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Autor Tópico: Cooperar em educação  (Lida 39111 vezes)

Smog

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Cooperar em educação
« em: 2012-11-17 19:24:35 »
Rui e smog, please.

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Citação de: leprechaun em 2012-11-16  00:42:55
Citação de: smog em 2012-11-15  23:41:53
A sério: quando era pequena a minha mãe cozia no forno comunitário. Um dia ela partiu uma perna e tive de ser eu a cozer. Amassei e tendi. O pão ficou um pouco pesado mas fiquei orgulhosa da obra. As velhotas elogiaram todos o meu esforço. 

Olá PP... professora padeira!

Como já disse, continuo imerso numa enxurrada de livros e artigos didáticos, tanto do ME como dos mais diversos autores. Mas li agora algo acerca da escrita que até serve como uma luva para o tema que estou aqui a abordar, pois na realidade quase tudo isto é uma completa novidade para mim!


Citação de: Niza, Segura & Mota - Escrita. Guião de Implementação do Novo Programa de Português.
Para além da função comunicativa, (…) a escrita constitui-se como a mais poderosa actividade e o mais proficiente instrumento de aprendizagem.
Na verdade, escrever não é, simplesmente, um meio de “exprimir” ou manifestar o que se aprendeu; constitui, antes, um modo fundamental de realizar a aprendizagem.
Oferece aos alunos oportunidades de pensarem acerca do que aprenderam, clarifica o pensamento, permite desencadear análises críticas, reflexão e ideias a ser desenvolvidas.
A produção escrita constitui-se, também, como um importante instrumento discursivo para a organização e a consolidação de ideias básicas subjacentes a um conhecimento mais coerente e melhor estruturado.
Com efeito, para desenvolver a compreensão de fenómenos e conceitos científicos é necessário descrever, explicar, argumentar, discutir.

Excelente síntese! Logo, pelo menos para mim o tópico está a ser útil, pois não apenas tenho de pesquisar e ler mas transmito depois por escrito a minha compreensão e uma súmula das ideias que me parecem as mais essenciais ou representativas do pensamento dos autores.

Logo, ambos o bom pão cozemos...

Rui leprechaun

(...e no corpo ou na alma o comemos!  )

Smog Wrote:
Escrever para sistematizar. Vou desenvolver isso em relação aos professores mas também é assim em relação aos alunos.
Quando faço um determinado percurso durante o ano lectivo devo desenvolver a capacidade de o analisar e sistematizar ao longo do ano. Por isso tenho de escrever retrospectivamente. Esse exercicio capacita-nos para avaliar o nosso trabalho na forma de reflexão. Fiz isso durante muitos anos e apresentava o sumo desse trabalho em congressos do MEM (Niza) onde esse trabalho de reflexão era valorizado. Apesar de só apresentarmos os trabalhos dos alunos a apresentação oral de trabalho obrigava-nos a fazer uma reflexão que podia assumir a forma escrita. Ao passar isso para as competencias dos alunos os professores do MEM desocultam o poder inerente á auto-avaliação. Esse poder traduz-se na capacidade de reflexão e de ajuste de aprendizagens não realizadas. Um aluno consciente quererá melhorar o seu desempenho e poderá colmatar dificuldades. Era esse o raciocionia inerente ao PIT que outrora tentei implementar em Estudo Acompanhado com os meus alunos.
Relativamente à cooperação nos projectos concordo com Sérgio Niza que em palestra mostrou que na Escola não há interdisciplinaridades mas sim transdiciplinaridade pois os professores não têm capacidade de trabalhar em cooperação. Trabalham antes por pequenos contributos que todos somam ao trabalho de grupo. Na minha opinião o trabalho de grandes grupos é inviável pois para haver uma verdadeira cooperação tem de existir diálogo permanente com os pares o que numa escola não funciona muito bem. O que advogo é o trabalho de pares. No trabalho de pares há uma interacção Aa como já disse acima e geralmente funciona bem se também existir o aA.
Quando se passam para os alunos as formas de aprendizagem que funcionam com o professores dá-se ao aluno o poder do professor. Assim, se pensarmos bem existe sempre dentro de cada turma uma interacção Aaaaaa em que o primeiro é o professor e os segundos os alunos. Se eu transformar os alunos em professores deslocamos o A para os lado dos alunos o que possibilita a aquisição pelos alunos das competencias dos professores. Esse poder é imenso pois todos sabemos que ao fim de algum tempo os professores sabem qualquer matéria de trás para a frente e vice-versa. O aluno mais fraco fica com a explicação do colega por palavras e linguagem mais acessivel e o colega que explica ganha as competencias de comunicador.
Para além dessas competencias escrever o trabalho escrito possibilita ao alunos fazer a sistematização da matéria em estudo. Finalmente ao entrar no processo de avaliação o aluno ganha a capacidade de distrinçar o acessáorio do essencial e dá sentido a todos o processo.
O papel do professor será o de regulador e orientador de todo o processo.
Uma cooperação eficaz dentro da turma produz trabalhos com qualidade e um ganho enorme de competencias por parte de todos. O professor anda numa roda viva para ajudar toda a gente e no fim garante a dignidade do processo de avaliação.Há cooperação efectiva entre alunos e professor
.
« Última modificação: 2012-11-17 19:35:13 por smog »
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Smog

