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Autor Tópico: Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa  (Lida 152754 vezes)

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Re: Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #860 em: 2015-12-16 15:27:03 »
....quando é que se decidem, a acreditar no "cocas" ????....eh.eh..... :P



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Sócrates: o dinheiro na Suíça não é meu
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« Última modificação: 2015-12-16 15:28:34 por Batman »

JoaoAP

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Re: Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #861 em: 2015-12-16 21:44:45 »
O socrates  era estupido fazer entrevista com tribunais ver.

isto foi discurso politico acordado

O Sócrates é uma pessoa doente, ele acredita mesmo que é uma cabala,
na cabeça dele o Mundo é que está mal e ele é o único que está bem.

O problema não é ele, é de quem lhe deu poder e tempo de antena.
Nem mais!!!!! Muito bem observado!

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Re: Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #862 em: 2015-12-17 03:47:49 »
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Retrato de Sócrates pelo próprio

Publico    17/12/2015 - 01:00  (actualizado às 17:18 de 16/01/2016)

Não é só o mundo inteiro que está contra Sócrates. É o mundo inteiro, a lógica e a matemática.


 
Palavra a José Sócrates (TVI): “Quando fui estudar para Paris, a primeira decisão que tomei foi pedir um empréstimo à Caixa Geral de Depósitos de 120 mil euros. Em 2012, a minha mãe vendeu o seu apartamento [no prédio Heron Castilho], deu-me a parte que me devia dar [NR: 75% de 600.000 euros, o que totaliza 450.000 euros] e isso deu-me para viver até ao final de 2012. Entre o momento que saí do governo até ao final de 2012, quais foram as minhas fontes de rendimento? Basicamente, a doação da casa da minha mãe.”

     
Palavra a José Sócrates (Expresso, 19 de Outubro de 2013): “Quando perdi as eleições [em Junho de 2011], telefonei à minha gerente de conta e pedi um empréstimo ao banco de 120 mil euros. Um ano sem nenhuma responsabilidade e levando um filho comigo. Gastei o dinheiro todo. Assim fui para Paris, em vez de, mais uma vez, pedir dinheiro emprestado à minha mãe.”

Palavra a José Sócrates (TVI): “A partir de 2013 comecei a trabalhar e comecei a ganhar dinheiro [NR: no início de 2013, Sócrates assinou um contrato de 12.500 euros mensais com a Octapharma, a que se seguiu um segundo contrato de 12.500 euros em Maio de 2014], e ganhava razoavelmente. Mas a verdade é que em 2013, porque o meu filho mais novo ainda estava em Paris e eu estava em Lisboa, as minhas despesas cresceram muito, e por isso, em 2013, apesar de já estar a trabalhar, recorri a empréstimos do meu amigo Carlos Santos Silva. Ele emprestou-me dinheiro durante cerca de um ano, até porque quando fui detido, em Novembro [de 2014], eu já ganhava 25.000 euros por mês e tinha a expectativa de poder pagar tudo o que lhe devia e rapidamente.”

Palavra à matemática: José Sócrates afirmou há dois dias na TVI – foi ele quem o disse, não eu, nem o Ministério Público, nem o Correio da Manhã – que em ano e meio, entre Junho de 2011 e o final de 2012, gastou 120.000 euros do empréstimo da CGD e 450.000 euros do dinheiro da casa da mãe, o que totaliza 570.000 euros em 18 meses. José Sócrates afirmou também que só em 2014 tinha pedido três empréstimos à Caixa Geral de Depósitos, o que credibiliza as notícias que indicam que até à sua prisão ele contraiu mais quatro empréstimos, de 25.000, 75.000, 40.000 e 30.000 euros (total: 170.000 euros). A isso se somam pelo menos 250.000 euros (“as contas ainda não estão completamente saldadas”, afirmou) emprestados por Carlos Santos Silva, até à data da sua prisão. Contas feitas, estamos a falar de 1 milhão de euros em pouco mais de três anos. Cerca de 25.000 euros por mês.

