Tu defendes um sistema onde existem mais decisões arbitrárias. Um tal sistema é conducente a maior corrupção. Obviamente não te passa pela cabeça defender maior corrupção directamente, mas é o que acontece.
Tal como não te passará pela cabeça defender maior desemprego, mas defenderás certamente um salário mínimo mais elevado independentemente do impacto no desemprego.
Tal como não te passará pela cabeça defenderes menores salários, maior desemprego e menor produtividade, mas defenderás certamente uma maior dificuldade em despedir.
E por aí adiante.
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Sobre a desigualdade e a corrupção, ainda não "atingi" o que queres dizer. Eu descrevi um processo que garante maior desigualdade no capitalismo, e ele não tem nada a ver com corrupção. Quando compras um iPhone estás a contribuir para maior desigualdade (tanto no mundo Ocidental como na China, diga-se). Quando compras seja o que for, aliás, estás a contribuir para maior desigualdade. Isto porque quem te providencia esses bens está a ficar mais rico (incluindo os trabalhadores). E quem não te providencia nada, está a ficar em termos relativos mais pobre versus essas pessoas. A desigualdade ocorre entre os que ganham mais (e não apenas os mais ricos -- porque as estatísticas comuns usam fatias mais alargadas) e os que ganham menos -- mas não necessariamente os que ganham menos trabalhando, nota. As fatias com menores rendimentos da sociedade tenderão a não trabalhar (por variadíssimas razões).
Uma medida de pobreza relativa cria sempre pobres. Se fores ao Kuwait e considerares apenas a população indígena, serão virtualmente todos "ricos", no entanto se aplicares uma medida de pobreza relativa terás pobres dentro destes.
Uma medida de pobreza absoluta é mais fiável. Se as pessoas têm o necessário para viverem de forma básica já não são pobres. Apenas o serão de forma relativa. O uso de uma medida de pobreza absoluta é a única forma possível de erradicar a pobreza.
um salário mínimo, desde que equilibrado, faz todo o sentido - evita abusos, erradica a pobreza e cria procura, logo cria emprego
o teu liberalismo leva-te a ver as coisas pelo lado da oferta e depois a apresentares demagógicamente a tua solução como uma verdade absoluta quando isso em economia não existe
o que existe são soluções equilibradas e contextualizadas e não axiomas da treta
defender um salário mínimo desajustado é tão idiota como defender a abolição do salário mínimo
aquilo que eu queria referir não é a desigualdade mas a demasiada desigualdade que resulta da corrupção e não da naturalidade do sistema
a pobreza relativa é muito gira e percebo o que queres dizer mas isso é argumento que serve para desculpar muita coisa
comparando com o Bangladesh os pobres em Portugal têm é que ficar caladinhos é o que resulta desse raciocinio da pobreza absoluta
claro que existem aqui questões ideológicas
isto envolve opções políticas
basta ver a celeuma que há sempre que se fala dos impostos sobre os muito ricos
basicamente tem a ver com alisar ou aprofundar o darwinismo social
ou o primado do individuo versus o primado do colectivo
como o homem é um animal gregário, de clã, eu vou pelo sentido tribal, pelo colectivo mas o mundo é vasto e até existem psicopatas
mas em tudo tem que haver equílibrio...está provado que a demasiada ênfase no tribal dá bosta mas o contrário também pois mais imperfeitos que os sistemas são os homens
por isso nunca alinho em axiomas