Qual é a série causal de inflação numa economia
que a especulação imobiliária é acusada de gerar?
Se um imóvel é vendido mais caro do que o que vale
e pode render, porquê isso não se limita a ser
uma vantagem particular suportada
por um prejuízo particular?
Por que os bancos são quem acarreta com o prejuízo?
E porquê a contabilidade fiscal não impõe a constituição
prudencial de provisões que acautelem as imparidades previsíveis?
Se um imóvel é vendido muito caro, quem o vendeu fez uma bela mais-valia e ficou mais rico e com mais capacidade de gastar. Isso alimenta a inflação. Também alimenta uma série de negócios à volta: o avaliador, a companhia de seguros que faz o seguro de vida, a clínica que faz os exames para o seguro, o agente imobbiliário, o notário, o pintor, as empresas de mudanças e as lojas de móveis e decoração. Isso alimenta a inflação.
Quem compra, pensa que fez uma boa compra e que vale tanto ou mais do que aquilo que despendeu (depois de ver meia-dúzia de outros à venda tão ou mais inflacionados).
Por outro lado, todos os outros proprietários de imóveis vão-se considerar mais ricos. Alguns põem os imóveis à venda e já estão a contar com o ovo no cu da galinha pelo consideram que podem perfeitamente ir de férias para as Caraíbas.
Quando a bolha desinsufla, todos estes proprietários se vão sentir mais pobres. Nalguns casos, se tivermos em conta o que devem ou banco, pouco ou nada sobra. Nessa altura dá-se o efeito de deflação.
Quanto às provisões dos bancos, são mais do que suficientes quando o mercado está normal. Mas sempre poucas quando as bolhas rebentam. Aos governos interessa sempre que a bolha se mantenha a inchar até às eleições seguintes.