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Re:Cooperar em educação
« Responder #1 em: 2012-11-17 19:32:36 »
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Citação de: smog em Hoje às 00:15:00
Citação de: leprechaun em 2012-11-16  22:50:35
Ontem, também estive quase para pôr aqui uns textos pedagógicos sobre a aprendizagem cooperativa e a escrita colaborativa.

Fico-me apenas por este, retirado do documento do ME: "Escrita. Guião de Implementação do Novo Programa de Português".


Citar
Estratégias de produção interactiva na sala de aula, na escola

Quando os alunos escrevem em cooperação, verbalizam os problemas que lhes são postos por aquilo que querem dizer e pelo modo como o querem dizer, podem levantar hipóteses, discutir e fazer opções. Criam novas ideias, continuando a construir a compreensão do que querem dizer/escrever, e correm riscos com mais à vontade.
Podem tornar-se melhores escritores, porque, ao trabalhar em colaboração, estão a processar activamente o conteúdo de cada esboço partilhado, na sua busca pela clareza da significação. Aprendem uns com os outros: a cultura de cada um potencializa os conteúdos e o discurso escrito.
Embora os alunos tenham a tentação de dar por acabada a escrita de um texto quando terminaram o primeiro esboço, começam, progressivamente, sob a exigência dos outros e do professor, a sentir necessidade de ajuda para ir mais longe no seu aperfeiçoamento.
(...)
Crouse e Davey (1989) recolheram descrições dos seus alunos acerca da aprendizagem cooperativa. Os alunos sentem-se mais seguros e confiantes quando trabalham com outros. Afirmam que podem aprender uns com os outros: em conjunto podem planificar e organizar, ajudar-se a clarificar o sentido do texto, e aconselhar-se quanto a todos os aspectos da escrita que produzem. Ao fortalecer a perspectiva analítica, não se sentem obrigados a aceitar qualquer sugestão e proposta, antes aumentam o seu sentido de autoria.
Pode, hoje, afirmar-se pelos resultados de múltiplos trabalhos de investigação, que a participação, na escola, em processos interactivos de produção escrita, permite um maior acesso à linguagem das diferentes disciplinas do currículo, potenciando aprendizagens menos superficiais e mais  duradouras.
A planificação do trabalho e a construção das regras do trabalho pode ser discutida em grupo. Deve ser um acordo entre todos mas as regras ficam claras. O professor é um regulador e controla a situação em todos os momentos. amanhã explicarei como o professor procede á avaliação do processo. É um outro pãozinho para cozinhar.


