A certa altura António Costa quis definir o que, para ele, era uma “sociedade decente”. E fê-lo nos seguintes termos: “é uma sociedade onde cada um contribui para o bem comum de acordo com as suas capacidades, e cada um recebe de acordo com as suas necessidades”.
A frase, contudo, não é original: é de Karl Marx e foi escrita em 1875 num dos seus panfletos mais influentes, a Crítica ao Programa de Gotha. Aí ele também define a sociedade que deseja: “De cada qual, segundo sua capacidade; a cada qual, segundo suas necessidades”.
e comunista de lisboa
Vivíamos uma época em que o movimento socialista se começava a dividir: de um lado, os revolucionários que seguiriam a linha mais ortodoxa defendida por Marx na sua crítica à plataforma dos social-democratas alemães; do outro lado, os socialistas reformistas que preconizavam mudanças graduais, favoráveis aos trabalhadores, no quadro de regimes democráticos. Os primeiros dariam origem aos partidos comunistas, os segundos aos partidos socialistas e social-democratas que seriam centrais nas reformas que levariam aos modernos Estados Providência.
Para Marx, na sua Crítica ao Programa de Gotha, uma sociedade que funcionasse de acordo com o princípio “de cada qual, segundo sua capacidade; a cada qual, segundo suas necessidades” corresponderia ao estádio supremo do comunismo, tendo mais tarde Lenine, o fundador a União Soviética, popularizado essa definição
costa avisou ao que vinha ha 5 anos.....
Quanto à referência ao que aprendeu “em casa”, recorde-se que António Costa é filho de Orlando Costa, escritor e militante do Partido Comunista, e de Maria Antónia Palla, jornalista que sempre foi próxima do PS.
“Entender que é absolutamente essencial trabalhar, é essencial investir, que é importante poupar, que é boa uma sociedade de iniciativa, mas também quero uma sociedade que seja decente e uma sociedade decente é uma sociedade onde cada um contribui para o bem comum de acordo com as suas capacidades, e cada um recebe de acordo com as suas necessidades. E que a prosperidade gerada por todos possa ser justamente partilhada por todos. Foi esta sociedade que eu aprendi na minha casa a acreditar”
costa ha 5 anos!
Mais Habitação’. Nos termos da proposta do governo, os municípios poderão determinar a não atribuição de mais licenças para apartamentos. À primeira vista a resposta parece equilibrada, mas esconde a realidade concreta do que é um negócio. A não atribuição de mais licenças significa um mercado fechado que divide os que estão dentro dos que ficam de fora e gostavam de entrar. Há uma discriminação entre cidadãos que não é normal num mercado livre nem deveria ser possível numa sociedade aberta e num estado de direito. Por outro lado, impossibilita o crescimento dos negócios existentes. E neste ponto concreto a medida reflecte muito bem uma forma de pensar socialista que se traduz no se achar no direito de decidir o que é melhor para as pessoas, no saber qual é a dimensão aceitável (a palavra neutra é ‘razoável’) para um negócio. Para quê explorar dois apartamentos em AL se o pequeno empresário já tem um? Porquê crescer, porquê aumentar as receitas, porquê querer ganhar mais, porquê essa necessidade de se expandir? Porquê esta vontade indómita na mudança, no desenvolvimento, na supressão das dificuldades, porquê este gosto natural por construir algo seu? Veja-se que este impedimento é para os pequenos empresários, não para as grandes cadeias de hotéis. O socialismo privilegia os grandes grupos económicos porque estes são mais facilmente controláveis; milhares de cidadãos, completamente independentes entre si e relativamente ao governo, já são indomáveis.
Há um PS antes e outro depois de António Costa. Antes de Costa a classe média era determinante para o PS. Agora está a deixar de sê-lo.
Mas o que leva o PS a estar contra esta isenção de cobrança de IMT que pode representar uma poupança de oito mil euros para quem compra um andar em Lisboa é muito mais profundo e transversal que a sua vontade de correr com Moedas. O que esta decisão do PS no IMT em Lisboa, tal como o fim das PPP na saúde e o fim dos contratos de associação nas escolas, nos vem mostrar é que estamos perante o PS mais à esquerda de sempre. Um PS que está a destruir a classe média.