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Autor Tópico: Grécia sem gasolina nas estações de gasolina - Política e Economia  (Lida 53567 vezes)

hermes

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Em primeiro lugar, como já disse atrás, o mecanismo dos juros associado ao crédito representa uma transferência líquida dos devedores (que pagam juros da dívida) para os aforradores (que recebem juros dos depósitos).

Caso não saibas, a Madre Teresa de Calcutá já morreu.

Na prática, isto significa que o dinheiro flui de quem menos tem para quem mais tem, e tal é considerado perfeitamente normal no sistema monetário vigente.

Qq banqueiro, que queira manter-se na sua profissão, só empresta a quem já "tem" e cobra os seus honorários [i.e. juros] por esse reconhecimento. Assim uma pessoa como esta



não precisa de convencer o merceiro, o barbeiro, o alfaiate e o senhorio que a sua dívida é digna de crédito. Apenas precisa de "convencer" um banqueiro a assinar por baixo. O que o banqueiro faz não é outra coisa senão reconhecer se a pessoa à sua frente é como se já tivesse esse dinheiro [i.e. tem a capacidade de o ganhar] e se tem o carácter para lhe pagar pelo serviço de lhe emprestar dinheiro do seu bolso e pô-lo em jogo.

É este o modelo de negócio de um banqueiro e o J.P. Morgan explica-o bastante bem no seguinte testemunho:

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Untermyer: "Is not commercial credit based primarily upon money or property?"
Morgan: "No sir. The first thing is character."
Untermyer: "Before money or property?"
Morgan: "Before money or property or anything else. Money cannot buy it...because a man I do not trust could not get money from me on all the bonds in Christendom."
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Incognitus

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Não podes ver os juros como lucros, porque simultaneamente são produzidos depósitos remunerados, e uma parte do crédito incumpre. Ou seja, grosso modo os lucros seriam a margem financeira (diferença entre os juros recebidos e os pagos) - custos de funcionamento da coisa - imparidades. Não é sequer linear que o número final seja positivo.
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hermes

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Obviamente, o banqueiro (ou o banco) NÃO empresta dinheiro do seu bolso (nem dos seus cofres ou reservas), simplesmente porque o cria (do nada!) a partir do próprio ato da concessão do crédito!

É verdade que os banqueiros estão alavancados. Agora a afirmação de não emprestarem o dinheiro do seu bolso [i.e. das suas reservas] é tão óbvia, que até os bancos vão à falência por falta de reservas [por exemplo o Lamer Brothers]!

Citar
Concessão de crédito por um banco cria nova moeda na economia

É muito mais do que isso. O banco está a reconhecer que a dívida do indivíduo é digna de crédito e que este tem o carácter para a pagar e que por isso a dívida deste é fungível com a dívida dos outros indivíduos [incluindo estados] que satisfazem estas condições. Por pôr as suas reservas em jogo [e potencialmente pôr-se em trabalhos (mesmo os melhores planos de negócio nem sempre funcionam)], o banco cobra juros por esse trabalho.

Não sei se te dás conta de quão extraordinárias são estas duas afirmações ditas pela mesma pessoa em duas mensagens consecutivas:

Em primeiro lugar, como já disse atrás, o mecanismo dos juros associado ao crédito representa uma transferência líquida dos devedores (que pagam juros da dívida) para os aforradores (que recebem juros dos depósitos). Na prática, isto significa que o dinheiro flui de quem menos tem para quem mais tem, e tal é considerado perfeitamente normal no sistema monetário vigente.

Esta citação pertence a um livro recente (2012), escrito por 3 economistas portugueses − Emanuel Reis Leão, Sérgio Chilra Lagoa e Pedro Reis Leão. Nele se explica em grande pormenor o mecanismo da criação de moeda pela banca comercial, pelo que não precisamos de recuar 100 anos no tempo até ao aparecimento do FED. Ah! sem esquecer que o dólar perdeu cerca de 96% (!) do seu valor, desde então até agora... será isto um sistema monetário credível e de confiança? No way, man!!!

Não obstante tal mostrar precisamente como o sistema actual favorece largamente os devedores sobre os aforradores, o que não é surpreendente, pois os devedores é quem mais ordena enquanto os aforradores continuarem a poupar na moeda dos devedores.

