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Autor Tópico: Apple - Desbloquear ou não um "telemóvel terrorista"?  (Lida 1851 vezes)

Jsebastião

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A história é conhecida, mas o Trump decidiu tomar uma posição oficial. Tem razão? O que importa mais: proteger o direito de qualquer pessoa às suas informações pessoais, ou proteger a segurança e a integridade físicas dessas mesmas pessoas(e com isso deitar abaixo a vantagem competitiva que a Apple tem através de um factor crítico de sucesso)?

Donald Trump apela a boicote à Apple

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Donald Trump pediu um boicote aos produtos da Apple até que a empresa aceite colaborar com o FBI na investigação a Syed Rizwan Farook, o norte-americano que, juntamente com a sua mulher, matou 14 pessoas no condado de San Bernardino, em dezembro do ano passado

O candidato republicano Donald Trump apelou a um boicote aos produtos da Apple até que a empresa aceda ao pedido do FBI para desbloquear o iPhone usado por um dos atacantes de San Bernardino. "O que eu acho que vocês devem fazer é boicotar a Apple até que a empresa dê a informação necessária", disse Trump na sexta-feira, num evento na Carolina do Sul (EUA). "Isto agrada-vos? Lembrei-me disto!", acrescentou.

Na passada quarta-feira, o FBI pediu a colaboração da Apple para aceder aos dados do Iphone de Syed Rizwan Farook, o norte-americano que, juntamente com a mulher - Tashfeen Malik, uma paquistanesa que passou a maior parte da vida na Arábia Saudita - matou 14 pessoas no condado de San Bernardino, em dezembro do ano passado.

Mas a Apple tem-se recusado a colaborar. O seu patrão, Tim Cook, já prometeu que vai lutar até ao fim contra o que considera ser uma operação com implicações "arrepiantes".

Num texto publicado no site da empresa, Tim Cook explica porque é que se tem recusado a cooperar com as autoridades. "O governo dos Estados Unidos exige que a Apple dê um passo sem precedentes que ameaça a segurança dos nossos clientes. Opomo-nos a esta ordem, que tem implicações que vão muito além deste processo judicial", escreve Tim Cook.

"O FBI quer que façamos uma nova versão do sistema operativo do iPhone, contornando várias funções de segurança, e que a instalemos num telemóvel encontrado durante a investigação. Nas mãos erradas, este programa - que hoje em dia não existe - teria o potencial para desbloquear qualquer iPhone que estivesse nas mãos de qualquer pessoa", explica o presidente-executivo da Apple, negando, como foi dito pelo governo, que essa ferramenta só poderia vir a ser usada uma vez e num único telemóvel. "Assim que fosse criada, a técnica poderia ser usada uma e outra vez, em qualquer telemóvel", diz.

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos da América acusa a Apple de estar “mais preocupada com o marketing” do que em ajudar as autoridades nas investigações e apresentou na sexta-feira uma moção que pretende obrigar a empresa a colaborar.


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« Última modificação: 2016-02-20 19:58:08 por Jsebastião »
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Jsebastião

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Re: Apple - Desbloquear ou não um "telemóvel terrorista"?
« Responder #1 em: 2016-02-20 20:27:34 »
A "terceira via"...

John McAfee diz ter uma solução para a Apple e o FBI

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John McAfee, fundador da empresa que vende um dos mais usados programas antivírus para computadores em todo o mundo, ofereceu-se para ajudar a desbloquear o iPhone de um dos terroristas que mataram 14 pessoas em Dezembro nos Estados Unidos. A Apple recusou-se a fazê-lo, contrariando a ordem de um tribunal, e o FBI queria ajuda para aceder aos dados daquele equipamento. Numa carta divulgou online, McAfee propõe uma solução que preserva as garantias de cibersegurança da Apple, a privacidade dos utilizadores e poderia satisfazer a necessidade do FBI.

