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Geral => Off-Topic => Tópico iniciado por: vbm em 2014-05-19 15:39:42

Título: Livros
Enviado por: vbm em 2014-05-19 15:39:42
Dois livros de economia que vale a pena ler:

(http://static.fnac-static.com/multimedia/PT/images_produits/PT/ZoomPE/7/6/8/9789722335867.jpg)

(http://static.fnac-static.com/multimedia/Images/PT/NR/3f/6b/0b/748351/1507-1.jpg)

Há outros, de Tim Harford, traduzidos pela editora Presença,
mas suspeito sejam mais marketing psicologista
de auto-empreendorismo.

Aqueles dois, no entanto, dão um correcto insight
da micro e da macroeconomia.

A não perder!
Título: Re:Livros
Enviado por: Incognitus em 2014-05-19 15:42:33
Por alto, qual a tese que expõem?

Ao lerem-se livros, tem que se ter muito cuidado com a nossa tendência para procurar coisas que confirmem as nossas opiniões pré-estabelecidas, em vez de nova informação que nos permita compreender melhor a realidade.
Título: Re:Livros
Enviado por: kitano em 2014-05-19 19:33:20
Os livros não são maus, focam-se em experiencias de "economia comportamental", no género do freakonomics.
Título: Re:Livros
Enviado por: Incognitus em 2014-05-19 19:41:04
Ah, finança comportamento é um campo muito bom, sim.
Título: Re:Livros
Enviado por: vbm em 2014-05-19 20:34:27
Para fazer uma recensão interessante dos dois livros
teria de os reler, mesmo por alto, demoraria,
e não tenho possibilidade por agora.

No entanto, no imediato destaco o que mais
me impressionou: no primeiro, a ilustração
da lei dos rendimentos decrescentes
ou custos crescentes, de Ricardo;
no segundo, a demonstração
por Robert Lucas de que
a curva de Phillips,

da correlação empírica
do crescimento dos salários nominais
com a diminuição do desemprego
não era nenhuma relação de causa-efeito;

e que a relação dos agregados macroeconómicos entre si
não dispensa uma boa teoria microeconómica do comportamento
dos produtores e consumidores, um sistema lógico das expectativas racionais.

Ambos os livros são intuitivos mas congruentes
com o conhecimento acumulado pela ciência económica.
Título: Re:Livros
Enviado por: vbm em 2014-05-23 19:45:59
(http://www.almedina.net/catalog/images/9789722054881_new1.jpg)

Interessante e instrutivo.

Muito próximo do modo como,
por exemplo, o Incognitus defende
opções políticas aqui no fórum.

No entanto, sublinho a «fraqueza»
conservadora e historicista que
Leo Strauss denuncia (p.74);
e a importância do Estado
para o bom funcionamento
do mercado livre, segundo
Adam Smith, (p.144).


Diz J. Pereira Coutinho,

«Ironicamente, o cliché anedótico do «capitalismo selvagem»
só funciona para quem se imagina a viver na selva.»
(p.145)

:)
Título: Re:Livros
Enviado por: Automek em 2014-05-24 12:06:32
Geralmente quando alguém se refere a capitalismo selvagem = anarquia. Não é o mesmo que liberalismo.
Título: Re:Livros
Enviado por: vbm em 2014-06-12 19:12:43
Politicamente, um conservador não é um reacionário.
Quer somente manter as coisas como elas estão e, em geral, são.

Um liberal, esse, já não é um conservador.
Discorda de como as coisas estão.
Quer mudança.
Título: Re:Livros
Enviado por: Incognitus em 2014-06-12 19:14:53
A palavra "Liberal" foi assaltada e o seu significado foi alterado substancialmente. Hoje em dia nos EUA, Liberal = progressista/socialista. Ora, os socialistas só são liberais em termos sociais (e por vezes nem aí).
Título: Re:Livros
Enviado por: vbm em 2014-06-12 19:22:20
Sim, os políticos apoderam-se
de conceitos teóricos precisos
e forjam-lhes novas
significações.

Liberal, no século 19,
sempre equivaleu
à liberdade individual,
ao respeito pela livre
iniciativa dos cidadãos,
adultos, independentes
e respeitáveis.
Título: Re:Livros
Enviado por: vbm em 2014-06-12 19:38:38
Há um livro,
que fez 25 anos
em 2012, e foi
um sucesso de vendas
nos estados unidos

The closing of the American mind
by Allan Bloom

(https://images-blogger-opensocial.googleusercontent.com/gadgets/proxy?url=http%3A%2F%2F4.bp.blogspot.com%2F-F2lkmDyvh0w%2FU5nyGx_I3HI%2FAAAAAAAABPQ%2Fce0AdD8fqQg%2Fs200%2Famerianmindcover5102011.jpg&container=blogger&gadget=a&rewriteMime=image%2F*)

Já o li numa tradução
da Europa-América
(«A cultura inculta»).

Mostra como já não há cidadãos na América.
Hei-de o reler no original. Assim, como
o Ravelstein, de Saul Bellow,
que ficciona o próprio
Allan Bloom!
Título: Re:Livros: Como o Capital Financeiro Conquistou o Mundo
Enviado por: purehawk em 2014-06-12 20:35:46
Pois eu acho (após alguma/muita reflexão) que o conceito ou ideia de "conservador" sem as significações específicas que diferentes áreas do saber lhe atribuiem é transversal e universal.

Na área da politica, todos os politicos e todos os partidos são conservadores (são "conservadores" em Portugal: CDS-PP, PSD, PS, BE, PCP-CDU e outros fora do Parlamento...) poís existem alturas, aquando na defesa dos seus 'interesses', 'valores', ou 'príncipios', qualquer politico, ou partido, ou associação, ou entidade, pode comportar-se como "conservador". Noutras alturas, todos podem ser "liberais" (no sentido de libertarem da posição anterior).

É conforme o caminho é mais aproriado (ser-se "conservador" ou "liberal") para ir ao encontro do que se entende como 'interesses', 'valores', ou 'príncipios'.
Por sua vez, estes, também não são 'imutáveis' ao longo do tempo...

Ninguém e nenhuma entidade tem o monopólio do uso do conceito de "conservador" ou de "liberal", e todos, a dado momento, são uma e outra coisa.
O príncipio é: "levar a água ao seu moinho" (significado: realizar acções em proveito próprio para realizar um objectivo).


      :P



Agora deixem-se lá de "conservadorismos" e "liberalismos" e tratem de ler um livro obrigatório de qualquer financeiro.
Só por expôr a história do dinheiro/finança vale a pena abri-lo. Ficarão a saber quem inventou o 'papel-moeda'.
Alguns capitulos:


CAP. 6 - 1ª REVOLUÇÃO FINANCEIRA (SÉCS. VIII A XII)

O "papel-voador" dos mercadores privados da dinastia Tang
O surgimento do dinheiro fiduciário

CAP. 7 - 2ª REVOLUÇÃO FINANCEIRA (SÉCS. XIII A XVI)

Antuérpia com sabor português
O Lavrador com visão marítima
Por que os ingleses perderam a corrida

CAP. 8 - 3ª REVOLUÇÃO FINANCEIRA (SÉCS. XVII E XVIII)

O primeiro IPO da História, em Amesterdão

CAP. 9 - 4ª REVOLUÇÃO FINANCEIRA (SÉCS. XIX E XX)

O “Grande Chefe” antipânico da Rua 36 de Manhattan
O clube dos 98
Pierpont vê o donut
A doçura e o cacete

CAP. 10 - 5ª REVOLUÇÃO FINANCEIRA (DESDE 1971)

Os algoritmos conquistam Wall Street
Parece ficção científica
Cresceu treze vezes



Como o Capital Financeiro Conquistou o Mundo
Breve História de Cinco Revoluções Financeiras

(http://www.thinkfn.com/forumbolsaforex/index.php?action=dlattach;topic=3032.0;attach=18294)


Autor: Jorge Nascimento Rodrigues
Págs:  168
ISBN: 978-989-615-179-9
Edição:  Set/2012
PVP: 14,00 EUR

http://www.centroatl.pt/titulos/desafios/capitalfinanceiro/index.html (http://www.centroatl.pt/titulos/desafios/capitalfinanceiro/index.html)


      :)
Título: Re:Livros
Enviado por: vbm em 2014-06-12 20:40:29
É capaz de ser interessante.
Mas está escrito em português
ou no orto-português ex-para palops?
Título: Re:Livros
Enviado por: purehawk em 2014-06-12 20:46:16
Eu vi um exemplar de um amigo meu (ainda não o tenho) e pelo pouco que li digo que é português de Portugal (pt-PT).

      :)
Título: Re:Livros
Enviado por: vbm em 2014-06-12 21:04:57
Eu vi um exemplar de um amigo meu (ainda não o tenho) e pelo pouco que li digo que é português de Portugal (pt-PT).

      :)

Perguntei sarcástico,
mas detesto o acordo ortográfico,
e aprecio quem não o adopte.
Título: Re:Livros
Enviado por: vbm em 2014-07-18 22:55:11
(http://images.portoeditora.pt/getresourcesservlet/image?EBbDj3QnkSUjgBOkfaUbsI8xBp%2F033q5Xpv56y8baM4AcYks6fh46Dx2q0PR6GZP&width=440)

Só conhecia de nome, a.m. pires cabral.
Mas folheando a gaveta do fundo
fiquei encantado com a expressiva simplicidade
do que o poeta nos faz ver.

Destaco três poemas,
que me lembram como a agricultura
e a educação deste país desgovernado,
se desterritorializa e despovoa
num ensombramento progressivo
de «cinzas, pó e nada»!
Título: Re:Livros
Enviado por: vbm em 2014-07-18 22:56:28
SEARA

Qualquer lugar onde tenha havido trigo
guarda sempre dele algum sinal
que não deixa esquecer a antiga seara

— aquela que ondulava aos ventos de Maio
igual a um rebanho verde subindo encosta acima,
sem pastor nem cães para o guiar.
(Quem precisa de guias quando é Maio?)

Talvez se trate de uma questão de cheiro.
Ou de algum outro sentido
que ainda está por identificar.
Ou de uma espécie ignorada de memória
que se agarra ao lugar e nele persiste.

Seja o que for,
anda ainda no ar a presença de espigas
mesmo quando o desuso as expulsou
e ervas bravias lhes tomaram o lugar

– e por isso tanto nos magoa
toda a terra de que lavoura alguma
já não extrai o pão.


a.m. pires cabral, gaveta de fundo,
Lisboa, Tinta da China, 2013, p. 16

Título: Re:Livros
Enviado por: vbm em 2014-07-18 22:58:06
FECHOU  A  ESCOLA  EM  GRIJÓ

   Ao Frederico Amaral Neves

Dantes ouviam-se as crianças a caminho da escola
e eram como pássaros de som nas manhãs de Grijó.
Não eram muitas, mas as vozes joviais
davam sinal de que a aldeia resistia,
continha à distância o deserto que a ronda
como a alcateia ronda uma rês tresmalhada.


Agora as crianças, todas as manhãs,
são acondicionadas como mercadorias
numa viatura com vocação de furgoneta.
Lembram judeus amontoados
em vagões jota a caminho de algures.
Vão aprender em terra estranha o que os seus pais
e os pais dos seus pais aprenderam em Grijó.

a.m. pires cabral, gaveta de fundo,
Lisboa, Tinta da China, 2013, p. 33

Título: Re:Livros
Enviado por: vbm em 2014-07-18 23:00:31
A  FOLHA  E  A  SOMBRA  DELA

Para maior facilidade de compreensão,
tomemos um exemplo: uma árvore
a que o Outono sucessivamente
arrebatou todas as folhas – menos uma.

Essa folha poupada pelo Outono
parece solitária na nudez da árvore.
Porém, se o sol abrir, logo projecta
uma sombra no chão.

Reparem, agora que justamente
acaba de abrir o sol:
a sombra da árvore, e algures no meio
da sombra dos ramos em desordem
a sombra da tal folha solitária.
É insofismável: ela está lá, existe.

Digamos, pois, que por ter uma sombra,
a folha não está inteiramente só:
ela tem, cá em baixo, uma réplica exacta.
(Bem entendido: uma réplica incolor,
incorpórea. Mas deixemos isso agora,
que podia levar-nos muito longe.)

Para já, digamos apenas que, embora
dependendo da folha para existir,
a sombra é exterior a ela.
Uma espécie de alter ego à distância,
mas também algo que uma simples nuvem
que oculte o sol ocultará também.

Ou seja, a sombra existe e não existe:
isso não depende apenas de ter uma matriz,
mas também de haver sol ou não haver.


a.m. pires cabral, gaveta de fundo,
Lisboa, Tinta da China, 2013, p. 61-2

Título: Re:Livros
Enviado por: vbm em 2014-07-18 23:20:58
Mas a sombra existir e não existir,
o que depende não só da matriz
mas de «haver sol ou não haver»,

continua a ser explicado pelo poeta,
nas fases II e III do poema
A folha e a sombra dela


(continua)
Título: Re:Livros
Enviado por: vbm em 2014-07-19 11:34:19
    (continuação 1)


A  FOLHA  E  A  SOMBRA  DELA

      II

Folha e sombra não são, é evidente,
feitas da mesma matéria, Mesmo assim
existe algo que as liga, uma espécie
de instável mas tenaz cordão umbilical.

Senão, vejamos.

Para maior facilidade, imaginemos
que está sol e faz vento,
e que nesse vento chega por fim a hora
de cair a folha de que vimos falando.

Observe-se: no momento em que a folha
se desprende e vem, revolvendo-se no ar
caprichosamente, em direcção ao solo

– a sombra faz exactamente a mesma coisa:
desprende-se também da sombra da árvore
e faz o seu caminho, repetindo ao rés-da-terra
os gestos e solavancos da folha no ar

– e converge para ela com sofreguidão,
como quem está há longo tempo
separado de si mesmo
e anseia por reunir-se.

E o encontro dá-se no preciso instante
em que a folha pousa no chão
e como que absorve a sua sombra,
reunindo-se as duas na completa
e decisiva identidade final
a que ambas aspiravam.

Ou talvez melhor: reavendo a folha
uma parte de si que andava ausente.

Parece isto uma coisa de Platão,
não parece?

   a.m. pires cabral, gaveta de fundo,
   Lisboa, Tinta da China, 2013, p. 63-4

Título: Re:Livros
Enviado por: vbm em 2014-07-19 11:35:42
    (continuação 2)

A  FOLHA  E  A  SOMBRA  DELA

      III

Mas na verdade não é bem assim.

No instante em que as duas se encontram,
a sombra morre sem mais consequências.

A folha porém, despojada da sombra,
levará muito mais tempo a morrer
e morrendo dissolver-se-á na terra,
servirá de nutriente a outras árvores,
que por sua vez darão as suas próprias folhas
que terão as suas próprias sombras
e que cada ano os ventos do Outono
pintarão de amarelo e soprarão para longe
com a sombra a persegui-las até ao reencontro

– deixando acaso uma folha solitária
com que esta fabula se repita e se renove
até ao fim dos tempos.


   a.m. pires cabral, gaveta de fundo,
   Lisboa, Tinta da China, 2013, p. 65


-------------------- //--------------------

Título: Re:Livros
Enviado por: vbm em 2014-08-03 15:25:00
Encontrado numa releitura avulsa:

«Pour être bon philosophe
il faut être sec, clair, sans illusions.

Un banquier, qui a fait fortune,
a une partie du caractère requis
pour faire des découvertes en philosophie.
c'est-à-dire pour voir clair dans ce qui est
 

Stendhal, citado por Nietzsche, in Para Além
do Bem e do Mal
(«Jenseits von Gut und Böse»),
trad. de Hermann Pflüger, Guimarães Editores,
Lisboa, 1958, aforismo 39, p. 51
Título: Re:Livros
Enviado por: vbm em 2014-09-17 22:02:49
Bonito, este começo do segundo capítulo do livro cinco
dos Principles of Economics de Alfred Marshall:

Book Five: General Relations of Demand, Supply and Value
Chapter 2, Temporary Equilibrium of Demand and Supply

«1. The simplest case of balance or equilibrium between desire and effort
is found when a person satisfies one of his wants by his own direct work.
When a boy picks blackberries for his own eating, the action of picking
is probably itself pleasurable for a while; and for some time longer
the pleasure of eating is more than enough to repay the trouble
of picking. But after he has eaten a good deal, the desire for more
diminishes; while the task of picking begins to cause weariness,
which may indeed be a feeling of monotony rather than of fatigue.

Equilibrium is reached when at last his eagerness to play
and his disinclination for the work of picking counterbalance
the desire for eating. The satisfaction which he can get
from picking fruit has arrived at its maximum: for up to
that time every fresh picking has added more to his pleasure
than it has taken away; and after that time any further picking
would take away from his pleasure more than it would add.»

:)
Título: Re:Livros
Enviado por: Local em 2014-09-18 09:27:27
Gostei muito de ler dois livros do Kenneth Follett, A Queda dos Gigantes e O Inverno do Mundo.
Título: Re:Livros
Enviado por: Automek em 2014-09-18 09:52:16
Gostei muito de ler dois livros do Kenneth Follett, A Queda dos Gigantes e O Inverno do Mundo.
O Ken Follett tem o condão de não empalhar. Claro que para quem prefere os clássicos, isto é literatura de cordel (btw já saiu em Inglês o terceiro volume da trilogia).
Os pilares da terra e o mundo sem fim também são bons. Nunca pensei que gostasse de ler uma história dele sobre a idade média. Conseguiu produzir um bom enredo à volta da construção de uma catedral.
No geral todos os livros dele são agradáveis de ler para quem gosta do estilo.

Outro que não empalha é o Jeffrey Archer.
Título: Re:Livros
Enviado por: Local em 2014-09-18 10:04:35
Pois, é literatura de cordel e por isso dele só vou ler o último da triologia.
Mas a forma como escreve as histórias da 1.ª e 2.ª guerras mundiais é muito "visual", entramos facilmente no enredo.
O Inverno do Mundo li numa semana. :)
Título: Re:Livros
Enviado por: karnuss em 2014-09-18 10:15:14
Terry Pratchett, sou super fã: http://www.terrypratchettbooks.com/ (http://www.terrypratchettbooks.com/)

É pena é a FNAC ter cada vez menos livros dele... a secção de literatura inglesa está cada vez mais fraquinha... e ainda por cima a Amazon UK passou a cobrar portes de envio outra vez :(
Título: Re:Livros
Enviado por: Automek em 2014-09-18 10:29:32
Se não te importas de ter livros em segunda mão dá uma vista de olhos na Amazon.de. Quando a loja vende para Portugal os portes são 3€. Talvez fique um pouco mais em conta.

No caso do Terry Pratchett provavelmente não tem milhões de livros em segunda mão, mas autores como o Ken Follett, Jeffrey Archer, James Patterson, Patricia Highsmith, etc. é normal encontrar livros em segunda mão por um cêntimo ao que acresce 3€ de transporte. Eu é raro pagar muito mais que isso por estes autores de bestsellers.
Título: Re:Livros
Enviado por: Automek em 2014-09-18 10:32:45
Nunca li nada do Terry Pratchett (qual é o estilo ?) mas lembro-me de ter visto um documentário impressionante que ele fez sobre a eutanásia.
Fiz referencia aqui:
http://www.thinkfn.com/forumbolsaforex/index.php/topic,2274.msg98025.html#msg98025 (http://www.thinkfn.com/forumbolsaforex/index.php/topic,2274.msg98025.html#msg98025)
Título: Re:Livros
Enviado por: karnuss em 2014-09-18 10:41:48
Ele escreve essencialmente Humor&Fantasia (com mesmo muita piada, já dei por mim a rir-me que nem um perdido no metro).

