Lark, aparentemente o FMI o que defende é que sejam precisamente as dívidas bilaterais a serem apagadas.
Ou seja, para Portugal não é uma opção melhor, porque o que está a ser defendido é limpar aquilo impondo-nos toda a perda.
Perante isso, e perante o facto de a Grécia só dedicar 4% ao serviço de dívida, Portugal deveria defender medidas DURAS para obrigar a Grécia a pagar -- ou seja, para tornar o incumprimento extremamente desagradável. Uma boa forma seriam barreiras alfandegárias a produtos Gregos e taxas especiais sobre turismo para a Grécia até se recuperar a dívida.
A dívida ser ou não sustentável num tal cenário é irrelevante para nós. Nós devemos preocuparmo-nos com o povo Português, não com o Grego, até porque por muito pior que vivam, a maior parte do mundo vive pior e não tem apoios nossos.
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Isto não é ignorar a realidade. A nossa prioridade é receber o dinheiro dos Portugueses. Se Portugal (e outros) forem extremamente chatos nesse processo pode ser que ganhemos senioridade face a outros credores. Como está a ser proposto a perda seria de 100% e isso é absurdo para a nossa posição.
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O melhor seria provavelmente empurrar perdas para o BCE e arranjar uma forma de todos os países serem compensados igualmente por essas perdas. Tipo ou % do PIB, ou montante absoluto -- a Grécia via 100 biliões de dívida desaparecer, Portugal veria 100 biliões da sua dívida desaparecer
o argumento continua circular.
para a grécia ficar dentro do euro e o FMI colaborar no bail out,
tem que haver um haircut.
a alternativa é uma saída caótica do euro, uma falência brutal e um write off completo da dívida.
isto é muito difícil de compreender?
é melhor para portugal receber alguma coisa e se bem negociado, uma vez que fomos vítimas do mesmo racional punitivo, a parte do haircut que cabe a portugal ser compensado com um haircut da dívida portuguesa? que também é insustentável?
penso que isto é mais que simples. nem sei o porquê da discussão.
vou repetir:
1. o FMI considera a dívida grega insustentável
2. o FMI não particapará num novo bailout num país em que considera a dívida insustentável e portanto perderá o dinheiro emprestado para tal bailout.
3. sem o FMI não há bailout
4. sem bailout a grécia vai ao fundo num piscar de olhos.
5. uma grécia falida e arrasada por uma depressão maior que outra alguma vez vista nos países avançados - a actual depressão já é equivalente a uma guerra - nunca pagará nenhuma dívida por pequena que seja
é melhor centrarmo-nos nas condições a cima descritas do que em ideologia, maldições aos gregos e um ignorar evidente da realidade.
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