Para que fique bem claro: na entrevista à TVI, José Sócrates apresentou-se como um ex-primeiro ministro sem rendimentos, que à custa de empréstimos, mãe e amigo gastou 1.000.000 euros para tirar um mestrado em Paris. Sócrates entende que isto não é “vida faustosa”. “Onde é que está o luxo?”, perguntou. Digamos que para quem está alegadamente falido, o seu conceito de luxo é muito original. Contudo, a questão não está no luxo – está no facto de a frase “tinha a expectativa de poder pagar tudo o que devia [a Santos Silva] e rapidamente” ser uma mentira descarada. Mesmo a receber 25.000 euros (brutos) por mês, ele jamais conseguiria pagar rapidamente aquilo que devia com o nível de vida que levava, até porque, como disse, se não tivesse sido preso continuaria em Paris para tirar o doutoramento. Não é só o mundo inteiro que está contra Sócrates. É o mundo inteiro, a lógica e a matemática.


http://cidadelusa.blogspot.pt/2014/12/quanto-mais-fala-mais-jose-socrates-se.html
« Última modificação: 2015-12-17 03:49:48 por Batman »

Automek

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Re: Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #863 em: 2015-12-17 08:20:03 »
perguntaram-lhe sobre as garrafas em envelopes colados com fita cola ? essa técnica é que eu tinha curiosidade em aprender...

tommy

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Re: Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #864 em: 2015-12-17 08:32:49 »
Eu por acaso tb tinha curiosidade agora com o aproximar do natal. Tenho uns envelopes A4, mas não ficou bem... Talvez seja envelopes A3? Não sei onde se consegue arranjar disso aqui na zona...  :D

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tommy

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Re: Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #867 em: 2015-12-26 17:16:34 »
http://expresso.sapo.pt/sociedade/2015-12-26-O-homem-a-quem-tiraram-a-sombra

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assunto é sério mas sorri enquanto fala, com a pose segura a que habitou os telespectadores nos seus comentários televisivos de fim de semana. Em direto no “Telejornal”, José Sócrates confessa a sua “estupefação” com a notícia do dia. “O caso é suficientemente grave para que os portugueses percebam de uma vez por todas como é que se montam estas campanhas de difamação.” Nessa quarta-feira, 30 de julho de 2014, a revista “Sábado” acaba de anunciar um artigo de fundo na edição que vai para as bancas no dia seguinte sobre como o ex-primeiro-ministro está a ser investigado no caso Monte Branco. “Depois de Ricardo Salgado, o Ministério Público pondera deter o ex-primeiro-ministro para interrogatório. Está sob vigilância há vários meses e já lhe quebraram o sigilo bancário e fiscal”, diz a capa.

Nos estúdios da RTP, Sócrates parece tranquilo, conservando sempre o sorriso. Traz um trunfo consigo. Um comunicado de última hora da Procuradoria-Geral da República declarando que o antigo chefe de governo socialista “não está a ser investigado nem se encontra entre os arguidos constituídos no processo Monte Branco”. Além do mais, acrescenta o ex-primeiro-ministro na sua reação em direto, não há o que investigar. “Se estamos a falar de um caso de ocultação de capitais, é preciso ter capitais para ocultar. Ora, eu nunca tive capitais. Sempre vivi do meu trabalho, como vivo hoje.” Argumentando que é falso que tivesse uma vida luxuosa em Paris, explica como depois de usufruir de um empréstimo contraído no seu banco para poder aguentar algum tempo sem rendimentos (enquanto frequentava um mestrado de Filosofia Política em França), começou a trabalhar, “como toda a gente faz”. O empresário que é referido pela revista como sendo um ponto de ligação a capitais suspeitos é apenas “um amigo de infância” cuja vida empresarial Sócrates não tem “nada a ver”. O que se está a passar é “uma verdadeira canalhice”.

Mas há um jogo de sombras a girar à sua volta nessa noite. Não é verdade que Sócrates não esteja a ser investigado pelo Ministério Público. Pelo contrário, a investigação prossegue de forma rápida e atenta. O que não está é a ser investigado no caso Monte Branco, apesar de tudo ter começado aí. O comunicado do gabinete da procuradora-geral Joana Marques Vidal é escrito com um cuidado minucioso, permitindo interpretações subtis e enganadoras. O mais importante está omisso. De que se trata de um caso autónomo, com o nome de Operação Marquês. O inquérito-crime acabou, inclusive, de ser declarado como de especial complexidade. Por outro lado, também não é verdade que Sócrates viva apenas do seu trabalho. Andam a segui-lo oficialmente há dez meses, desde que a 11 de setembro de 2013 o ex-primeiro-ministro passou a ser alvo de escutas. Já se tornou evidente que os seus gastos não batem certo com os seus rendimentos e empréstimos contraídos à CGD, de acordo com as contas feitas até agora por aqueles que o investigam, o procurador Rosário Teixeira, do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), e o seu colaborador inseparável, Paulo Silva, um inspetor tributário de Braga.

