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Autor Tópico: Filtros FAP, estimativas de mortes e ciência  (Lida 3366 vezes)

hermes

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Re: Filtros FAP, estimativas de mortes e ciência
« Responder #21 em: 2015-11-27 20:17:13 »
São dados oficiais - é assustador e surpreendente (para quem não está por dentro destes asusntos), mas a poluição na Europa provoca mais mortes prematuras do que os acidentes nas estradas

http://www.eea.europa.eu/media/newsreleases/europes-cities-still-suffering-from

Podes ver o relatório compleot aqui: https://www.google.pt/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=3&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwj7ovCMs7DJAhXMvRoKHSZqCqwQFggyMAI&url=http%3A%2F%2Fwww.eea.europa.eu%2Fpublications%2Fair-quality-in-europe-2014%2Fdownload&usg=AFQjCNF9E0oFMO6uH87NjEimTN5COkTLhg&sig2=iMHL8r-m93Xz_-J4GwbA1g


Correlação não significa necessariamente causalidade:

http://www.astropt.org/2011/10/16/correlacao-nao-implica-necessariamente-causalidade/


Hemes, não acreditas portanto que existe uma relação de causalidade entre o aumento da poluição atmosférica e a diminuição da saúde pública, quer em termos de morbilidade, querer em termos de mortalidade?

hermes

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Re: Filtros FAP, estimativas de mortes e ciência
« Responder #22 em: 2015-11-27 23:19:08 »
São dados oficiais - é assustador e surpreendente (para quem não está por dentro destes asusntos), mas a poluição na Europa provoca mais mortes prematuras do que os acidentes nas estradas

http://www.eea.europa.eu/media/newsreleases/europes-cities-still-suffering-from

Podes ver o relatório compleot aqui: https://www.google.pt/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=3&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwj7ovCMs7DJAhXMvRoKHSZqCqwQFggyMAI&url=http%3A%2F%2Fwww.eea.europa.eu%2Fpublications%2Fair-quality-in-europe-2014%2Fdownload&usg=AFQjCNF9E0oFMO6uH87NjEimTN5COkTLhg&sig2=iMHL8r-m93Xz_-J4GwbA1g


Correlação não significa necessariamente causalidade:

http://www.astropt.org/2011/10/16/correlacao-nao-implica-necessariamente-causalidade/


Hemes, não acreditas portanto que existe uma relação de causalidade entre o aumento da poluição atmosférica e a diminuição da saúde pública, quer em termos de morbilidade, querer em termos de mortalidade?


Numa causalidade de 400000 não acredito.
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Incognitus

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Re: Filtros FAP, estimativas de mortes e ciência
« Responder #23 em: 2015-11-28 01:42:19 »
São dados oficiais - é assustador e surpreendente (para quem não está por dentro destes asusntos), mas a poluição na Europa provoca mais mortes prematuras do que os acidentes nas estradas

http://www.eea.europa.eu/media/newsreleases/europes-cities-still-suffering-from

Podes ver o relatório compleot aqui: https://www.google.pt/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=3&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwj7ovCMs7DJAhXMvRoKHSZqCqwQFggyMAI&url=http%3A%2F%2Fwww.eea.europa.eu%2Fpublications%2Fair-quality-in-europe-2014%2Fdownload&usg=AFQjCNF9E0oFMO6uH87NjEimTN5COkTLhg&sig2=iMHL8r-m93Xz_-J4GwbA1g


Correlação não significa necessariamente causalidade:

http://www.astropt.org/2011/10/16/correlacao-nao-implica-necessariamente-causalidade/


Hemes, não acreditas portanto que existe uma relação de causalidade entre o aumento da poluição atmosférica e a diminuição da saúde pública, quer em termos de morbilidade, querer em termos de mortalidade?


Não está em causa a causalidade, está em causa a magnitude. Que até pode ser maior ou menor. Mas só se sabe se um modelo que prevê uma dada magnitude está correcto, se ele a prever e ela se verificar, e não apenas pela correlação observada. A correlação só serve para, especulativamente, conceber o modelo (hipótese).
« Última modificação: 2015-11-28 01:42:37 por Incognitus »
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Re: Filtros FAP, estimativas de mortes e ciência
« Responder #24 em: 2015-11-28 01:44:00 »
Sim, mas o impacto sobre a saúde não estava em questão (desde o início: como eu disse eu concordava com o que dizias, o que incluía o não retirar do FAP embora se entendam as razões económicas para o fazer).

O que eu não acho grande coisa são estimativas concretas de mortes apresentadas como factos quando nem sequer estão validadas. É o mesmo que se passa com o aquecimento global. O homem tem certamente um impacto, mas os modelos que se dão como catastrofistas não estão validados e não devem ser apresentados como factos e sim meras hipóteses a validar. Idem para coisas que se diga preverem terramotos, ou para sistemas de trading que até este momento estejam apenas sujeitos a backtests.