Smog Wrote
A avaliação do processo e dos produtos
Tudo começa por ser negociado de antemão. As regras são defidas entre alunos e professor e os trabalhos de pesquisa avançam.
O professor tem os critérios de avaliação gerais do grupo e tem a sua bitola e normalmente são avaliados conhecimentos e comportamentos. O professor faz um registo de todo o processo: numa folha de excel regista o tema de cada grupo,/capacidade de trabalho/ empenho/autonomia e comportamentos. Para as atitudes o professor faz um registo no quadro em termos qualitativos do barulho na sala – é suposto falarem todos em tons de sussurro. Excessos penalizam toda a turma. Cada aluno é responsabilizado por uma tarefa e a avaliação também é individual. Há auto-regulação do comportamento pelo grupo turma e pelo professor. O grupo auto-regula e avalia o trabalho dos diferentes elementos e o professor avalia e faz os registos á frente do grupo pelo que existe um constante feed-back entre todos.
Depois da pesquisa os grupos produzem um trabalho escrito, uma comunicação oral e um questionário para aplicar aos colegas (são os grupos que corrigem).
A avaliação do trabalho pelos alunos também é difinida. Assim no processo de avaliação da comunicação oral do produto do trabalho os alunos utilizam os critérios : foram claros/rigorosos/estavam seguros/os materiais eram adequados e no  fim classificam . Por cada grupo existem  3 / 4 hetreoavaliações mais a do professor que segue os mesmos critérios.
Os questionários incidem nas matérias pelo que o coneteúdo também é avaliado. No fim o professor faz um teste global.
Este processo coloca nas mãos dos alunos as competencias de pesquisa, produção de texto, competencias comunicativas e o processo de avaliação. O professor supervisiona e regula, esclarece dúvidas e é o garante da democracia no processo de aprendizagem. Há uma desocultação do poder do professor tradicional e o novo professor ganha um novo poder: o de orientador e regulador na avaliação
.
« Última modificação: 2012-11-17 19:35:42 por smog »
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Smog

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Re:Cooperar em educação
« Responder #2 em: 2012-11-17 19:36:16 »
Mais rápida que um caracol.
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Re: Cooperar em educação... na prática ou em teoria?!
« Responder #3 em: 2012-11-18 00:30:41 »
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Embora este seja um campo onde não posso falar em termos de experiência prática, o tipo de colaboração que tenho com professores parece-me mais um exemplo de burocracia e papelada do que algo efetivo e real. Ou seja, nada que verdadeiramente interesse, na maioria dos casos.
Como definirias a relação que tens comigo? É que sou professora e tenho-me fartado de falar.

Citar
É certo que se torna necessário conhecer os fundamentos teóricos das práticas pedagógicas, por exemplo, mas o ensino é uma atividade relacional e muito concreta, onde a qualidade do tipo de relacionamento professor-aluno é determinante. Também tenho vindo a perder interesse neste escrevinhar repetitivo daquilo que os outros (autores de referência) dizem, pois estes trabalhos têm pouco de original e que represente mesmo a vivência real de quem ensina na sala de aula.

fala comigo que sou prática e se for necessário também vou á teoria.

Citar
Pior ainda, e a acreditar na opinião de muitos professores que fazem cursos de formação - incluindo pós-graduações e mestrados - é pouco o que por lá se aprende e pode ter aplicação real no dia a dia, ou seja, a aprendizagem efetiva é mesmo realizado no terreno. É claro que também nessas escolas de ensino superior haverá melhores e piores professores ou orientadores, logo as experiências variam consoante aquilo que sai na rifa a cada um.
aprendem-se coisas diferentes nos dois lados. Por isso gostava do MEM porque juntava as duas dimensões.

Citar
Transmitir as nossas ideias por escrito só é mesmo motivador se tivermos deveras algo para dizer, a partir da vivência pessoal ou até da nossa convicção mais íntima. Caso contrário, é um inútil repisar daquilo que já foi dito por tantos outros, sem nada acrescentar de novo. Por outro lado, os estudos práticos em muitas teses são igualmente repetições com pequenas variantes, salvo raras exceções. Logo, é uma sobrecarga de tempo para  os professores que estão a lecionar e ainda têm de estudar, e uma forma de quem está desempregado melhorar as suas qualificações, mas aprendendo muito pouco - ou até nada!
por isso gosto de falar das minhas experiencias pessoais. Dá-me prazer e porque particularizo pode dar prazer aos outros. A teorização e a prática é uma descoberta pessoal. aquilo que para ti é uma seca para mim pode ser descoberta de coisa nova. Eu tenho a pancada das sínteses. Incorporei nas minhas aulas algo que aprendi aqui nos fóruns - fazer comentário critico.