Naturalmente que o apoio por parte dos aforradores ao sistema vigente é inadvertido, pois a forma como os devedores gastam as poupanças aforradores não é feita de forma ostensiva, mas sim pela calada da inflação. Porém a selecção "natural" leva à extinção dos aforradores que poupam na moeda dos devedores, devido aos segundos comerem a fonte de sustento dos primeiros. É por isso que eu digo: "Se os devedores detestam este sistema, vão odiar o próximo"!
« Última modificação: 2013-01-13 15:00:47 por hermes »
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A única coisa que eu defendo acerrimamente é a necessidade de produzir para os outros para dos outros obter produção, como base para a nossa sociedade (ainda que muito encoberta por montanhas de sistemas diferentes).
 
De resto, só vou avisando que no meio dessa tua investigação do sistema monetário actual, vais absorvendo alguns pressupostos que estão errados, como aquele do juro = lucro que clarifiquei atrás. Em todo o caso e evolua a coisa para onde evoluir, é pouco provável que ela dê cabo daquilo que eu defendo acerrimamente. Conceptualmente poder-se-ia muito no futuro ter máquinas a fazer tudo, inclusive outras máquinas, de forma autónoma, de forma a que ninguém necessitasse de trabalhar e portanto que ninguém tivesse realmente que produzir para os outros para obter produção. Aí a sociedade necessitaria de um modelo diferente para se organizar, tal como o advento da agricultura impôs o presente modelo. Mas isso para já ainda está muito no futuro - não é algo possível hoje.
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Não vejo como alguém pode discordar dessa óbvia “necessidade de produzir para os outros para dos outros obter produção”, de resto essa é inclusiva uma premissa económica marxista − “De cada um segundo as suas capacidades, a cada um segundo as suas necessidades” − bem, pelo menos a primeira parte da tão citada afirmação. A questão central não está na ética do trabalho, mas antes na sua negação inerente ao funcionamento anómalo do próprio sistema monetário em si... that is the real problem!

Não, essa frase não implica a necessidade da troca, não vê que uma parte substancial da produção ("de cada um com as suas capacidades") só existe devido à necessidade da troca e desaparece na ausência dessa necessidade.
 
Quanto à produção cada vez mais automatizada, ainda estamos longe da possibilidade de ninguém trabalhar, quase metade de todas as populações produz. E uns 60-70% no intervalo de idades apto para o fazer.
« Última modificação: 2013-01-13 19:01:56 por Incognitus »
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“Na Grécia, se não pusermos um envelope nas mãos do médico a cirurgia é adiada”
Romana Borja-Santos
16/01/2013 - 07:36
 

“Se não tomarmos as medidas certas na saúde vai haver uma revolução na Grécia”
John Yfantopoulos é professor da Universidade de Atenas Enric Vives-Rubio .
 

Desde que a crise estalou na Grécia e que o país assinou o primeiro memorando de entendimento com a troika (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia), em Maio de 2010, vários têm sido os sinais de que o sistema de saúde grego pode estar a colapsar. Financiados pelo Orçamento do Estado e pela Segurança Social, os serviços têm dificuldade em dar resposta à crescente procura, sobretudo com a perda da contribuição por parte dos desempregados, que deixam de ter acesso a cuidados de saúde gratuitos após um ano sem emprego. O economista da saúde grego John Yfantopoulos, professor da Universidade de Atenas, esteve nesta semana em Lisboa para participar na conferência “A crise económica e os sistemas de saúde”, organizada pela Associação Portuguesa de Economia da Saúde. Numa entrevista ao PÚBLICO fez um relato de um país onde não param de crescer os números de infecções por VIH, os suicídios e o consumo de drogas. E aponta uma culpada que tem minado todas as tentativas de mudança

O que mudou no sistema de saúde e na saúde dos gregos com a crise e assinatura do memorando de entendimento com a troika?
Avaliar os impactos das medidas é um trabalho que temos feito na Universidade de Atenas. Estimamos que em termos de estado de saúde os efeitos da crise estão a ser fortes. Ao utilizarmos indicadores agregados como a esperança média de vida ou a taxa de mortalidade infantil percebemos que têm vindo a piorar com a crise económica. Na década de 1950 havia uma mortalidade de cerca de 50 por cada mil nascimentos. Este valor ao longo dos anos teve um decréscimo considerável, até chegar aos 3,7 por cada mil nascimentos e agora pela primeira vez cresceu para 4,3. Podem dizer que não é um grande incremento, mas a verdade é que foi entre os mais pobres, os socialmente excluídos e os grupos marginais. Neste momento um parto custa para qualquer pessoa entre 1000 e 2000 euros, pelo que o número de nascimentos também está a cair bastante. Os casais novos estão a adiar a vinda de um filho e a população grega está a encolher.

