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Off-Topic / Sociedade Low Cost
« em: 2015-11-04 17:50:26 »
Num destes dias em conversa telefónica com um amigo meu que está no Brasil, ele queixava-se que o negócio do sector dele (telecomunicações) está parado e com tendência para crise. Justificava a quebra do negócio com os serviços gratuitos ou de custos reduzidos de comunicações que a internet oferece como o WhatsApp, Facebook, Skype, agora o Netflix entre outros. Estes serviços estão a canibalizar o negócio das operadoras nos segmentos de chamadas voz, imagem, fixo e TV, sobrando apenas o serviço de Internet que para já ainda não foi afectado. Ele também se queixava que a proliferação da internet e de sites/portais com serviços, conteúdos e mesmo de vendas de produtos está a quebrar a cadeia de retalho, na qual o cliente final pode aceder a um bem diretamente ao fornecedor sem passar por intermediários (Distribuidores, Importadores, Retalhistas, etc). Este fenómeno de acesso a produtos mais baratos está a pressionar os fluxos do comércio intermediário e está a criar uma nova realidade de acesso directo a bens e serviços mais baratos ou até mesmo gratuitos. Este paradoxo criado pelo mercado online numa análise superficial é bom para o consumidor por uma oferta a custos mais reduzidos, no entanto tem vindo progressivamente a acabar com as cadeias de distribuição convencionais e por consequência tem eliminado postos de trabalho para sobreviverem à concorrência.

Se formos mais longe podemos observar uma panóplia de serviços que foram eliminados ou abalados pelo comércio online, estou a recordar-me das agências de viagens, que sofreram bastante com os serviços de booking online, os serviços de HomeBanking estão a ceifar de dia para dia postos de trabalho e a encerrar agências bancárias, a migração da imprensa/comunicação social parcialmente gratuita para a internet levou o sector da comunicação social para uma crise da qual ainda não existem respostas para a saída da mesma. Enfim, existem uma data de sectores de serviços e produtos completamente afectados pela mesma oferta online gratuita, ou de baixo custo.

Resta reflectir se este paradigma de sociedade de Low Cost que neste momento estamos a viver e que aparentemente parece ser bom para o consumidor com acesso a bens e serviços gratuitos ou de custo reduzido, não irá ser o responsável por sérias rupturas sociais causadas pelo desemprego, baixos salários, etc, que esses serviços têm causado no comércio de bens e serviços tradicionais. Se o envolvimento de grandes companhias tecnológicas que actuam no mercado eletrónico numa posição tendencialmente monopolista e de desvirtuação do mercado e suas variáveis não irão fortemente condicionar e controlar as escolhas dos consumidores. Se a crescente substituição do homem pela máquina na cadeia produtiva não será uma grande falácia, uma vez que se está a produzir bens de custos mais reduzidos, no entanto esses bens deixam de ter procura porque o mercado ao qual se destinam foi aniquilado pelo desemprego e pela inevitável perda de poder de compra.

Vivemos tempos de interessante mudança, no entanto as consequências ainda são imprevisíveis de todo este paradigma em torno do Low Cost, que por um lado dá, mas por outro tira.


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