Citar
Sir Terry Pratchett sold his first story when he was thirteen, which earned him enough money to buy a second-hand typewriter. His first novel, a humorous fantasy entitled The Carpet People, appeared in 1971 from the publisher Colin Smythe. Terry worked for many years as a journalist and press officer, writing in his spare time and publishing a number of novels, including his first Discworld novel, The Color of Magic, in 1983. In 1987 he turned to writing full time, and has not looked back since. To date there are a total of 39 books in the Discworld series, of which four (so far) are written for children. The first of these, The Amazing Maurice and His Educated Rodents, won the Carnegie Medal. A non-Discworld book, Good Omens, his 1990 collaboration with Neil Gaiman, has been a longtime bestseller, and was reissued in hardcover by William Morrow in early 2006 (it is also available as a mass market paperback (Harper Torch, 2006) and trade paperback (Harper Paperbacks, 2006). In 2008, Harper Children's published Terry's standalone non-Discworld YA novel, Nation. Terry's latest book, Snuff, was published in October 2011.

Regarded as one of the most significant contemporary English-language satirists, Pratchett has won numerous literary awards, was named an Officer of the British Empire “for services to literature” in 1998, and has received four honorary doctorates from the Universities of Warwick, Portsmouth, Bath, and Bristol. His acclaimed novels have sold more than 45 million copies (give or take a few) and have been translated into 33 languages.

In Dec. of 2007, Pratchett admitted to being diagnosed with Alzheimer's disease. On 18 Feb, 2009, he was knighted by Queen Elizabeth II.

He was awarded the World Fantasy Life Achievement Award in 2010.(less)
Título: Re:Livros
Enviado por: Automek em 2014-09-18 11:20:48
Thanks. Vou adicionar à lista dos autores a experimentar. Qual foram os 2 ou 3 livros dele que mais gostaste ?
Título: Re:Livros
Enviado por: vbm em 2014-09-18 11:41:24
(http://1.bp.blogspot.com/-0j2iGdZD4qo/UN5F21UHTVI/AAAAAAAAOWU/sSOHaD0jPsE/s200/Ballard-OlaAmerica%2521.jpg)

Hoje, acabei de ler o Olá, América! («Hello, America!», 1981),
editado pela Caminho, em 1989, trad. Fernando Pinto Rodrigues, pp.202.

É uma ficção científica dos Estados Unidos em 2100,
regredidos num despovoamento por desertificação
climatérica, salvo na costa Oeste, convertida
em selva amazónica, com alguns mexicanos
manipulados por um engenheiro e ditador
louco, semelhante a Nixon e
Howard Hughes!

Interessante.
Requisitei-o na Biblioteca
do Município de Oeiras! :)
Título: Re:Livros
Enviado por: Local em 2014-09-18 11:48:29
É para colocar o top 10 dos livros? ;D
Título: Re:Livros
Enviado por: vbm em 2014-09-18 12:04:10
É para colocar o top 10 dos livros? ;D

Acho que não.
Mas é interessante.

Por mim, não gosto
de manipulações tipo
as '50 sombras de Grey'
ou quejandos! De Ken Follett,
li uma vez um e gostei, mas é
também uma manipulação psicológica
do leitor. Prefiro, literatura. Isto é,
recuso ler livros escritos por 'locutores de televisão'
e jornalistas em geral. Nada como escritores mesmo,
filósofos ou até poetas. Livros de História são também úteis.
Costumo dizer: há dois tipos de pessoas: os que já leram
uma História Universal e os que nunca leram!
Vale a pena estar no primeiro grupo.
Título: Re:Livros
Enviado por: karnuss em 2014-09-18 12:05:16
Thanks. Vou adicionar à lista dos autores a experimentar. Qual foram os 2 ou 3 livros dele que mais gostaste ?

Dificil :)... talvez:

- Men at arms (no geral gosto muito de todos os que envolvam o Comandante Sam Vimes a a Night Watch);
- Moving Pictures
- Unseen academicals
- Making money

Título: Re:Livros
Enviado por: itg00022289 em 2014-09-18 12:39:15
É para colocar o top 10 dos livros? ;D

Acho que não.
Mas é interessante.

Por mim, não gosto
de manipulações tipo
as '50 sombras de Grey'
ou quejandos! De Ken Follett,
li uma vez um e gostei, mas é
também uma manipulação psicológica
do leitor. Prefiro, literatura. Isto é,
recuso ler livros escritos por 'locutores de televisão'
e jornalistas em geral. Nada como escritores mesmo,
filósofos ou até poetas. Livros de História são também úteis.
Costumo dizer: há dois tipos de pessoas: os que já leram
uma História Universal e os que nunca leram!
Vale a pena estar no primeiro grupo.

vbm,

Talvez já conheças, mas deves gostar de Gore Vidal. O homem tinha um dom para romancear com inigualável classe a História dos EUA.
Tenho pena de nesta fase da vida quase não ter tempo para ler nada com calma.
Título: Re:Livros
Enviado por: vbm em 2014-09-18 13:22:46
:)) Sim. Li Gore Vidal. Recomendaram-me. Espantou-me
o The Smithsonian Institution, admirei o Juliano,
o Imperador romano descendente de Constantino
que oficializou o regresso ao paganismo,
obrigando o império a tolerância
religiosa e a um reflorescer
da cultura grega.

Gore Vidal é bom, claro.
Título: Re:Livros
Enviado por: Automek em 2014-09-18 15:13:22
Obrigado karnuss.

O Ken Follett escreve ficção misturado com factos históricos. Há sempre alguma coisa que se aprende no meio de um bom enredo.
Título: Re:Livros
Enviado por: Local em 2014-09-18 15:25:32
Vou então dizer o meu top ten.

1 - Colecção Uma Aventura (os livros que me despertaram para o gosto para a leitura)

2 - Memorial do Convento - José Saramago
3 - Por quem os sinos dobram - Ernest Hemingway
4 - Cem Anos de Solidão - Gabriel García Márquez
5 - Crime e Castigo -  Fiódor Dostoiévski
6 - O Senhor dos Anéis - J. R. R. Tolkien
7 - How To Trade Stocks - Jesse Livermore (tinha que ter um livro de trading) :)

depois digo os outros 3.  :)
Título: Re:Livros
Enviado por: vbm em 2014-09-18 15:35:12
1 - Colecção Uma Aventura (os livros que me despertaram para o gosto para a leitura)
[ ]

:). Eu :), foi, Emílio Salgari, Júlio Verne, Cavaleiro Andante, Colecção Vampiro;
depois, os estudos, a literatura, a divulgação científica,
filosofia e poesia (feminina, especialmente!)
Título: Re:Livros
Enviado por: itg00022289 em 2014-09-18 18:40:17
:)) Sim. Li Gore Vidal. Recomendaram-me. Espantou-me
o The Smithsonian Institution, admirei o Juliano,
o Imperador romano descendente de Constantino
que oficializou o regresso ao paganismo,
obrigando o império a tolerância
religiosa e a um reflorescer
da cultura grega.

Gore Vidal é bom, claro.
As minhas preferências são: 'Washington' e 'A idade do ouro'
Título: Re:Livros
Enviado por: vbm em 2014-09-30 15:31:52
Eis o livro mais importante de ler sobre televisão

(http://static.fnac-static.com/multimedia/PT/images_produits/PT/ZoomPE/8/9/0/9789726081098.jpg)

«A consequência mais arrepiante da televisão
consiste em esta se interpor entre o ser humano
e as respectivas imagens do mundo exterior.»

op. cit.
, p.269



«As nossas impressões são causas
das nossas ideias, e não as nossas ideias
as causas das nossas impressões.»

— diz David Hume, no seu
Tratado da Natureza Humana


Porém, já assim não é
desde que a televisão nos
deposita imagens no cérebro.


(http://oathkeepers.org/oath/wp-content/uploads/tv-eyes.jpg)
Título: Re:Livros
Enviado por: kitano em 2014-09-30 17:00:31
Pelo título deve figurar no top 5 da literatura talibã
Título: Re:Livros
Enviado por: Automek em 2014-10-09 16:28:50
Mais um autor que não conhecia: Michael Connelly
Li um policial (Echo Park - não sei se há tradução em português). Enredo e desenrolar da história muito bom. Cheio de suspense.

Outro autor que descobri recentemente que parece escrever em estilo de suspense foi o Frederick Forsyth.
Day of the Jackal é muito bom. Prende bastante o leitor.
The dogs of war. Menos intenso, mas leitura agradável
Título: Re:Livros
Enviado por: vbm em 2014-10-11 23:39:15
(https://encrypted-tbn1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRfwIdx6Jzf5wRsrHzlr40-zpeik7mQYua9GX7BRqvURtPiD3Kn)

O que ando a ler!

Algumas d' As Farpas
que ainda não tinha.

Imperdível!
Título: Re:Livros
Enviado por: vbm em 2014-10-18 19:27:32
(http://2.bp.blogspot.com/-K9SX2PwA5dU/Ul8C5tOTzlI/AAAAAAAAEDY/qat5D9_LuHs/s1600/coracao_cabeca_estomago.jpg)

Li esta prodigiosa sátira de Camillo Castello Branco,
na edição fac-similada do original de 1862,
publicada pelo Público o ano passado.

É um puro  divertimento, toda a história.
Mas há excertos de um prazer perene.

Eu tenho gosto em partilhar com os foristas,
alguns  trechos deliciosos.

Vejam lá este:

«Observei, na Foz, que Silvestre procurava a distracção do jogo: dizia que a
fortuna dos seus credores dependia dos ganhos que ele obtivesse.
Os credores do meu amigo perdiam com ele, como pessoas
infelicíssimas que eram.

Explicava Silvestre a excentricidade deste mundo,
julgando-o bom e de nenhum modo interessado em ludibriar-me,
o mundo folgou de explorar um tolo que abria o coração e
a algibeira a todas as perfídias e zombarias.

Não tive um sincero amigo que me desse dinheiro sem primeiro
me furar as algibeiras para o aparar com uma das mãos,
enquanto a outra mo emprestava, já cercado dos juros.

Os meus mais dedicados amigos serviam-me de indicadores
de usurários, que me davam o décimo do valor da letra,
que eu assinava. Era um jogo de ladrões;
foram empréstimos da infâmia; só podem
ser pagos com infames meios.

A consciência de Santo António e de S. Francisco das Chagas
não foram mais puras do que há-de ir a minha à presença
do supremo Juiz.

Creio que não devo nada, porque os juros que paguei
excedem o capital: ora o que eu não devo só por absurdo
posso pagá-lo com o que não for meu.

Parece-me que a lógica manqueja nesta argumentação. Seja como for,
há muito quem deixe de pagar como Silvestre da Silva; mas não pagar,
firmado em raciocínios, à primeira vista, irrefutáveis, nisso é que ele foi singular.»

:))

op.cit., pp. 214-15
Título: Re:Livros
Enviado por: vbm em 2014-11-02 15:11:31
(https://p.gr-assets.com/200x200/scale/books/1362930631/16028936.jpg)

Uma leitura já antiga, mas com este excerto confessional inolvidável:


«Não sou capaz de me concentrar ( ) já não ouço, pura e simplesmente.
As palavras dos outros já não me dizem nada. [Estarei] apaixonada?
 ( ) há muito tempo, eu já sabia. Mas para sempre?

Ele acha que sim. Basta que um dos dois esteja convencido
para o outro perder a cabeça. O outro sou eu.

Já não tenho ouvidos. Apenas os olhos para o seu desejo velado de ternura
quando pensa que ninguém está a olhar para nós. ( )

Eu suspeitava de qualquer coisa, é claro,
as mulheres suspeitam de tudo nos romances (…)

Volto a ter um corpo. As costas endireitam-se, os seios crescem-me.

Basta-me imaginá-[l]o, pensar nele, não pensar em nada aliás,
repetir simplesmente a mim mesma que ele está algures nesta cidade,
que ele respira e de certeza pensa em mim, para que a excitação
baralhe o que me resta de entendimento.
Uma adolescente.

Desde quando me havia eu esquecido de que tinha um corpo?

 (…) a sua paixão consegue contornar as palavras,
ele ama com a epiderme, os músculos, os lábios,
o sexo, as mãos, os braços, as coxas.

Nunca imaginei que o corpo de homem pudesse ser tão múltiplo e fluido.

A verdade é que não o imagino, experimento-o, e ele restitui-me realmente o meu,
igualmente diferenciado e igualmente sensual. Delicadeza só
em gestos, carícias, atitudes.

A alma dissolvida em actos de ternura ( ).
Apetece-me embonecar-me, comprar vestidos, bâtons extravagantes, sapatos novos.

Passo para o outro lado, saio do meu túmulo, de novo me torno grácil.
 ( ) mudei de perfume.

Como tornei a ser adolescente ( ), procuro o risco.
A surpresa à beira do escândalo, porque não?»


Júlia Kristeva, Os samurais («Les samouraïs», 1990),
Trad. Pedro Tamen, Difusão Cultural, 1991, pp. 337

Título: Re:Livros
Enviado por: Zel em 2014-11-06 16:27:27
isto eh um topico sobre livros que se leu o que se quer ler, cria um para poemas
Título: Re:Livros
Enviado por: Automek em 2014-11-06 17:10:16
Até há um tópico de pastilhas literárias:
http://www.thinkfn.com/forumbolsaforex/index.php?topic=941.5; (http://www.thinkfn.com/forumbolsaforex/index.php?topic=941.5;)
Título: Re:Livros
Enviado por: vbm em 2014-11-07 22:11:27
:))

Só conheço um pouco do Rumi! :)
Achas que é de torturar aqui os foristas
com um poema do Rumi!? Hum...

Vou arriscar um, mais atrevido! :))




(http://bp0.blogger.com/_Q7lj77Db1-4/Rx4rTEtkktI/AAAAAAAAAMw/T8DAn243xpU/s320/a+noite+e+a+lua.jpg)
Pierre Marcourt, Dessin erotique

«Disse à noite: “Como tens fé na Lua
A tua fugaz passagem deve-se à sua inconstância”.
A noite olhou-me e assim se desculpou:
“Que culpa tenho se o amor não acaba?”»


Djalal Al-Din Rumi, Rubaiyat, Trad. e introd.
de Adelino Ínsua, Ed. Pedra Formosa, Guimarães, 2002.

Título: Re:Livros
Enviado por: vbm em 2014-12-01 18:29:04
(https://ia600406.us.archive.org/BookReader/BookReaderImages.php?zip=/25/items/ultimasfarpas00ortiuoft/ultimasfarpas00ortiuoft_jp2.zip&file=ultimasfarpas00ortiuoft_jp2/ultimasfarpas00ortiuoft_0008.jp2&scale=4&rotate=0)

Estou a ler as Últimas Farpas!

Majestosa crítica ao sebastianismo
e aos primeiros meses da República
- crónica de Fevereiro de 1911.

Hoje festejam-se 374 anos de Restauração
da Independência Política do País, e vale a pena
ler
a reflexão de Ramalho Ortigão sobre a maneira
de ser portuguesa e a acerba crítica que desfere
aos primeiros dirigentes da República.


O sebastianismo nacional

«A restauração de 1640 restituiu á nação portugueza a sua autonomia politica, mas não reconstituiu com egual facilidade as energias do seu organismo profundamente depauperado e deprimido pela saudosa sangria de AIcacer-Quibir e pela subsequente intoxicação moral de sessenta annos de servidão sob um dominio estrangeiro. O cérebro portuguez fora gravemente abalado pelas mais dolorosas commoções: a angustia da incerteza sobre os successos da grande expedição de Marrocos, a fulminante noticia do desastre em que irreparavelmente se submergiam tantas vidas e tantas riquezas, a perda das possessões ultramarinas, a completa ruina da fazenda publica, o aniquilamento de milhares de famílias, o lucto geral do reino, todas as cruciantes torturas da derrota, da vergonha e da miséria.

A esse temeroso abalo — dos maiores que podem fulminar um povo — correspondeu um accesso de delirio bem caracterisado pela aberração do sebastianismo.

Paralisadas na sua psycologia todas as faculdades e todas as virtudes que dão a um agregado humano a posse collectiva de si mesmo e a consciência de um fim que justifique — como em todos os organismos — a sua existência,perdida a fé, perdida a coragem, perdida a alegria, o povo portuguez appela para o milagre, absorve-se no messianismo, subordina todos os seus actos e todos os seus pensamentos ao regresso do «rei desejado» ou do «rei encoberto».

Apareceram durante a primeira metade do século xvn quatro aventureiros como sendo cada um delles o prometido D. Sebastião e o povo acreditou na identidade de todos quatro.

No século XIX, mais de tresentos annos depois da trágica jornada d'Africa, havia ainda miliiares de sebastianistas em Portugal e Brasil.

Segundo os antigos alienistas seria este um extranho caso de delirio parcial coUectivo. Os psychiatras modernos regeitam esse diagnostico, considerando as vesânias e as monomanias não como formas autónomas e distinctas espécies mórbidas, mas sim como phases clínicas de um delirio chronico iniciado por um accesso de hypocondria geral.

Hoje mesmo — talvez pela razão de que Portugal restaurado não acabou por emquanto de se restaurar completamente — persistem resíduos depressivos e taras ancestraes que, ao minimo abalo na elaboração cerebral dos motivos que determinem os seus actos, tornarão o povo portuguez tão genuinamente sebastianista como no tempo dos seus antigos agitadores e profetas, o Bandarra e o sapateiro Simão Gomes.

É evidente que elle cessou para sempre de esperar que D. Sebastião regresse, como o cavalleiro do Cisne, portador do Santo Graal despregando-se de uma matutina e aeria nebulosa para baixar á terra e descer o Chiado, espectral e benigno, rutilante como um astro, na sua esmaltada armadura de guerra, sob o elmo de ouro polido, empenachado de branco.

Não é porém menos certo que, descrido, fastiento e desdenhoso, como de uma velha cautela branca, da alforria com que o brindaram os restauradores do l.» de dezembro, tendo-se por insufficientemente remidos, na servil passividade da sua impotência para melhorar por si mesmo as condições do seu destino, elle ainda hoje aspira a uma redempção nova, e acceita, segue a victoria, com uma credulidade inverosimilmente fanática e servil, de todo o redemptor que lhe apareça palavroso e profético, bandarrista e sapateiral.

Tal é no presente, segundo se me afigura, o seu caso mórbido.

Tendo por influição do seu sangue amouriscado a noção lazaronica de que todo o trabalho é uma condemnação, uma iniquidade, ou — em mais consagrada e corrente metaphora — uma tremenda espiga, elle não vê nem jamais viu com bons olhos que outros lhe passem pela porta passeando-se de carroagem emquanto elle, como eu, trabalha ao seu tear, ao seu torno ou na sua tripeça; e a sua augusta e longínqua visão de uma justiça social resume-se philosoficamente nisto: — que elle passeie de carroagem e que trabalhem os outros.

