Livraria Trimdade..
Unilateralmente despejados!
Em meu nome e em nome do meu pai, João Trindade e do nosso negócio que já vai na 3ª geração, Livreiro / Antiquário — Trindade, Rua do Alecrim, 32-36.
Os meus avós eram antiquários e alfarrabistas, conhecimentos que passaram e progrediram na nossa família. Provavelmente, a família que há mais tempo está neste negócio e que teve a sua origem em frente do Mosteiro de Alcobaça na década de 30 do século XX com os meus avós.
Em 2013, depois de estarmos há mais de 30 anos neste local, renda foi atualizada ao abrigo do novo regime de arrendamento (5 anos), não negociável, um novo contrato surgiu fazendo tábua rasa do anterior contrato. A lei cumpriu-se.
Entretanto, recebemos uma carta no dia 11 de janeiro a informação sobre a conclusão do contrato, com saída no final de setembro do presente ano, apesar dos contactos que fizemos, não há por parte do senhorio qualquer possibilidade negocial. Metade da rua vai ser despejada!
Achamos que este negócio tem história e tem carisma, não há quem em Lisboa não conheça a rua do Alecrim com os seus alfarrabistas e com os seus antiquários.
Um turismo de massa arrasa com os centros históricos e faz com que as cidades se tornem todas iguais, com as mesmas lojas e com os mesmos produtos em todo o lado. Os grandes grupos financeiros podem fazer agora o seu festim e acabar com aquilo que era único em Lisboa.
Barbearias, oficinas de materiais para a navegação, mercearias, casas de penhor, tabernas e restaurantes tradicionais, mercados de flores e de produtos hortícolas, serralharias, floristas, etc.
Fica a aparência de uma cidade que já foi plural e distinta, e que, presentemente se verga a uma única actividade, o turismo. Quem visita Lisboa vê uma casca, o que lhe dava a vida, já desapareceu ou vai desaparecer.