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Autor Tópico: Greek debt crisis is the Iraq War of finance  (Lida 18607 vezes)

Thunder

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Re: Greek debt crisis is the Iraq War of finance
« Responder #80 em: 2015-06-22 13:46:06 »

Os axiomas do Lark não fazem sentido à partida. Um axioma, que é dado como verdadeiro mesmo sem prova, necessita que os factos não o contradigam directamente. Pelo menos um axioma do Lark é directamente contradito pelos factos, coisas como altura, peso, cor dos olhos ... e QI ... contradizem directamente o seu axioma de que os homens são todos criados iguais.

De resto, tens que compreender a ideologia do Lark para saber porque é que ele avança com esse axioma. A ideologia do Lark diz-lhe que deve atingir determinados objectivos e deve estruturar tudo de forma a que esses objectivos sejam atingidos. Logo, se o objectivo é "os homens são todos criados iguais" e os factos contradizem esse objectivo, então a única forma que lhe resta de o atingir é dar esse objectivo como sendo um axioma (um facto que não tem que ser provado).

O Lark não precisa de advogados, mas será que a parte que eu coloquei a bold, não seria mais num sentido de todos nascem iguais perante a justiça ou iguais em níveis de liberdade? Daí a citação anterior que ele fez a declaração de independência dos EUA, que usa esse tipo de terminologia no sentido da liberdade, justiça.
Penso que avança com a ideia da bondade inata do ser humano para justificar a crença em políticos que tentem actuar de forma diferente, como ele pensa ser o caso do Syriza.
Mas ele depois esclarece, não quero estar a alongar-me sobre suposições.

Não, o debate é claramente sobre características do homem (sendo a inteligência uma delas), não sobre outros considerandos.

Até porque nos outros campos não existe debate -- ou pior ainda, nos outros campos geralmente o Lark estará no campo de DISCRIMINAR entre homens (porque a sua ideologia assim o exige, como se vê nos casos de subvenções arbitrárias de artistas -- que pressupõe não só a desigualdade dos artistas como a desigualdade do seu público; ou no caso da educação, onde o Lark defende que quem opte por ensino privado para os seus filhos deve ser penalizado fortemente face a quem opte por ensino público).

Mas como dissémos atrás, para a discussão do QI existe o tópico no Off-Topic.

Falei com base do que vi neste post:

"são self evident thruths
eu considero que é self evident o facto de os seres humanos serem naturalmente bons
e acima de tudo naturalmente iguais.

neste caso estou em boa companhia, diria:
Citação de: declaration of independence
We hold these truths to be self-evident, that all men are created equal
.

portanto em qualquer raciocínio que desenvolva, há um postulado essencial, que é o que acima está descrito.
isto não significa que não haja debate.
significa é que o outro lado do debate tem que estar ciente dos meus postulados."

(sublinhado colocado por mim)
« Última modificação: 2015-06-22 13:48:10 por Thunder »
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Re: Greek debt crisis is the Iraq War of finance
« Responder #81 em: 2015-06-22 13:51:50 »
Mas isso não tem puto a ver com o debate, pois aí nem existe debate e a existir, ele é até devido ao Lark não respeitar esse axioma (pois frequentemente defenderá coisas que implicam que nem todos os homens devem ser tratados como iguais -- como já expliquei quanto à cultura ou à educação).

A discussão era quanto a características físicas e mentais, sendo o QI um proxy para uma delas (inteligência). Aí é perfeitamente evidente que nem todos os homens são criados iguais, pelo que seria absurdo colocar que são como um axioma.
« Última modificação: 2015-06-22 13:53:23 por Incognitus »
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Re: Greek debt crisis is the Iraq War of finance
« Responder #82 em: 2015-06-22 15:14:06 »
Não, o debate é claramente sobre características do homem (sendo a inteligência uma delas), não sobre outros considerandos.

Não! a interpretação do thunder está absolutamente correcta.
tu e o neo é que avançaram com características antropomórficas que eu não mencionei. o conhecido método do espantalho.

pedia-te que deixasse de colocar palavras na minha boca.
não é justo, não é forma de debater, não esclarece, só cria tensão e acrimónia.

Lark

PS: acho que sim o debate, deve continuar no tópico que já existe.
nem percebo porque está em off.

É por coisas destas que acabas banido, Lark, por manifesta falta de seriedade.

Porque:
1) A igualdade dos indivíduos perante a lei não estava em causa nem fazia parte do debate.
2) O debate era sobre o QI daí comparações com altura e afins.