Rosário Teixeira e Paulo Silva estão mergulhados a fundo na vida privada de Sócrates. E observam o contraste com a sua vida pública, naquilo que mais tarde, já constituído arguido, o ex-primeiro-ministro caracterizará de pura devassa e coscuvilhice. A vigilância mostra, logo à partida, que a tranquilidade perante as câmaras de televisão naquela noite na RTP é apenas aparente.

Dois dias antes, uma segunda-feira, à hora de almoço, Sócrates recebe o telefonema de um jornalista da “Sábado”, a confrontá-lo com o facto de que está a ser investigado. Logo a seguir, liga para Carlos Santos Silva, o tal empresário amigo de infância que vem a ser descrito no artigo da revista como uma peça-chave da investigação. Quer que passe em sua casa, tem novidades.

Santos Silva vai ter ao seu apartamento do Edifício Heron Castilho, em Lisboa, e fica lá entre as três e meia e as sete e meia da tarde desse dia 28 de julho, segundo a geolocalização do seu telemóvel. O motorista de Sócrates, João Perna, também sob escuta, é apanhado a dizer ao telefone que o patrão está fechado em casa com o homem que lhe costuma levar dinheiro. À noite, Santos Silva volta à residência do ex-primeiro-ministro e à meia-noite e meia liga a um colaborador próximo, perguntando-lhe se o acordou. Quer saber uma coisa que o outro vai entender, se os cadernos de encargos estão com ele. É uma conversa de meias palavras. Depois de alguma hesitação, o colaborador diz-lhe que os documentos estão no local de trabalho. Meia hora depois encontram-se pessoalmente. Para os investigadores, que acompanham a fuga de informação com preocupação, esta sequência de momentos indica que estão perante uma destruição ou um desvio de provas. Porque é que os suspeitos terão adotado esse comportamento se não há nada de mal para esconder?

Rui Duarte Silva

Com a história de uma alegada investigação e o seu desmentido oficial nos escaparates, agosto de 2014 será de resto, e até ao final, pouco produtivo do ponto de vista do Ministério Público. Quase nada digno de registo. O inspetor Paulo Silva dirá mais tarde que é natural os visados terem tomado algumas cautelas a partir daí. Mas basta ver o que o processo revela sobre o que foi a vida de Sócrates apenas no mês que antecede a sua aparição repentina no “Telejornal” para perceber que há uma extensa e emaranhada circulação de dinheiro mantida às escondidas, fora do radar dos bancos. Afinal, há capitais ocultos?

Seja o que for que esteja na sua origem, o modo aparentemente diletante do ex-primeiro-ministro em lidar com as despesas pessoais, em arranjar sempre novos gastos e em obter mais fundos do amigo Carlos Santos Silva sem necessidade de lhe dar justificações, é tudo menos normal pela experiência que os investigadores têm de outros casos. E as conversas paralelas sobre negócios, encontros e diligências junto de figuras em posições-chave na administração pública ou em governos estrangeiros que vão sendo apanhadas nas interceções telefónicas da Polícia Judiciária só aumentam as suspeitas sobre o perfil de José Sócrates. Que tipo de homem é este, tão predisposto a mover influências pessoais por A ou B e para quem o dinheiro nunca parece ser um problema? Será possível que tenha lucrado ao longo dos anos, enquanto esteve à frente do governo, em troca de ajudar os amigos nos seus negócios?

Sócrates está a ganhar 12.500 euros por mês nesta altura. É mais do dobro do que ganhava antes em São Bento, mas não chega para manter, como mantém, oito pessoas a cargo, não se furtando a nada. É por aqui que a investigação vai. Além do motorista, João Perna, cujo ordenado só é parcialmente declarado, paga por baixo da mesa um salário a uma secretária, Maria João, e sustenta três amigas, com entregas regulares de dinheiro, mais os dois filhos, um deles a viver em Paris, ajudando também a ex-mulher, Sofia Fava.