“E, finalmente, chegámos a isto”, alerta McAfee. “Após anos sucessivos de alertas, por parte de todos os especialistas desta indústria, de que criar uma porta das traseiras seria uma benesse para os terroristas, ainda maior do que dar os nossos códigos nucleares e as chaves das armas aos russos e chineses, apesar disso tudo, mais uma vez o nosso Governo decidiu ignorar aqueles que criaram a cola que mantém este mundo unido”, escreve, considerando “risível e bizarro” o argumento do FBI de que a ajuda da Apple neste caso seria usada uma única vez.

Em causa está o acesso a dados gravados no telemóvel de Syed Rizwan Farook, o norte-americano que levou a cabo o ataque com a sua mulher, Tashfeen Malik, uma paquistanesa que passou a maior parte da vida na Arábia Saudita. Os atacantes tinham jurado fidelidade ao Estado Islâmico (EI), mas não há indícios de que a operação tenha sido montada com ajuda externa – à semelhança de outros ataques, principalmente na Europa, terá sido planeado e organizado pelos próprios executantes, sob a influência da ideologia extremista do EI.

Recurso do Departamento de Justiça

O Departamento de Justiça apresentou um recurso na sexta-feira à noite para obrigar a Apple a cumprir a ordem da juíza Sheri Pym, do Tribunal Distrital para o Distrito Central da Califórnia, e criar um programa para que o FBI possa desbloquear o iPhone usado por Syed Rizwan Farook. Com isto, o FBI queria fazer três coisas: desactivar a função que permite apagar todo o conteúdo após dez tentativas de introduzir o código (errado); ligar esse telemóvel a um computador rápido que envie milhares e milhares de combinações possíveis até acertar; e que essas combinações possam ser enviadas sem qualquer intervalo de tempo entre elas, como acontece na versão normal do sistema operativo – entre a 1.ª e a 2.ª tentativa há um segundo de intervalo, mas essa espera vai aumentando até que da 9.ª para a 10.ª já é preciso esperar uma hora.

No recurso, o Departamento de Justiça diz que a recusa da Apple “parece ser baseada na preocupação de defender o seu modelo de negócio e na estratégia de marketing da sua marca”, apesar de Tim Cook, o patrão da Apple, ter colocado a questão de uma maneira bastante diferente.

"O Governo dos EUA pediu-nos uma coisa que não temos, e cuja criação consideramos demasiado perigosa. Pediram-nos para construir uma porta das traseiras para o iPhone. Mais precisamente, o FBI quer que façamos uma nova versão do sistema operativo do iPhone, contornando várias características de segurança, e que a instalemos num telemóvel encontrado durante a investigação. Nas mãos erradas, este programa – que não existe hoje em dia – teria o potencial para desbloquear qualquer iPhone que esteja nas mãos de qualquer pessoa", escreveu o patrão da Apple.

"O Governo sugere que esta ferramenta só poderia ser usada uma vez, num único telemóvel. Mas isso não é verdade. Uma vez criada, a técnica poderia ser usada uma e outra vez, em qualquer telemóvel. No mundo físico, seria o equivalente a fazer uma chave mestra, capaz de abrir centenas de milhões de fechaduras – de restaurantes a bancos, de lojas a casas. Nenhuma pessoa de bom senso acharia isso aceitável", argumentou Tim Cook

Assim que foi conhecida a ordem do tribunal, houve muita discussão sobre se a Apple pode, tecnicamente, fazer o que lhe é ordenado. Mas essa não é a questão, como se depreende da resposta assinada pelo patrão da empresa, Tim Cook – como está em causa um modelo mais antigo, isso até seria possível, mas a empresa considera que iria abrir um precedente perigoso.

"Desta vez, oGgoverno dos EUA pediu-nos uma coisa que não temos, e cuja criação consideramos ser demasiadamente perigosa. Pediram-nos para construir uma porta das traseiras para o iPhone. Mais precisamente, o FBI quer que façamos uma nova versão do sistema operativo do iPhone, contornando várias características de segurança, e que a instalemos num telemóvel encontrado durante a investigação. Nas mãos erradas, este programa – que não existe hoje em dia – teria o potencial para desbloquear qualquer iPhone que esteja nas mãos de qualquer pessoa", escreveu o patrão da Apple.