Vou apagar a tua intervenção para não te banir já directo novamente, visto que a minha paciência para mentiras deste género é extremamente limitada.
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Re: Greek debt crisis is the Iraq War of finance
« Responder #83 em: 2015-06-22 15:17:45 »
Tenham calma, isto é só um fórum, ninguém leva um troféu pra casa por "ter razão".
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Re: Greek debt crisis is the Iraq War of finance
« Responder #84 em: 2015-06-22 15:20:32 »
Tenham calma, isto é só um fórum, ninguém leva um troféu pra casa por "ter razão".

Eu tenho toda a calma do mundo, mas infelizmente não vou aturar mentiras daquele género. Quem quiser pode ir ver o tópico para trás, mas:
* O argumento era QI e comparações com outras características onde as populações mostram médias diferentes;
* Em momento algum existiu algum debate com a igualdade dos homens noutros termos, e pior ainda, a existir esse debate, o Lark estaria do lado da defesa, porque é ele que defende que os homens devem ser tratados e considerados de diferentes valores -- como está implícito em defender arbitrariedade em quem é apoiado para a cultura, em públicos merecerem apoios diferentes, em crianças merecerem apoios diferentes consoante sejam educadas num sistema público ou privado, etc.
« Última modificação: 2015-06-22 15:23:36 por Incognitus »
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Re: Greek debt crisis is the Iraq War of finance
« Responder #85 em: 2015-06-22 15:27:27 »
Uma outra coisa, que agora é mais apropriada com isto na política.

O SEGUNDO axioma do Lark, de que os homens são todos bons, também está em contradição com a sua visão do mundo e ideologia e com o que realmente defende.

Alguém que achasse que os homens são intrinsecamente bons, seria por um mercado totalmente livre, e não por um mercado mais e mais regulado. Como o Lark está do lado da necessidade de maior regulação, é óbvio que ele não parte daquele axioma.

Resumindo:
1) A discussão era sobre outra coisa;
2) O primeiro axioma do Lark é falso para o próprio Lark pois ele amiúde defende medidas em que os homens são considerados de valor díspar perante poderes arbitrários;
3) O segundo axioma do Lark é falso para o próprio Lark pois ele defende que os homens não são intrinsecamente bons e deixados à sua liberdade irão produzir resultados muito maus. Como tal, precisam de ser fortemente regulados.
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Re: Greek debt crisis is the Iraq War of finance
« Responder #86 em: 2015-06-22 15:29:25 »
Não, o debate é claramente sobre características do homem (sendo a inteligência uma delas), não sobre outros considerandos.

Não! a interpretação do thunder está absolutamente correcta.
tu e o neo é que avançaram com características antropomórficas que eu não mencionei. o conhecido método do espantalho.

pedia-te que deixasse de colocar palavras na minha boca.
não é justo, não é forma de debater, não esclarece, só cria tensão e acrimónia.

Lark

PS: acho que sim o debate, deve continuar no tópico que já existe.
nem percebo porque está em off.

É por coisas destas que acabas banido, Lark, por manifesta falta de seriedade.

Porque:
1) A igualdade dos indivíduos perante a lei não estava em causa nem fazia parte do debate.
2) O debate era sobre o QI daí comparações com altura e afins.

Vou apagar a tua intervenção para não te banir já directo novamente, visto que a minha paciência para mentiras deste género é extremamente limitada.

não percebeste. o que não estava em causa era altura, cor da pele, cor do cabelo etc. tu entendeste isso mas não era isso que eu queria dizer.

a minha interpretação de 'all men are equal' não é sobre aquilo que referi acima.
e também não precisamente perante a lei.
é perante uma série de direitos fundamentais e morais. de serem tratados como iguais regardless da sua cor da pele, proveniência, religião, background cultural etc.

basicamente a não discriminação por qualquer desses factores.

alguns são genéticos outros não.

do IQ parece-me afirmares duas coisas:
é genético
é generalizável a populações inteiras.

tomando isso como verdade, seria como a cor da pele ou forma do nariz.
o importante é a não descriminação por nenhum desses factores incluindo o IQ - se se provar que é genético e expansível a populações inteiras.

deixa-te lá disso de mentiroso porque é patente que não sou. nem usaria um truque baixo como esse para fazer pender um debate para o meu lado.
tu e o neo é que pegaram imediatamente numa série de parâmetros antropométricos e eu estando a debater outras coisas não relacionadas nem tive tempo para esclarecer que não era disso que se tratava.

tem que haver alguma boa fé nos debates e não assumir que o outro é mentiroso.
se achavas que havia uma incosistência perguntavas.

e também não dá para debater com a permante ameaça de banimento.

calma, pá.
já não estou (nem nunca estive realmente) numa de ter razão só por ter.
a minha motivação foi sempre pôr em causa mitos, pseudo-conhecimento, assinalar a prevalência da percepção sobre os factos etc.