Neste caso é mais objetivo- são efeitos diretos na saúde humana (asma, broquite, cancro, etc.) facilmente mensuráveis e quantificáveis, e não efeitos indiretos como os efeitos das alterações climáticas.

Sim, certamente. É uma coisa mais fácil de testar. O problema é que o teste tem que ser para a frente depois de formulada a hipótese (o modelo).

Ou seja, não chega correlacionar para trás. É nesse aspecto que isto é similar ao aquecimento global.

Será possível prever para a frente, mas para tal é necessário alterar os procedimentos aquando das admissões hospitalares nas urgências, já que a informação que é recolhida sobre as causas de admissão é escassa. No caso deste estudo, tivemos de contratar uma pessoa externa ao hospital, apenas para recolher a informação que nós precisávamos com o nível de desagregação necessário, e a posteriormente trabalhar esses dados.

Citar
Alguma da experiência obtida para a realização deste trabalho, em particular relacionada com algumas das lacunas identificadas, serve de base para as pequenas sugestões que serão apresentadas. O objectivo é que estas sugestões funcionem como uma pequena contribuição para alguns dos aspectos a contemplar no âmbito do Plano Ambiente-Saúde 2005/2010 actualmente em desenvolvimento.
1. A reestruturação do sector da saúde em curso, nomeadamente a informatização do sistema de gestão, deverá retirar múltiplas valências do investimento a efectuar. Neste particular será importante que os sistemas informáticos possam incorporar informação de base epidemiológica, a qual permita a recolha sistemática dos indicadores de impacte na saúde necessários à aplicação de um modelo como o modelo PSAS-9, aplicado ao longo deste trabalho. Será importante a análise prévia das classificações CID a descriminar, para que a agregação das diferentes doenças (especialmente aquelas englobadas nas classificações relativas a doenças respiratórias e cardiovasculares) possa facilmente ir ao encontro das agregações encontradas na bibliografia (p.ex. a agregação utilizada no
estudo APHEIS). A qualidade dos dados recolhidos, particularmente aqueles relativos à mortalidade por causas específicas cuja associação é mais evidente (p.ex. repare-se que na Figura 19, pág. 2-29, os riscos relativos para a mortalidade cardiovascular ou respiratória são superiores aos riscos relativos obtidos para a mortalidade total), é de grande importância para a credibilidade inerente a este tipo de estudos epidemiológicos.

2. A necessidade de classificação sistemática através dos códigos CID previamente citados deve ser aplicada sistematicamente também nos casos de urgência hospitalar e em consultas, para que se possam agrupar estes atendimentos e assim se possam recolher dados relativos à morbilidade das populações.

3. A promoção da investigação toxicológica dos efeitos dos constituintes dos aerossóis quantificados em termos de caracterização química. A
investigação em torno da toxicidade inerente aos compostos que constituem o material particulado está ainda em fase germinal, podendo ser um campo de trabalho futuro de algumas instituições nacionais nesta área. O Plano Ambiente-Saúde 2005/2010 poderá promover a investigação aplicada neste domínio

Pensei que a info já fosse colectada normalmente ... nesse caso isso significa que provavelmente levaram em conta um número reduzido de picos ...

Afastaram a hipótese de as admissões estarem associadas à própria causa* dos picos de PM10? Verificaram se na presença dessas causas SEM pico de PM10, as admissões não eram afectadas?

-------

* É provável que as mesmas causas que provocam os picos de PM10 também levem a alterações das concentrações atmosféricas de outras partículas, etc.

As causas são variadas, desde meteorologia (maior estabilidade atmosférica e ausência de precipitação dificultam a dispersão dos poluentes), fenómenos naturais (intrusão de massas de ar provenientes do norte de Àfrica e carregadas de partículas PM10), tráfego rodoviário etc. No caso das PM2,5, como são de menor dimensão, o peso das causas antropogénicas é maior. Procurou-se despistar algumas, como a temperatura do ar, eventos naturais, entre outros. Esses fatores foram tidos em conta na elaboração do modelo.

Mas o modelo depois deveria ter sido testado sobre dados não incluídos na sua elaboração (out of sample). É tal e qual como um sistema de trading.
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Re: Filtros FAP, estimativas de mortes e ciência
« Responder #25 em: 2015-11-30 15:11:19 »
O modelo é o que é, e sendo parte ciência exacta/ parte ciência social, não é como a física. E custa dinheiro a registar os dados, pelo que sem financiamento permanente não há possibilidade de continuar.