Para se apropinquar quanto possível da realisação desse ideal, a que por decência o ensinaram a chamar o «ideal socialista», acreditou por algum tempo na coadjuvação da Providencia, e invocou-a piedosamente em ladainhas e novenas, em promessas e romagens. Não se deu bem com isso, e ficou contentíssimo quando num recente comicio politico, em que lhe deram excellencia e lhe apertaram effusivamente a mão, um sugeito, que elle nunca vira mais gordo, sorridente e melifluo, com o meneio de dedos, mimoso e percuciente de quem estivesse picando com um bico de agulha invisíveis problemas adejantes no ambiente, lhe explicou, de cima de um palanque, que a Divina Providencia não existia pela rasão muito simples e categórica de que a Republica tinha abolido Deus. E como o numeroso e conspícuo auditório, em que havia, principalmente no palanque, muitas pessoas de alto lá com ellas, como antigos ministros, guarda-livros, conselheiros e doutores, cobrisse com frenéticos aplausos aquelle orador desconhecido, espenifico e suado, o povo não querendo ser mais burro do que todos aquelles senhores, convenceu-se de que Deus cessara com effeito de existir, e tendo, ainda que vagamente, a ideia de que Deus era padre, passou d'ahi por deante a correr á pedrada ou a cascudos, como vil impostor, todo o individuo suspeito de ter coroa e de dizer missa: — Não existe, casca-se-lhe.

Assim como, libertado de reis, elle não quer mais ser escravo senão de charlatães, assim também, uma vez descarregado do sophisma divino e precisando de algum outro simbolo a que se apegar, encomenda-se devotadamente ao acaso, ao desconhecido, ao inescruíavel, e filia-se na politica, bajula o cacique e compra cautelas de três vinténs.

Insanavelmente beato pelas fatalidades atávicas da sua raça, sente a necessidade espiritual de iniciar-se em algum mistério que substitua o dogma e pede então á maçonaria um novo pão eucharistico e um ceremonial litúrgico parecido com o baptismo, com a primeira comunhão e com a chrisma. E a sua alma de cândido neophito exulta com a posse dos variados sacramentos d'essa religião nova, a que elle será tão fiel como foi á antiga, seguindo-lhe os preceitos e os ritos com a mesma compenetrada uncção com que outrora ia á missa, ao sermão e á desobriga.

Quando ninguém precisa da cooperação da sua força chamam-lhe Zé Povinho, figurando-o com uma albarda ás costas e é o lobo manso de quem todos mofam. Quando aos filósofos em desintelligencia convém açulal-o, chamam-lhe o Povo Soberano, omnipotente e absoluto.

Por sua parte elle acha-se no seio da civilisacão que o explora como o touro em tarde de corrida no meio do redondel. É puro, bravo, boiante e claro. Está ahi para o que quizer d'elle o capinha, o bandarilheiro e o espada. Acenam-lhe com o trapo encarnado e elle arrancará sempre com lealdade e bravesa, entrando pelo seu terreno, acudindo ao engano e indo ao castigo de todas as vezes que o citem para atacar, para escornar, para estripar e afinal para morrer, o que tudo para elle é unicamente marrar.»

(Texto obtido da net (https://ia600406.us.archive.org/25/items/ultimasfarpas00ortiuoft/ultimasfarpas00ortiuoft.pdf))
Título: Re:Livros
Enviado por: vbm em 2014-12-01 18:36:48
Um aspecto muito curioso que aprendi, já não sei de onde, é o ponto de vista dos espanhóis em relação à independência de Portugal. Quando o soube, há vários anos, fiquei embasbacado!

Vocês sabiam que as crianças em Espanha, estudam história
e aprendem que Portugal passou a ser independente em 1640!

Os espanhóis acham que Portugal foi como todos os demais nações
da província ibérica, um reino que, como os demais,
foi finalmente incorporado na Corôa Espanhola em
1580, e só se tornou independente em 1640.

Fiquei espantado com este ponto de vista!
Mas é o que eles ensinam em Espanha.
Título: Re:Livros
Enviado por: vbm em 2014-12-19 13:29:24
Todos os anos, a DIGAL simpaticamente oferece aos seus clientes dois ou três pequenos livros que são de uma preciosa delicadeza, para lá do gosto de não gastarmos dinheiro directamente na Galp! :)

Este ano, para lá de magnífico fragmento da Antiguidade Grega, "Do Riso e da Loucura", de autoria de Hipócrates - sobre o estranho comportamento na velhice de Demócrito, o filósofo atomista de Abdera - deu-nos um escrito organizado por Alberto Cardoso, sobre a maneira de ser dos Portugueses e sobre Portugal.

Nele, recolhi e divulgo esta preciosidade de Guerra Junqueiro, in "Pátria - 1896".
Qualquer semelhança com a actualidade, não é pura coincidência!

«Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar.»



Título: Re:Livros
Enviado por: vbm em 2015-03-08 16:26:09
Visitei ontem as novas instalações da livraria Pó dos Livros
que mudou da Av. Marquês de Tomar para a de Duque d'Ávila.

É uma verdadeira livraria, inconfundível com essas tais lojas
de produtos tipográficos que aparentam ser livros e
não passam de lixo a reciclar, mês a mês.

Orgulhosamente, como livreiros, não desprezam
mostrar livros de edições de há muitos anos,
e creio que até, livros usados.

Enfim, objectos de leitura,
de espírito vivo.


Comprei um livro escrito há mais de dois mil anos
e que sempre desejei possuir e ler de fio a pavio

o Da Natureza das Coisas, de Lucrécio
o grande poema latino do materialismo atomista!
Pela sua beleza imponente, transcrevo os versículos 49-79.

(https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQ6hZoFALY0D3rtmm5hP9v24xyq6w72rFUc6UpcFjmd1he8dt4l8w)


Ei-los,

«Ora agora presta ouvidos disponíveis e um espírito sagaz,
desprovido de preocupações, à doutrina verdadeira,
            50
para não desperdiçares desdenhosamente
a minha dádiva para ti preparada com amorosa dedicação.

Vou, de facto, começar a expor-te a derradeira explicação
do céu e dos deuses e revelarei os elementos primordiais da matéria
a partir dos quais a natureza forma todas as coisas, as faz crescer e as sus-
                                                                                                       tenta
e em que a natureza as dissolve quando as mesmas são destruídas,
a que nós costumamos chamar matéria e corpos geradores,
ao explicar a doutrina, e sementes das coisas, e também lhes damos
o nome de corpos primordiais, porque é a partir deles que tudo existe.

Como a vida humana jazesse vilmente prostrada
               60
diante dos olhos de todos, esmagada sob o peso da religião,
que assomava a cabeça das regiões do céu,
ameaçando os mortais com um aspecto horrível,
este homem grego foi quem em primeiro lugar ousou erguer
contra ela os olhos mortais e quem primeiro ousou fazer-lhe frente.

E a este não o demoveram nem o que se dizia dos deuses nem os raios
nem o céu com o seu bramido ameaçador, mas antes mais estimularam
a enérgica coragem do seu espírito, a ponto de desejar ser o primeiro
a despedaçar os ferrolhos firmemente fechados das portas da natureza,
      70
e assim a vívida força do seu espírito obteve um triunfo completo
e ultrapassou em muitos as muralhas flamejantes do nosso mundo,
percorreu com a sua inteligência e ardor o universo imenso,
de onde nos traz, vitorioso, o conhecimento do que pode
e não pode nascer, e por fim por que leis está limitado o poder
de cada coisa e os seus marcos fundamente fixados.

Por isso a religião é agora, por sua vez, pisada sob os pés
dos homens  e a vitória eleva-nos aos céus.»

 
:)
Título: Re:Livros
Enviado por: Manuel33 em 2015-03-18 08:24:39
Para leituras recomendo Rabindranath Tagore, para mim um dos melhores poetas de sempre:

As Coisas Transitórias

Irmão, nada é eterno, nada sobrevive.
Recorda isto, e alegra-te.

A nossa vida
não é só a carga dos anos.
A nossa vereda
não é só o caminho interminável.
Nenhum poeta tem o dever
de cantar a antiga canção.
A flor murcha e morre;
mas aquele que a leva
não deve chorá-la sempre...
Irmão, recorda isto, e alegra-te.

Chegará um silêncio absoluto,
e, então, a música será perfeita.
A vida inclinar-se-á ao poente
para afogar-se em sombras doiradas.
O amor há-de ser chamado do seu jogo
para beber o sofrimento
e subir ao céu das lágrimas ...
Irmão, recorda isto, e alegra-te.

Apanhemos, no ar, as nossas flores,
não no-las arrebate o vento que passa.
Arde-nos o sangue e brilham nossos olhos
roubando beijos que murchariam
se os esquecêssemos.

É ânsia a nossa vida
e força o nosso desejo,
porque o tempo toca a finados.
Irmão, recorda isto, e alegra-te.

Não podemos, num momento, abraçar as coisas,
parti-las e atirá-las ao chão.
Passam rápidas as horas,
com os sonhos debaixo do manto.
A vida, infindável para o trabalho
e para o fastio,
dá-nos apenas um dia para o amor.
Irmão, recorda isto, e alegra-te.

Sabe-nos bem a beleza
porque a sua dança volúvel
é o ritmo das nossas vidas.
Gostamos da sabedoria
porque não temos sempre de a acabar.
No eterno tudo está feito e concluído,
mas as flores da ilusão terrena
são eternamente frescas,
por causa da morte.
Irmão, recorda isto, e alegra-te.
Título: Re:Livros
Enviado por: vbm em 2015-03-18 15:33:02
O meu poeta preferido é do século 11, persa
do Afeganistão actual: Omar Khayyam.

Vê este, dele.

Os doutores e os sábios mais ilustres
Caminharam nas trevas da ignorância.
O que não impediu que em vida fossem
Tidos por luminares do seu tempo.
Que fizeram?
Pronunciaram
Algumas frases confusas
E depois adormeceram
Para toda a eternidade.

Título: Re:Livros
Enviado por: Manuel33 em 2015-03-18 20:09:17
Não conhecia Omar Khayyam.

Existe um site bom sobre poesia aqui: http://canaldepoesia.blogspot.pt/ (http://canaldepoesia.blogspot.pt/)
Título: Re:Livros
Enviado por: vbm em 2015-03-23 22:47:54
A propósito de Parménides, numa discussão
sobre o Individualismo e o Colectivismo (http://www.thinkfn.com/forumbolsaforex/index.php/topic,3789.msg177882.html#msg177882).

Diz Alain,

O que há de mais belo no célebre Parménides [de Platão],
é que Sócrates, ali, ainda é jovem; assim, Platão
ainda não era nascido; qualquer coisa
na doutrina elabora-se antes dele,
sem ele. São como pensamentos
deixados a si mesmos , e que
preparam a sua vinda.
Procurar-se a si tal
como se era
antes de
nascer.

É o movimento humano; pois, não nos
arriscamos a pensar primeiro senão
sob a máscara dos nossos predecessores...

------------ // ------------

O Ser é e o Não-Ser não é, este, o axioma de partida de Parménides.

Do que decorre: o Ser é Uno; pois, se fosse Dois, um deles
não seria o “Outro” ; e Não-Ser não se pode dizer do Ser.

Indivisível, também; pois, pelo quê dividir-se?
Por um outro ser? A mesma impossibilidade.

Uno, portanto, sem semelhantes, sem partes, tal é o Ser.
Tudo o que é, ele é. O que não é, nada é, e assim
não tem nenhum poder de ser, jamais;
o que não é, não será. O ser jamais
devirá o que não é. Em absoluto,
ele não pode devir, nem mudar
em sentido algum. É imutável.

Imóvel, ainda mais evidentemente.
O movimento das partes é nele impossível,
porquanto não tem partes; o movimento
do todo não tem sentido pois que o Ser
é sem relação com o que quer que seja.


Ao postular que o Uno é, Parménides procura
deduzir desse ponto de partida tudo o que
resulta para o Uno e todas as outras coisas.

O Uno é indivisível, sem partes, sem forma,
sem movimento, sem mudança, sem idade,
quer dizer sem relação com o tempo.

Reconhece-se a tese de Parménides. Mas,
a seguir ele prova tudo ao contrário,
a partir da reflexão de se o Uno é,
já não há só o Um, há também o Ser,
que é outro que o um, o que faz, se
se pode dizer, uma terceira personagem,
e por fim, todos os números, as partes,
a mudança, o movimento, a idade.

Após o que, se regressa ao princípio,
e postula-se que o Uno não é.

Parménides adverte que se trata aqui
de um exercício. De algum modo,
o espírito retira-se das coisas e
procura as suas próprias leis.
Não encontra nada sólido; zomba
de si próprio; ri-se. Lógica, no sentido
rigoroso da palavra, quer dizer,
fundada unicamente no discurso.

Esta espécie de nebulosa será grávida de um mundo?
Poderá ver-se aqui as primeiras articulações de um sistema
onde as ideias de número, de espaço, e de tempo
nasceriam do uno indeterminado, por uma divisão
interior, por uma oposição e correlação à vez,
que seria a lei oculta de todos os nossos pensamentos?

Poderíamos crê-lo, não obstante a aparência de simples
exercício, anunciada de início, e ainda confirmada
de seguida pela mudança da hipótese.


Alain, Idées, ed. Flammarion, coll. Champs, nº 126,
Paris, 1983, pp. 22; 25-27.
Título: Re:Livros
Enviado por: 5555 em 2015-03-24 00:01:07
....de plus en plus actuel.....eh,.eh....


Citar
Le retour du courage

(https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/41RDBF7GB2L._UY250_.jpg)

Ainsi, discrètement, le courage est revenu parmi nous; même si tout le monde ne le sait pas encore. La prospérité, la démocratie, la paix et la libéralisation des moeurs, avaient pu nous faire croire que le courage, comme la volonté, l'effort, la rigueur, était devenu une vertu d'autrefois. Mais voici chacun face à de nouveaux défis. Nos systèmes de soutien (religion, idéologies, état, famille) se sont affaissés, ou atteignent leurs limites. Plus seuls nous voulons, en même temps, plus de libertés, d'espaces, d'initiative. L'individu retrouve sa place. La vague de fond du libéralisme nous amène à prendre nos responsabilités, à compter sur nous-mêmes, à façonner notre destin. Ce sera exaltant, mais il faut du courage. Quel rôle joue-t-il, chaque jour, dans notre vie ? Pourquoi est-il irremplaçable ? Comment en trouver quand il faut ? Ce livre apporte des réponses.

l'auteur:

Jean-Louis Servan-Schreiber

Journaliste et rédacteur en chef français
 

Editeur :Albin Michel
Parution :2 Janvier 1992

Isbn : 2226056653

Título: Re:Livros
Enviado por: vbm em 2015-03-27 08:14:05
(http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/6/60/Logicomix_cover.jpg)

Li. Já foi traduzido e editado em português
- pré-abortográfico -; vale a pena ler!
Título: Re:Livros
Enviado por: Zel em 2015-03-27 12:04:26
ja li, recomendo
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2015-05-03 23:36:56
Na p. 73 do "Capital" de Picketty, ed. da Harvard estima-se que o produto mundial haja crescido de 1913 a 2012, 3% ao ano, a população mundial 1.4% ao ano, e [consequentemente] o produto per capita, 1.6% ao ano.

Se imaginarmos que a primeira taxa caia para metade e a segunda decresça 0.1% ao ano, teríamos no final do século 2013-2112, o resultado seguinte:

População mundial: 7 000 000 * 0.999 ^100 = 6 333 550 000;
Crescimento do Produto per Capita = 1.015/0.999 = 1.016

o que representaria  quase o quíntuplo do nível de vida actual:

1.016^100 = 4.898.

Positivo para os meus trinetos e tetranetos!
Título: Re: Livros
Enviado por: SkinnyThing em 2015-05-04 09:17:43
(http://www.getrichslowly.org/images/GRS/ERE.jpg)

Gostava de deixar aqui um livro que mudou muito a minha forma de pensar. É um livro que junta vários conceitos "Early Retirement Extreme (ERE) is a movement of individuals integrating ideas from anti-consumerism, DIY, the Renaissance man ideal, home economics, individualism, environmentalism, and rentier capitalism", com o objetivo principal de em relativamente pouco tempo podermos deixar de depender do salário para "viver".

No entanto, aconselho este livro até mesmo para aqueles que gostam do que fazem no seu emprego, pois vai muito além de "juntar dinheiro para deixar de trabalhar". Existe também um site, forum e wiki com o mesmo nome do livro se tiverem algum interesse.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2015-05-04 16:17:54
Deve ser interessante. Ter o rendimento suficiente
para levar uma vida de ócio, desde que se tenha
a sabedoria de assim estar,
é por certo um
dos gostos
de viver!

O único livro, de alguma 'macroeconomia sociológica'
que li sobre o assunto foi este:

(http://www.sitiodolivro.pt/fotos/livros/9789724416465_1303912506.jpg)

Serge Latouche, Pequeno Tratado do Decrescimento Sereno,
(«Petit Traité de la Décroissance Sereine», 2007),
Trad. Victor Silva, Edições 70, Lisboa, 2011



Encontrei no meu word, alguns escritos
sobre Latouche. Edito o primeiro (de 2011).
Se for do agrado do fórum, tenho algo
mais, que é interessante.

Aqui vai a minha primeira, espontânea, reflexão:

Eis um título que me suscitou curiosidade por propor um resultado que nunca vi defendido embora o suspeite necessário: um decrescimento sereno! Sempre considerei que o capitalismo produz uma importante porção de bens e serviços que não serve para nada, de utilidade nula!

Por outro lado, repugnou-me desde novo a desenfreada mercantilização de cada segmento de prazer, apropriando-se os capitalistas da natureza, para cobrar preços por actividades que, — sei —, são livres e exercidas gratuitamente nos países menos desenvolvidos; rarificam assim a abundância natural,
pelo fraccionamento de serviços e bens,
que passam a vender a preços desmesurados
que os povos pagam, subjugados pelo comércio capitalista.


Por fim, sempre fui e sou consciente da validade objectiva da lei de Malthus, que é aliás logicamente incontroversa, porque não pode haver nenhum desenvolvimento ilimitado de qualquer singularidade dependente dum meio finito, limitado!

Por estas razões, era grande a minha curiosidade de ver como o autor trataria estes “adquiridos” do meu pré-juízo e como proporia o que se me afigurava deveras adequado: um decrescimento da produção, particularmente a dos bens e serviços inúteis!

——————————————————————————————————


Título: Re: Livros
Enviado por: Zel em 2015-05-04 16:30:22
([url]http://www.getrichslowly.org/images/GRS/ERE.jpg[/url])

Gostava de deixar aqui um livro que mudou muito a minha forma de pensar. É um livro que junta vários conceitos "Early Retirement Extreme (ERE) is a movement of individuals integrating ideas from anti-consumerism, DIY, the Renaissance man ideal, home economics, individualism, environmentalism, and rentier capitalism", com o objetivo principal de em relativamente pouco tempo podermos deixar de depender do salário para "viver".

No entanto, aconselho este livro até mesmo para aqueles que gostam do que fazem no seu emprego, pois vai muito além de "juntar dinheiro para deixar de trabalhar". Existe também um site, forum e wiki com o mesmo nome do livro se tiverem algum interesse.


ja li. mas acho que esta tudo no blog, nao sei se vale a pena gastar no livro.
entao skinny, ja te reformaste com 7k ano? tens plano?
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2015-05-04 20:04:06
Na p. 73 do "Capital" de Picketty, ed. da Harvard estima-se que o produto mundial haja crescido de 1913 a 2012, 3% ao ano, a população mundial 1.4% ao ano, e [consequentemente] o produto per capita, 1.6% ao ano.

Se imaginarmos que a primeira taxa caia para metade e a segunda decresça 0.1% ao ano, teríamos no final do século 2013-2112, o resultado seguinte:

População mundial: 7 000 000 * 0.999 ^100 = 6 333 550 000;
Crescimento do Produto per Capita = 1.015/0.999 = 1.016

o que representaria  quase o quíntuplo do nível de vida actual:

1.016^100 = 4.898.

[ ]

E se a população, nos próximos 150 anos regredisse para
o volume demográfico de 3 500 000 000 de habitantes
que era a população existente em 1950?