Lark

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Re: Greek debt crisis is the Iraq War of finance
« Responder #87 em: 2015-06-22 15:34:56 »
Bem:
* O QI não é inteiramente genético, mas tem uma componente genética forte tal como indicado pelos estudos.
* Embora ninguém deva ser descriminado directamente pelo QI, naturalmente será descrriminado pelo QI indirectamente -- devido à forma como o QI afectará a sua performance, e devido ao poder predictor do QI para essa mesma performance. Da mesma forma que alguém não será descriminado pela altura mas será descriminado pela altura na medida em que afecte a sua performance. Basta olhar para um jogo da NBA para compreender essa parte;
* Não podes chamar ao QI "pseudo-conhecimento" quando ele é usado com efectividade para seleccionar pessoas, e quando está estudado que o mesmo correlaciona com a performance dessas mesmas pessoas (daí ser usado para as seleccionar ...). A partir deste momento só te resta a alternativa de escolher uma teoria MELHOR, que correlacione melhor. Mas, diga-se, que se essa teoria for efectiva ela TAMBÉM será usada para seleccionar/filtrar pessoas -- pelo que ficas no mesmo lugar.

Penso que persegues uma utopia qualquer, Lark. É evidente que as pessoas possuem características diferentes, e que essas características diferentes afectam a sua atractividade para uma série de tarefas. Da mesma forma que ninguém vai seleccionar um jogador da NBA para o enfiar dentro de um robot R2D2 para fazer o filme "Guerra das Estrelas", ninguém vai seleccionar um QI muito baixo para o meter na universidade para depois o Doutorar.


----------

Os teus axiomas neste debate foram claramente usados para desviar o debate, e de uma forma irracional pois nem sequer existia ninguém a debater a desigualdade do homem noutros termos. E a existir, essas pessoas até seriam MAIS pela igualdade do homem do que tu, como já se viu noutros debates que já mencionei.
« Última modificação: 2015-06-22 15:37:58 por Incognitus »
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Re: Greek debt crisis is the Iraq War of finance
« Responder #88 em: 2015-06-22 18:53:04 »
Acho que este tópico devia manter-se sobre questões de economia política associadas à crise da Grécia. Quanto à discussão sobre o QI, já existe outro tópico, não é? É melhor concentrar essas coisas lá. Eu não tenho ido lá, mas irei voltar par ver como as coisas estão. Como intervi com muitos posts longos e trabalhoso nesse tópico do QI, não me apetece nada estar a repetir o esforço aqui. Embora possa voltar ao próprio tópico do QI e apontar às pessoas posts que já coloquei.

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Re: Greek debt crisis is the Iraq War of finance
« Responder #89 em: 2015-06-22 18:57:34 »
Sim, o melhor seria voltar nesse aspecto para o tópico do QI.
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Re: Greek debt crisis is the Iraq War of finance
« Responder #90 em: 2015-06-22 22:06:33 »
Aliás, fora o QI, este tópico todo deveria ser incluído no tópico da Grécia.
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“O bom senso é a coisa do mundo mais bem distribuída: todos pensamos tê-lo em tal medida que até os mais difíceis de contentar nas outras coisas não costumam desejar mais bom senso do que aquele que têm."
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Re: Greek debt crisis is the Iraq War of finance
« Responder #91 em: 2015-06-22 22:50:13 »
Agora é melhor não, porque os tópicos correram par a par e isso significaria que a sua junção misturaria as várias respostas.

Ou seja, juntar tópicos funciona melhor quando os mesmos correram em alturas separadas.
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Re: Greek debt crisis is the Iraq War of finance
« Responder #92 em: 2015-06-22 23:27:23 »
O Lark apresentou os seus axiomas; os meus seriam:

- Todos os homens nascem livres.

- A psique humana é altamente complexa, volúvel; logo temos uma gama enorme de personalidades.

Para mim estes dois pilares exigem um estado de direito. Para garantir que tanto quanto possível não há usurpação da liberdade inata de cada um e para tentar "gerir" actores que devido a personalidades tão diversas terão formas de agir muito distintas.