Citar
Na base de tudo o que fazemos está a motivação intrínseca, para lá do sentido do dever ou a obrigação imposta do exterior. Para se estar motivado, é essencial ter gosto e prazer naquilo que se faz, para além de muitas outras razões pessoais. A sensação de se ser apreciado, tanto como pessoa como no aspeto profissional, é uma das maiores fontes de motivação. Claro que a recompensa financeira também conta, e para mim esse é um dos grandes calcanhares de Aquiles, pois regra geral o que recebo apenas me dá para a sobrevivência básica do dia a dia.

Tudo isto se relaciona com os conceitos antagónicos - ou complementares, conforme o caso - de cooperação e competição, pois parece-me que um ambiente profissional cooperativo se torna mais fácil quando existe um mínimo de satisfação e gosto naquilo que cada um faz. Se as pessoas estão insatisfeitas, ou se não sentem que são devidamente apreciadas e recompensadas, tal conduz mais facilmente ao isolamento ou até à competição malsã e a maledicência.
ainda tenho prazer no trabalho que faço com os alunos. São pessoas.

Citar
O interessante é saber em que medida a estrutura social contribui para um ambiente competitivo ou cooperativo e o que é que se pode fazer para alterar esses aspetos estruturais. Tudo isto sem esquecer a mudança interior, pelo que sempre trabalhamos simultaneamente em 2 campos que se completam: o aperfeiçoamento individual e a melhoria social. E é aqui que talvez algo mude com uma nova conceção da economia... qualquer dia, qualquer dia!
Ah! As estruturas... todo um filme e subindo vamos parar ás multinacionais a partir do local.estou a ver o filme na vertical e na horizontal.
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Incognitus

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Re:Cooperar em educação
« Responder #4 em: 2012-11-18 02:46:16 »
Na nossa sociedade actual já se entrega muito mais que 10% para resolver o problema da pobreza dos outros.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.thinkfn.com

Smog

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Re: Teses... falo das teses!
« Responder #5 em: 2012-11-18 19:27:49 »
Aquilo a que me referia, na relação com professores, tem a ver com a colaboração que presto no domínio da escrita e revisão de textos. É isso que considero, cada vez mais, pouco motivante e típica papelada. De resto, gosto de ouvi-las - são quase sempre "elas"! - falar da sua experiência real de ensino, até porque fico com a impressão de que sou contactado por quem se interessa deveras pela profissão docente.

Mas falando de uma situação real, e até porque a maioria destas ajudas têm a ver com cursos de educação especial, tenho uma amiga - que conheci na Feira ainda adolescente - com um filho autista e sem comunicação verbal. O menino, que é meigo e reage bem às pessoas, em especial se forem calmas - gosta muito de me ouvir falar! - tem 10 anos e está no 4º ano, na Escola do Bom Sucesso (Agrupamento Gomes Teixeira). Neste agrupamento, mas no 3º ciclo, está uma professora que conheci por causa destes trabalhos (teses de pós-graduação e mestrado), que leciona agora na educação especial e tem a seu cargo 8 crianças autistas - 4 mais dóceis e 4 mais difíceis. E em que é que os 2... dois!... cursos a prepararam para o difícil trabalho que tem pela frente? Bem, a nível teórico por certo muito se falou disto e daquilo, embora em concreto não se aprofunde nenhum défice cognitivo específico, exceto se o docente fizer uma tese sobre isso.

Como ela me diz, e embora tendo um bom supervisor, se quer aprender algo sobre como lidar com essas crianças tem de procurar por ela própria as fontes de informação. Em suma, e era aí que eu queria chegar antes, estes cursos são puro bla-blá e não há nenhuma intervenção prática junto dos tais alunos com NEE. Ora assim, até eu posso saber (quase) tanto como um professor, a partir do muito que tenho lido nos últimos 4 anos. É verdade que muitas dessas leituras até são inspiradoras e motivantes, mormente quando se sente o interesse, entusiasmo e dedicação dos seus autores, que acreditam na sua missão de professores.