Teríamos 3 500 000 000 / 7 000 000 000 = 0.5
0.5 ^(150^-1) = 0.5^0.00666 = 0.99538 = 1+d
i.e.,
d (taxa de decrescimento populacional) = (-) 0.00461 = (-) 0.461%

Se nesse período de século e meio, o produto mundial anual crescer 1/2% ao ano,
o produto per capita ainda assim elevar-se-ia acima do quadruplo do nível actual:

(1.005 / 0.99538)^150 = 1.009664 ^150 = 4.232


Ou seja, matematicamente, o único nível de vida
que parece não se aguentar é o figurar-se
o crescimento demográfico não parar!
Título: Re: Livros
Enviado por: SkinnyThing em 2015-05-04 20:25:45
Deve ser interessante. Ter o rendimento suficiente
para levar uma vida de ócio, desde que se tenha
a sabedoria de assim estar,
é por certo um
dos gostos
de viver!


Atenção que isso é uma das falsas ideias à cerca deste livro. O autor apesar de não precisar de trabalhar continuava todos os dias a realizar tarefas produtivas que lhe davam prazer. A ideia de que um reformado só joga golfe e vê televisão é deprimente na minha opinião.


ja li. mas acho que esta tudo no blog, nao sei se vale a pena gastar no livro.
entao skinny, ja te reformaste com 7k ano? tens plano?

O blog e até mesmo o forum tem muita informação, mas acho um livro algo mais organizado. E não esquecer que um livro é sempre algo que podemos vender mais tarde.

Neo-Liberal tens as PM bloqueadas?
Título: Re: Livros
Enviado por: Zel em 2015-05-04 21:21:03
Deve ser interessante. Ter o rendimento suficiente
para levar uma vida de ócio, desde que se tenha
a sabedoria de assim estar,
é por certo um
dos gostos
de viver!


Atenção que isso é uma das falsas ideias à cerca deste livro. O autor apesar de não precisar de trabalhar continuava todos os dias a realizar tarefas produtivas que lhe davam prazer. A ideia de que um reformado só joga golfe e vê televisão é deprimente na minha opinião.


ja li. mas acho que esta tudo no blog, nao sei se vale a pena gastar no livro.
entao skinny, ja te reformaste com 7k ano? tens plano?

O blog e até mesmo o forum tem muita informação, mas acho um livro algo mais organizado. E não esquecer que um livro é sempre algo que podemos vender mais tarde.

Neo-Liberal tens as PM bloqueadas?

ja te desbloqueei
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2015-05-04 22:47:41
[ ] O autor apesar de não precisar de trabalhar continuava todos os dias a realizar tarefas produtivas que lhe davam prazer.

É a minha ideia de ócio!
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2015-05-10 11:12:13
Prevejo que a moda em livrarias finas vá ser a que já assoma na Pó dos Livros,
da Duque d'Ávila: alguma selecção editorial e uma secção de edições antigas
e mesmo de livros usados, tipo alfarrabista.

Realmente, dado o padrão geral de edição em massa de artefactos tipográficos, que parecem livros, mas não são livros, e vão para a máquina de guilhotinar papel ao cabo de um mês de escaparates, - edições ainda por cima ortografadas no abortográfico que o governo de 'sócrates-coelho' adoptou -, as livrarias finas têm de destacar-se pela diferença, a qual é, de alguma selecção editorial e livros de alfarrabista!

Nesse assomo de moda, (re)encontrei um pequeno grande livro de filosofia, de autoria do meu professor liceal - aliás, do Colégio Almeida Garrett, do Porto -, o Dr. José Pecegueiro, ao tempo um jovem judeu, magro, branco, diplomado por Coimbra, e que incutiu em nós o gosto pela reflexão científica e filosófica. Já conhecia a obra, perdida nalgum baú ou estante de alguma das mudanças de casa! Comprei-a, reli-a, encadernei-a.

(http://static2.custojusto.pt/mi/play/7277100719-problemas-da-ciencia-e-da-filosofia-contemporanea.jpg)

O livrinho intitula-se Problemas da Ciência e da Filosofia Contemporânea. Excelente! Deve observar-se que no século 20 produziu-se mais filosofia do que nos 25 séculos anteriores! E a maior parte desse pensamento originou-se nas universidades americanas, que aliás recebeu inúmeros professores imigrantes da Europa.

Vou transcrever aqui um extracto, provocatoriamente, para «aprofundar antipatias»
entre os adeptos ferrenhos da democracia das opções do homem comum! :):

«O mais convicto de todos os homens é o homem comum, é o homem virado para as coisas concretas; mas a verdade também é que em nenhuma circunstância o homem comum contribuiu para o progresso teórico do saber; se o homem comum pudesse impor a sua filosofia à totalidade dos homens, farisaicamente perseguindo os que não fossem da confraria do concreto, se ele tivesse a possibilidade de cortar de vez – e algumas vezes, infelizmente, alcandorado ao poder quase o tem conseguido! – esses maravilhosos voos da fantasia abstracta que alguns grandes espíritos da humanidade se têm dado ao trabalho de cultivar sob o nome de ciência e filosofia; se fosse possível, ao homem comum, proibir por decreto o nefando crime de «voltar as costas à realidade», ver-se-ia a mesma humanidade lentamente regressar ao seio acolhedor da madre Natura, confundir-se e identificar-se com as coisas, em lenta mas cada vez mais concreta simbiose, a tal ponto concretizada que, por fim, nos não distinguíamos dos répteis, dos vermes, dos arbustos rastejantes – e longamente a erva por todos os lados sobre nós e  em nós cresceria como musgo verde altos muros de velha casa senhorial recobrindo. Então, sim! nossa angústia existencial se dissiparia, e a eterna felicidade inconsciente das coisas que não sentem, nem querem, nem pensam, de novo reencontraríamos.»

José Pecegueiro, Problemas da Ciência e da Filosofia Contemporânea,
Atlântida Editora, S.A.R.L, Coimbra, 1966, pp. 54-55.


(Note:  o tom exortativo dirigido a jovens adolescentes  de colégio.
O  livro , claro, não é todo neste tom. É obra meritória, aborda os temas
da filosofia e epistemologia contemporânea.)

Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2015-06-07 20:44:10
Ainda a propósito de Lucrécio,

(https://encrypted-tbn3.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQ6hZoFALY0D3rtmm5hP9v24xyq6w72rFUc6UpcFjmd1he8dt4l8w)

eis o relato da origem e desenvolvimento da civilização humana,
logo após a invenção do fogo - e o cozinhar os alimentos :) -,
depois de mostrar como a linguagem e o nomear as
coisas surgiu naturalmente entre os humanos
[e, digo eu, - que o li algures -, a linguagem
só começou, depois dos hominídeos terem deixado a floresta
e o seu imenso bruá cacofónico, e migrado para a savana,
onde o silêncio envolvente, tornava audível
a articulação dos sons da fala! :)]

 

Uma maravilha!


«E a propósito do fogo não te interrogues para contigo:
foi o raio que primeiro fez descer o fogo à terra para os homens
e foi a partir daí que todo o ardor da chama se espalhou.
Com efeito, vemos muitos corpos inflamados pelos fogos celestes,
quando um golpe do céu lhes comunica  o seu calor.
E, contudo, quando uma árvore frondosa, vacilando fustigada pelos ventos,
se agita e se encosta aos ramos de outra árvore, nasce da fricção
um fogo de fortes forças, e brilha por vezes o férvido calor da chama,
enquanto os ramos e os troncos se friccionam entre si.
Qualquer destas coisas pode ter dado o fogo aos mortais.
Depois, o sol ensinou a cozinhar os alimentos
e a amolecer com o calor da chama,
porque os homens viam muita coisa a amolecer nos campos,
vencidas pelos golpes dos raios e pelo calor do sol.
Depois, com o passar do tempo, aqueles que tinham mais engenho
e inteligência ensinavam a mudar a vida com as novas invenções e com o
fogo,
começaram a fundar cidades e os próprios reis
começaram a estabelecer cidadelas, protecção e refúgio para si próprios,
a dividir os gados e a distribuirem os campos,
de acordo com a beleza, com as forças e a inteligência de cada um.
Na verdade, a beleza foi de grande importância e as forças tinham grande
valia.
Depois, inventou-se a propriedade e foi descoberto o ouro,
que facilmente retirou aos fortes e belos o favor,
com a maior parte a seguir o séquito do mais rico,
por muito fortes que sejam ou dotados de um belo corpo.
Mas se alguém orientar a sua vida com recta razão,
a grande riqueza para o homem é viver frugalmente
com espírito tranquilo: com efeito do pouco nunca há falta.
Mas os homens quiseram ser ilustres e poderosos,
para que a sua fortuna perdurasse com sólidos alicerces
e, opulentos, pudessem passar uma vida tranquila.
Em vão, pois competindo para alcançar o pico das honrarias,
encheram de perigos o caminho e a inveja
como um raio, derruba-os lá do alto com um golpe,
e precipita-os  ignominiosamente no negro Tártaro,
pois a inveja abrasa as coisas mais excelsas como um raio,
de forma que de um modo geral é muito mais satisfatório
que um homem pacato obedeça em vez de querer governar,
exercendo o poder, e dominar reinos.
Por isso, deixa-os lá suar em vãos esforços,
labutando ao longo do estreito caminho da ambição,
pois o que sabem vem-lhes do que  os outros dizem e pedem coisas
a partir do que ouviram, mais do que a partir dos próprios sentidos.
E isto não acontece mais agora do que aconteceu antes e do que será no
futuro.
Ora, mortos os reis, jazia destruída a prístina majestade dos tronos
e os ceptros soberbos, e a insígnia ensanguentada  da cabeça real
chorava ao ver sua excelsa honra sob os pés do vulgo.
Na verdade, é calcado com sofreguidão excessiva aquilo que antes se
temeu.
E assim o poder regressava à escumalha e às multidões
e cada um reclamava para si o poder e o posto mais elevado.
Depois, houve quem ensinasse a nomear um magistrado
e a estabelecer direitos, para que quisessem ter leis.
Na verdade, o género humano, cansado de passar o tempo na violência,
enfraquecia devido às inimizades, razão de sobra para de bom grado
se submeter a leis e a um rigoroso Direito.
Isto porque aquele que se preparava para ferir na sequência da ira
o fazia com mais violência do que agora é permitido por leis justas.
Foi por isso que os homens se enfadaram de passar os seus dias em
violências.
Desde então, o pavor das punições mancha as alegrias da vida.
De facto, a violência e o ultraje enredam aquele
de quem partiram e a ele regressam na sua maioria,
e não é fácil levar uma vida tranquila e calma
a quem viola com as suas acções os comuns pactos da paz.»

Lucrécio, Da natureza das coisas («De rerum natura», I a.C.),
Trad., introd. e notas: Luís Manuel Gaspar Cerqueira,
Relógio D’Água, Lisboa, 2015, Livro V, 1091-1155

Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2015-06-08 13:35:46
Uma das utilidades agradáveis e surpreendentes
da obra imortal do materialismo do epicurista
Lucrécio é a riqueza da linguagem
e do vocabulário, a explicação
vívida de todos os cinco
sentidos na visão e
compreensão
do mundo!

Uma maravilha!
(Claro em português sem abortográfico!)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2015-06-10 23:09:35
(http://photos1.blogger.com/blogger/7154/312/320/utopia.1.jpg)

«A ilha da Utopia tem duzentas milhas na sua maior largura,
ficando esta situada na parte média da ilha.
Essa largura diminui gradual e simetricamente
do centro para as duas extremidades,
de maneira que toda a ilha forma
como que um círculo de quinhentas milhas de perímetro
e apresenta a forma de um crescente
cujas pontas estão afastadas cerca de onze milhas.»

«O mar enche toda essa imensa reentrância;
as terras adjacentes que se desenvolvem em anfiteatro
quebram o furor dos ventos,
mantendo o mar sempre calmo
e dando àquela grande massa de água
a aparência de um lago tranquilo.»

«A parte côncava da ilha constitui como que
um único e vasto porto acessível por todos os lados
à navegação»

Thomas Morus, Utopia
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2015-07-09 18:20:40
Por agora, devo iniciar a leitura da tetralogia de Thomas Mann, de José e os Seus Irmãos. São quatro volumes da Livros do Brasil, mas faltava-me o primeiro, pelo que nunca me dispus a lê-lo sem primeiro ler o primeiro. Obtive-o, há pouco tempo, numa edição do Diário de Notícias, creio que de uma colecção editada há uns anos sobre obras de literatura de Prémios Nobel. Este, foi o premiado de 1929! :)

Assim, estou a começar a ler, devagar, como convém em obras bem escritas.
Fiquei encantado com a abertura! Parece-me que este 1º volume é todo relativo
aos primeiros relatos da Bíblia sobre o povo de Abraão, Isaac e Jacob!

Achei magnífica a forma como Thomas Mann subtiliza
a busca das origens, a genealogia de cada um,
finalmente fixada no mito, uma narrativa
possível nos bastidores do tempo.

Vejam.

(http://static1.custojusto.pt/mi/full/5150061813-jose-e-os-seus-irmaos-portes-gratis-.jpg)

São as primeiras linhas daquela história magistral.

«É muito fundo o poço do passado.
Não seria melhor dizermos que é um poço sem fundo?

Sim, um poço sem fundo, se o passado a que nos referimos
(e talvez só neste caso) é o da espécie humana, a enigmática essência
de que fazem parte as nossas existências, naturalmente insatisfeitas
                                             e sobrenaturalmente desditosas.

O mistério dessa enigmática essência abrange, sem dúvida,
o nosso próprio mistério - é o alfa e o ómega de todos  os nossos problemas -
ligado estreitamente a tudo o que dizemos, dando uma significação a todos os nossos esforços.

Quanto mais fundo sondamos, quanto mais longe buscamos o mundo inferior do passado,
mais as remotas origens da humanidade, a sua história e a sua cultura se nos revelam
                                                                                                imperscrutáveis.

Quanto mais longe nos aventuramos nas sondagens, mais distante
nos parece o fundo do poço e,

à medida que vamos descobrindo novos pontos de apoio
e atingindo aparentes metas,

mais longe temos de levar a nossa sonda,
que se estira e aprofunda cada vez mais,

como se tudo quanto encontramos de investigável
estivesse preparado  para zombar das nossas laboriosas pesquisas,
tal como um navegador que segue ao longo da costa e não pode prever
                                                                                o termo da viagem.

Após cada descoberta, ele avista inesperadamente,
por trás de um promontório, outro promontório,
e assim se vê forçado a cobrir novas distâncias.


Há portanto origens provisórias constituídas praticamente, efectivamente,
pelos primórdios da tradição especial mantida por determinada comunidade,
por um povo, ou uma simples crença de família, e
a memória, embora certa
de que as profundezas não estão suficientemente fundadas,
fia-se nessas origens

:))
Título: Re: Livros
Enviado por: Zenith em 2015-07-09 18:38:35
Li essa tetralogia quando anadava no 1º ou 2º ano da universidade.
É realmente um livro soberbo na composição das personagens, adaptação áqueles tempos e descrição quase visual das cenas.
Não sei se foi o 1º ou 2º livro de T. Mann que li (tavez o 1º tenha sida a Montanha Mágica), mas fiqueo com paixão por esse escritor. Nesse ano devo ter lido toda a obra que está traduzida.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2015-07-09 20:25:10
Li essa tetralogia quando anadava no 1º ou 2º ano da universidade.
É realmente um livro soberbo na composição das personagens, adaptação áqueles tempos e descrição quase visual das cenas.
Não sei se foi o 1º ou 2º livro de T. Mann que li (tavez o 1º tenha sida a Montanha Mágica), mas fiqueo com paixão por esse escritor. Nesse ano devo ter lido toda a obra que está traduzida.


Sim, A Montanha Mágica é um espanto!

Inesperado e real aquele final nublado,
«sem saber ler nem escrever»!

O Doutor Fausto tem fragmentos primorosos,
mas não gostei ou não percebi.

Os Buddendbrook, encantou-me.
Gostei muito d'O Cisne Negro,
um 'Morte em Veneza' no feminino,
mas sem inclinação homossexual.

Um que adorei, foi o conto d'As cabeças trocadas,
na Índia profunda de Shiva! :))


Enquanto estudante, não tive muitas possibilidades
de tempo para a literatura, por causa da... economia a estudar!

Depois, mais tarde, o gosto pela filosofia,
a divulgação cultural da ciência (da Gradiva),
e o trabalho profissional só me deram pouco tempo
para a literatura... Mas, é imprescindível à formação
intelectual do espírito ler, ter lido, reler, alguns grandes
livros da literatura portuguesa e universal.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2015-07-30 17:01:28
«Na sua indiferença, a noite conhece a verdade e
para ela nada representam os atilados preconceitos do dia.

O corpo de uma mulher é igual ao das outras,
bom para o amor, bom para a geração.

Só o semblante diferença um corpo de outro,
fazendo escolher um e não outro.

Mas o semblante é coisa do dia,
cheio de fantasias.

Para a noite, que sabe a verdade,
o semblante nada vale.»

:)

Thomas Mann, José e os Seus Irmãos
Joseph und seine Brüder»), Trad. Elisa Lopes Ribeiro
Trad. cedida por «Livros do Brasil», E. Bibliotex Editor, 2003, p. 235
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2015-08-21 16:48:57
Excelente entrevista ao filósofo Eduardo Lourenço,
na revista LER nº 138 - Verão 2015:

«Por mais dependentes que estejamos dos artefactos
que inventamos, nós só temos existência em relação aos outros,
no espelho dos outros. Não há nenhuma coisa mirífica que possamos
inventar que suprima a única relação que nos importa a cada um de nós
                                                       que é a de uns com os outros.»
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2015-08-23 15:29:33
Prossigo com Thomas Mann,
agora na Colecção *Dois Mundos*
da «Livros do Brasil», Lisboa.

(http://www.sitiodolivro.pt/fotos/livros/9789723805628p_1275777297.jpg)

Poderia propor outros excertos,
lógico-religiosos, mas apresento
este que também é interessante! :)

«Pode-se abafar e matar um  acontecimento
com o silêncio que se faz à sua volta,
como se se lhe pusesse
uma pedra em cima.

Então, faltando-lhe o ar e a luz,
perde o fôlego e deixa de existir.

Crede-me, assim terminam muitas coisas
que se passaram, contanto que a respeito delas
                     se guarde silêncio sepulcral.»


op. cit.  p. 217
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2015-09-04 15:57:14
«As artes do disfarce estão tão bem desenvolvidas
que podemos estar certos de subestimar o número
de sacanas que conhecemos ao longo da vida.»



Saul Bellow, Ravelstein, (2000), Trad. Rui Zink,
DN ( Ed. Teorema), 2003, Lisboa, pp. 128


Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2015-09-11 10:02:37
Recentemente, algures, falou-se de Omar Khayyam.

É um poeta da minha juventude, contrabalançou-me
o quase desequilíbrio que  Nietzsche me trouxe;
em todo o caso, choques benvindos
a compensar algum excesso
de racionalismo juvenil...


Sinto uma tentação grande em replicar
o que noutros locais já fiz, no passado:
- editar uma pequena colectânea
de rubaiyat's de Khayyam
que me acompanharam
a vida toda...


Vou pensar nisso. Porém,
só o farei, se não resistir!
Título: Re: Livros
Enviado por: Thunder em 2015-10-31 17:48:59
Neste tempo de renovar de choque entre blocos, vale à pena ler o "Legacy of Ashes" de Tim Weiner sobre a história da CIA.

O livro é um tour de force baseado em documentos que foram desclassificados, entrevistas a ex-agentes, políticos, etc.