Lark, penso se te baseias num pilar de que "todos os seres humanos são bons por natureza" em certas discussões, eu e tu não chegaremos a consenso. Fica muito difícil.
Vamos imaginar que uma % enorme de pessoas até realmente é pacífica e com uma personalidade benigna. Que há uma percentagem, embora pequena, de pessoas, egocêntricas, falsas, agressivas, megalómanas, etc.
A tendência é que gradualmente as pessoas do segundo grupo, comecem a dominar a política (e logo a acção legislativa). Possuem um "drive", um impulso para isso; querem dominar, ter protagonismo, acumular riqueza facilmente, etc. E possuem as ferramentas para facilmente progredirem na carreira política. Mentir com a serenidade de quem diz a maior verdade, apunhalar parceiros de longa data pelas costas, prejudicar deliberadamente outros sem remorsos, serem altamente arrogantes em relação aos seus argumentos e por aí fora ...
Por este motivo eu sou altamente descrente em relação a políticos, principalmente em países em que ao longo dos tempos, os factos vão demonstrando que as populações não sabem escorraçar demagogos, burlões e mentirosos da política. A vida política acaba por ser um chamariz, um pote de mel irresistível para esse tipo de personalidades.
Assim sendo delegar tanto poder em políticos é um erro, a população deve conservar mais poder nas suas próprias mãos.


Penso, e é uma afirmação ousada, que com o passar do tempo e se analisares friamente os factos que o Syriza será uma desilusão forte para ti. Como é obvio poderei estar completamente errado.
Se tal acontecer, poderás ter que "repensar" um dos teus axiomas.


concordo em parte.

deveria mudar o axioma para 'todos os homens nascem bons'. e livres.
até se podiam fundir os dois em apenas um:

Todos os homens nascem livres, iguais e bons.

Citar
Que há uma percentagem, embora pequena, de pessoas, egocêntricas, falsas, agressivas, megalómanas, etc.
A tendência é que gradualmente as pessoas do segundo grupo, comecem a dominar a política (e logo a acção legislativa). Possuem um "drive", um impulso para isso; querem dominar, ter protagonismo, acumular riqueza facilmente, etc. E possuem as ferramentas para facilmente progredirem na carreira política. Mentir com a serenidade de quem diz a maior verdade, apunhalar parceiros de longa data pelas costas, prejudicar deliberadamente outros sem remorsos, serem altamente arrogantes em relação aos seus argumentos e por aí fora ...


psicopatas basicamente.
há quem diga exactamente o que dizes, que eles estão em maioria nos governos e na direcção de grandes corporações.

Why (Some) Psychopaths Make Great CEOs

British journalist Jon Ronson immersed himself in the world of mental health diagnosis and criminal profiling to understand what makes some people psychopaths — dangerous predators who lack the behavioral controls and tender feelings the rest of us take for granted. Among the things he learned while researching his new book, “The Psychopath Test: A Journey Through the Madness Industry”: the incidence of psychopathy among CEOs is about 4 percent, four times what it is in the population at large. I spoke with him recently about what that means and its implications for the business world and wider society.

Are we really to understand that there’s some connection between what makes people psychopaths and what makes them CEO material?

At first I was really skeptical because it seemed like an easy thing to say, almost like a conspiracy theorist’s type of thing to say. I remember years and years ago a conspiracy theorist telling me the world was ruled by blood-drinking, baby-sacrificing lizards. These psychologists were essentially saying the same thing. Basically, when you get them talking, these people [ie. psychopaths] are different than human beings. They lack the things that make you human: empathy, remorse, loving kindness.

So at first I thought this might just be psychologists feeling full of themselves with their big ideological notions. But then I met Al Dunlap. [That would be “Chainsaw” Al Dunlap, former CEO of Sunbeam and notorious downsizer.] He effortlessly turns the psychopath checklist into “Who Moved My Cheese?” Many items on the checklist he redefines into a manual of how to do well in capitalism.

There was his reputation that he was a man who seemed to enjoy firing people, not to mention the stories from his first marriage — telling his first wife he wanted to know what human flesh tastes like, not going to his parents’ funerals. Then you realize that because of this dysfunctional capitalistic society we live in those things were positives. He was hailed and given high-powered jobs, and the more ruthlessly his administration behaved, the more his share price shot up.

So you can just go down the list of Fortune 500 CEOs and say, “psychopath, psychopath, psychopath…”

Well, no. Dunlap was an exceptional figure, wasn’t he? An extreme figure.

I think my book offers really good evidence that the way that capitalism is structured really is a physical manifestation of the brain anomaly known as psychopathy. However, I woudn’t say every Fortune 500 chief is a psychopath. That would turn me into an ideologue and I abhor ideologues.

Is it an either/or thing? It seems to me, thinking about it, that a lot of the traits on the checklist would be be useful in a corporate ladder-climbing situation. So maybe there are a lot of CEOs who simply have some psychopathic tendencies.

It is a spectrum, but there’s a cutoff point. If you’re going by the Hare checklist [the standard inventory used in law enforcement, devised by leading researcher Robert Hare], where the top score is 40, the average anxiety-ridden business failure like me — although the fact that my book just made the Times best sellers list makes it difficult to call myself that — would score a 4 or 5. Somebody you have to be wary of would be in early 20s and a really hard core damaged person, a really dangerous psychopath, would score around a 30. In law the cutoff is 29.