São as medidas de austeridade que estão a destruir o sistema de saúde da Grécia?
Destruir é uma palavra demasiado forte. As medidas estão a tentar melhorar, pois temos um sistema de saúde muito corrupto e com muita influência dos políticos. O sistema precisava que fosse introduzida alguma racionalidade. A troika pediu ao Governo grego três coisas: que especifique os objectivos e a estratégia política, que os quantifique e que introduza algumas análises de custo-efectividade. O problema do memorando é que só se foca no lado financeiro e económico e deixa de lado as implicações sociais, porque estas medidas estão a criar grandes iniquidades. Precisamos de um pensamento mais social para compensar os efeitos nas medidas.



Precisamos de trabalhar num pacote de serviços mínimos para garantir que os mais pobres têm acesso ao essencial
 
Mas a informação que chega é que o acesso aos serviços de saúde está cada vez mais comprometido e que, à semelhança de Portugal, o aumento das taxas moderadoras estão a gerar grandes dificuldades.
As admissões nos hospitais públicos cresceram cerca de 20%, porque houve uma grande redução no que é prestado no sector privado. Até agora a nossa despesa pública em saúde correspondia a cerca de 55% e a privada a 45%. As taxas moderadoras e os co-pagamentos estão certamente a gerar problemas e penso que precisamos de trabalhar num pacote de serviços mínimos para garantir que os mais pobres têm acesso ao essencial. É preciso garantir uma espécie de seguro mínimo. Isto porque há obstáculos que muitas vezes não são visíveis e que privam as pessoas dos serviços. Os doentes entram no sistema mas a partir do momento em que entram têm de pagar quantias avultadas e a qualidade do serviço é questionável...

Está novamente a referir-se à corrupção? É preciso subornar para ser atendido?
Sim. Os gestores hospitalares na Grécia são políticos falhados e membros de partidos políticos sem qualquer tipo de conhecimento de como devem gerir grandes hospitais. Precisamos de profissionais e não de políticos para combater a corrupção e a economia paralela. Os casos de corrupção acontecem mais em cirurgias. Se não pagarmos por baixo da mesa ou se não pusermos um envelope nas mãos do médico vemos que a cirurgia não é propriamente recusada mas é sucessivamente adiada. E os mais velhos e os mais jovens são os que estão a pagar mais, pois são os que já não têm ou os que ainda não têm uma posição social confortável. Chamamos-lhe uma inversão da teoria do Robin Hood, em que não me pedem dinheiro a mim que sou professor universitário e que já tenho a minha posição social, mas que pedem por exemplo a agricultores que não têm uma rede de conhecimentos.

As barreiras no acesso também estão a acontecer em doenças graves? E porque estão a faltar medicamentos nas farmácias?
Sim, em qualquer cirurgia há barreiras. Nos casos de oncologia os medicamentos são gratuitos mas o acesso é cada vez mais complicado. Como o Governo não paga às farmácias ou se atrasa muito, estas recusam-se cada vez mais a fornecer os medicamentos a não ser que o doente os pague. Há farmácias a encaminhar pessoas do norte para o sul do país e a por vários obstáculos. É preciso que se faça mais negociação com evidência científica. Não podemos continuar a ter discussões sentimentais. Com a crise a academia tem de intervir e de dar factos claros e elementos sociais.

Também já há laboratórios a recusarem-se a vender aos hospitais. Como tem sido a relação entre o Governo e a indústria?
A indústria farmacêutica comprometeu-se a ajudar a reduzir a despesa pública com medicamentos e tomaram algumas iniciativas. Para ter uma ideia um dispositivo médico para uso cardíaco antes custava três mil ou 3500 euros, sendo que uns mil ou 1500 iam directamente para o bolso do cardiologista. Agora o preço é de uns 500 euros. Mas como o Estado está a atrasar-se, muitas farmacêuticas na Grécia pararam ou recusam-se a fornecer medicamentos para doenças crónicas, como o cancro, a asma ou a diabetes sem ser contra-pagamento, o que teve implicações automáticas na deterioração do estado de saúde destas pessoas.

Há farmácias a recusarem-se a fornecer os medicamentos a não ser que o doente os pague
 
Quem são os mais afectados?
Houve uma deterioração do estado de saúde reportado pelas pessoas e da qualidade de vida, em especial das gerações mais novas. Encontramos níveis muito elevados de ansiedade e de depressão relacionados com o desemprego. É um problema quando 60% da população mais jovem está a sofrer de ansiedade e depressão. Com estes dados quais serão os pilares e as fundações da nossa sociedade? Sabe o que dizemos aos nossos estudantes na universidade enquanto professores? Saiam do país assim que possível.

