Acho que é um perfeito disparate este tipo de espantalhos (sim, também os crias, Automek) que aqui por vezes se criam. Ninguém acha que o vírus veio salvar esse pessoal do Bangladesh. O que pessoas como eu defendem, é que sejam aplicadas as mesmas regras relativas aos direitos humanos aos produtos importados de fora da UE iguais às aplicadas na UE. Por alguma razão a roupa foi dos únicos produtos que baixou de preço relativo nas últimas décadas, contrariamente à inflação. Para umas meninas mimadas europeias ou americanas poderem trocar de T-shirt de 15 em 15 dias porque custam 3 euros, há pessoal a ser explorado e em risco de vida no outro lado do Mundo. Porque é que cá há uma série de requisitos e certificados de qualidade e de segurança exigidos nas empresas têxteis, e depois nada é exigido no que toca aos produtos importados? Não sei como alguém vê um lado positivo nisto. E sim, eu sei que essas pessoas trabalham nessas fábricas porque querem e porque recebem bem mais lá do que noutros trabalhos, e dado o desespero humanitário em que esses países vivem, aceitam colocar em risco a sua vida para ganhar mais e sustentar as suas famílias um pouco melhor, mas isso não devia ser justificação para as multinacionais adoptarem políticas de custos mínimos para aumentarem ainda mais os lucros (não se trata de sobrevivência das empresas, mas sim de ganância), chegando a nem cumprir com os mínimos de condições laborais, colocando em risco de vida os seus trabalhadores, como se de carne pra canhão se tratassem.
Isto não é política, é ética.