Mostra duma forma cristalina a podridão que se desenvolve nos meandros da geopolítica.
E como há um desprezo aterrador sobre a vida de milhões de pessoas apanhadas no meio dos acontecimentos.
Título: Re: Livros
Enviado por: Robusto em 2015-12-13 17:23:43
Hoje cruzei-me com este. http://www.fnac.pt/Diplomacia-Henry-Kissinger/a74215 (http://www.fnac.pt/Diplomacia-Henry-Kissinger/a74215)
Pareceu-me muito interessante. Já alguém leu?
Título: Re: Livros
Enviado por: itg00022289 em 2015-12-14 10:08:20
Hoje cruzei-me com este. [url]http://www.fnac.pt/Diplomacia-Henry-Kissinger/a74215[/url] ([url]http://www.fnac.pt/Diplomacia-Henry-Kissinger/a74215[/url])
Pareceu-me muito interessante. Já alguém leu?


Já li e achei fenomenal.

Ali está como o mundo tem funcionado ao nível das relações entre os estados nos últimos 300/400 anos.
Tem muito de história, politica, relações internacionais e vários insights e pormenores interessantes, principalmente da época em que ele esteve como Secretário de Estado.

Mas atenção que aquilo são mais de 1000 páginas com letra pequena...
Título: Re: Livros
Enviado por: Robusto em 2015-12-14 12:29:57
Hoje cruzei-me com este. [url]http://www.fnac.pt/Diplomacia-Henry-Kissinger/a74215[/url] ([url]http://www.fnac.pt/Diplomacia-Henry-Kissinger/a74215[/url])
Pareceu-me muito interessante. Já alguém leu?


Já li e achei fenomenal.

Ali está como o mundo tem funcionado ao nível das relações entre os estados nos últimos 300/400 anos.
Tem muito de história, politica, relações internacionais e vários insights e pormenores interessantes, principalmente da época em que ele esteve como Secretário de Estado.

Mas atenção que aquilo são mais de 1000 páginas com letra pequena...

É, eu reparei. Estive com ele em mãos. Meio carote, mas acho que vai ser a minha prenda para mim mesmo, este Natal.
A menos que me cruze com a versão pdf, em português.  ;D
Título: Re: Livros
Enviado por: Deus Menor em 2015-12-14 14:30:09

Vale a pena ler , para entender , sobretudo , as dinâmicas diplomáticas do séc XX.

A Diplomacia do séc XXI é diferente, não é tão formal e os equilíbrios de forças
mudam com maior frequência.
Título: Re: Livros
Enviado por: 5555 em 2015-12-27 21:58:48
....fiquei curioso, já alguém leu ?....eh.eh..... :-\


Citar
Livros - O dolorogista


Expresso.pt - 27.12.2015 às 18h00

Os solilóquios furiosos das últimas cem páginas deste romance de Philip Roth são divertidos mas cansativos

Aos 40 anos, Nathan Zuckerman sente-se “profissionalmente bloqueado, fisicamente diminuído, sexualmente desinteressado, intelectualmente inerte, espiritualmente deprimido”.

Uma dor intensa afecta-lhe o pescoço, os braços, os ombros. Zuckerman diz-se “tão deformado como Ricardo III”, é um Hans Castorp com menos filosofia. Tenta tudo para ficar melhor. Um colar ortopédico, vitaminas, massagens, ultrassons. Erva, comprimidos, vodca. E um harém de enfermeiras. “Quando está doente, todo o homem quer a mãe; se ela não está por perto, outras mulheres têm de a substituir.” Alter-ego mais frequente de Philip Roth, Zuckerman apareceu em nove livros. “A Lição de Anatomia” (1983) é o terceiro volume dessa autoficção que começou com “The Ghost Writer” (1979) e terminou com “O Fantasma Sai de Cena” (2007). Ao contrário do que acontece nos romances tardios de Roth, neste livro o sofrimento físico não é causado pela idade mas pela ansiedade. Zuckerman, aos 40, é um homem saudável mas com muitas dores, dores morais que se tornaram físicas, e que talvez sejam uma “punição pelo retrato de família que todo o país tomara como sendo o do autor, pelo mau gosto que indignara milhões de pessoas e pelo descaramento que enfurecera a sua própria tribo”. A obra que causou tudo isso, “Carnovsky” [ou seja, “O Complexo de Portnoy” (1969)], era a confissão exasperada de um judeu reprimido, obsessivo, selvagem. Zuckerman ficou famoso, mas os judeus acusaram-no de ser anti-semita, as feministas denunciaram-no como um misógino demente, os críticos repudiaram-no como um caricaturista grosseiro. E diz-se que os seus pais morreram de desgosto.

Zuckerman é um Job moderno, um homem vítima de tribulações das quais se acha inocente. “Dolorogista” inveterado, quer encontrar um significado no sofrimento, mas apenas consegue a intensificação desse sofrimento. Como consolo, e depois de três casamentos fracassados, o romancista acumula amantes: Diana, a estudante promíscua, Gloria, devotada e ousada, Jaga, infeliz e disposta a tudo, e Jenny, a artista.

Elas sabem que são pouco mais do que “um orifício”, ou material romanesco, destino comum das personagens femininas de Roth. Zuckerman transforma os seus vícios em histórias, e tem uma forte tendência para a “dessublimação”, para conspurcar tudo aquilo em que toca. Até uma memória afectuosa da mãe e dos seus pertences descamba em gestos degradantes. Cansado da angústia introspectiva, Zuckerman decide estudar medicina, uma profissão útil, que agradaria aos pais. É um regresso a Chicago, uma nostalgia da juventude e da universidade, evocadas de modo sucinto e eficaz. Mas trata-se de uma fantasia inconsequente, porque ninguém se torna médico aos 40. Além de que lidar com verdadeiras doenças é ainda mais intolerável do que suportar o 'mal de vivre'.Zuckerman reage a mais essa adversidade fazendo-se passar por um pornógrafo, em diatribes cómico-grotescas, desesperadas. As últimas cem páginas de “A Lição de Anatomia” são solilóquios furiosos, divertidos mas cansativos. Roth estava zangadíssimo com o crítico Irving Howe, que o tinha arrasado, e responde inventando a personagem de um crítico puritano, moralista, ultrapassado. Também ensaia farsas judaicas: “Honra o teu Finkelstein! Não cometerás Kaufman! Não farás ídolos na forma de Levine! Não invocarás o nome de Katz em vão!” E tenta chocar toda a gente com um festival de obscenidades. Mas “a sua franqueza é uma forma de rebaixar as coisas”. Não é fatal que seja assim: obras-primas como “Pastoral Americana” (1997) e “A Mancha Humana” (2000), menos auto-referenciais, mostram que até Zuckerman é capaz de uma benéfica sublimação.
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2015-12-27 22:31:49
O Philip Roth é sempre de ler! Boa onda... ;)
Título: Re: Livros
Enviado por: JoaoAP em 2016-01-03 15:41:03
...Reading... faz bem
ofereça livros/ebooks... já passou, mas há ofertas ao longo do ano...
clicar para aumentar a imagem
Título: Re: Livros
Enviado por: JoaoAP em 2016-01-03 15:54:05
http://www.casaldasletras.com/bloco_desenvolvimento_2015.html (http://www.casaldasletras.com/bloco_desenvolvimento_2015.html)
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2016-06-24 16:30:06
Tenho muitos livros por ler que nao consegui ler nos ultimos anos e este é um deles....

Alguem sabe se isto é o audiobook ou algo do genero ? é que se for nao o vou ler e vejo por aqui...

! No longer available (http://www.youtube.com/watch?v=vO8vPa_H71g#)
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2016-06-24 17:14:41
acho que as letrinhas te farão bem...ajuda á escrita! ;D
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2016-06-24 17:15:27
Quando é que o Vasco regressa? ???
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2016-06-24 17:25:24
acho que as letrinhas te farão bem...ajuda á escrita! ;D

Estraguei muito a  visao com livros (letring quase anao ) e PC(trabalho) .  Se meia hora me poupar 100 paginas pelo menos , ja fico muiiiito agradecido.
Pouco li este ano e soube muiiiito bem .

Imagina que começas a ler mal sais de casa , chegas ao trabalho e a tua funçao é trabalhar com o pc durante pelo menos 8 horas , depois sais do trabalho e continuas a ler...

Agora imagina isso todos os dias ... com algum descanso ao fim de semana  ;D

Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2016-06-24 17:28:43
Bha! Tenho 6 dioptrias em cada olho... lê livros e não ecrãs. Faz bem à alma e ao intelecto.
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2016-06-24 17:41:29
Bha! Tenho 6 dioptrias em cada olho... lê livros e não ecrãs. Faz bem à alma e ao intelecto.

Smog.... a minha media de folhas (livros) , nao vou contabilizar via computador ou pad  e leitura de trabalho  ....

Hum....leitura tecnica talvez mil por mes (em ingles)  ou mais (demoro mais tempo a ler ) , sem ser tecnica umas 300 por semana pelo menos em ingles ou portugues depende.

Espera , como o lettring é pequeno... deve ser quase o dobro..
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2016-06-24 17:59:52
Miguel, eu não tenho noção do que leio no pc ou mesmo em manuais. Mas isso é trabalho, não conta. Refiro-me a diversão pura.
Depois,
escrever fica mais fácil, argumentar é automático, escrever um prazer.

(eu sei que o pessoal já não tem muita pachorra para longos textos - eu também não- mas já que escrevemos pouco pelo menos que seja agradável para os outros.).
Hasta.
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2016-06-24 18:06:03
Miguel, eu não tenho noção do que leio no pc ou mesmo em manuais. Mas isso é trabalho, não conta. Refiro-me a diversão pura.
Depois,
escrever fica mais fácil, argumentar é automático, escrever um prazer.

(eu sei que o pessoal já não tem muita pachorra para longos textos - eu também não- mas já que escrevemos pouco pelo menos que seja agradável para os outros.).
Hasta.

Ler por diversao é um bom tema , visto que ate manuais e leitura tecnica faço a com alguma diversao .
Agora por pura diversao é tramado .... eu nao leio qualquer coisa que me aparece a frente ou da moda....

Mas estou aberto a sugestoes , excluindo novelas sentimentais, ja basta a minha.
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2016-06-24 19:21:46
Experimenta Ballester. É espanhol.
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2016-06-24 19:29:01
Experimenta Ballester. É espanhol.

Acho que li a cronica do rei pasmado ha muito tempo, ha tanto que nem tenho a certeza.

Aconselhas algum ?  gosto de coisas relativamente dinamicas..
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2016-06-24 19:36:53
Aconselho a trilogia " O prazer e as Sombras"
Depois, tens Clarice Lispector, outro género, brasileira. Também gosto de Virgílio Ferreira dentro do género das Reflexões. Depois tens os poemas de Alberto Caeiro, o meu predileto.
Se queres fantasia, tens Isabel Allende.
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2016-06-24 20:33:15
Aconselho a trilogia " O prazer e as Sombras"
Depois, tens Clarice Lispector, outro género, brasileira. Também gosto de Virgílio Ferreira dentro do género das Reflexões. Depois tens os poemas de Alberto Caeiro, o meu predileto.
Se queres fantasia, tens Isabel Allende.

Nao encontro essa triologia .

O restante nao é bem o meu gosto...  tirando policiais , tramas , thrillers  , historicos ,  poemas e reflexoes tem que ser coisas assim mais fortes e grotescas. Tipo Heiner Muller...

Nao sou muito de coisas fofinhas e sentimentais .

Atenção , nao sou uma besta , ate ja li o "contos de amor " do Herman hesse e ate gostei , isto ha muitos anos.... nao sei se voltaria a ler... ou a gostar.
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2016-06-24 20:45:34
Dentes podres em Paris
Alguma coisa me consome
Fumo demais
Bebo demais
Morro de menos


A FELICIDADE DO MEDO


Às vezes entre a noite e a manhã
Vejo os cães rodearem-te
Cães com os dentes à mostra
E tu deitas as mãos às suas patas
E ris nos seus dentes
E eu acordo a transpirar de medo
E sei que te amo.





EU SOU O ANJO DO DESESPERO

Eu sou o anjo do desespero. Com as minhas mãos distribuo a embriaguez,
o atordoamento, o esquecimento, o prazer e o sofrimento dos corpos.
O meu discurso é o silêncio, o meu cântico o grito. Na sombra das minhas
asas habita o medo. A minha esperança é o último fôlego . A minha esperança
é a primeira batalha. Eu sou a faca com que o morto abre o seu caixão. Eu sou
o que há-de ser. O meu voo é a revolta, o meu céu o abismo de amanhã.
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2016-06-24 21:02:28
http://oqueeuleio.blogspot.pt/2008/09/os-prazeres-e-as-sombras-ballester.html (http://oqueeuleio.blogspot.pt/2008/09/os-prazeres-e-as-sombras-ballester.html)
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2016-06-24 21:04:37
Aconselho a trilogia " O prazer e as Sombras"
Depois, tens Clarice Lispector, outro género, brasileira. Também gosto de Virgílio Ferreira dentro do género das Reflexões. Depois tens os poemas de Alberto Caeiro, o meu predileto.
Se queres fantasia, tens Isabel Allende.

Nao encontro essa triologia .

O restante nao é bem o meu gosto...  tirando policiais , tramas , thrillers  , historicos ,  poemas e reflexoes tem que ser coisas assim mais fortes e grotescas. Tipo Heiner Muller...

Nao sou muito de coisas fofinhas e sentimentais .

Atenção , nao sou uma besta , ate ja li o "contos de amor " do Herman hesse e ate gostei , isto ha muitos anos.... nao sei se voltaria a ler... ou a gostar.

Os autores que citei não são fofinhos e sentimentais. nem sequer a Allende : Experimenta "os contos de Eva Luna" e logo vês...
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2016-06-24 21:23:27
Amanha nao consigo , mas domingo ou segunda passo pela fnac para desfolhar e ver se gosto.

O Sangue, o Vento, a Guerra e Outras Histórias
de Gonzalo Torrente Ballester

 "os contos de Eva Luna"  ----» acho que a minha mae leu esse , capaz de ter por casa. Posso desfolhar e ver se gosto.


Título: Re: Livros
Enviado por: Thunder em 2016-06-27 10:34:42
Tenho reparado no seguinte: os últimos 4 ou 5 livros que li estão cheios de gralhas.
E ao nível da sintaxe há coisas estranhas, mas nisso não teimo porque sou um bocado "cepo" nessa área.

Acham que com o menor protagonismo (menor receita para as editoras??) que os livros têm actualmente, conjugado com um elevado número de obras a serem publicadas, que os processos de revisão estejam a ser mais "brandos"?
Título: Re: Livros
Enviado por: Automek em 2016-06-27 10:41:47
gralhas é uma coisa inaceitável com os correctores ortográficos. acabei de ler um livro publicado este ano em que as duas mais frequentes (portanto, mais do que uma vez) eram o "á" e o "inflacção". dessas lembro-me porque foram várias vezes.
eu compreendo que a parte gramatical seja difícil de corrigir, mas erros ortográficos não se admite.
Título: Re: Livros
Enviado por: Thunder em 2016-08-17 11:47:26
Mas mesmo o uso do corrector não garante tudo. Há palavras que não estão mal escritas, mas que não fazem sentido nenhum naquele contexto.

Acabei um livro cheio de erros ... para meu espanto, outro da mesma editora em que já avancei umas 400 páginas, está impecável.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2016-11-19 18:45:29
«Olhares sobre a desigualdade

Assim como o mandamento “não matar” põe um limite claro para assegurar o valor da vida humana, assim também hoje devemos dizer não a uma economia da exclusão e da desigualdade social. Não é possível que a morte por enregelamento de um idoso sem-abrigo não seja notícia, enquanto o é a descida de dois pontos na Bolsa.  Isto é exclusão. Não  se pode tolerar mais o facto de se deitar comida no lixo, quando há pessoas que passam fome.  Isto é desigualdade social. Hoje, tudo entra no jogo da competitividade e da lei do mais forte, onde o poderoso engole o mais fraco. Em consequência desta situação,  grandes massas da população vêem-se excluídas e marginalizadas:  sem trabalho,  sem perspectivas num beco sem saída.

Como todos  se recordam,  o texto com que abrimos este capítulo foi retirado da exortação apostólica Evangelii Gaudium, através da qual o Papa Francisco trouxe para o  centro do debate a questão da desigualdade, com rara felicidade e poder de síntese.»

Eduardo Paz Ferreira, Por uma sociedade decente,
Marcador  Editora, Lisboa, 2016, p.173
Título: Re: Livros
Enviado por: D. Antunes em 2016-11-20 01:14:04
Hoje, tudo entra no jogo da competitividade e da lei do mais forte, onde o poderoso engole o mais fraco. Em consequência desta situação,  grandes massas da população vêem-se excluídas e marginalizadas:  sem trabalho,  sem perspectivas num beco sem saída.

Falas da actualidade romantizando o passado. Nunca o nível de vida mundial, a esperança de vida e a educação foram tão elevados.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2016-11-20 17:19:48
Falas da actualidade romantizando o passado. Nunca o nível de vida mundial,
a esperança de vida e a educação foram tão elevados.

No passado, grandes massas da população não se viam excluídas e marginalizadas,
nem estavam sem trabalho, ou num beco sem saída: simplesmente, não existiam;
ou não tinham nascido sequer, ou morriam pouco depois de nascer, raro morriam tarde.

Porém, todos que viviam incluíam-se na vida da sociedade,
não eram marginalizados, tinham trabalho,
perspectivavam o dia de amanhã
semelhante ao dia d'ontem.
Título: Re: Livros
Enviado por: D. Antunes em 2016-11-20 21:39:17
Falas da actualidade romantizando o passado. Nunca o nível de vida mundial,
a esperança de vida e a educação foram tão elevados.

No passado, grandes massas da população não se viam excluídas e marginalizadas,
nem estavam sem trabalho, ou num beco sem saída: simplesmente, não existiam;
ou não tinham nascido sequer, ou morriam pouco depois de nascer, raro morriam tarde.

Porém, todos que viviam incluíam-se na vida da sociedade,
não eram marginalizados, tinham trabalho,
perspectivavam o dia de amanhã

semelhante ao dia d'ontem.

Estás a falar de antes do Adão comer a maçã. Ok.
Título: Re: Livros
Enviado por: kitano em 2016-11-20 21:43:53
hehe, nem sei de que país fala...

a falta de acessos que havia, a falta de redes mínimas de apoio social, falta de saneamento, fome, enfim...
Título: Re: Livros
Enviado por: Automek em 2016-11-20 21:58:09
Há um conjunto de escritores que vivem da pobreza, precisam que ela exista e, mesmo que não exista como eles a imaginam, romantizam-na e a comunicação social trata de propagar essas ideias. Este Eduardo Paz Ferreira é um deles, a quem se junta a Filomena Mónica, o Boaventura Sousa Santos, a Raquel Varela e outros tais.

São tipos habilidosos porque escolheram uma área que dará sempre para produzir trabalho literário. Os indicadores de pobreza das organizações mundiais são actualizados constantemente, pelo que a pobreza é um conceito dinâmico que nunca irá desaparecer. Hoje incluem máquina de lavar e telemóvel, amanhã incluirão outras coisas que hoje não existem ou são supérfluas.

A verdade é que a pobreza extrema no mundo, em termos absolutos, em número de pessoas e não em médias, está nos níveis mais baixos de sempre. Isto é factual, não obstante os romances desta rapaziada.

Além disso como em portugal não se pode falar de pobreza como no resto do mundo, fala-se em risco de pobreza. É outra habilidade dos artistas para manter a bola a rolar e os fundos para estes estudos a fluir.