"Seja como for, se o Governo tiver sucesso nesta tentativa de usar uma porta das traseiras, acabarão por conseguir ter acesso a toda a encriptação e o nosso mundo, tal como o conhecemos, chegaria ao fim”, concorda McAfee.

Este milionário, que já não tem nada a ver com a McAfee, empresa que foi vendida à Intel em 2010, que se assumiu candidato à Presidência dos EUA pelo Partido Libertário, alerta que “a questão fundamental é outra”, nesta carta aberta publicada no site Business Insider: “Por que é que o FBI não consegue deslindar por si a encriptação [do telemóvel do terrorista]? Eles têm os melhores e maiores recursos que o Governo norte-americano consegue disponibilizar.”

Aparentemente, tentaram fazer isso e falharam, diz a Reuters. Dois executivos da Apple, não identificados, criticaram tentativas do FBI de tentar alterar a password na conta de iCloud associada ao iPhone em causa. O Governo reconheceu que o tinha feito numa nota de rodapé do recurso apresentado na sexta-feira.

Antes de anunciar a sua proposta de solução, McAfee sublinha que trabalha “com os melhores hackers do planeta. (…) Cerca de 75% deles são engenheiros sociais. Os restantes são programadores hardcore”. E atira: “Comerei os meus sapatos no show do Neil Cavuto [apresentador da Fox News] se nós não conseguirmos entrar no telemóvel [do terrorista] de San Bernardino.”

E depois de responder à sua própria pergunta sobre a incapacidade do FBI, alegando que esta agência federal não tem os melhores hackers do mundo porque se recusa “a contratar alguém que tenha uma crista roxa no cabelo, use piercings, tatuagens na cara, fume erva e não trabalha por menos de 500 mil euros por ano (…), gente que russos e chineses estão a contratar, aposto”, McAfee enuncia a sua “oferta”: “Farei, gratuitamente, a desencriptação da informação deste telemóvel com a minha equipa. Usaremos primeiro engenharia social, e isto demorará três semanas. Se aceitarem a minha proposta, não precisarão de pedir à Apple que coloque uma porta das traseiras no iPhone, o que seria o início do fim da América”.
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eagle51

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Re: Apple - Desbloquear ou não um "telemóvel terrorista"?
« Responder #2 em: 2016-02-20 21:13:47 »
Desbloquear arbitrariamente a pedido do FBI, ou qualquer outra policia, sem mandato judicial ou uma razão indiscutivelmente forte, discordo. Mas estamos aqui a falar no caso concreto do telemóvel de um tipo que matou deliberadamente e numa lógica de terrorismo.
Portanto, a Apple impedir uma investigação, está para mim a colocar-se involuntariamente do lado desses terroristas.
Ainda para mais quando se sabe que a Apple já desbloqueou cerca de 70 outros iphones.

tommy

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Re: Apple - Desbloquear ou não um "telemóvel terrorista"?
« Responder #3 em: 2016-02-20 21:30:11 »
já li sobre isso, mas ainda não percebi a resistência da Apple em extrair a informação daquele telemóvel em particular. percebo o querer proteger a tecnologia de encriptação, mas não vejo o problema deles próprios extrair tudo e dar às autoridades. Até podiam descobrir alguns "amigos" que ainda não foram investigados do tal terrorista.

Jsebastião

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Re: Apple - Desbloquear ou não um "telemóvel terrorista"?
« Responder #4 em: 2016-02-20 21:42:26 »
já li sobre isso, mas ainda não percebi a resistência da Apple em extrair a informação daquele telemóvel em particular. percebo o querer proteger a tecnologia de encriptação, mas não vejo o problema deles próprios extrair tudo e dar às autoridades. Até podiam descobrir alguns "amigos" que ainda não foram investigados do tal terrorista.