Para concluir, a minha amiga procura agora pôr o filho no Instituto Ann Sullivan, uma escola particular vocacionada para crianças autistas. Mas 500€ mensais são um grande óbice, de resto o menino só ocasionalmente fez uma ou outra terapia, porque os custos eram incomportáveis para os pais.

Bem, esta última parte já não tem a ver com aspetos pedagógicos, mas põe de novo a questão da organização económica e social, não apenas a nível do nosso país mas numa visão mais geral. Talvez até desenvolva isso a seguir, hoje estou com vontade de refletir e apetece-me escrever... se alguém gostar de ler! :)

Eu refiro-me a trumas de crianças normais. Mas Rui Vaz tu só te interessas por crianças especiais, NEE? Essas precisam de trabalho especifico mas trabalhar toda a outra massa e ser capaz de inovar...!
Acho que tens dificuldade em fazer esses raciocicios. Vou dar-te um desafio.

Quais as competencias que uma turma de 9º ano desenvolve se for capaza de analisar criticamente o teu texto de Peter Singer. fazer opções éticas e fundamentá-las.
(Esse é um trabalho que desenvolvo com os alunos de 9º ano na área da saude no final de ano).
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Re: Peter Singer no 9º ano?!
« Responder #6 em: 2012-11-18 21:11:50 »
Se eu fosse professor, não apresentava esse texto de Singer, nem mesmo o da eutanásia. Claro que os outros sobre direitos dos animais ou ética e pobreza já fogem à área da saúde, mas são bem mais fáceis de discutir.

Mas se algum aluno apresentasse ele próprio o tema para discussão, aí talvez fosse de considerar debatê-lo na aula. Bem, claro que este meu raciocínio é de alguém que tem agora pouco contacto com os jovens, logo talvez isso nem seja assim tão chocante ou indigesto para um adolescente... Aliás, com tudo isto e as interrogações que coloco a mim próprio, nem estou a consiguir avançar nesse pequeno relatório de Ética e Educação, que não tem nada a ver com tais questões. De resto, apenas me apetece refletir sobre as minhas próprias escolhas e decisões e é também por isso que tenho escrito tanto, ultimamente.

Aliás, eu até vim aqui para falar do meu apelo pela vida em comunidade, algo que representa mesmo o meu ideal máximo e já desde a adolescência. O elo com este tópico é o da cooperação, claro. Para além dos contactos pessoais que tenho feito nos últimos dias, a respeito destes assuntos, surgiu-me agora à tarde uma ideia que vou aprofundar o mais possível e, caso se concretize, pode representar uma mudança de 180 graus na minha vida. De resto, como escrevi há pouco num mail, viver apenas com a mira da simples sobrevivência física não é nada, para isso quase nem vale a pena trabalhar... basta ser freegan!

O espírito de comunidade, com a partilha dos bens comuns e também a comunhão de ideais, parece fortalecer-se em alturas de dificuldade e privações, de que os conflitos bélicos e a pobreza económica são exemplos. Tenho ouvido dizer, ultimamente, que não somos um povo que preze muito o coletivo e, de facto, também me parece que a maioria dos movimentos comunitários existentes em Portugal são de origem internacional, talvez com a exceção das comunidades católicas. Por outro lado, a vida em comum traz sempre inevitavelmente mais atritos do que uma vida isolada. É também isso que torna as relações profissionais difíceis, em muitos casos, pois as pessoas têm de se adaptar e "limar" umas às outras, na interação diária inevitável. Mas mesmo numa comunidade restrita, onde existe afinidade e um ideal de vida comum, se verificam tais atritos, isso é mesmo uma realidade inerente à natureza humana.

A Net é também um espaço onde muitas "tribos" se encontram, mas eu falo mesmo de comunidades em que há proximidade física e não somente a nível ideológico. De resto, nem me parece ser difícil abandonar o mundo virtual, que não passa de uma extensão sofisticada do comum relacionamento humano no dia a dia.

In a nutshell, the question is: Will you do it? Will I do it? Will we all do it?


saúde é equilibrio. discutir questões éticas é possivel. de resto acho que os meus alunos de 9º ano têm mais capacidade para tomar decisões sobre aborto que muitos adultos que conheço.

Sabes o que acho? Que precisas de um projecto de vida. Acho que um novo amor te fará muito bem. Olha a força deste. Está no Verão.

