este tipo de compra/venda de stocks é sempre estrénua luta stressante, onde umas vezes se ganha, outras se perde.

É a jusante deste processo esgotante que surgem as grandes superfícies comerciais, elas próprias resultado de um prévio imenso negócio imobiliário, a que ocorrem os rentistas de todos os quadrantes, esperançados numa renda futura que se veja, bafejados pela sorte se algum trespasse jeitoso alcançam ou a comprar ou a  vender um espaço-loja, mas todos com a espada de Dâmocles de um negócio com rendimentos decrescentes, com a falência no horizonte, ao cabo de sucessivas campanhas de saldos de monos.

O povoléu é o que menos importa em todo este comércio - não obstante a simpatia com que no Porto, cada cliente é sempre bem acolhido; digo bem, no Porto, porque em Lisboa, «estão-se nas tintas»! :) - porque os produtos  pouco interessam, não tem utilidade nem valor intrínseco, satisfazem necessidades ilusórias, só presentes na mente por incultura e alienação induzida, pela política cultural servidora dos paquidérmicos interesses comerciais. Note-se que, mesmo no  caso das mercearias dos duopolistas o embuste do povoléu é real pela baixa qualidade dos alimentos processados, de um modo geral nefastos para a saúde por formarem uma alimentação desequilibrada.



De maneira que,
como se dizia nos documentários
noticiosos, prévios dos filmes da minha infância,
«Assim Vai o Mundo!» :)



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