There are absolutes in psychopathy and the main absolute is a literal absence of empathy. It’s just not there. In higher-scoring psychopaths, what grows in the vacant field where that empathy should be is a joy in manipulating people, a lack of remorse, a lack of guilt. If you’ve got a little bit of empathy, you’re kind of not a psychopath.

So maybe there’s a sweet spot? A point on the spectrum somewhere short of full-blown psychopathy that’s most conducive to success in business.

That’s possible. Obviously there are items on the checklist you don’t want to have if you’re a boss. You don’t want poor behavioral controls. It’d be better if you don’t have promiscuous behavior. It’d be better if you don’t have serious behavioral problems in childhood, because that will eventually come out. But you do want lack of empathy, lack of remorse, glibness, superficial charm, manipulativeness. I think the other positive traits for psychopaths in business is need for stimulation, proneness to boredom. You want somebody who can’t sit still, who’s constantly thinking about how to better things.

A really interesting question is whether psychopathy can be a positive thing. Some psychologists would say yes, that there are certain attributes like coolness under pressure, which is sort of a fundamental positive. But Robert Hare would always say no, that in the absence of empathy, which is the definition in psychology of a psychopath, you will always get malevolence.

Basically, high-scoring psychopaths can be brilliant bosses but only ever for short term. Just like Al Dunlap, they always want to make a killing and move on.

And then you’ve got this question of what came first? Is society getting more and more psychopathic in its kind of desire for short-term killings? Is that because we kind of admire psychopaths in all their glib, superficial charm and ruthlessness?

There’s a certain sour grapes aspect to accusing CEOs of being psychopaths. It’s very tempting to look at anyone more successful than you are and say, “It must be because he’s a monster.”

There’s a terribly seductive power in becoming a psychopath stalker. It can really dehumanize you. I can look at, say, Dominique Strauss Kahn, who, if one assumes that what one is hearing about him is true, certainly he hits a huge amount of items on the checklist — the $30,000 suits, the poor behavioral controls, the impulsivity, the promiscuous sexual behavior. But of course when you say this you’re in terrible danger of being seduced by the checklist, which I really like to add as a caveat.  It kind of turns you into a bit of a psychopath yourself in that that you start to shove people into that box. It robs you of empathy and your connection to human beings.

Which is why people like Robert Hare are kind of useful. I’m against the way that people like me can be seduced into misusing the checklist, but I’m not against the checklist.

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« Última modificação: 2015-06-22 23:28:25 por Lark »
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Re: Greek debt crisis is the Iraq War of finance
« Responder #93 em: 2015-06-23 01:27:07 »
Alguns aspectos do raciocínio "moral" do AEP parecem-me interessantes. Os bailouts foram essencialmente para salvar o euro e os bancos de países grandes (já agora, não só alemães e franceses, ele podia acrescentar ingleses). Foram feitos recorrendo ao FMI. Este normalmente acorre a estas situações exigindo uma desvalorização cambial. Neste caso, não sendo a mesma possível, restava a desvalorização interna. Esta não estava prevista nos modelos do FMI. No fim, em vez de a Grécia incumprir em quase tudo, primeiro coloca-se a dívida em entidades muito séniores (FMI, BCE, EFSF), safando os credores privados, e depois diz-se que afinal já não há incumprimento e que o povo grego tem que pagar, nem que seja em 50 anos. O AEP acha isto tudo imoral. Não digo que estou de acordo, mas acho que descrevi bem o argumento moral do AEP.


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Re: Greek debt crisis is the Iraq War of finance
« Responder #94 em: 2015-06-23 03:30:09 »
A Grécia já incumpriu numa boa fatia seja como for. E gozou de um nível de vida absurdamente elevado durante anos -- basta pensar que a Grécia partiu de níveis similares aos Portugueses, inventou o seu esquema fraudulento que lhe permitiu ter PIBs per capita para aí até 20-30% superiores aos Portugueses, e agora voltou simplesmente à base (nível parecido com os Portugueses).
« Última modificação: 2015-06-23 11:17:17 por Incognitus »
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Re: Greek debt crisis is the Iraq War of finance
« Responder #95 em: 2015-06-23 04:23:52 »
A Grécia já incumpriu numa boa fatia seja como for. E gozou de um nível de vida absurdamente elevado durante anos -- basta pensar que a Grécia partiu de níveis similares aos Portugueses, inventou o seu esquema fraudulento que lhe permitiu ter PIBs per capital para aí até 20-30% superiores aos Portugueses, e agora voltou simplesmente à base (nível parecido com os Portugueses).