Num aparte, a confusão típica entre poluentes atmosféricos e gases com efeito de estufa, que motivou o meu e-mail para o Observador:


Citar
Cara Mariana Nunes,

Após leitura a notícia no Observador, http://observador.pt/2015/11/30/pequim-nova-deli-densa-nuvem-poluicao/

Detetei diversas incorreções na mesma, que importa esclarecer e/ou corrigir:

•   A primeira consiste em confundir poluição do ar (associada a um conjunto de poluentes com impacte direto na saúde humana, como as partículas inaláveis - PM10, os óxidos de azoto – NOX, o monóxido de carbono – CO ou o ozono troposférico – O3 e cujo cumprimento dos valores-limite de base legal importa garantir, de forma a proteger a saúde pública e a qualidade dos escossistemas), com emissões de gases de efeito de estufa - GEE (onde se inclui o CO2, que funciona como proxy e não é um poluente com impacte direto na saúde humana mas cujos efeitos  se revelam ao nível das alterações climáticas, para as quais medidas de mitigação estão atualmente a ser discutidas na COP21 em Paris). Para os primeiros são definidos, ao nível da legislação nacional e comunitária, valores-limite de concentração no ar ambiente e valores-limite de emissão (como por exemplo, as normas EURO para as emissões do escape dos automóveis), e para os GEE também são definidos valores-limite, mas de âmbito global (como por exemplo o Protocolo de Quioto).

•   A segunda consiste em apresentar erradamente valores de concentrações poluentes: Em Pequim, o índice de qualidade do ar mantém-se extremamente elevado e, em algumas partes da cidade, situa-se muito acima dos 500 microgramas — ultrapassando largamente as recomendações da Organização Mundial da Saúde. Nova Deli regista valores perto dos 370 microgramas. Acima de 300, este indicador é considerado “perigoso”.

Ora, uma concentração é dada por uma massa sobre um volume, pelo que os valores apresentados deveriam ser apresentados em microgramas por metro cúbico – g/m3. É também necessário esclarecer qual o poluente a que se refere asta concentração. Sendo da área, presumo que se refira às partículas inaláveis PM10, mas um leigo não faria tal associação.

Reforço que a poluição a que a notícia se refere, nada tem a ver com a temática da mitigação das emissões de GEE que se discute na cimeira do Clima de Paris, embora as origens de ambos os problemas sejam as mesmas (emissões antropogénicas provenientes da queima de combustíveis fósseis, neste caso provavelmente carvão). Tal como refere, “A China e a Índia estão  (…) entre os países que emitem mais gases com efeito de estufa para a atmosfera.”. Contudo, a emissão de GEE não provoca a poluição do ar que se retrata na fotografia. A emissão excessiva de poluentes atmosféricos, como as partículas, sim.

Poderá ver mais informação aqui:

http://www.eea.europa.eu/themes/air

http://www.eea.europa.eu/themes/climate


Espero ter contribuído para um melhor esclarecimento acerca deste tema. Cumprimentos e boa tarde,


Incognitus

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Re: Filtros FAP, estimativas de mortes e ciência
« Responder #26 em: 2015-11-30 15:14:26 »
Muito bom, porque para muitas pessoas essa confusão está estabelecida (entre gases de efeito de estufa e os "poluentes tradicionais", bem como os respectivos efeitos -- ou seja, não falta quem pense que o CO2 é directamente nocivo).
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Re: Filtros FAP, estimativas de mortes e ciência
« Responder #27 em: 2015-11-30 15:20:30 »
Muito bom, porque para muitas pessoas essa confusão está estabelecida (entre gases de efeito de estufa e os "poluentes tradicionais", bem como os respectivos efeitos -- ou seja, não falta quem pense que o CO2 é directamente nocivo).

É a minha área de trabalho (10 anos como bolseiro no Grupo de Qualidade do Ar da FCT/UNL e 1 ano e meio como Técnico na Agência Municipal de Energia de Almada), pelo que tenho mais facilidade em detectar estes erros :)

Eu nem sou muito ríspido com os jornalistas. São jovens, carne para canhão e não têm tempo de se especializar em nada, já que literalmente "vão a todas" e fazem peças a metro - há uns anos, a propósito de um estudo sobre poluição dentro do túnel do Marquês fui comentar o assunto com uma jornalista da TVI, já que o meu chefe não estava disponível. A moça era super novinha e nem sequer tinha mail empresarial - era mesmo um @gmail! Disse-me que esta nova geração de jornalistas é quase toda era freenlancer, faz 8-10 peças por dia que depois tenta "vender" às TVs/Jornais, que só lhes pagam se a reportagem for mesmo publicada... que tristeza, mesmo :(

Deus Menor

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Re: Filtros FAP, estimativas de mortes e ciência
« Responder #28 em: 2015-11-30 17:51:08 »

Ainda ninguém me confirmou se os dados medidos com FAP se mantêm ,
ou com um intervalo de segurança mínimo, iguais aos da homologação.