Têm também feito cortes nas verbas para combater várias patologias e viram crescer o número de infecções por VIH/sida, os suicídios, o consumo de drogas...
As infecções por VIH são um problema. Como muitos dos programas na área da toxicodependência estão a ser cortados e as pessoas que estejam infectadas com VIH têm prioridade, há muita gente a infectar-se de propósito para ter acesso aos benefícios sociais e a programas de metadona. O acesso aos tratamentos está a ser muito limitado para quem não tem conhecimentos. A saúde pública é uma área em que precisamos de trabalhar mais e mais.

Se fosse ministro da Saúde que alterações propunha?
Se fosse ministro da Saúde fazia três coisas. Apostava na transparência pois os cidadãos gregos têm o direito de conseguir ver na Internet o que está a acontecer no sistema. Os ministros têm propositadamente escondido estas informações. Se os nossos resultados são publicitados sentimo-nos mais responsáveis pelos nossos sucessos e pelos nossos fracassos. Apostava também na prescrição electrónica para acabar com a corrupção no sector farmacêutico. Neste campo estamos a fazer trabalho e já temos bons sinais. Por último, defendo que temos de ter profissionais no sistema. Este tem sido demasiado politizado. Todas as pessoas são membros de partidos com pensamentos estalinizados.

Há muita gente a infectar-se por VIH/sida de propósito para ter acesso aos benefícios sociais

Se nada for feito ou o caminho continuar a ser o mesmo como imagina o sistema de saúde grego daqui a cinco anos?
Revolução. Acho que a resposta final passa pela música de John Lennon “you say you want a revolution...”. Se as medidas certas não forem aplicadas vamos ter uma guerra interna o que é realmente assustador. Sofremos tanto com os políticos, as desigualdades, as ineficiências e a corrupção... Eles têm aumentado a catástrofe do país. O que precisamos é de bons políticos que consigam levar o país para fora da crise. Se isso não acontecer, se não tomarmos as medidas certas na saúde, uma revolução vai acontecer. Se não fizermos as reformas toda a sociedade vai colapsar.

E qual tem sido a resposta da sociedade grega aos problemas? Há uma crise de valores?
Quando temos uma crise económica como a nossa já é uma crise de valores. Será que as pessoas estão a ficar apáticas ou será que estão a ajudar, que a solidariedade está a crescer? Das nossas evidências podemos ver que a solidariedade está a perder cada vez mais importância. As pessoas estão cada vez mais fechadas nas suas famílias a tentar resolver os problemas vitais da sua sobrevivência e não os gerais. Há muitas iniciativas altruístas mas esporádicas e não propriamente sistemáticas.

Em Portugal existe a sensação de que a Grécia pode ser o nosso espelho. Que imagem tem das reformas portuguesas, sobretudo na área da saúde?
Acredito que há elementos que nos distinguem de Portugal. Ambos tivemos distorções políticas nos nossos sistemas, mas a administração pública portuguesa é mais sólida e qualificada e o sistema de saúde partiu de uma base melhor. Além disso, não há tantos políticos corruptos em Portugal. A sociedade portuguesa está muito mais avançada em termos de administração pública, políticos, população jovem e académicos.


http://www.publico.pt/sociedade/noticia/na-grecia-se-nao-pusermos-um-envelope-nas-maos-do-medico-a-cirurgia-e-adiada-1580827

karnuss

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Da série “ai aguenta, aguenta…”

Uma estimativa diz que o rendimento médio dos gregos caiu aproximadamente 40%. Sabe-se que o PIB per capita caiu para aí 30%. Portanto, não deve ser muito errado. São proporções da Grande Depressão. É isto a desvalorização interna. Isto é sair do euro sem sair do euro. E a questão para a Grécia (e para nós também) agora é muito simples: ou isto devolveu muita competitividade e o crescimento espreita, ou estamos mal. Continuar a esmagar salários (outros 40%, 30% ou 20%) é solução? Acho que não. Mas a verdade é que cada vez sei menos o que é política, social e economicamente aceitável: uma queda média de 40% do rendimento já me teria parecido inaceitável. Apesar de tudo, continuo a achar que a Grécia não aguenta a continuação disto. Mas isso sou eu, que venho doutro tempo. Se calhar, aguenta.


http://crisecronica.wordpress.com/2013/02/07/da-serie-ai-aguenta-aguenta/

Incognitus

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É um bocado absurdo pensar-se que a queda do rendimento não continuará até que o consumo se equilibre com a produção (ou seja, que deixe de existir desequilíbrio externo). Pouco importa se aguenta ou deixa de aguentar.
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É um bocado absurdo pensar-se que a queda do rendimento não continuará até que o consumo se equilibre com a produção (ou seja, que deixe de existir desequilíbrio externo). Pouco importa se aguenta ou deixa de aguentar.