É um mãos largas. O Ministério Público acumula exemplos tirados do dia a dia. A 3 de julho, depois de ter acabado de transferir 1500 euros como donativo para as obras da igreja da sua aldeia natal, Vilar de Maçada, a ex-mulher liga-lhe da Clínica Malo. Está com um dos filhos no dentista e pergunta se pode pôr o tratamento dos seus próprios dentes na conta do ex-marido. Ele responde que já lhe tinha dito para porem tudo. Apesar de há uma semana e meia já ter transferido cinco mil euros para a conta dela e ela na altura replicar que eram precisos no mínimo dez mil euros na conta em Paris, o correspondente a três meses de renda de uma casa onde o filho e ela estavam a morar.

As contas surgem de todos os lados, mas não dá sinais de se preocupar com isso. Os investigadores andam especialmente intrigados pela cadência que existe entre o desprendimento dos seus gastos e o modo igualmente fácil como consegue obter dinheiro. Andam para trás e para a frente, verificando movimentos bancários do seu círculo próximo e tentando decifrar conversas aparentemente tidas em código. Percebem que existe algo em marcha para pôr um pouco de ordem no desequilíbrio crescente entre os registos oficiais de rendimento e as saídas informais de dinheiro. A 24 de junho, antes de entrar de férias e com o seu saldo bancário desfalcado, a viver já do ordenado do mês seguinte, pergunta às tantas a Carlos Santos Silva se já pagaram “aquela fatura.” O amigo responde-lhe que irá tratar disso assim que voltar do Brasil, onde se encontra. Para a investigação, a pergunta está ligada a um esquema que alegadamente montou durante a primavera de 2014 com Santos Silva e com Paulo de Lalanda e Castro, o seu patrão na multinacional farmacêutica Octapharma, para a qual trabalha como consultor desde o final de janeiro de 2013. Vai passar a receber um segundo salário de 12.500 euros, por uma consultoria prestada a uma pequena empresa pessoal de Lalanda e Castro, a Dynamicpharma.

Segundo a investigação, os três consertaram uma forma de compensar o patrão de Sócrates através de um contrato de 500 mil euros atribuído por uma empresa do Grupo Lena, a XMI, de que Santos Silva é administrador, a uma terceira sociedade de Lalanda e Castro, a Intelligent Life Solutions LLS, com sede em Londres. O ex-primeiro-ministro manda a sua secretária emitir os primeiros recibos do novo salário extra da Dynamicspharma em junho. São relativos a abril e maio, mas como não há meio de o dinheiro lhe cair na conta pede à gestora do banco para usar 20 mil euros de um depósito a prazo da sua mãe e ir assim aguentando o ritmo dos gastos.

E o ritmo é grande. Embora logo a 27 de junho os 24.500 euros dos dois primeiros meses de salário extra apareçam na conta, sendo expectável que Sócrates passasse a gerir as suas despesas com o saldo restabelecido, Carlos Santos Silva regressa do Brasil e a 30 de junho deixa-lhe dinheiro, para o motorista João Perna distribuir durante a tarde pela secretária, Maria João, e por duas amigas de Sócrates, Célia e Lígia. Isso acontece horas depois de Sócrates voltar do Algarve, onde passou uns dias numa quinta em Tavira, começando a negociar com uma agente imobiliária uma oferta de 900 mil euros pela propriedade. Diz-lhe que a quer comprar a meias com um amigo, Carlos, e que estão dispostos a avançar de imediato.

Pelo meio, passam-se outras histórias que Paulo Silva e Rosário Teixeira tomam como relevantes para caracterizar o seu perfil. Sócrates vai aconselhando Afonso Camões, presidente da Agência Lusa, durante as negociações da sua ida para o lugar de diretor do “Jornal de Notícias”, ao mesmo tempo que troca impressões sobre ele e sobre nomes possíveis também para a direção do “Diário de Notícias” com Daniel Proença de Carvalho, presidente da Controlinvest, o grupo proprietário dos dois jornais. As conversas com Proença de Carvalho são de resto frequentes e servem para trocar informações sobre os acontecimentos no Banco Espírito Santo, coisa que também faz com Manuel Pinho, seu antigo ministro da Economia e ex-quadro do BES.