É uma tomada de posição perante o mercado - uma tomada de posição que para a empresa significa quase vida ou morte. A Apple tem de se manter firme em relação à tecnologia de impenetrabilidade do seu produto mais valioso, sem fazer qualquer tipo de cedências, nem nos "bastidores" da opinião pública.

Mas aquilo que estás a sugerir não está em cima da mesa para debate, pelo menos tendo em conta as notícias que têm saído. O FBI não pretende que a Apple desencripte o telemóvel e forneça a informação - pretende é que o telemóvel lhes seja passado desencriptado.

O que eu estranho no meio disto tudo é mesmo a incapacidade do FBI em lidar com a situação. Quer do ponto de vista tecnológico, quer do ponto de vista mediático. No primeiro caso, se não têm capacidade, tentavam primeiro junto de outras empresas governamentais, e no segundo caso passam por uma vergonha ao saber-se publicamente que não têm essa capacidade.

« Última modificação: 2016-02-20 21:43:07 por Jsebastião »
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Reg

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Re: Apple - Desbloquear ou não um "telemóvel terrorista"?
« Responder #5 em: 2016-02-20 22:04:29 »
https://cryptoid.com.br/arquivo-cryptoid/nem-a-apple-consegue-quebrar-a-criptografia-do-ios/

a propaganda da apple para vender e esta...se fossem fazer contrario...
Achamos que a criptografia é uma necessidade no mundo de hoje. Ninguém deveria ter que decidir entre privacidade e segurança. Nós devemos ser inteligentes o suficiente para fazer as duas coisas”, afirmou Tim Cook durante um discurso em uma conferência do Wall Street

a Apple afirma que é impossível atender a solicitações como essa, depois que os métodos de encriptação do iOS foram aprimorados. Os dispositivos contam com uma ferramenta que previne que qualquer pessoa acesse as informações sem a senha, incluindo a própria companhia.
« Última modificação: 2016-02-20 22:13:27 por Reg »
Democracia Socialista Democrata. igualdade de quem berra mais O que é meu é meu o que é teu é nosso

ShakaZoulou7

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Re: Apple - Desbloquear ou não um "telemóvel terrorista"?
« Responder #6 em: 2016-02-21 00:12:43 »
Estranho é a polícia não tentar capturar os terroristas vivos para tentar avançar melhor as investigações. Será que não é possível a agentes treinados disparem para os ombros de modo a inutilizar a capacidade de tiro dos bandidos

Incognitus

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Re: Apple - Desbloquear ou não um "telemóvel terrorista"?
« Responder #7 em: 2016-02-21 02:27:05 »
Não poderá o FBI criar milhões de cópias virtuais do conteúdo e depois usar as 10 tentativas em cada uma? Deve ser possível copiar bit por bit o conteúdo da memória flash do dispositivo.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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Jsebastião

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Re: Apple - Desbloquear ou não um "telemóvel terrorista"?
« Responder #8 em: 2016-02-23 17:09:30 »
Bill Gates do lado do FBI   :D

(neste artigo, já dá para perceber o que o FBI pediu à Apple em concreto---assinalei a bold.

Citar
Co-fundador e antigo patrão da Microsoft diz que Tim Cook está a exagerar. Defensores da posição da Apple, como a Google, o Facebook ou o Twitter, insistem que o caso é mais abrangente.

Em contraste com outras estrelas do mundo da tecnologia, o co-fundador e antigo presidente executivo da Microsoft, Bill Gates, entrou esta terça-feira na discussão entre a Apple e o FBI para se pôr do lado do governo norte-americano. Para Gates, a empresa deve ceder à ordem das autoridades e deitar abaixo a segurança do iPhone de um dos terroristas que mataram 14 pessoas no condado de San Bernardino, na Califórnia.