Isto talvez precisasse de um grande programa de re-educação dos gregos. Dever-se-ia explicar a pessoas que ganham hoje 1000 euros, que para qualificações parecidas em Portugal ganham 800 e na Bulgária 300. E que nesses países não há essas queixas todas. Portanto os gregos que ganham hoje 1000 e estão em desespero porque já ganharam 1300 podiam deixar essa sensação de desespero com um programa educativo assim. Isso tem faltado lá e cá. Uma abordagem mais de "pedagogia da crise".


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Re: Greek debt crisis is the Iraq War of finance
« Responder #96 em: 2015-06-23 11:19:06 »
Acho que não obstante ser razoavelmente impossível de evitar essa mecânica, ninguém absorve essa lógica.

A razão é simples. É muito difícil fazer alguém compreender algo quando o seu rendimento depende de não compreender esse algo.

É claro que isso depois impede políticas que poderiam elas próprias levar à sustentação de níveis de rendimento mais elevados.
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Re: Greek debt crisis is the Iraq War of finance
« Responder #97 em: 2015-06-23 11:25:24 »
Parece que a culpa é da GS que perdendo terreno , influencia , começou a colocar "boys" em diversos governos e em  ong´s .
Constataram que as entidades financeiras ja nao conseguiam exercer a pressao de outrora e "agora" , falamos anos 80´s para a frente tudo dependia dos politicos..

Sim a cosmetica foi feita em Portugal , Grecia , Espanha etc , mas nao foram os Estados a fazerem no isoladamente..  , os culpados foram os governantes dessa altura que sabiam tudo... (duvido o contrario)

Nao se trata concretamente do povo .... esse nao percebe de contabilidade nem de auditoria...

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Re: Greek debt crisis is the Iraq War of finance
« Responder #98 em: 2015-06-28 13:54:03 »
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Tsipras: o homem que não podia negociar
Helena Matos 

“Queremos que os contribuintes dos outros países continuem a financiar o nosso modo e nível de vida?” – Esta é a pergunta a que os gregos gostavam de responder. Só que em política a mesma pergunta não se faz duas vezes. E já foi a esta pergunta que os gregos responderam quando elegeram o Syriza. Eles deram a maioria a um partido que lhes garantiu que ia mandar no dinheiro dos outros. E isso não é possível.

Após cinco meses o impasse era mais que inevitável. Tsipras não podia negociar. A cada regresso a Atenas isso tornava-se-lhe mais óbvio. A notícia mais ou menos anedótica de que a sua mulher o deixaria caso assinasse um acordo com os credores é simbólica do cerco que se foi fechando em torno deste homem que para os seus apoiantes saía da Grécia não para negociar mas sim para derrotar os seus parceiros internacionais.

O desconcerto a que se assistiu ao longo destes meses entre Atenas e a troika (ó fabulosa vitória terem-lhe passsado a chamar instituições!) foi só este: os credores esperavam que Tsipras negociasse condições. Atenas exigia que Tsipras arrasasse os credores e, milagre da fé, que, arrasados, os credores continuassem a cumprir o seu papel de credores financiando a tempo e horas a Grécia. Não sei se Tsipras alguma vez quis negociar mas mesmo que quisesse muito francamente não podia. Uma negociação é um processo de cedências mútuas em que a vitória está no resultado (que para cúmulo só se vê daí a algum tempo) e não no fogacho de umas declarações tão imediatas quanto espampanantes.

Durante cinco meses a Europa exigiu aquilo que nem Tsipras nem o Syriza podiam dar. E esse aquilo chama-se governo. A geração de líderes radicais (de que Tsipras é um exemplo) passou (ao colo das instituições e dos jornalistas) das universidades para os estúdios de televisão. Daí chegaram à política. Ou melhor dizendo aos movimentos. Não distinguem os votos das audiências. E confundem palmas com resultados.

A fragmentação dos Syriza, Podemos, BE.. não acontece por acaso. São o resultado do excesso de egos e da falta de pensamento político desses agrupamentos que naturalmente ao primeiro choque com a realidade voltam ao seu estado natural: divididos e acusando-se de torpezas e traições. O Syriza, o Podemos ou o BE apregoam todos os dias a sua superioridade por enquanto movimentos serem uma alternativa aos velhos partidos. Nada mais falso. Eles são movimentos porque não conseguem ser partidos. Não têm líderes, não têm pensamento e não têm estratégia para tal.