Vanessa Mae Storm Classical Brit Awards 2000
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Re: Yes! a love for humankind! :)
« Responder #7 em: 2012-11-19 00:03:40 »
O projeto de vida sempre existiu, só que está adormecido há muito. Mas falando ainda dos jovens estudantes, quando sair daqui - as soon as possible! - será mesmo das minhas jovens vizinhas que terei saudades. De resto, em relação a uma delas que já repetiu 2 anos - ainda no ensino básico! - até tinha um plano para apresentar à mãe, embora essa família seja mal vista aqui no prédio... questões antigas!

Anyway... para mim, o amor pessoal por alguém sempre se misturou com a identificação do Ser total que cada um de nós é. Há uma frase maravilhosa de Bertrand Russell que me tocou inteiramente quando a li, porque de imediato me identifiquei com ela:

Amar muito as pessoas, espontaneamente e sem esforço, é talvez a maior de todas as causas de felicidade pessoal.

Mas a frase é antecedida por outra que diz: "As pessoas desejam ser amadas e não toleradas com paciente resignação."

Só que um amor destes começa em nós e por nós! Se não queremos bem ou aceitamos a pessoa que somos, a quem mais poderemos querer ou aceitar?!

Logo, o amor é intrínseco a qualquer projeto de vida e está mesmo na hora de o retomar... com maias ou sem maias, mas em 2012 agora já!

So... Yes! I will do it!

Isso não acontece com todos Rui. Tu és assim, expansivo, quando gostas. Espalhas felicidade. Normalmente, quando se ama, acontece egoismo.
Gosto muito de te ver feliz porque te roubo um pouquinho da tua felicidade e da tua energia.
Eu serei assim:

Amo devagar os amigos que são tristes com cinco dedos de cada lado.
Os amigos que enlouquecem e estão sentados, fechando os olhos,
com os livros atrás a arder para toda a eternidade.
Não os chamo, e eles voltam-se profundamente
dentro do fogo.
- Temos um talento doloroso e obscuro.
construímos um lugar de silêncio.
De paixão
.

Herberto Hélder
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Re:Cooperar em educação
« Responder #8 em: 2012-11-19 12:41:07 »
Zbigniew Preisner- Trois Couleurs Bleu& English subs


Deve ser isto que estás a dizer. mas com um toque pessoal.  8)
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Re:Cooperar em educação
« Responder #9 em: 2012-11-19 18:06:14 »
Ver definição de ética -
aquilo que é bom para mim é bom para todos os que comigo trabalham dentro do mesmo espaço escola.

Para mim é bom:
. ser apoiada nas acções que desenvolvo dentro da escola
. ter um ambiente social saudável
. ter cooperação nas medidas disciplinares a aplicar a alunos
. ser defendida quando ajem contra mim com má fé
. ter direito a total informação sobre as acções na escola
. ter informação sobre questões legais
. ser informada das acções da área educativa/centro de formação/sindicatos da área
. tenho diereito a ser defendida de bulling e mobbing.
tenho o direito a ser amada dentro da escola.
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Re:Cooperar em educação
« Responder #10 em: 2012-11-19 23:48:07 »
Repara que eu ao ver isto do ponto de vista do professor incluo toda a escola.

Se todos contribuirem para me fazer feliz têm de tomar decisões de ordem pragmática que me façam feliz.
quem?
a Direcção
a Assembleia de Escola
o Conselho Pedagógico
O Departamento
o Grupo Disciplinar

e para isso é necessário que o Ministério,a Dre, O Governo, Os tribunais tomem decisões de ordem prática que me façam feliz, ou seja, a lei têm de estar em ordem.
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Re:Cooperar em educação
« Responder #11 em: 2012-11-20 20:56:20 »
Christina Perri - Distance (Official Lyric Video)


A distância... pode ser fisica ou mental ou ambas. E podemos viver bem perto de uma pessoa e essa distância ser enorme. Ou ficar enorme de repente.
ou podemos estar longe fisicamente mas comungarmos a mesma sensação.
« Última modificação: 2012-11-21 19:57:43 por smog »
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Automek