"É um caso específico, em que o governo está a pedir para ter acesso a informação. Não está a fazer um pedir genérico, estamos a falar de um caso em particular", disse Bill Gates ao Financial Times.

O co-fundador da Microsoft está afastado do dia-a-dia da empresa há quase oito anos e ocupa-se agora em exclusivo com os trabalhos da Fundação Bill e Melinda Gates, mas a marca que deixou no mundo da tecnologia faz com que a sua voz seja hoje tão importante como era nas décadas de 1970, 1980 e 1990.

Gates considera que a Apple está a exagerar ao dizer que a ordem de um tribunal da Califórnia, conhecida na semana passada, põe em causa a privacidade dos telemóveis de milhões de utilizadores.

"O que está em causa não é muito diferente de saber se se deveria ter ordenado às companhia telefónicas que acedessem à informação [dos seus clientes], ou se deve ser possível aceder aos dados bancários. Digamos que o banco põe uma fita à volta de um disco rígido e diz: 'Não me obriguem a cortar esta fita, senão vão obrigar-me a cortá-la muitas outras vezes'."

Este é essencialmente o argumento que o FBI usou para convencer o tribunal a intimar a Apple. Mas muitos dos actuais gigantes da tecnologia, incluindo os líderes do Facebook, do Twitter e da Google, puseram-se ao lado da Apple, com declarações públicas que defendem o argumento que Tim Cook usou numa carta aberta publicada em resposta à ordem do tribunal: "Criar uma versão do iOS que contorne a segurança desta forma iria inquestionavelmente abrir uma porta das traseiras. E ainda que o governo diga que o seu uso seria limitado a este caso, não há nenhuma forma de garantir esse tipo de controlo."

    We stand with @tim_cook and Apple (and thank him for his leadership)! https://t.co/XrnGC9seZ4
    — Jack (@jack) February 18, 2016

As declarações de Bill Gates em defesa do FBI surgem também em contraciclo com o que já se conhece da posição oficial dos actuais líderes da Microsoft. Apesar de a empresa não ter emitido qualquer comunicado, tanto o responsável pelas questões legais, Brad Smith, como o presidente executivo, Satya Nadella, partilharam nas suas contas no Twitter a posição oficial da coligação Reform Government Surveillance, com críticas à acção do FBI: "As empresas que integram a Reform Government Surveillance acreditam que é extremamente importante travar terroristas e criminosos e ajudar as forças de segurança a cumprir ordens judiciais relativas a informação para nos manter a todos em segurança. Mas as empresas não devem ser obrigadas a criar portas das traseiras em tecnologias que mantêm a informação dos seus utilizadores em segurança."

    .@ReformGS statement on Apple court case https://t.co/2TqX3NfvuJ. Essential to have broad public discussion on these important issues.
    — Brad Smith (@BradSmi) February 18, 2016

Em causa está o acesso a um telemóvel iPhone 5C da Apple que foi usado por Syed Rizwan Farook, o norte-americano que matou 14 pessoas no condado de San Bernardino, em Dezembro do ano passado, num ataque cometido com a sua mulher, Tashfeen Malik, uma paquistanesa que passou a maior parte da vida na Arábia Saudita.

O telemóvel pertencia às autoridades públicas do condado de San Bernardino, para as quais Farook trabalhava, e está bloqueado com um código de acesso — o telemóvel em causa não tem o sensor de impressões digitais, presente nos modelos a partir do 5S. O objectivo do FBI é obrigar a Apple a criar uma versão do seu sistema operativo (o iOS) que permita fazer três coisas: desactivar a opção que apaga todos os dados do telemóvel ao fim de dez tentativas erradas; permitir que seja possível ligar o telemóvel em causa a um computador que vai enviar milhares e milhares de combinações possíveis até acertar; e eliminar ao mínimo possível o tempo de espera entre cada uma dessas tentativas.

