Julgava que isto ja nao existia em Portugal , pelo menos a este nivel...
«Sinto-me confuso e com medo» - Uchebo
14:06 - 21-11-2016
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Na sequência das últimas notícias, e com as posições entre o jogador e o Boavista a extremarem-se, o Sindicato dos Jogadores promoveu, ao final da manhã desta segunda-feira, uma conferência de Imprensa para tomar uma posição pública e esclarecedora, com a presença do nigeriano Uchebo que, na primeira pessoa, relatou os factos.
Apesar dos quase dois metros de altura, Uchebo apresentou-se de semblante carregado e visivelmente fragilizado emocionalmente. O nigeriano quis, publicamente, esclarecer o que tem vivido no Bessa, sendo que não recebe os respetivos salários desde abril e, entretanto, o clube proibiu-o de se treinar com o plantel e usar as instalações.
«Apenas posso ir ao ginásio e apesar de já ter pedido inúmeras vezes nem um plano de treino me dão. Já fui empurrado e ameaçado por um funcionário do clube. E quando pergunto ao presidente Braga e ao Fary o que se passa, a única coisa que me dizem é «You just go». Sinto-me confuso e com medo», contou, com as lágrimas nos olhos.
O avançado, de 26 anos, tem contrato até final da época 2016/2017, e desde janeiro que tem sido abordado para rescindir contrato, mas a proposta dos axadrezados não tem agradado ao nigeriano: «Ofereceram-me um mês de salário para me ir embora. Amo o Boavista e os adeptos, não compreendo porque me estão a fazer isto. Deixaram de me pagar o salário, não pagam a renda de casa e até já fiquei sem luz.»
O Sindicato dos Jogadores já acionou o fundo de garantia salarial para dar condições mínimas ao jogador, assim como lhe presta auxílio jurídico e pessoal.
Sobre o porquê de ter feito um vídeo com o telemóvel, registando o momento em que, dentro das instalações do Boavista, não o deixar entrar, Uchebo foi claro: «Fiz o vídeo para minha própria segurança. Estavam a empurrar-me, a puxar-me e a ameaçar dar um murro.»
O jogador diz que continuará a ir diariamente ao Bessa para treinar-se e Joaquim Evangelista deu-lhe alguns conselhos depois do que se tem passado: «Já lhe disse que ele tem muita coragem, é destemido e corre riscos porque, às vezes, os adeptos não compreendem a situação. Ele até já jogou lesionado, tem carinho pelo clube, mas terá que ter algumas reservas e não se expor tanto.»
O caso já está nas mãos da FIFA, contudo, o presidente do Sindicato dos Jogadores, Joaquim Evangelista, apela ao bom-senso dos dirigentes do Boavista para encontrar uma rápida solução.
«A censura pública por vezes é mais grave do que uma punição. O Sindicato tem mantido contacto com o presidente e advogada do Boavista e continuamos disponíveis, mas não basta só serem simpáticos, o Boavista tem de apresentar uma proposta concreta ao Uchebo. O próprio Fary que também já foi jogador tem de ser mais compreensivo com esta situação. Quando se deixa de ser jogador e passa a dirigente não se podem criar barreiras», realçou Joaquim Evangelista, deixando ainda um aviso:
«Gestão desportiva não é isto! As épocas e janelas de mercado de transferência têm de ser bem planeadas. Mas o que mais incomoda o Sindicato é que isto é feito de forma calculada. Aproveito para dizer que há mais clubes que estão a fazer esta pressão junto de jogadores com quem querem rescindir e ainda não tornámos essas situações públicas, mas fica aqui o aviso, sabem bem quem são, arranjem soluções rápidas!»