Surpreende-me ser o vbm a falar assim porque certamente conheceu o que foi a vida em ditadura e no pós 25 de Abril.
Título: Re: Livros
Enviado por: D. Antunes em 2016-11-20 22:02:21
Basta ler os clássicos do século XIX e início do século XX, dos países mais ricos do mundo (Inglaterra, França, Alemanha) para perceber que até pessoas com pequenos patrimónios próprios que tinham algum azar podiam cair na indigência a literalmente morrer de fome.
Lê (de acordo com o tópico em que estamos), por exemplo, Servidão humana, de Somerset Maugham e vê como o protagonista esteve à beira do precipício.



O pessoal tinha muitos filhos. A fome é que verdadeiramente limitava a população. A guerra matava, em média, menos. A doença apanhava mais os mal nutridos.
Título: Re: Livros
Enviado por: Jsebastião em 2016-11-21 00:14:29
Alguém leu «O Livro Negro do Comunismo»?

Vou a aí a 1/4, e aquilo é um catálogo indiscritível e infinito de horrores, que supera largamente o pior que possamos imaginar. Ainda por cima quantifica tudo, como se estivesse (e está) a somar parcelas (neste caso vidas humanas perdidas) para chegar um "grand total murder sum".

Ainda estou na URSS estalinista, mas sei que a seguir vêm a China, o Camboja, o Vietname...
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2016-11-21 09:01:26
Estás a falar de antes do Adão comer a maçã. Ok.

Antes e depois da maçã! Lol

Post-scriptum: - A inclusão era um facto.
Os excluídos ou eram mortos ou escravizados.
Os escravos não tinham direitos, mesmo
que eventualmente fossem tratados
com humanidade.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2016-11-21 09:08:53
hehe, nem sei de que país fala...

a falta de acessos que havia, a falta de redes mínimas de apoio social, falta de saneamento, fome, enfim...

Isso era comum a todos.

O miserabilismo era a regra.
Não havia excluídos; ou
todos o eram! Mesmo
os poderosos eram
umas bestas!
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2016-11-21 09:27:05
[ ] Além disso como em portugal não se pode falar de pobreza como no resto do mundo, fala-se em risco de pobreza. É outra habilidade dos artistas para manter a bola a rolar e os fundos para estes estudos a fluir.

[ ]

Gostei do teu libelo, automek! Não interessa se tens razão ou não. O libelo está bom. É verosímil. Há essa tendência de explorar filões quando prometem não  se esgotar tão cedo! Os monopolistas é isso que fazem. Os comerciantes do intelecto, idem! Gostei. Aplica o esquema mutatis mutandis; ele rende.

Sobre a questão de fundo, automek, eu proponho realmente a  tese, moderada, de John Rawls: é justificável a desigualdade de rendimentos que favoreça - e não agrave - a sorte das classes mais desfavorecidas. É verdade que  centenas de milhões de pessoas, deixaram, na China, de viver na miséria e ascenderam uma vida de classe média, e além disso já não se morre à fome na China. O mesmo não se passa na Índia, onde aliás nem sequer está contido o crescimento demográfico, como já está na China. Deste modo, quando o papa alerta para a desigualdade crescente na distribuição da riqueza, eu entendo isso como a reprovação de o capitalismo estar a atrasar-se imenso na erradicação da miséria, a qual, aliás, não independe do controlo demográfico, com Malthus demonstrou há mais de duzentos anos!
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2016-11-21 09:34:46
Basta ler os clássicos do século XIX e início do século XX, dos países mais ricos do mundo (Inglaterra, França, Alemanha) para perceber que até pessoas com pequenos patrimónios próprios que tinham algum azar podiam cair na indigência a literalmente morrer de fome. Lê (de acordo com o tópico em que estamos), por exemplo, Servidão humana, de Somerset Maugham e vê como o protagonista esteve à beira do precipício.

O pessoal tinha muitos filhos. A fome é que verdadeiramente limitava a população. A guerra matava, em média, menos. A doença apanhava mais os mal nutridos.


Malthus descreve isso tudo na comparação do crescimento dos recursos segundo os termos de uma progressão aritmética e o das necessidades segundo os de uma progressão geométrica: a débacle é inevitável. Mais sucintamente ainda pode dizer-se: <num meio finito, nenhum elemento pode crescer ilimitadamente.>
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2016-11-23 09:54:22
(http://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/thumb/0/0c/The_Rise_of_the_Meritocracy_(1967_cover).jpg/220px-The_Rise_of_the_Meritocracy_(1967_cover).jpg)

Não li este livro. Mas um amigo da net, num fórum de livros, leu-o e descreveu-o.
Trocámos este diálogo. Pareceu-me interessante a ficção profética
sobre o que advém, à la longue - 1870-2033 (163 anos) -
do sistema meritocrático (incontrolado)!

Vejam o que ele diz:

Ele - «"The Rise of the Meritocracy  1870-2033"
                     Michael Young - Pellican Book, 1958

Ensaio, sátira, romance distópico que descreve a criação da meritocracia no Reino Unido, entre 1870 e 2033. A própria palavra meritocracia foi cunhada pelo autor nesta obra, com a intencionalidade de lhe dar um cariz negativo embora tenha ficado para a história essencialmente com um sentido positivo!

É muito interessante verificar que a Sociedade distópica que é descrita é muito parecida com as nossas Sociedades actuais. Revela como o princípio da hereditariedade, na Sociedade de Castas foi substituído pelo princípio do mérito, numa restruturação do sistema de classes hierárquico. Como o princípio da igualdade foi substituído pelo princípio da igualdade de oportunidades e como no final as diferenças económicas e socias e a distância entre as classes voltou a aumentar... Até à Revolta do partido populista que ocorre inesperadamente para o autor em 2034! Leitura muito interessante...»


Eu - «Uma capa chamativa, bem expresiva: uma progressão decrescente em 163 anos, do quadruplo ao mérito de um só...

Fui ver no Infopédia o significado de distopia, que me remeteu para o de antiutopia e define-a assim:«representação ou descrição de uma sociedade futura caracterizada por condições de vida alienantes ou extremas, que tem como objetivo criticar tendências da sociedade atual, ou alertar para os perigos de determinadas utopias».

Ora, realmente, nós vemos tanta inépcia nos lugares de decisão que todos ansiamos por uma sociedade meritocrática! Só que, na verdade, verosímil é que as castas se reconstituem... Mas como será essa revolução populista de 2033? Trump, 17 anos antes, já mostra como será a campanha desse futuro 2034! :))»


Ele - Sim Vasco concordo contigo! A minha leitura da obra mostra-me a substituição da aristocracia do sangue britânica, amplamente feudal (Sociedade de castas, hierárquica), pela meritocracia, que tem que ver com esforço e inteligência (e educação esmerada para os melhores como vem na obra...).

Engraçado que na obra a causa desta mudança social de fundo, foi económica, ou seja aumentar o crescimento económico, pela melhor distribuição da inteligência, de forma a associar o poder e a inteligência!

Na sociedade meritocrática descrita existe perfeita igualdade de oportunidades, de maneira que os indivíduos dotados (de mérito) das classes baixas têm acesso ao ensino esmerado e virão a pertencer às classes altas.

Todos têm oportunidade de pertencer às altas classes dirigentes, com grandes salários e prestigio! Os que não conseguem (por falta de inteligência p ex) são os falhados, a grande maioria, que forma as classes de pouco valor, na base da pirâmide com poucas ou nenhumas condições de vida...

Acaba por ser construída uma nova aristocracia, desta feita do mérito! Na sociedade descrita a democracia acaba por ser esvaziada, até porque se virmos bem a aristocracia é diferente da democracia e estas são no seu sentido pleno incompatíveis!

O autor, na vida real dirigente do Labour britânico na sua época, crítica o Labour e os socialistas em todo o ensaio por terem desistido da principio da igualdade original em favor de um novo princípio, bem diferente, que é o da igualdade de oportunidades.

O princípio original permitia a ascensão da maioria, enquanto o novo apenas de uns poucos, que "arrecadam" quase tudo. Neste sentido serão os partidos populistas a exigir novamente o poder do povo, o derrube da meritocracia pela democracia! É fantástico como o autor acaba por ter esta presciência em 1958! E sim os Trumps estão aí e só espero que os moderados emendem a mão e rápido!!!»


Título: Viagens na minha terra
Enviado por: vbm em 2016-11-26 21:35:00
Recordando um texto de Almeida Garrett,

«Não: plantai batatas, ó geração de vapor e de pó de pedra, macadamizai estradas, fazeis caminhos de ferro, construí passarolas de Ícaro, para andar a qual mais depressa, estas horas contadas de uma vida toda material, maçuda e grossa como tendes feito esta que Deus nos deu tão diferente do que a que hoje vivemos. Andai, ganha-pães, andai; reduzi tudo a cifras, todas as considerações deste mundo a equações de interesse corporal, comprai, vendei, agiotai. No fim de tudo isto, o que lucrou a espécie humana? Que há mais umas poucas dúzias de homens ricos. E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar a miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico? - Que lho digam no Parlamento inglês, onde, depois de tantas comissões de inquérito, já devia andar orçado o número de almas que é preciso vender ao diabo, número de corpos que se tem de entregar antes do tempo ao cemitério para fazer um tecelão rico e fidalgo como Sir Roberto Peel, um mineiro, um banqueiro, um granjeeiro, seja o que for: cada homem rico, abastado, custa centos de infelizes, de miseráveis».

Almeida Garrett, in 'Viagens na minha Terra', cap. III.
Título: Re: Viagens na minha terra
Enviado por: Incognitus em 2016-11-26 23:50:45
Recordando um texto de Almeida Garrett,

«Não: plantai batatas, ó geração de vapor e de pó de pedra, macadamizai estradas, fazeis caminhos de ferro, construí passarolas de Ícaro, para andar a qual mais depressa, estas horas contadas de uma vida toda material, maçuda e grossa como tendes feito esta que Deus nos deu tão diferente do que a que hoje vivemos. Andai, ganha-pães, andai; reduzi tudo a cifras, todas as considerações deste mundo a equações de interesse corporal, comprai, vendei, agiotai. No fim de tudo isto, o que lucrou a espécie humana? Que há mais umas poucas dúzias de homens ricos. E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar a miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico? - Que lho digam no Parlamento inglês, onde, depois de tantas comissões de inquérito, já devia andar orçado o número de almas que é preciso vender ao diabo, número de corpos que se tem de entregar antes do tempo ao cemitério para fazer um tecelão rico e fidalgo como Sir Roberto Peel, um mineiro, um banqueiro, um granjeeiro, seja o que for: cada homem rico, abastado, custa centos de infelizes, de miseráveis».

Almeida Garrett, in 'Viagens na minha Terra', cap. III.

Não é grande coisa e um livro com coisas destas não devia estar no programa.

Geralmente quem assim fala não passa sem toda a produção dos outros. Apenas a dá como garantida. O papel, a caneta, a rotativa, a comida que o alimenta, as estradas e passeios por onde anda, a forma como se locomove, a luz que o ilumina. Dá tudo por garantido. Não se dá bem conta da aberração que escreve. E depois isto ressoa com determinado segmento, que escolhe o livro e o enfia pelas goelas das crianças abaixo.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2016-11-27 11:19:47
Posso perfeitamente dar-te razão, porquanto sei o excedente da produção de valor ter de ser vultuoso para reintegrar toda a renovação dos meios e instrumentos de produção, assim como instruir novas gerações no conhecimento científico adquirido, preservar o engenho criativo e inovador de todos os que investigam a natureza, os que a observam, vigiam e protegem a sua fecundidade e habitabilidade do planeta, também a recompensa dos que já não ou ainda não trabalham, e dos que se ocupam gratuitamente em inúmeras tarefas não remuneradas, mas úteis e gratificantes. De qualquer modo, isto reconhecer não é, e nunca será, equivalente a compactuar com desigualdades crescentes sem notória utilidade e melhoria para as classes mais desfavorecidas, assim não só contendo-se, mas restringindo-se as desigualdades existentes. (Também tudo a par de uma política demográfica racional)
Título: Re: Livros
Enviado por: Automek em 2016-11-27 13:35:43
E tão mau como a mensagem é o próprio texto, super aborrecido.
Eu no 10º ou 11º ano levei com isto. Se não gostasse já de ler, como gostava, tinha ficado arrumado definitivamente para a leitura. Na minha opinião, as escolhas literárias oficiais do MNE são a maior fábrica de criar gente com aversão à leitura.

Este tipo de coisas leem-se quando já se tem alguma bagagem de leitura e voluntariamente. Eu gosto muito de ler, adoro o Eça e o Camilo, por exemplo, mas não sou capaz de ler Saramago, apesar de três tentativas (três obras diferentes), todas abortadas precocemente. Se me tivessem enfiado com o Memorial do Convento na escola tinha ficado a odiar o homem, mais o seu estilo literário.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2016-11-27 16:45:32
Pois, automek- Eu não sabia que aquele texto constava do ensino oficial. Transcrevi-o porque o vi citado na net e tive uma experiência particular com o romance "Viagens na minha terra"! Ofereceram-me, talvez, nos meus nove, dez anos. Tentei lê-lo. Não percebi nada! Especialmente, porque a 'Joaninha' aparece e depois desaparece e não percebi nada. Sempre que personagens aparecem e depois desaparecem, despisto-me! Foi também o caso, já 'milhões de anos depois' ao tentar ler o Fausto de Goethe: a 'Margarida' aparece e depois desaparece, e não percebi nada!

Contudo, o "Viagens na minha terra" deu-me um desfecho diferente! Uma filha minha, na altura adolescente, asseverou-me que o livro era muito bom. Resolvi (tentar) lê-lo de novo: que maravilha! Riquíssimo, fino, engraçado, curiosíssimo nas observações que faz, o próprio diálogo do autor com o leitor - especialmente, com as leitoras, posto que a história foi inicialmente publicada em fascículos, como se fosse uma 'banda desenhada', porém, literária - um encanto!

Já agora, aproveito: ando a ler uma obra, traduzida, de 1850 - escripta no português de então (adoro consoantes dobradas e consoantes mudas a abrir vogais!) - de Eugene Sue, Os Mysterios do Povo, uma maravilha em 'banda literária' da história da Gallia, civilização primitiva, anterior a Roma, com influência ou conhecimento da cultura grega, depois subjugada por César, a seguir aceite com alguma autonomia, depois conquistada por Francos (tribo germânica), de seguida cristianizada e brutalizada pelos bispos de Roma, resistindo com alguma individualidade na Bretanha e na Borgonha, até à final conquista da liberdade, com a revolução de 1789, que finalmente abole toda a tirania da realeza e do clero, instaurando a liberdade e a igualdade de todos os cidadãos perante a lei. Interessante!

Vou no tempo de Carlos Martel, o que derrotou os Árabes na sua invasão da Europa, na batalha de Poitiers, em 730 d.C., o avô de Charlemagne, qui a eté couronné à Aix-la-Chapelle roi des Francs le jour de Nöel du l'an 800 :)) Uma história monumental, mas recorte fiel da história de França, segundo o ângulo de uma etnia específica - os gaullezes - subjugados! Estou a gostar.
Título: Aldous Huxley
Enviado por: vbm em 2016-11-28 16:20:32
(http://static.fnac-static.com/multimedia/Images/PT/NR/ab/a4/02/173227/1507-1.jpg)

Uma aula da 5ª classe primária — miúdos de dez, onze anos —
numa lição bi-semanal de Filosofia elementar aplicada,
n' A Ilha de Huxley:

«Seja,

P = 1, 2, 3, ..., n  (pessoas)
S = o sistema de símbolos utilizados pelas pessoas para falarem umas com as outras;
       as palavras são públicas; pertencem a todos os que falam uma determinada língua;
       encontram-se registadas em dicionários.
A = acontecimentos; o que acontece é relativamente público; também o é aquilo que acontece quando alguém fala ou escreve; mas as coisas que se passam no interior das pessoas são particulares.

Alguém é capaz de sentir o que sente outra pessoa? Não.
Toda dor (o prazer também) é distinta e separada em cada pessoa.
Cada uma das dores que alguém sente é estritamente particular.
Não existe maneira de fazer passar uma a experiência de um centro de dor
para outro centro de dor.
Nenhuma comunicação é possível excepto a que se obtêm directamente através do sistema de símbolos S.

Dores particulares em cada pessoa, 1, 2, 3, ..., n.
Informação sobre dores particulares cá fora, em S, onde podemos proferir uma palavra
única pública — dor — para n experiências particulares relativas à dor, cada uma delas talvez tão diferentes de todas as outras, como diferentes são os nossos rostos.

Uma palavra só consegue representar a maneira como as coisas ou os acontecimentos da mesma natureza se parecem uns com os outros. É essa a razão por que a palavra é pública. E, sendo pública, não pode necessariamente representar a maneira como os acontecimentos da mesma espécie geral são diferentes uns dos outros

Em resumo:

•   Palavras — públicas;
•   Acontecimentos — mais ou menos públicos;
•   Centros de dor e de prazer — estritamente privados.

Mas, será mesmo assim? Não haverá, no fim de contas, uma qualquer espécie de comunicação entre as pessoas sem ser por meio das palavras mas directamente?

O que será o círculo abrangente de P, S e A: tudo separado, individuado, e no entanto uno. As pessoas, os acontecimentos, as palavras — tudo a manifestação de quê?
Quem o pode conceber? O Espírito, a Essência, o Vácuo?
Realmente essa totalidade é bem um conceito in vacuo.
Quem, do seu exterior, o concebe?
Em rigor, tal conhecimento não se pode ministrar;
cada pessoa é esse próprio conhecimento.»

Op. cit., pp. 270-73


Notável! :)
Título: Gianfranco Sanguinetti
Enviado por: vbm em 2016-12-05 15:40:29
(https://images.portoeditora.pt/getresourcesservlet/image?EBbDj3QnkSUjgBOkfaUbsI8xBp%2F033q5Xpv56y8baM5TFUdZCLi9KpoUgocODyPj&width=150)

A mais reveladora denúncia dos métodos de actuação
da polícia política do Estado, no caso do rapto
e assassinato de Aldo Moro!

O modo de descobrir a verdade?
Está enunciado nesta tese: 

<No espectáculo a realidade encontra-se sempre às avessas.>

Gianfranco Sanguinetti, Do Terrorismo e do Estado,
editora Antígona, Lisboa, 1981, p. 77

Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2017-03-19 16:51:40
«Quelle importance ce qu'on est,
ce qu'on pense, ce qu'on va devenir?

On est quelque part dans le paysage
jusqu'au jour où on n'y est plus.»


Yasmina Reza, Babylone,
Flammarion, 2016, p.12
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2017-04-26 12:51:33
Algures o disse: estou no intermezzo de uma cirurgia ocular,
de modo que de um olho, vejo ao perto, d'outro vejo ao longe!
Ora, esta é a melhor condição para ler da Bíblia!
Encontrei assim esta passagem, de que gostei
(mas atenção!, não tem a ver com a Korea,
que se verá como se desenrola.)


É apenas a expressão da alegria de um Justo:


«Senhor, tu és o meu Deus;
eu te exaltarei, apregoarei o teu nome,
porque fizeste maravilhas,
realizando os teus antigos e fiéis desígnios.

Porque tu reduziste a cidade a um montão de pedras,
a cidade forte a um ruína;
a cidadela dos estranhos não é mais uma cidade,
jamais será reedificada.