Programa pode cair "nas mãos erradas"

A Apple já admitiu que tem capacidade para criar esse programa, mas alega que, uma vez nas mãos do FBI, nada garante que a polícia federal não o use em outros casos (ao contrário do que diz no seu pedido ao tribunal), que não passe para as mãos de todas as agências de segurança norte-americanas, e que não seja explorado por organizações criminosas para roubar informações sensíveis dos utilizadores, como dados bancários.

"Sim, é possível criar um sistema operativo completamente novo para enfraquecer as nossas configurações de segurança, como o governo pretende. Mas é algo que consideramos ser demasiadamente perigoso. A única forma de garantir que essa ferramenta tão poderosa não será abusada e não cairá nas mãos erradas é nunca criá-la", escreveu Tim Cook num comunicado publicado no site da Apple.

Para os defensores da posição da Apple, mais do que a colaboração com as autoridades (algo que as empresas já fazem com regularidade, como foi exposto pelos documentos revelados pelo antigo analista Edward Snowden), o que está em causa é a criação de um precedente — o objectivo do governo será obter uma garantia legal para que todas as empresas sejam obrigadas a eliminar toda a segurança dos seus aparelhos electrónicos, abrindo um buraco no código para que as autoridades possam começar a fazer o mesmo sem precisarem da assistência dessas mesmas empresas.

O que vale este iPhone?

Nos últimos dias surgiram notícias que parecem dar força aos argumentos da Apple, Facebook, Google ou Twitter.

Pouco depois do atentado terrorista, as autoridades do condado de San Bernardino (proprietárias do iPhone em causa) alteraram os códigos de acesso à conta da Apple associada ao telemóvel de Syed Rizwan Farook. O FBI veio mais tarde confirmar que essa alteração foi feita com o seu conhecimento, mas o resultado comprometeu uma hipótese de conhecer o que Farook guardou no telemóvel sem ser preciso recorrer à ajuda da Apple — se esses códigos não tivessem sido alterados, talvez pudesse ser possível fazer uma cópia dos documentos para o serviço iCloud assim que o telemóvel entrasse no raio de acção de uma rede sem fios anteriormente utilizada por Farook.

É certo que seria preciso que o utilizador tivesse a funcionalidade de acesso a redes sem fio ligada, e que a função de cópias automáticas também estivesse ligada, mas a aparente falta de cuidado nos primeiros momentos da investigação levam os defensores da Apple a acreditarem que o iPhone 5C de Farook não terá nada de muito relevante — afinal, os técnicos do condado de San Bernardino conheciam os códigos de acesso associados à conta da Apple; e Syed Rizwan Farook tinha outros dois telemóveis, que destruiu e atirou para um caixote do lixo, mantendo o seu iPhone intacto.

Para além destas questões mais técnicas, o procurador de Manhattan, Cyrus Vance, já veio dizer que as suas equipas de investigação têm 175 iPhones que não conseguem desbloquear, no âmbito de casos não relacionados com terrorismo. O responsável disse que não deveria caber à Apple decidir se pode ou não pode derrubar a segurança dos seus telemóveis, e defendeu mudanças na lei: "Isto está transformado no faroeste da tecnologia. A Apple e a Google são os xerifes e não há regras", disse Cyrus Vance numa conferência de imprensa.

Na segunda-feira, o Wall Street Journal noticiou que o Departamento de Justiça dos EUA moveu mais processos em tribunal contra a Apple, para forçar a empresa a contornar a segurança de outros 12 iPhones, nenhum deles relacionado com casos de terrorismo. Os modelos em causa são ainda mais antigos do que o de Syed Rizwan Farook, e supostamente um pouco menos seguros – os defensores da Apple dizem que isto prova que as autoridades estão a tentar impor novas regras através de uma vasta ofensiva nos tribunais, e não apenas a tentar obter o desbloqueio de um iPhone num caso muito específico.