Na verdade estes movimentos não passam de grupos, cada um deles a achar-se mais puro e mais revolucionário que os outros e o que nesta crise grega é crucial sempre prontos a acusarem os outros de terem traído, de se terem vendido… Era este calvário que Tsipras sabia que o aguardava em Atenas caso negociasse. E para esse exercício de solidão ele, Tsipras, o rapaz de quem as televisões gostavam, não tem nem personalidade nem um partido.

É portanto um tremendo erro esperar que movimentos como o Syriza, o Podemos ou o BE se comportem como partidos. Por exemplo, que actuem como o PCP em Novembro de 1975: a 25 de Novembro de 1975, Álvaro Cunhal deu ordem ao PCP para recuar. Porque já estava consumada a transferência de Angola para a área de influência da URSS; porque o líder do PCP sabia que não tinha condições para avançar ou sequer para se manter em boa parte do país e porque o PCP ao recuar garantia a sua sobrevivência. Naturalmente o PCP obedeceu. Muitos militantes não gostaram mas obedeceram. O PCP perdeu a dinâmica revolucionária mas ganhou a Constituição e manteve o controlo de inúmeras instituições. A isto chama-se negociar. E creio não ser necessário explicar como essa aparente derrota se tornou a médio prazo na melhor aposta política do PCP.

Nesta crise grega houve de facto falta de experiência, de inteligência e de um partido que tivesse à frente um líder capaz de negociar logo ceder em muita coisa para ganhar outras. Não houve e daí o falhanço.

Tsipras nunca teve condições políticas para negociar um acordo. E também não as conseguiu criar. Procura agora condições para romper as negociações. Afinal o seu programa não é governar a Grécia. É ficar bem na fotografia. Ou pelo menos não estragar a imagem que ganhou nos estúdios de televisão onde politicamente nasceu e onde as teses dos radicais fazem sempre mais sentido que todas as outras.

E agora? Agora a vida tem de continuar seja qual for o caminho seguido pela Grécia. Mas que nos fique de emenda: não é possível, não é honesto e não é justo que o governo de um país da UE capture as atenções, o tempo e as energias das instituições europeias desta forma durante meses.

E eu mesma acabo este texto irritada comigo por ter perdido o meu tempo e o espaço desta crónica a escrever sobre uns gaiatos que não sabem o quanto custa ganhar a vida e não sobre aquele polícia espancado e esfaqueado numa “festa multicultural”. Azar o dele ser polícia. Se fosse gato ou doutor-activista de festas multiculturais o país estaria hoje verdadeiramente indignado. Assim não fosse o Correio da Manhã e quase nem se dava pelo assunto.
http://observador.pt/opiniao/tsipras-o-homem-que-nao-podia-negociar/

D. Antunes

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Re: Greek debt crisis is the Iraq War of finance
« Responder #99 em: 2015-08-18 22:37:45 »
Uma nova abordagem para a dívida soberana da zona euro
por YANIS VAROUFAKIS Hoje