Por isso te louvará um povo forte,
a cidade das nações robustas temer-te-á,
porque te tornaste fortaleza para o pobre,
fortaleza para o necessitado na sua tribulação,
refúgio contra a tempestade, sombra contra o calor.
Com efeito, o orgulho dos poderosos é como um fura-
cão que investe contra uma muralha

Como o ardor sobre uma terra árida,
humilharás a insolência dos bárbaros;
como o calor ardente por uma nuvem
assim se extinguirá o canto triunfal dos tiranos.»

(Isaías, 25 - 1 a 5 )
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2017-05-27 17:52:35
Vi hoje um novo tópico de «Livros recomendados»
do camarada neoliberal.

Por outro lado, gostei do postal de abertura
da smog, a livros de educação recenseados
e comentados.

Fui assim encaminhado para o meu próprio
tópico de «Livros» e ´pesquei' esta belíssima
citação de Nietzsche na Gaia Ciência:


A  propósito da clareza. — Quando se escreve é não somente para ser compreendido, mas também para não o ser. Um livro não fica diminuído pelo facto de um indivíduo qualquer o achar obscuro: ( ) Qualquer espírto um pouco distinto, qualquer gosto um pouco elevado escolhe os seus auditores; ao escolhê-los fecha a porta aos outros. As regras delicadas de um estilo nascem todas daí: são feitas para afastar, para manter a distância, para condenar o «acesso» de uma obra; para impedir alguns de compreender, e para abrir o ouvido aos outros, os tímpanos que nos são parentes.

Quanto a mim, digo-o aqui para nós, não permitirei nem à minha ignorância nem à minha vivacidade que me impeçam de vos ver claramente, ó meus amigos: ( ) Porque me sirvo dos problemas profundos como se fossem banhos frios: mal entro, saio logo. Este método, há-de dizer-se, impede de descer o suficiente, de ir ao fundo? trata-se de superstição de hidrófobo ( ) falam sem experiência. Ah! se soubessem como o frio torna as pessoas ágeis!... E de resto, diga-se de passagem: acreditais realmente que uma coisa se mantenha obscura porque não fizemos mais do que aflorá-la, deitar-lhe um olhar de passagem, lançar-lhe uma vista de olhos de passagem? ( ) Há pelo menos certas verdades ( ) que só é possível apanhá-las de surpresa: é surpreender ou largar... Enfim a minha exigência tem outra vantagem: ( ) sou forçado a ser muitas vezes rápido para que me compreendam ainda mais rapidamente.

Eis o que diz respeito à minha brevidade; já o mesmo não sucede tão brilhantemente com a minha ignorância, que não dissimulo. ( ) O que vem a ser necessário para que um espírito se alimente? nenhuma fórmula pode responder à pergunta, mas ( ). Não é a gordura que um bom dançarino pretende obter da sua alimentação ( ) ... e não conheço nada que um filósofo goste mais do que ser um bom dançarino.

                  (Gaia Ciência, Livro V, § 381)

Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2017-05-27 22:19:00
Bom, eu gosto mais do termo borboleta. Gosto de ser uma borboleta. :P
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2017-05-27 22:29:04
«Borboleta» lembra-me sempre tempos de criança
no jardim, a ver exactamente borboletas
a esvoaçar entre as folhas e flores
no traçado dos canteiros!


Só muito mais tarde, no estudo
de Geografia e capítulo da Metereologia,
privei com o «efeito-borboleta», o das
tempestades na China por um bater
de asas na Califórnia!

E mais tarde ainda, já depois dos computadores
pessoais, e das folhas de cálculo, a importância
altamente elástica das pequenas alterações
paramétricas e premissas de partida em
qualquer sistema de cálculo dedutivo...
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2017-05-27 22:44:57
Vasco,
na biologia os insectos passam por metamorfoses e vão do ovo ao insecto perfeito. Uma borboleta é a última fase num processo de metamorfose.
Bom, se evoluir ...mudo de bicho  :P

Agora,
a bailarina é do ti Frederico e eu (que tinha comprado o Zaratustra) fiquei horrorizada pelos comentários que li acerca dele e que vinham de pessoas que vergaram a espinha ao escritor... nunca pude com isso, dá-me náuseas ver alguém adulto papaguear um autor sem ter espírito critico- é um estado adolescente na leitura/escrita.
Bom, acabei por não ler. Talvez um dia vença a repugnância já que ele não tem culpa.
Mas gosto dos teus trechos da Gaia Ciência... talvez gaste dinheiro nele. ;D
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2017-05-28 18:50:28
Lê a Gaia Ciência! São reflexões aforísticas, mas explicadas ou justificadas na preferência perspectivística que adoptam que são interessantes de ler. Mas tu não gostaste do Zaratustra!? Foi a minha paixão aos dezassete anos, e reli-o várias vezes ao longo do tempo, sempre com prazer, embora com fulgor mais temperado. Aliás, a impressão que o Nietzsche de Zaratustra me causou foi tão forte que se não fosse outro meu ídolo na mesma idade, Omar Khayyam (e também Ortega y Gasset) eu ficaria 'chalupa'! Mais tarde, a filosofia, a lógica, Russell e Popper, obtemperaram aquela admiração por Nietzsche, mas não a anularam.
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2017-05-28 19:13:21
Nem li. Eu sou assim, de humores. 8)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2017-06-09 23:07:50
Mais uma reflexão espantosa de Nietzsche, no Gaia Ciência:


Só criando. — O que me custou e me custa ainda constantemente mais sofrimento, é dar-me conta de que é infinitamente mais importante conhecer o nome das coisas do que saber o que elas são. A sua reputação e o seu nome, o seu aspecto e a sua importância, a sua medida tradicional, o seu peso geralmente aceite — todas as qualificações que estiveram na origem dos frutos do erro e do capricho, na sua maior parte, roupagens que se lançaram sobre elas sem tomar a precaução de as adaptar à sua essência e nem sequer à sua cor de pele — tudo isso, à força de ser acreditado, de se transmitir, de se fortificar em cada nova geração, acabou por formar o seu corpo; a aparência primitiva acaba sempre por se tornar a essência e fazer o efeito da essência! Bem louco quem acreditasse que basta recordar essa origem e mostrar esse véu nebuloso da ilusão para destruir o mundo que passa por essencial, a que se chama «realidade»! Só criando o podemos aniquilar!... Mas não esqueçamos também isto: é que basta forjar nomes novos, novas apreciações e novas probabilidades para criar com o tempo também «coisas» novas.

               (Gaia Ciência, Livro II, § 58)
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2017-06-09 23:13:00
Como dizia Álvaro de Campos " a máscara agarrou-se à pele".

 ;D
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2017-07-06 08:58:58
Quando há muitos anos 'estacionei' em Paris,
li a inimaginável Simone Weil, um misticismo filosófico
espantoso, algo histérico (ou muito histérico), mas
'repousando' em cada palavra e pensamento,
fica-se deveras atónito!

Não voltei a relê-la,
ou melhor, creio que sim
muitos anos depois, mas
em vol d'oiseau, e sem aquele
mergulhar pasmado no relato
do que diz e experimenta.

Porém, ao longo dos anos,
sempre me fez confusão
ouvir falar doutras 'simones',
a Simone Veil do Sartre e
a da que foi presa dos Nazis,
e agora morreu e está no
Panteão de França...

Sempre que vagamente
ouvia notícias dessas duas,
vinha-me à memória
a espantosa Simone Weil
dos anos 30 e da IIª G.M.

Uma mulher incrível!

(http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/0/00/Simone_Weil_1922.jpg/220px-Simone_Weil_1922.jpg)(http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/2/23/Simone_Weil_04_%28cropped%29.png/220px-Simone_Weil_04_%28cropped%29.png)
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2017-07-06 19:44:28
Simone de Beauvoir.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2017-07-06 20:05:31
Simone de Beauvoir.

Ah, sim!

Veil é a que morreu agora
foi trasladada para o Panteão.

Beauvoir é a do Sartre.

E há ainda as duas 'Simones' d'Oliveira.
A portuguesa e a brasileira.

Mas essas cantam
e não se confundem
com as outras!
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2017-07-06 22:20:48
Homónimas.
Eu sou mais heterónimos!
Não se confunde. ;D
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2017-07-13 19:01:16
Fui ver se tinha alguma 'coisa' da Simone Weil
no meu Word. E tinha. Tenho!

Deixo aqui este trecho; seguramente,
impressionou-me quando era novo,
e ainda o acho  interessante!-:)

«.... Que je disparaisse afin que ces choses que je vois deviennent,
du fait qu'elles ne seront plus choses que je vois, parfaitement belles.

Je ne désire nullement que ce monde créé ne me soit plus sensible,
mais que ce ne soit plus à moi qu'il soit sensible.

A moi, il ne peut dire son secret qui est trop haut. Que je parte,
et le créateur et la créature échangeront leurs secrets.

Voir un paysage tel qu'il est quand je n'y suis pas...

Quand je suis quelque part, je souille le silence du ciel et
de la terre par ma respiration et le battement de mon coeur.»

SIMONE WEIL La pesanteur et la grâce



Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2017-08-12 23:58:33
(http://cdn-images.rtp.pt/icm/images/e2/e2e8ee2636a3008c244db6a58964eabe_N.jpg?rect=190,5,737,403&w=800&w=800)

Mónica Brito Vieira,
da Universidade de York:

- Esta, sim. Percebe Política.

A ler, logo que possa:
Representation (2008. Polity Press), co-autoria de David Runciman, e
The Elements of Representation in Hobbes (2009, Brill).
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2017-08-29 10:11:09
(http://ec56229aec51f1baff1d-185c3068e22352c56024573e929788ff.r87.cf1.rackcdn.com/attachments/large/6/0/1/003898601.jpg)

Sem dúvida, um pensamento impenetrável
a quem não haja previamente mergulhado
em várias piscinas preliminares!

Mas depois, «lá dentro», uma maravilha -:))

Por o enunciado que hoje reencontrei nos meus apontamentos
poder fazer sorrir mais do que um analista de mercados bolsistas,
aqui o reproduzo com gosto -:):

«Là où l'inflexion devient inclusion: on ne voit plus, ont lit.»
Título: Re: Livros
Enviado por: Zel em 2017-08-29 16:11:13
a filosofia morreu com os gregos  :D
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2017-08-29 16:36:24
Pelo que se constata na ciência,
desde o século 17,

parece-me viva a filosofia!

(http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/4/49/Minimal_surface_curvature_planes-fr.svg/800px-Minimal_surface_curvature_planes-fr.svg.png)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2017-09-15 19:28:35
Aqui vai um pequeno trecho de uma história da BD de Valérian e Laureline,
denominada "Os Círculos do Poder":

«Valérian: Quem é esse coronel Tloc?
Um shingouz: É o chefe da Polícia de Rubanis.

Valérian: Este planeta corrupto ainda tem uma Polícia!?
Um shingouz: Sim, uma polícia igualmente corrupta.
Outro shingouz: Mas sempre é melhor que não ter polícia alguma.

(Mais tarde no gabinete de Tloc)

Tloc: Eu sou o coronel Tloc
Valérian: Eu sou o Valérian
Laureline: Eu sou a Laureline

Tloc: Sentem-se! Disseram-me bem de vocês...
Valérian: Quem coronel?
Tloc: Uns pequenos bípedes [os Shingouz's] com uma tromba
        um pouco húmida, umas asas ligeiramente atrofiadas,
        uma sacola um pouco estranha...
Laureline: Sabemos muito bem  quem são!

Tloc: Já repararam que reina uma certa desordem na cidade...
Valérian: Bem...
Laureline: Não é preciso exagerar!
Tloc: Tem razão, Menina! Na qualidade de chefe da polícia,
         não  costumo deixar-me impressionar, mas surgiu
         um dado novo...

Tloc: Sou a favor da desordem favorável à Indústria,
        aos Negócios, ao Crime e à Religião, pois são coisas
        que andam sempre juntas...
Laureline: Sim, no conjunto parece ser bastante rentável!
Tloc: Não me queixo.

Tloc: Mas sou contra o caos galopante que ameaça
        Rubanis!
Valérian: Porém, o  senhor é o chefe da polícia!

Tloc: A minha polícia está demasiado ocupada a enriquecer,
        para ser eficaz contra aquilo que me preocupa
                                  ...
Valérian: Não conhecemos bem este planeta e gostaríamos
              de perceber um pouco melhor. Os círculos, as
              perturbações, tudo isso...
Tloc: Eu é que gostaria de perceber melhor! Aliás, é por isso
        preciso de gente de fora.

Tloc: Uma perspectiva nova como a sua, senhor Valérian...

Tloc: Um olho vivo como o seu, Menina Laureline!

Tloc: Aqui é  tudo tão corrupto. Por vezes, chego a perguntar-me
        se sou suficientemente corrupto para perceber o que se passa...
Laureline: No seu lugar, eu não me preocuparia muito com isso, coronel.

Tloc: Pois, pois... É fácil gracejar, quando se é jovem e inocente como a
        Menina... Mas eu... Olhem lá para baixo... Tudo isto está a meu cargo...
        Cinco Círculos fervilhantes de interesses contraditórios...

Valérian: Na verdade, não se vê grande coisa...
Tloc: É preciso conhecer para apreciar!


Tloc: O Primeiro Círculo, o da Indústria Pesada onde deixaram
        a vossa aeronave, é vítima de uma anarquia latente que não me
        preocupa muito...

Tloc: É uma zona rude, mas cheia de boa vontade!
Laureline: Tem razão. Só os hábitos é que são apenas
                um pouco desportivos!
Valérian: De certa forma...

Tloc: O Segundo Círculo, dedicado aos Negócios, conhece
        porém uma vaga de perturbações muito mais preocupante.
        Destroem-se uns aos outros sem mais nem menos!

Laureline: No fundo, é uma zona de negócios dinâmica, não é?
Valérian: Já presenciámos alguns exemplos dessas... ah... operações.
Tloc: Vejo que são muito observadores.

Tloc: O Terceiro Círculo, que sobrevoamos neste momento,
        com todas estas luzes, é o do Comércio, dos Divertimentos,
        das Artes... é normal que haja algumas irregularidades...
Valérian: Se é o senhor quem o diz...

Tloc: O que me preocupa mais é o Quarto Círculo, o dos
        Grandes Sacerdotes, dos Altos Dignitários, da Aristocracia
        dos Negócios... Já não se sabe o que se passa atrás das suas
        muralhas...

Valérian: Não é desse Círculo que recebe as suas ordens?
Tloc: Há muito tempo que não recebo ordens. Dou-as, o
        que é preferível!
Laureline: Sim, está bem visto!

Tloc: E sobretudo... como hei-de dizer... Não sei bem de quem
        vêm ou... hum... viriam eventuais ordens.
Laureline: Parece perturbado, coronel?

Valérian: E como chegam... ou chegariam... essas ordens?
Tloc: Através deste aparelho. [Aponta uma máquina gigante]

Valérian: Porque é que está fechado?
Laureline: Podemos ver?

Tloc: NEM PENSAR!
        PROÍBO-VOS!!!

Tloc: PORIAM EM PERIGO
        A VIDA DE TODOS NÓS...

Tloc: É para isso que preciso de Vocês, para saber Quem
        ocupa realmente o Último Círculo

Tloc: O CÍRCULO DO PODER, aquele que domina todos os outros»

------------- // -------------

-:))))

Pois, depois vou ler a historinha!
É uma BD com cinquenta anos!

Do argumentista Pierre Christin
e do desenhador Jean-Claude Mézières


A mim, este trecho dos 'círculos do poder'
fez-me lembrar o famoso romance
The First Circle de Alexandre Solzhenitsyn,
um insight inolvidável dos reais círculos de poder
de qualquer sociedade! Li-o no saudoso ano de... 1971 -:))
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2017-09-16 00:15:29
Citar
Valérian: E como chegam... ou chegariam... essas ordens?
Tloc: Através deste aparelho. [Aponta uma máquina gigante]

Valérian: Porque é que está fechado?
Laureline: Podemos ver?

Tloc: NEM PENSAR!
        PROÍBO-VOS!!!

Tloc: PORIAM EM PERIGO
        A VIDA DE TODOS NÓS...
Tloc: É para isso que preciso de Vocês, para saber Quem
        ocupa realmente o Último Círculo

Tloc: O CÍRCULO DO PODER, aquele que domina todos os outros»

E descobriram ...deus ? ;D
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2017-09-16 09:26:16
lol

Não. O Inner circle era
uma  máquina avariada
de criar imagens.

Era ela que influía nos círculos
dominados.

No quarto círculo, os Sacerdotes,
os Altos Dignitários, e a Alta Burguesia
dos Negócios eram todos já senis,
repetiam-se uns aos outros!

É a Ideia da caverna platónica, avariada,
uma televisão emperrada, sem vida.

O casal aventureiro, enamorado, cósmico,
escapa como sempre e continua navegando
por entre contactos com múltiplas formas
de vida inteligentes e com mais
ou menos poder.



Já o First Circle de Solzhenitsyn,
era mais realista, mas também surpreendente,
pela alquimia com que a perspectiva das coisas
se transformava no círculo real do poder,
pela conspiração e construção
de eventos simulados!
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2017-09-16 12:58:49
(http://img.over-blog-kiwi.com/0/99/53/09/20170727/ob_4d6de1_8ka4t2h.jpg)
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2017-09-16 21:28:04
A prova! ;D
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2017-09-19 17:45:52
https://www.paulasset.com/articles/wp-content/uploads/2012/09/Benjamin-Graham_-David-Dodd-Security-Analysis-Sixth-Edition_-Foreword-by-Warren-Buffett.pdf (https://www.paulasset.com/articles/wp-content/uploads/2012/09/Benjamin-Graham_-David-Dodd-Security-Analysis-Sixth-Edition_-Foreword-by-Warren-Buffett.pdf)

Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2017-10-06 12:48:36
(https://static.fnac-static.com/multimedia/PT/images_produits/PT/ZoomPE/3/7/8/9789722035873/tsp20110204202333/O-Cisne-Negro.jpg)

Algures falou-se de Taleb!
Um belo livro. A ler e
manter em mente.

Muito útil estas passagens (pp. indicadas)

— Não há demonstrações corroborativas. 99

Se todos os cisnes são brancos,
então todos os objectos
que não são brancos,
não são cisnes.
 
      (x) [ ( Cx > Bx) . -Bx] → -Cx 



— A armadilha da atribuição de causa.

A falácia narrativa tem que ver com a nossa capacidade limitada de olhar para sequências de factos sem tecer uma explicação para os mesmos ou, de modo equivalente, forçando uma ligação lógica, uma seta de relacionamento entre eles. As explicações unem os factos entre si. Facilitam a sua memorização; contribuem para que façam mais sentido. Esta propensão pode correr mal quando aumenta a nossa impressão de que compreendemos. 104-5

— Não teorizar é uma acção. Teorizar pode corresponder à ausência de actividade, à opção por «predefinição»

— hemisfério esquerdo do cérebro: funções da linguagem e da dedução; função do reconhecimento de padrões, gestalt (o geral, a floresta); hemisfério direito do cérebro: lida com a novidade, vê série de factos (o particular, as árvores). 107

— A nossa propensão para impor significado e conceitos bloqueia a nossa noção dos pormenores que formam o conceito. [ ] Os neurotransmissores são as substâncias químicas que transportam sinais entre as diferentes partes do cérebro. [ ] A percepção de padrões aumenta com o químico dopamina.  108

— A pessoa torna-se vulnerável a toda a espécie de enredos, como a astrologia, superstições, economia e leituras de cartas de Tarot. 109
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2017-10-16 20:06:24
(https://img.wook.pt/images/o-fio-da-modernidade-eduardo-prado-coelho/MXw3ODAxNXwxMDgwODJ8MTM4MzUyMzIwMDAwMA==/200x)

Sempre apreciei eduardo prado coelho.
Comprei esta edição em saldo.