Através de André Figueiredo, seu antigo chefe de gabinete no PS, arranja um encontro com um vogal da administração do Instituto Nacional de Emergência Médica, o INEM, com quem acaba por almoçar a 1 de julho. No relato que faz do almoço ao seu patrão, conta como lhe foi dito que vão afastar um diretor dentro do instituto e como podem colocar uma outra pessoa no seu lugar, mas que é preciso esperar até se verem livres do “tipo” que lá está ainda. Essa pessoa que Sócrates e o seu patrão estão interessados em levar para o INEM é uma irmã do próprio Lalanda e Castro. O administrador da Octapharma está prestes a ir ao Equador e falam das diligências de Sócrates, através do seu antigo assessor económico em São Bento, Vítor Escária, para arranjar um encontro com o Presidente da República, antes de mudarem a agulha para a Venezuela. Há perspetivas de grandes negócios em Caracas, de dezenas de milhões. Sócrates diz que mantém bons contactos no país de Nicolas Maduro e que a ponte com o Equador foi feita com um tipo da Venezuela.

Quanto às suas despesas é que não há sinais de contenção. A maior parte do mês de julho é passada fora de Lisboa. São escutadas as conversas do ex-primeiro-ministro com a namorada de então, a jornalista Fernanda Câncio, em que Sócrates sugere uma ida à ilha espanhola de Formentera, apontando as datas de 8 a 19 de julho. A meio do planeamento, a 4 de julho, Sócrates é informado pela funcionária da agência de viagens a que costuma recorrer, a Top Atlântico, que tem uma dívida para pagar de 13.300 euros (o que acumula com duas dívidas que está a pagar à Caixa Geral de Depósitos de 70 mil euros). Mas não é um problema. Transfere cinco mil euros no momento e o resto diz que liquida na semana seguinte. Entretanto, avança com os planos de viagem. A ideia é irem com Carlos Santos Silva e a mulher, Inês do Rosário. Com o passar dos dias, percebe-se, no entanto, que apesar de a iniciativa ser dele, é Carlos e Inês que tratam de organizar tudo, inclusive a compra das passagens aéreas para os quatro. Embora o casal de amigos só lá vá estar metade do tempo, Carlos paga à cabeça a estadia de 11 noites, transferindo 18 mil euros para o proprietário italiano da casa alugada na ilha, a poucos metros da praia.

Mas o pagamento da estada não é tudo. Na véspera de Sócrates ir para Formentera, a 7 de julho, o motorista recebe uma entrega de dez mil euros de Inês do Rosário. E no dia 11, quando está na ilha, há uma nova remessa de cinco mil euros, combinada com Carlos ao telefone, e recorrendo mais uma vez ao motorista, que ficou em Lisboa. Assim que tem o envelope, João Perna tenta falar com o patrão. Quer saber que destino dar ao dinheiro. Como não consegue, telefona à namorada, pedindo-lhe para deixar o recado de que tem “os documentos”. Quando Sócrates descobre que Perna ligou para Fernanda, irrita-se. São coisas para serem faladas só entre eles. E indica-lhe que os documentos são para entregar a Lígia.

Mal regressa a Lisboa, a 19 de julho, o ex-primeiro-ministro planeia sair de novo o mais depressa possível, agora para o Algarve. Pelo meio, tenta desbloquear com Carlos aquilo que o inspetor considera ser o pagamento do Grupo Lena à Intelligent Life Solutions, perguntando-lhe se já “fez aquilo pelo amigo”. E a 22 de julho pede a Maria João para reservar uma semana no Pine Cliffs. A secretária confirma que consegue um quarto por 630 euros por noite naquele hotel de cinco estrelas. O que significa mais de quatro mil euros por uma semana, a juntar aos 8300 euros que ficou de saldar com a Top Atlântico. No dia seguinte, está em Albufeira com um dos filhos, de onde vai continuando a fazer telefonemas de trabalho.

A 24 de julho, seis dias antes de negar na RTP qualquer ligação à vida empresarial de Santos Silva, assegura ao amigo que vai tratar de estabelecer um contacto relacionado com a Argélia, onde o Grupo Lena está com problemas num contrato e é preciso arranjar um audiência com um ministro.