A dívida pública da Grécia foi de novo colocada na agenda da Europa. Na verdade, esta foi talvez a principal conquista do governo grego durante o agonizante impasse de cinco meses com os seus credores. Depois de anos de "prolongar e fazer de conta", hoje quase toda a gente concorda que a reestruturação da dívida é essencial. Mais importante ainda, isso não é verdade apenas para a Grécia.
Em fevereiro apresentei no Eurogrupo (que reúne os ministros das Finanças dos Estados membros da zona euro) um menu de opções, incluindo títulos indexados ao PIB, o que Charles Goodhart recentemente apoiou no The Financial Times, títulos perpétuos para liquidar a dívida antiga nos livros do Banco Central Europeu e assim por diante. Esperemos que o terreno esteja agora mais preparado para que tais propostas sejam consideradas, antes que a Grécia se afunde mais ainda nas areias movediças da insolvência.
Mas a pergunta mais interessante é o que tudo isto significa para a zona euro como um todo. Os alertas prescientes de Joseph Stiglitz, Jeffrey Sachs e muitos outros para uma abordagem diferente para a dívida soberana em geral precisam de sofrer modificações para se adequarem às características particulares da crise da zona euro.
A zona euro é única entre os espaços monetários: o seu banco central carece de um Estado para apoiar as suas decisões, enquanto os seus Estados membros carecem de um banco central para os apoiar em tempos difíceis. Os líderes europeus tentaram preencher esta lacuna institucional com regras complexas e sem credibilidade, que muitas vezes não conseguem compatibilizar-se e que, apesar desta falha, acabam por sufocar os Estados membros em dificuldades.
Uma dessas regras é o limite da dívida pública dos Estados membros estabelecido no Tratado de Maastricht em 60% do PIB. Outra é a cláusula de "não resgate" do tratado. A maioria dos Estados membros, incluindo a Alemanha, já violaram a primeira regra sub--repticiamente ou não, enquanto para vários outros a segunda regra tem sido obliterada por grandes pacotes de financiamento.
O problema é que a reestruturação da dívida na zona euro é essencial e, ao mesmo tempo, incompatível com a Constituição implícita subjacente à união monetária. Quando a economia embate contra as regras de uma instituição, os decisores políticos devem encontrar formas criativas para alterar as regras ou, caso contrário, assistirão ao colapso da sua criação.
Assim, fica aqui uma ideia (parte de A Modest Proposal for Resolving the Euro Crisis, com a coautoria de Stuart Holland e James K. Galbraith) destinada a recalibrar as regras, realçando o seu espírito e dirigindo-se ao problema económico subjacente.
Em resumo, o BCE poderia anunciar amanhã que, de agora em diante, irá realizar um programa de conversão de dívida para qualquer Estado membro que deseje participar. O BCE irá servir (em oposição a comprar) uma parte de todos os títulos do tesouro em vencimento, parte essa correspondente à percentagem da dívida pública do Estado membro permitida pelas regras de Maastricht. Assim, no caso dos Estados membros com rácios de dívida em relação ao PIB de, digamos, 120% e 90%, o BCE serviria respetivamente 50% e 66,7% de todos os títulos do tesouro em vencimento.
Para financiar esses resgates em nome de alguns Estados membros, o BCE emitiria títulos em nome próprio, garantidos unicamente pelo BCE, mas reembolsados na íntegra pelo Estado membro. Mediante a emissão de um tal título do BCE, este abriria simultaneamente uma conta de débito para o Estado membro em nome de quem tinha emitido o título.
O Estado membro seria então legalmente obrigado a fazer depósitos nessa conta para cobrir os cupões e o valor nominal dos títulos do BCE. Além disso, a responsabilidade do Estado membro para com o BCE desfrutaria do estatuto de super-senioridade e seria garantida pelo Mecanismo Europeu de Estabilidade contra o risco de um incumprimento grave.
Um programa de conversão de dívida deste tipo traria cinco benefícios. Para começar, ao contrário do atual quantitative easing do BCE, não envolveria a monetização da dívida. Assim, não correria qualquer risco de inflacionar bolhas de preços de ativos.
Em segundo lugar, o programa iria causar uma grande queda nos pagamentos de juros agregados da zona euro. A parte da dívida soberana dos seus membros de acordo com as regras de Maastricht seria reestruturada com prazos mais longos (igual ao vencimento das obrigações do BCE) e com as taxas de juros ultrabaixas que só o BCE pode obter nos mercados de capitais internacionais.
Em terceiro lugar, as taxas de juro de longo prazo da Alemanha não seriam afetadas, porque a Alemanha não garantiria o regime de conversão de dívida nem patrocinaria as emissões de títulos do BCE.
Em quarto lugar, o espírito da regra de Maastricht sobre a dívida pública seria reforçado e o risco moral seria reduzido. Afinal de contas, o programa iria aumentar significativamente o spread da taxa de juro entre a dívida de acordo com as regras de Maastricht e a dívida que permaneceria nas mãos dos Estados membros (que anteriormente estes não estavam autorizados a acumular).
Por fim, os títulos indexados ao PIB e as outras ferramentas existentes para lidar de forma sensata com a dívida insustentável poderiam ser aplicadas exclusivamente à dívida dos Estados membros não abrangida pelo programa e em linha com as melhores práticas internacionais de gestão da dívida soberana.
A solução óbvia para a crise do euro seria uma solução federal. Mas a federação tem vindo a tornar-se cada vez menos provável devido a uma crise que, tragicamente, tem vindo a pôr os países uns contra os outros.
Na verdade, qualquer união política que o Eurogrupo pudesse vir a endossar hoje seria disciplinadora e ineficaz. Entretanto é improvável que a reestruturação da dívida pela qual a zona euro - e não apenas a Grécia - está a implorar seja politicamente aceitável no clima atual.
Mas existem maneiras de reestruturar a dívida de forma sensata, sem qualquer custo para os contribuintes e de forma a aproximar os europeus uns dos outros. Uma delas é o programa de conversão de dívida aqui proposto. A sua adoção iria ajudar a curar as feridas da Europa e desbravar o terreno para o debate de que a União Europeia precisa sobre o tipo de união política que os europeus merecem.
“Price is what you pay. Value is what you get.”
“In the short run the market is a voting machine. In the long run, it’s a weighting machine."
Warren Buffett

“O bom senso é a coisa do mundo mais bem distribuída: todos pensamos tê-lo em tal medida que até os mais difíceis de contentar nas outras coisas não costumam desejar mais bom senso do que aquele que têm."
René Descartes