A importância da nacionalidade Espalhou-se pela Europa com os exércitos de Napoleão e foi consolidada pelo Romantismo como a expressão “natural” dos vários povos. Nem sempre era óbvio quem pertencia à nação, pelo que muitos governos criaram programas universais de educação para formar todos os cidadãos na mesma norma linguística e historiografia nacional. Acreditavam os ilustrados oitocentistas que o equilíbrio político e a paz universal resultariam de outorgar a cada nação o seu governo, mesmo se para tal fosse inevitável o derramamento de sangue no curto prazo. A escalada de violência culminou na Primeira Grande Guerra. Aquela que ia acabar com todas as guerras.
Nove a quinze milhões de mortos depois, a Primeira Guerra chegou oficialmente ao fim com a rendição e a repartição de muitos territórios dos impérios derrotados – Alemanha, Áustria, Turquia e Rússia. O critério aproximado foi a nação ainda que todos os países encerravam minorias importantes. Dado que não podiam ser impérios, Turquia e Rússia procuraram ser nações. Na Turquia, os governos limparam etnicamente a Anatólia de cristãos (gregos, arménios e assírios) à força de marchas e massacres. Na Rússia a transformação foi ainda mais devastadora.
na segunda guerra
setenta a oitenta e cinco milhões de mortos depois, a Segunda Guerra Mundial chegou oficialmente ao fim. Desta vez, ajudados pelas circunstâncias, os Aliados aplicaram um plano muito mais radical. Com a excepção da URSS, que reclamou significativos ganhos territoriais, as fronteiras europeias ficaram praticamente iguais. Quem se mudou foram as pessoas. As movimentações forçadas começaram ainda durante a guerra: a Bulgária mandou 160 mil turcos para a Turquia; checoslovacos e húngaros acordaram trocar 120 mil pessoas entre si e também houve trocas entre romenos e húngaros, polacos e lituanos, checoslovacos e ucranianos. Depois da guerra, dois milhões de franceses, 700 mil italianos, 350 mil checos, 300 mil holandeses e 300 mil belgas voltaram aos seus países. Quatro milhões de judeus abandonaram a Europa. Cerca de dois milhões de cidadãos soviéticos voltaram à URSS. Dois milhões de polacos foram obrigados a abandonar as regiões entretanto ocupadas pela URSS (hoje em dia na Ucrânia e Bielorrússia) e recolocados em territórios retirados à Alemanha. Mas a maior deportação foi a de treze milhões de alemães, expulsos da Europa Central e Oriental, e enviados à Alemanha, que passou a terminar a 100 km da Porta de Brandemburgo.
e malta quer sejam todos alinhados....andam fumar coisas, isto nem tem 100 anos
O resultado de todas estas deportações e emigrações foi que a Alemanha passou a estar povoada por alemães. A Polónia, cuja população era 68% polaca em 1939, passou a ser essencialmente e apenas polaca. A Checoslováquia que antes do Acordo de Munique tinha uma população com 22% de alemães, 5% húngaros, 3% de ucranianos e 1,5% judeus, era agora constituída exclusivamente por checos e eslovacos. O resultado foi uma Europa muito mais “arrumada” etnicamente. Quando se diz que a partir de 1945 a Europa conseguiu finalmente viver décadas de paz, ignora-se o pesadelo de milhões de pessoas em movimento num continente arrasado pela guerra que possibilitou esse sonho: uma Europa composta por estados-nação. As excepções eram a Jugoslávia e a URSS.
russia e ultima nacao multicultural europa..basicamente
A nova Rússia continuava a ser um estado multinacional que, curiosamente, tinha menos afinidade étnica com algumas regiões internas que com algumas das antigas repúblicas, como a Bielorrússia ou a Ucrânia. A independência destes últimos não era uma preocupação imediata. Os seus governos eram culturalmente russos e continuavam politicamente próximos de Moscovo.
Mas o tempo foi passando e na Ucrânia uma identidade nacional começou a brotar, pelo menos na metade Ocidental do país, que olhava com anseio para Bruxelas e receio para Moscovo
Quando o governo pró-russo foi expulso, Moscovo percebeu que as coisas tinham mudado. Rapidamente ocupou a Crimeia e ajudou à criação e manutenção de movimentos separatistas da parte Oriental do país. Durante oito anos o Ocidente simplesmente quis ignorar a situação pensando que fronteiras claras são sinónimo de estabilidade política. Mas, gostemos ou não, na Ucrânia não existiram fronteiras até 1991. Durante mais de um século milhares de camponeses russos emigraram para as cidades industriais ucranianas. No início do século XX, nos grandes centros urbanos, a maioria, ou quase maioria da população da Ucrânia era russa (54% em Kiev, 63% em Kharkov, 49% em Odessa, 63% em Sebastopol, etc.). O facto de os dois países fazerem então parte do mesmo estado, levou muitos descendentes de russos a assumir com indiferença a nacionalidade ucraniana, da mesma forma que muitos filhos dos “charnegos”, os emigrantes andaluzes na Catalunha, se afirmam catalães, alguns inclusivamente independentistas. Desde 1996, só o ucraniano é reconhecido como língua oficial do país, mas o russo continua a ser a língua franca na região. Numa sondagem Gallup em 2008, 83% da população inquirida preferiu responder em russo.
isto ja da nao fazer fronteiras.... nem troca de povos em 2022....
A Guerra dos Balcãs nos anos 90, considerada por muitos o primeiro conflito na Europa do Pós-Guerra Fria, foi em realidade o último na demolição do equilíbrio político arquitectado pelos vencedores da Primeira Grande Guerra. Aquando da dissolução da Jugoslávia voltaram à Europa as limpezas étnicas.
o que e russia ...foi ultima.... da europa a cair ao estado nacao
russia e ucrania como foram ultimas aderir modernice do estado nacao.... ja tem povo todo misturado
Não é possível voltar às fronteiras de 2013 sem derramar o sangue de milhões de civis. A opinião pública ocidental opinará que os russos que vivem na Ucrânia o merecem, como expiação dos pecados de Putin. Não percebem que passar a ser cidadão russo já é expiar esses pecados. Essa atitude, olhar com indiferença a tragédia de mais de 4 milhões de pessoas na Jugoslávia por causa de umas linhas imaginárias nos mapas dos atlas nas suas estantes, é a que está a alimentar uma guerra mundial. Uma a que já nos estão a levar e só os mais distraídos ainda não perceberam.