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Re:Cooperar em educação
« Responder #12 em: 2012-11-20 22:42:58 »
Rui, se já investigaste sobre o tema provavelmente já passaste por este site, mas de qualquer das formas deixo aqui o endereço para o caso de estares interessado em aliar o voluntariado com a descoberta de outros países (europeus)
http://www.sve.pt/


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Re: Sem dúvida!
« Responder #13 em: 2012-11-21 19:16:44 »
O problema verdadeiramente sério é se a distância para nós próprios se torna enorme, o que significa a alienação do nosso ser ou de quem verdadeiramente somos. Isso pode acontecer quando se abandonam ou põem de parte os sonhos e anseios íntimos, que mais tarde ou mais cedo devem ser recuperados... pois somos o que deveras queremos e desejamos!

De resto, até estava a pensar escrever agora uma mensagem sobre cuidadores, no novo tópico da saúde. Tenho uma amiga assistente social que, desde há 2 anos, faz esse serviço 24 horas por dia em casa de pessoas idosas, apenas com folga um dia por semana. A minha experiência a esse nível durou cerca de 6 anos, mas só os últimos 6-8 meses é que foram mais difíceis. É que cuidei de alguém com quem tinha uma enorme relação de proximidade afetiva, e claro que isso torna tudo muitíssimo mais fácil, para além ainda de outras características e qualidades que aplainam as dificuldades. De resto, o maior perigo numa situação dessas é a perda do nosso espaço, ou seja, é essencial ter um mínimo de liberdade - tempo para nós próprios! O cuidador pode identificar-se demasiado com a pessoa de quem cuida e esta tornar-se também demasiado dependente de quem cuida de si, embora na realidade isso até suceda igualmente noutro tipo de situações.

Agora, estou a reviver (temporariamente) essa experiência com a minha irmã mais velha, mas o elo é muito mais frágil e, pior ainda, o espaço de liberdade está ausente. Este sim, é um sinal de alarme, pois uma tal situação não se pode nem deve prolongar para além de certos limites temporais, que naturalmente dependem da resiliência e fortaleza interna do cuidador. Porque mesmo o amor mais abnegado não abdica de si próprio, e só amamos o outro através da íntima vivência do que somos...

Quite a hard, hard job indeed... full service for those in need!

hum...!és um gato!c'ést tout.
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Re:Cooperar em educação
« Responder #14 em: 2012-11-21 19:23:12 »
★ Blue Jeans / Lana Del Rey - Tradução ★
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Re:Cooperar em educação
« Responder #15 em: 2012-11-22 16:47:39 »
Lucie Silvas - Nothing Else Matters (Radio 2 concert)
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Re:Cooperar em educação
« Responder #16 em: 2012-11-22 21:53:15 »
Voltando ao trabalho.
Então que código deontológico para o grupo dos professores.
Finalidade última - fazer-me feliz dentro da profissão. Fazer professores felizes, sérios e felizes.
O fim último da criação.
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Re:Cooperar em educação
« Responder #17 em: 2012-11-22 23:23:31 »
E se o mestre é feliz transmite felicidade certo piqueno gnomo? E se todos forem felizes a terra deixa de fazer isto:

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Re:Cooperar em educação
« Responder #18 em: 2012-11-23 15:49:10 »
já ouvi. não me pregues secas. quando não souberes que dizer bota uma musiquinha que eu prefiro.
sabes que é possivel comunicar só com música. Assim como com poemas.
Tens aí duas respostas ricas de conteudo. ouve e reage.
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Re:Cooperar em educação
« Responder #19 em: 2012-11-23 20:15:51 »
Na I Republica houve um impeto reformador na politica por causa da analfabetismo. todos defendiam que os professores eram mestres e formariam o homem novo por via da alfabetização. o esforço foi gorado por causa da passividade dos professores. as estruturas não mudam por decreto.
Agora os politicos vêm dizer que os professores são incompetentes e insultam os professores. A massa absorve o insulto e as aulas continuam iguais. Não se muda por decreto.
Os professores mudam por dentro quando entram em colaboração uns com os outros e trocam experiencias. Isso é a mudança intriseca que é preciso fazer.
Cooperando.

« Última modificação: 2012-11-23 20:29:20 por smog »
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