E é então que acontece a fuga de informação e entram no marasmo de agosto. Paulo Silva e Rosário Teixeira estão convencidos de que, avisado sobre a investigação, o ex-primeiro-ministro terá daqui para a frente muito mais cuidado. Sócrates percebe que o comunicado da procuradora-geral possa ser esquivo. Quando em resposta a uma exposição sua, o gabinete de Joana Marques Vidal lhe escreve que o assunto foi “encaminhado” para o diretor do Departamento Central de Investigação e Ação Penal, “uma vez que se trata do departamento responsável pelo processo de inquérito a que o pedido se reporta, ao qual deverão ser colocadas todas as questões ao mesmo referentes”, o ex-primeiro-ministro envia uma nova carta a 7 de agosto ao cuidado do diretor, o procurador Amadeu Guerra, dando conta de que a revista “Sábado” voltou à carga com o assunto na semana seguinte. Desta vez parece não ter resposta.

No dia 29, com o mês a chegar ao fim, o inspetor dá conta de como o ex-governante mudou os procedimentos de como fazer chegar dinheiro a uma das amigas. Célia liga-lhe a pedir 1500 euros para as propinas da licenciatura que está a tirar, mais mil euros para as suas despesas de setembro, mas ele pede-lhe para ela enviar-lhe o NIB porque é a única forma que tem de lhe fazer chegar o dinheiro, apesar de todas as entregas em envelopes que o Ministério Público foi registando no passado. A seguir, Sócrates telefona para a sua gestora de conta, ordenando-lhe uma transferência de 2500 euros destinada a Célia e frisando-lhe expressamente para escrever como referência “empréstimo”.

Nem tudo, no entanto, parece blindado. Nesse mesmo dia da transferência para Célia, Lalanda e Castro liga a Sócrates para lhe dizer que “a amiga condessa já chegou a Londres”. A investigação vê ali uma frase em código, o que parece ser confirmado três dias depois, já no início de setembro, por um novo telefonema entre os dois. Sócrates diz nesse momento ao patrão que, “uma vez que a condessa já chegou a Londres”, vai pedir à sua secretária para emitir recibos de mais dois salários da Dynamicspharma, relativos a julho e agosto, ao que Lalanda e Castro responde que sim, pode ser. O inspetor virá a cruzar isso com o facto de uma primeira transferência de 125 mil euros ter sido feita pelo Grupo Lena a 25 de agosto para a Intelligent Life Solutions LLS, a empresa do Lalanda e Castro com sede em Londres. Concluindo que, com isso, está assim completo um dos circuitos de fraude e branqueamento de capitais de que Sócrates será indiciado. A investigação, afinal, não está morta.

A 6 de setembro, Sócrates regressa à vida pública com os comentários na RTP, elaborando sobre as eleições primárias no PS que levarão António Costa à liderança do partido dentro de semanas. É o primeiro de nove programas numa temporada que virá a ser interrompida em novembro, com a sua súbita detenção no aeroporto de Lisboa. Sobre o seu caso, nem uma palavra. É como se aquele susto tivesse sido apenas um devaneio de verão.

Texto publicado na edição do Expresso de 14 novembro 2015

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Re: Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #868 em: 2016-01-29 08:41:10 »
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Sócrates novamente sob suspeita por alegados favores ao Grupo Espírito Santo

27 Janeiro, 2016 por ZAP

O Ministério Público acredita que José Sócrates recebeu “luvas” do Grupo Espírito Santo em troca de decisões políticas favoráveis.

Tribunal da Relação reconhece indícios de corrupção contra Sócrates

 http://zap.aeiou.pt/tribunal-da-relacao-reconhece-indicios-de-corrupcao-contra-socrates-99099

Testemunha pode comprometer Sócrates – mas só fala se não for presa

Sócrates na mira da justiça brasileira
 
Estas novas suspeitas na Operação Marquês surgiram no âmbito de transferências bancárias feitas de contas do administrador do Grupo Lena, Joaquim Barroca, tendo como destinatário Carlos Santos Silva, o amigo de Sócrates que é considerado o seu “testa-de-ferro” pelo Ministério Público.

Segundo a SIC, em causa está nomeadamente o chumbo indirecto da oferta pública de aquisição (OPA), lançada pela Sonaecom à Portugal Telecom (PT), em 2006.

Contactado pelo canal, José Sócrates nega quaisquer favorecimentos ao Grupo Espírito Santo, garantindo também que nunca foi abordado pelo MP sobre estas suspeitas.

A estação refere que Ricardo Salgado era contra a OPA, que acabou por ser travada com o voto contra de accionistas como a Caixa Geral de Depósitos, representada na Portugal Telecom por Armando Vara, outro dos arguidos da Operação Marquês.