Cairá enquanto for "política, social e economicamente aceitável". O aceitável é que tem graus de variância...

Incognitus

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Cairá até para lá do politicamente aceitável ... é esse o ponto. Cairá até se equilibrar, seja aceitável ou não, aguente-se ou não.
 
Se uma nação não produz o suficiente, a coisa cai até andarem putos com a barriga inchada na rua. É portanto desejável adoptar um sistema em que se produza o suficiente.
« Última modificação: 2013-02-08 13:14:01 por Incognitus »
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Também é desejável que uma nação da UE, por mais erros passados que tenha cometido, não seja deixada cair até tal ponto de indigência. A menos que as restantes nações europeias digam explicitamente "adeus, vamos deixar-vos cair, portaram-se mal e por isso merecem tudo o que de mau vos está a acontecer... passem bem". Mas se os querem manter na UE e no Euro, algo terá de ser feito antes de vermos na ruas gregas "putos com a barriga inchada na rua". Porque nessa altura não vai haver qualquer possibilidade de crescimento económico virtuso (o tal sistema em que se produza o suficiente), e passamos a estar em África.
« Última modificação: 2013-02-08 13:23:38 por karnuss »

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A Grécia produz o suficiente para que tal não aconteça. O exemplo serve apenas para ilustrar que não existe um nível "politicamente aceitável" ao qual as coisas estabilizam antes de chegarem ao nível ditado pela produção.
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Zel

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um ajustamento dentro do euro eh muito mais destrutivo do que um ajustamento com moeda propria, nunca se fala que a divida no euro nao acompanha a "desvalorizacao" dos rendimentos

 

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olhando para a Argentina não é isso que realmente acontece. Agora estão atrapalhados com a inflacção nos 30%.

Importante é reformular a economia para produzir com competitividade, a Coreia do Sul e a Rússia são bons exemplos.
“Our values are human rights, democracy and the rule of law, to which I see no alternative. This is why I am opposed to any ideology or any political movement that negates these values or which treads upon them once it has assumed power. In this regard there is no difference between Nazism, Fascism or Communism..”
Urmas Reinsalu

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um ajustamento dentro do euro eh muito mais destrutivo do que um ajustamento com moeda propria, nunca se fala que a divida no euro nao acompanha a "desvalorizacao" dos rendimentos

Tem havido uns bitaites do lado da Alemanha para um perdão da dívida após a implementação das políticas, lá para 2016. Embora não se fale muito, pois as eleições estão à porta.

Diria que tenho um seguro para a saída de Portugal do euro e não um investimento...
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Zel

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olhando para a Argentina não é isso que realmente acontece. Agora estão atrapalhados com a inflacção nos 30%.

Importante é reformular a economia para produzir com competitividade, a Coreia do Sul e a Rússia são bons exemplos.

o importante eh isso, mas para quem quer implementar boas politicas a seguir a um mau periodo ajuda comecar por desvalorizar a moeda

a argentina eh um pais de loucos e o problema deles nao tem solucao, apesar de tudo ja nao estao em depressao ha algum tempo o que nao eh mau de todo 


Zel

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aquilo que alguns de voces estao a dizer eh que os cambios poderiam ser fixados pelos politicos que o que interessa eh depois concentrarmo-nos na competitividade, que nao ha vantagens para a economia nos cambios de mercado


Incognitus

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aquilo que alguns de voces estao a dizer eh que os cambios poderiam ser fixados pelos politicos que o que interessa eh depois concentrarmo-nos na competitividade, que nao ha vantagens para a economia nos cambios de mercado

Se os câmbios forem fixados, os preços internos vão-se adaptar aos mesmos, até reflectirem a produtividade de cada local.
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John_Law

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aquilo que alguns de voces estao a dizer eh que os cambios poderiam ser fixados pelos politicos que o que interessa eh depois concentrarmo-nos na competitividade, que nao ha vantagens para a economia nos cambios de mercado

Se os câmbios forem fixados, os preços internos vão-se adaptar aos mesmos, até reflectirem a produtividade de cada local.

Mas desvalorização interna é muito mais lenta do que a desvalorização cambial. Principalmente em mercados laborais rígidos e pouco dinâmicos como o nosso.