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« Última por Reg em 2024-04-26 10:53:08 »
Portugal so tem esquerda....
em 2024 e fatal isto
No entanto, devido a essa pressão, ou para se distinguirem das outras direitas em formação, nunca o PPD e o CDS se disseram de “direita”. O PPD reivindicou a “social democracia”, o que fazia sentido, pelo modo como a esquerda, incluindo o PS, recusava e castigava o que então via como um compromisso ignóbil com o capitalismo. Ao situar-se desta maneira, o PPD deu espaço e razão de ser ao CDS, que se logo de anunciou como único partido democrático não socialista. No entanto, também o CDS evitou a “direita”, preferindo um “centrismo”
esquerdistas acabam centralizados em paris
Para a esquerda, a direita não era nem podia ser democrática. E de facto, as direitas tinham tido um problema com a democracia. Os chamados “nacionalistas”, em geral, não acreditavam no pluralismo partidário, em eleições ou em debates parlamentares: tudo isso lhes parecia apenas meios de dividir e enfraquecer uma nação que devia permanecer una do Minho a Timor. Os conservadores e liberais que perfilhavam a democracia de tipo ocidental acreditavam nela como fim, nas duvidavam dela como meio: temiam que, num primeiro momento, propiciasse um regresso à “ditadura da rua” da I República (1910-1926) ou mesmo um salto para uma ditadura comunista, como as que desde 1945 existiam na Europa de Leste sob influência soviética. Por isso, com Marcello Caetano antes de 1974, tinham admitido que uma ditadura reformista talvez fosse a etapa de transição necessária para uma futura democracia concebida à maneira ocidental.
Durante a ditadura salazarista, as esquerdas não se tinham cansado de reivindicar eleições livres e pluralismo partidário. Mas para uma grande parte delas, essa reivindicação era apenas uma maneira de congregar apoio para sair de uma ditadura que não conseguiam derrubar pela força.
O PSD e o CDS fizeram tudo para não ficarem acantonados num extremo e serem aceites como parte do arco da governação. Entraram na maioria que elegeu o presidente Eanes, maquilharam-se para parecerem mais aceitáveis à esquerda (o PPD tornou-se PSD, o CDS inventou um “sindicalismo democrata-cristão”), propuseram repetidas alianças ao PS, e apelaram ainda mais vezes ao general Eanes.