O ex-governante alega, conforme nota a SIC, que “não indicou qualquer sentido de voto à Caixa Geral” e que “a única vez que usou a goldenshare foi para travar a venda da Vivo, contra a vontade do Grupo Espírito Santo”.

Em nome do GES, os advogados de Ricardo Salgado salientam que esta informação de eventuais favorecimentos “é absolutamente falsa”.




« Última modificação: 2016-01-29 08:41:25 por Batman »

deMelo

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Re: Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #869 em: 2016-03-07 14:57:11 »
Ontem estive a ver na CM TV, das 00h00 às 01h30.... "fim da censura" sobre o Sócrates.

Curiosamente hoje não vejo noticias sobre nada do que vi ontem.

Sonhei acordado? Alguém viu também?

É que não vejo referências em lado nenhum. ???
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Paquinho

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Re: Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #870 em: 2016-03-07 15:31:15 »
Pois. Parece que este caso não interessa a ninguém. O Octávio Ribeiro na edição de Sábado (que recupera tudo aquilo que ficou para trás) refere isso mesmo.

Será que, afinal, o CM é mesmo o único jornal decente que temos?
« Última modificação: 2016-03-07 15:31:32 por Paquinho »

kitano

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Re: Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #871 em: 2016-03-07 21:06:19 »
Ontem estive a ver na CM TV, das 00h00 às 01h30.... "fim da censura" sobre o Sócrates.

Curiosamente hoje não vejo noticias sobre nada do que vi ontem.

Sonhei acordado? Alguém viu também?

É que não vejo referências em lado nenhum. ???

Eu vi agora, também me falaram. Fiquei maluco...
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Deus Menor

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Re: Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #872 em: 2016-03-07 21:24:59 »
O problema é que , ao puxar-se o novelo, começa-se a ver que muita gente tem o rabo preso...
mesmo os que se pensava que não...

deMelo

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Re: Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #873 em: 2016-03-08 10:19:41 »
Mas isto é mesmo escandaloso...

As escutas que eu ouvi, tanto do juiz com o Sócrates, como das conversas do Sócrates com os "amigos", vão de certeza iluminar muitas pessoas que andavam enganadas.

Incrivel como é que não houve replicas dessa reportagem em mais lado nenhum. Parece que está tudo abafado.
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Automek

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Re: Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #874 em: 2016-03-08 10:38:47 »
Calma, o CM agora deve querer vender isto em pequenas prestações diárias. No fim de semana o o focus estava no futebol mas hoje (re)começou (e já sexta feira tinha tido qualquer coisa).



« Última modificação: 2016-03-08 10:39:18 por Automek »

Paquinho

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Re: Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #875 em: 2016-03-08 12:10:09 »
Depois das reacções do deMelo e do Kitano fui ver o programa. Tem tanto tanto sumo que é uma vergonha mais ninguém falar nisto. É inacreditável.

Gostei especialmente da parte em que a Fernanda Câncio tenta convencer o Sócrates a comprar uma casa no Chiado por €3milhões. Peanuts para um ninho de amor à medida do ex-pm. Não posso ir lá que o CM faz logo notícia disso, responde o Sócrates...  :D

kitano

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Re: Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #876 em: 2016-03-08 12:25:13 »
A forma como as mulheres lhe pedem dinheiro...dá para ter pena do homem
"Como seria viver a vida que realmente quero?"

Deus Menor

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Re: Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #877 em: 2016-03-08 12:31:39 »

Não eram só mulheres a pedir... o peditório generalizado era a forma de control sobre
essas pessoas: uma pessoa dependente é segura.

deMelo

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Re: Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #878 em: 2016-03-08 12:37:54 »
Eu estou muito surpreendido com a imprensa.

Eu vi isso e pensei que estava a ver algo incrível... brutal. Algo que ia dominar os noticiários dos próximos dias...

Mas ao outro dia acordo, e não vejo nada nos jornais, nem nos noticiários. Cheguei a pensar que tinha sonhado.... ou que tinha entrado noutra dimensão do Hitchcock.

Afinal não.... está gravado e já houve mais gente a ver.  :-\
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Automek

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Re: Sócrates detido há pouco no aeroporto de Lisboa
« Responder #879 em: 2016-03-08 12:39:38 »
A NOS não dá para voltar atrás no canal do CMTV. Só se houver alguma coisa no youtube, sapo, vimeo.
Eu não sei do que se trata.