Obviamente, o banqueiro (ou o banco) NÃO empresta dinheiro do seu bolso (nem dos seus cofres ou reservas), simplesmente porque o cria (do nada!) a partir do próprio ato da concessão do crédito!
É verdade que os banqueiros estão alavancados. Agora a afirmação de não emprestarem o dinheiro do seu bolso [i.e. das suas reservas] é tão óbvia, que até os bancos vão à falência por falta de reservas [por exemplo o Lamer Brothers]!
Concessão de crédito por um banco cria nova moeda na economia
É muito mais do que isso. O banco está a reconhecer que a dívida do indivíduo é digna de crédito e que este tem o carácter para a pagar e que por isso a dívida deste é fungível com a dívida dos outros indivíduos [incluindo estados] que satisfazem estas condições. Por pôr as suas reservas em jogo [e potencialmente pôr-se em trabalhos (mesmo os melhores planos de negócio nem sempre funcionam)], o banco cobra juros por esse trabalho.
Não sei se te dás conta de quão extraordinárias são estas duas afirmações ditas pela mesma pessoa em duas mensagens consecutivas:
Em primeiro lugar, como já disse atrás, o mecanismo dos juros associado ao crédito representa uma transferência líquida dos devedores (que pagam juros da dívida) para os aforradores (que recebem juros dos depósitos). Na prática, isto significa que o dinheiro flui de quem menos tem para quem mais tem, e tal é considerado perfeitamente normal no sistema monetário vigente.
Esta citação pertence a um livro recente (2012), escrito por 3 economistas portugueses − Emanuel Reis Leão, Sérgio Chilra Lagoa e Pedro Reis Leão. Nele se explica em grande pormenor o mecanismo da criação de moeda pela banca comercial, pelo que não precisamos de recuar 100 anos no tempo até ao aparecimento do FED. Ah! sem esquecer que o dólar perdeu cerca de 96% (!) do seu valor, desde então até agora... será isto um sistema monetário credível e de confiança? No way, man!!!
Não obstante tal mostrar precisamente como o sistema actual favorece largamente os devedores sobre os aforradores, o que não é surpreendente, pois os devedores é quem mais ordena enquanto os aforradores continuarem a poupar na moeda dos devedores.
Naturalmente que o apoio por parte dos aforradores ao sistema vigente é inadvertido, pois a forma como os devedores gastam as poupanças aforradores não é feita de forma ostensiva, mas sim pela calada da inflação. Porém a selecção "natural" leva à extinção dos aforradores que poupam na moeda dos devedores, devido aos segundos comerem a fonte de sustento dos primeiros. É por isso que eu digo: "Se os devedores detestam este sistema, vão odiar o próximo"!