Ainda que a Apple acabe por ceder, o sistema de segurança dos seus telemóveis, principalmente os mais recentes, pode tornar-se num quebra-cabeças impossível de resolver. No site The Intercept, o programador e jornalista Micah Lee fez as contas e avançou estimativas para o tempo que demoraria a descobrir um código de desbloqueio, mesmo com um potente computador a enviar várias combinações por segundo: se o utilizador definir um código com seis números, o processo pode levar 22 horas, e uma média de 11 horas; mas se o código tiver 11 dígitos, nem vale a pena esperar sentado: são 253 anos, ou uma média de 127 anos.

Maioria ao lado do FBI

A opinião de Bill Gates é partilhada pela maioria dos inquiridos pelo instituto Pew, numa sondagem realizada entre os dias 18 e 21 e publicada segunda-feira. A avaliar pelas opiniões dos vários subgrupos – desde a inclinação partidária à faixa etária –, a Apple vai ter alguma dificuldade para manter a sua posição sem sofrer alguns danos na imagem pública.

No total, 51% dos 1002 adultos com mais de 18 anos de idade que foram ouvidos nesta sondagem dizem que a Apple deve obedecer à ordem do tribunal e criar um sistema operativo específico para contornar a segurança do iPhone de Syed Rizwan Farook. Do outro lado, 38% discordam e 11% dizem não ter opinião formada.

O impacto da batalha entre a Apple e o FBI nos Estados Unidos é tal que 75% dos inquiridos dizem ter lido ou ouvido notícias sobre o caso. E do lado do FBI estão tanto eleitores do Partido Republicano como do Partido Democrata – 56% dos republicanos e 55% dos democratas.

Nas divisões por idades a defesa da posição das autoridades é ainda mais notória, porque os jovens são, tradicionalmente, mais sensíveis à defesa da privacidade. Mas na sondagem do Pew Research Center não é isso que acontece – 47% dos que têm entre 18 e 29 anos consideram que a Apple deve fazer o que o FBI pediu e que o tribunal ordenou, contra 43% que defendem o contrário.

Esse posicionamento ao lado das autoridades vai sendo reforçado à medida que as faixas etárias vão subindo – entre os inquiridos com mais de 65 anos, apenas 27% dizem que a Apple deve continuar a resistir.
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Pip-Boy

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Re: Apple - Desbloquear ou não um "telemóvel terrorista"?
« Responder #9 em: 2016-03-02 10:00:27 »
Não poderá o FBI criar milhões de cópias virtuais do conteúdo e depois usar as 10 tentativas em cada uma? Deve ser possível copiar bit por bit o conteúdo da memória flash do dispositivo.


Parece nao ser possível visto nao ser só o PIN que é utilizado como chave de encriptação, mas também uma chave de 256 bit única para cada processador/hardware e que faz aumentar exponencialmente o número de chaves possíveis. Para chaves a partir de 128 bits os ataques desse tipo, brute force, deixam de ser possíveis em tempo útil com a tecnologia actual.

Por outro lado aceder a essa chave sem danificar o hardware parece complicado, mais info aqui: http://arstechnica.com/security/2016/02/how-the-fbi-could-use-acid-and-lasers-to-access-data-stored-on-seized-iphone/
The ultimate result of shielding men from the effects of folly, is to fill the world with fools.

Incognitus

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Re: Apple - Desbloquear ou não um "telemóvel terrorista"?
« Responder #10 em: 2016-03-04 21:15:14 »
Entre outras coisas isto indica um método similar ao que eu falava:

Who Needs Apple When the FBI Could Hack Terrorist iPhone Itself
http://www.bloomberg.com/news/articles/2016-03-04/who-needs-apple-when-the-fbi-could-hack-terrorist-iphone-itself

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Incognitus

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Re: Apple - Desbloquear ou não um "telemóvel terrorista"?
« Responder #11 em: 2016-03-24 03:42:15 »
E mais uma vez o método que eu previ como viável é, em princípio, o que vão tentar.

http://arstechnica.com/security/2016/03/ios-forensics-experts-theory-fbi-will-hack-shooters-phone-by-mirroring-storage/
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