Fina ironia o relato do encontro
de Paul Valéry com Einstein, p.28

Valéry, intelectual e poeta admirável
afirmava que «o intelectual era aquele
que pensava que aquilo que já tinha sido
pensado não tinha sido ainda suficientemente
pensado.»

Conta-se que num encontro com Einstein
lhe perguntou como é que ele fazia para não deixar
escapar as ideias que tinha. E recomendou-lhe mesmo
o seu próprio método: anotá-las no punho da camisa!

Einstein, poupado em camisas, terá retorquido:
«Eu não preciso, até hoje só tive duas ou três ideias.»

-:))
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2017-10-26 19:52:07
(http://www.antigona.pt/imagem.php?data=YTozOntzOjM6ImltZyI7czozNjoiZTBkMGY3MzFkZjQ5OWQzM2RkZDk5Mjg0MTNmNDEwZTEuanBnIjtzOjU6IndpZHRoIjtzOjM6IjIwNSI7czo0OiJjcm9wIjtiOjA7fQ==)

«Habituei-me a ver as minhas teorias mais lúcidas desfazerem-se no dia seguinte,
ficarem como provas de uma assombrosa combinação de inaptidão e entusiasmo.
( ) Talvez a minha ideia, uma vez passada a escrito, perca a sua força.»

Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2017-11-24 22:21:12
Excerto de uma releitura relativamente recente,


«Mas o que a Cidade mais deteriora no homem é a Inteligência,
porque ou lha arregimenta dentro da banalidade oh
lha empurra para a extravagância.


Nesta densa e pairante camada de Ideias e Fórmulas
que constitui a atmosfera central das Cidades,
o homem que a respira, nela envolto,

só pensa todos os pensamentos já pensados,
só  exprime todas as expressões já exprimidas

– ou então, para se destacar na pardacenta
e chata rotina e trepar ao frágil andaime
da gloríola, inventa num gemente
esforço, inchando o crânio,
uma novidade disforme
que espante e
que detenha a multidão
como um mostrengo numa feira.


Todos, intelectualmente, são carneiros,
trilhando o mesmo trilho,
balando o mesmo balido,
com o focinho pendido para a poeira
onde pisam, em fila, as pegadas pisadas;
– e alguns são macacos, saltando no topo
dos mastros vistosos, com esgares e cabriolas.»

-:))

Eça de Queiroz, “A cidade e as serras”,
Ed. «Livros do Brasil», Lisboa, pp. 87-8
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2017-11-24 22:39:44
(https://static.fnac-static.com/multimedia/Images/PT/NR/43/61/0b/745795/1507-1/tsp20170405152344/Obras-Completas-de-Edmundo-Curvelo.jpg)

Comprei hoje na Gulbenkian! Espantosa a diferença do preço da capa
para o da venda ao balcão da Livraria da Fundação: €40.00 e € 20.00!

De Edmundo Curvelo só li até hoje a "Introdução à Lógica", das Edições Cosmos, de 1943.
A edição das Obras Completas da Textos Universitários da Gulbenkian, é de 2013.
Um volume enorme! Se me organizar bem, hei-de lê-lo todo.
Curvelo foi um filósofo e lógico afim do Círculo  de Viena.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2017-12-08 10:53:17
Aquele Obras Completas é verdadeiramente volumoso!
Optei começar por reler o seu Iniciação à Lógica editado pela Cosmos.
De resto, o volume das Obras começa por esse estudo.

(http://narrativaobvia.pt/wp-content/uploads/2017/06/IMG_20170427_0015-205x300.jpg)
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2017-12-08 12:59:49
Estás despedido! És um mau professor de lógica! >:(
Nunca aprendi a gostar! ;D
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2017-12-08 13:05:18
Isso nota-se, e é pena. Pelo real chega-se à lógica e, com esta,
remergulha-se no real mas na consciência de um luminoso Senhor!

(O mais, são tretas!)
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2017-12-08 13:18:48
culpa tua. És um nabo e um incompetente! Vives na Lua! >:(
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2017-12-08 14:12:53
Lolinho.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-01-09 20:34:17
É muito giro ler um autor antigo, como Sá de Miranda, do século 16, há 500 anos!

Isto de ser actual, contemporâneo ou antigo, é muito relativo. Todos nós
temos um futuro de anonimato ou de remota antiguidade...

Um dia li que no século 2, Platão era considerado um autor antigo...
Se o era naquele tempo, que diremos nós que o lemos correntemente?
Um autor antiquíssimo e contudo é lido universalmente!


Sorri-me empático com esta exclamação de Sá de Miranda,
um contemporâneo de Camões:

              «pasmado e duvidoso do que vi
            m'espanto às vezes, outras m'avergonho»



Sá de Miranda, Poesias escolhidas,
Selec., pref. e notas de Rodrigues Lapa,
Seara Nova, Lisboa, 1970, #13, p. 12-13
Título: Re: Livros
Enviado por: Tridion em 2018-01-10 12:04:09
Este:




(http://t2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTQwBMx-zfh-850_qTu0mCvvsSQvndOwPMiNopQ6mYi_VyfVYt9)





e este:





(http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTCGpEAtKQ6g5NHjAHZ17KVnBkEEUx68SGF_XUDBIpX8zWys-DF)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-01-10 15:19:04
(https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/51-amobUpXL._SY344_BO1,204,203,200_.jpg)

Este, um livro interessante para quem está na vida activa.
Não é propriamente um livro de ajuda, mas de psicologia cognitiva.
Li-o há uns anos. Mesmo para uma vida de ócio, tem interesse e mérito.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-01-12 19:29:49
O maior libelo contra a tirania e apelo à desobediência civil
foi, é, o de Étienne de La Boétie (1530-63),
o grande amigo de Michel de Montaigne,
no seu Discurso sobre a servidão voluntária

(https://static.fnac-static.com/multimedia/PT/images_produits/PT/ZoomPE/8/3/1/9789726080138/tsp20110905202106/Discurso-Sobre-a-Servidao-Voluntaria.jpg)

«Não há infelicidade  maior do que estar sujeito a um chefe.»
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-01-12 20:25:33
Não li. Deve ser interessante. Mas guardo o exemplo de Bertrand Russell
que toda a vida se opôs à opinião pública, dominante no seu país e no mundo.

(Para  não falar da tradição clássica da economia
que sempre se esmerou a destituir ideias feitas.)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-01-12 21:29:00
Não. Também não conheço. De Chomsky creio só li o Making the Future, de que não lembro nada de especial e alguns trabalhos ou capítulos sobre a Linguagem, aspectos da teoria da Sintaxe, muito interessantes.
Título: Re: Livros
Enviado por: Pekenobuda em 2018-01-12 22:41:39
Alguém já leu a biografia do Patrick Monteiro de Barros? "Uma vida á Bolina"

Vale a pena?
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-01-13 00:11:43
Civil Disobedience
https://en.wikipedia.org/wiki/Civil_Disobedience_(Thoreau)

hum... uma ideia a reter que requer muito planeamento da elite ... que as massas são acéfalas.
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-01-13 00:13:01
É muito giro ler um autor antigo, como Sá de Miranda, do século 16, há 500 anos!

Isto de ser actual, contemporâneo ou antigo, é muito relativo. Todos nós
temos um futuro de anonimato ou de remota antiguidade...

Um dia li que no século 2, Platão era considerado um autor antigo...
Se o era naquele tempo, que diremos nós que o lemos correntemente?
Um autor antiquíssimo e contudo é lido universalmente!




Sorri-me empático com esta exclamação de Sá de Miranda,
um contemporâneo de Camões:

              «pasmado e duvidoso do que vi
            m'espanto às vezes, outras m'avergonho»



Sá de Miranda, Poesias escolhidas,
Selec., pref. e notas de Rodrigues Lapa,
Seara Nova, Lisboa, 1970, #13, p. 12-13



mas tu agora andas a plagiar o Abrupto? ???
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-01-13 09:33:00
mas tu agora andas a plagiar o Abrupto? ???

Nem eu, nem o "Abrupto", que não sigo nem leio,
plagiamos quem quer que seja. No máximo citamos.
E se comentamos indicamos quem. Mas nem é o caso.

Ali, foi uma exemplificação. O que há a fazer é o mesmo
a que Rodrigues Lapa nos convidou: mergulhar na escrita
de um poeta renascentista conhecido e amigo de Vittoria Colonna.

(https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/32/Vittoria_Colonna_from_Lazio.jpg/300px-Vittoria_Colonna_from_Lazio.jpg)
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-01-13 17:05:35
mas tu agora andas a plagiar o Abrupto? ???

Nem eu, nem o "Abrupto", que não sigo nem leio,
plagiamos quem quer que seja. No máximo citamos.
E se comentamos indicamos quem. Mas nem é o caso.

Ali, foi uma exemplificação. O que há a fazer é o mesmo
a que Rodrigues Lapa nos convidou: mergulhar na escrita
de um poeta renascentista conhecido e amigo de Vittoria Colonna.

(https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/32/Vittoria_Colonna_from_Lazio.jpg/300px-Vittoria_Colonna_from_Lazio.jpg)

Liar!
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-01-13 17:06:27
Civil Disobedience
https://en.wikipedia.org/wiki/Civil_Disobedience_(Thoreau)

hum... uma ideia a reter que requer muito planeamento da elite ... que as massas são acéfalas.
Psychologie des Foules
https://fr.wikipedia.org/wiki/Psychologie_des_foules_(livre) (https://fr.wikipedia.org/wiki/Psychologie_des_foules_(livre))

Exato. 8)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-01-13 23:58:54
Liar!

Liar? Liar é mentiroso? Se é, tal só é verdade quando quero, quando não quero, não é mentira.
Understand? Mainly, talking with a woman, yeah! E realmente, ando a  reler uma pequena
antologia de Sá de Miranda, prefaciada e comentada pelo insigne professor Rodrigues Lapa.

A mim, sempre encanta debruçar-me sobre um escrito antigo. É quase como conversarmos
com um extraterrestre! -:) Porque é outra cultura, outro mundo, muito diferente do nosso,
mas onde reconhecemos pensamento humano, racional, um nosso semelhante!
Claro, fazer isso sem guia, é impensável. Para isso servem os docentes.

Eu gosto. Só para veres a estranheza quase incompreensível (sem o apoio de Rodrigues Lapa),
aqui te deixo esta fala no diálogo de dois amigos, um que convive (Bieito) outro que se isola (Gil).
Edito só uma das falas do último. Quase não se percebe! -:) Mas é questão de entrar no tema,
na linguagem e na sintaxe, e apreender o significado de alguns idiomatismos.

É muito interessante! Tão exótico e mais divertido do que algumas intervenções aqui do fórum -:):


 Gil —  Tu sabes que eu me abrigara
           a esta vida de pastor;
           viera corrido à vara,
           cuidei que era melhor,
           que ouvira e não a provara.
           Determinava-me já
           d’andar com minhas ovelhas;
           a conta saiu-me má;
           mas «tambem cá como lá
           fadas há», dizem-no as velhas.

           Andei d’aquém pera além;
           vi já terras e lugares,
           tudo seus avessos tem:
           o que não espermentares
           não cuides que o sabes bem;
           e às vezes, quando cuidamos
           que esprimentado o já temos,
           à cabra-cega jogamos.
           Achei-vos cá fortes amos:
           Querem que os adoremos.

           Pera o mal que te acontece
           buscas o amo: ora o sono,
           ora al que nunca falece...
           Ao trosquiar achas dono,
           às pressas não te conhece.
           Tudo lhes o demo deu,
           té razões más que nos dão;
           quando te hão mester, és seu;
           quando os hás mester, és teu:
           que não tens amos então.

           Essa vez que saem à rua,
           estremece toda a aldea;
           eles bebem, homem sua.
           Inda que é o dano em grosso,
           fôra de dissimular
           no mais, mas nisto não posso:
           o entendimento, que é nosso,
           não no-lo querem deixar.
           
           Polo qual, co meu fardel
           fugi das vossas aldeas;
           não trago nos beiços mel,
           nunca fui cresta-colmeas,
           nem posso ser ministrel.
           A saudade não se estrece,
           mas caiu-me um coração
           em sorte, que muito empece:
           outro senhor não conhece,
           somente a boa razão.

           Porém, queixo-me-te logo
           que em casos que aconteceram,
           vi-me por ela no fogo;
           bradei, e não me valeram
           brados, queixumes, nem rogo.
           Então me saí meu quedo
           a quedo; e fará algum dia
           o que outro não fez; e hei medo
           de ver mor vingança cedo
           do que já agora  queria.

Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-01-14 01:32:10
Só li o outro, dele, O liberalismo político

«as desigualdades económicas e sociais são aceites desde que
decorram do exercício de posições e cargos — a que todos
tenham acesso segundo uma igualdade equitativa de oportunidades
— e contribuam para o maior benefício possível dos membros
                                menos favorecidos da sociedade.»



Fora disto, o liberalismo não presta.
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-01-14 16:41:33
Liar!

Liar? Liar é mentiroso? Se é, tal só é verdade quando quero, quando não quero, não é mentira.
Understand? Mainly, talking with a woman, yeah! E realmente, ando a  reler uma pequena
antologia de Sá de Miranda, prefaciada e comentada pelo insigne professor Rodrigues Lapa.

A mim, sempre encanta debruçar-me sobre um escrito antigo. É quase como conversarmos
com um extraterrestre! -:) Porque é outra cultura, outro mundo, muito diferente do nosso,
mas onde reconhecemos pensamento humano, racional, um nosso semelhante!
Claro, fazer isso sem guia, é impensável. Para isso servem os docentes.

Eu gosto. Só para veres a estranheza quase incompreensível (sem o apoio de Rodrigues Lapa),
aqui te deixo esta fala no diálogo de dois amigos, um que convive (Bieito) outro que se isola (Gil).
Edito só uma das falas do último. Quase não se percebe! -:) Mas é questão de entrar no tema,
na linguagem e na sintaxe, e apreender o significado de alguns idiomatismos.

É muito interessante! Tão exótico e mais divertido do que algumas intervenções aqui do fórum -:):


 Gil —  Tu sabes que eu me abrigara
           a esta vida de pastor;
           viera corrido à vara,
           cuidei que era melhor,
           que ouvira e não a provara.
           Determinava-me já
           d’andar com minhas ovelhas;
           a conta saiu-me má;
           mas «tambem cá como lá
           fadas há», dizem-no as velhas.

           Andei d’aquém pera além;
           vi já terras e lugares,
           tudo seus avessos tem:
           o que não espermentares
           não cuides que o sabes bem;
           e às vezes, quando cuidamos
           que esprimentado o já temos,
           à cabra-cega jogamos.
           Achei-vos cá fortes amos:
           Querem que os adoremos.

           Pera o mal que te acontece
           buscas o amo: ora o sono,
           ora al que nunca falece...
           Ao trosquiar achas dono,
           às pressas não te conhece.
           Tudo lhes o demo deu,
           té razões más que nos dão;
           quando te hão mester, és seu;
           quando os hás mester, és teu:
           que não tens amos então.

           Essa vez que saem à rua,
           estremece toda a aldea;
           eles bebem, homem sua.
           Inda que é o dano em grosso,
           fôra de dissimular
           no mais, mas nisto não posso:
           o entendimento, que é nosso,
           não no-lo querem deixar.
           
           Polo qual, co meu fardel
           fugi das vossas aldeas;
           não trago nos beiços mel,
           nunca fui cresta-colmeas,
           nem posso ser ministrel.
           A saudade não se estrece,
           mas caiu-me um coração
           em sorte, que muito empece:
           outro senhor não conhece,
           somente a boa razão.

           Porém, queixo-me-te logo
           que em casos que aconteceram,
           vi-me por ela no fogo;
           bradei, e não me valeram
           brados, queixumes, nem rogo.
           Então me saí meu quedo
           a quedo; e fará algum dia
           o que outro não fez; e hei medo
           de ver mor vingança cedo
           do que já agora  queria.
ainda me lembro das minhas aulas de português arcaico...percebe-se! :P
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-01-14 16:43:43
Amusing Ourselves to Death
https://www.goodreads.com/book/show/74034.Amusing_Ourselves_to_Death (https://www.goodreads.com/book/show/74034.Amusing_Ourselves_to_Death)

mas tu és um clone do Batman? É que ele tb só faz citações. Se calhar arranjaste um nick novo para começar a citar a torto e a direito a Amazon. Tens  comissão? ;) ;D
Título: Re: Livros
Enviado por: Tridion em 2018-01-14 20:41:59
Eish este fórum está cada vez melhor.

O Henry David Thoreau anda por aqui.

Gosto muito da frase que escreveste no Walden: "Um homem é rico na proporção do número de coisas de que ele é capaz de abrir a mão.”   :)
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-01-14 20:54:19
Sou o Robin...  :P
Toma lá, este é para ti:
Não conheço o autor mas gostei do título. Toda uma tese de complexidade! ;D
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-01-14 22:27:51
Sou o Robin...  :P
Toma lá, este é para ti:
Não conheço o autor mas gostei do título. Toda uma tese de complexidade! ;D

Estive a ler uns excertos: é a minha cara! ;D Não sei como conseguiste adivinhar... 8)
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-01-14 22:39:16
Sou o Robin...  :P
Toma lá, este é para ti:
Não conheço o autor mas gostei do título. Toda uma tese de complexidade! ;D

Estive a ler uns excertos: é a minha cara! ;D Não sei como conseguiste adivinhar... 8)

edit: uma ocidental que vai viver para o Japão e adopta os comportamentos orientais sem compreender a filosofia subjacente...vai daí escreve um livro de autoajuda. exatamente como eu! 8)
Título: Re: Livros
Enviado por: Automek em 2018-01-14 22:52:24
Continua Thoreau. Têm sido excelentes sugestões de leitura.
(nunca percebi porque é que o apelidavam de anarquista se ele defendia a existência do estado - menor e melhor, mas nunca negou essa existência, ao contrário dos anarquistas).
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-01-15 23:55:20
Tractatus Logico-Philosophicus

Excelente!
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-01-16 19:28:58
Continua Thoreau. Têm sido excelentes sugestões de leitura.
(nunca percebi porque é que o apelidavam de anarquista se ele defendia a existência do estado - menor e melhor, mas nunca negou essa existência, ao contrário dos anarquistas).
Ok, depois não se queixem...  ;D

Não te preocupes. Eles não lêem. 8)
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-01-16 22:40:23
Continua Thoreau. Têm sido excelentes sugestões de leitura.
(nunca percebi porque é que o apelidavam de anarquista se ele defendia a existência do estado - menor e melhor, mas nunca negou essa existência, ao contrário dos anarquistas).
Ok, depois não se queixem...  ;D

Não te preocupes. Eles não lêem. 8)
E tu, o que sugeres?  ;)
Para mim pode ser o Sandman em bd. ;)

https://pt.wikipedia.org/wiki/Sonho_(Sandman)
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-01-17 00:14:15
candidatas-te a uma sova não tarda nada! 8)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-01-18 14:21:26
Óptimo!
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-01-19 06:45:27
Gostei muito mais do do Huxley!
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-01-19 10:55:36
 Tive um clone chamado Lac Lunair conhecido vulgarmente por Lac. Já que passaste a homónimo não te dou uma sova! 8)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-01-19 15:21:44
O que é homónimo?
Perguntei, mas vou ver.
Bom, já vi. Mas não só o nome.
Com pequena mudança também o mesmo.
E o Huxley é muito melhor que o Bradbury.
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-01-19 19:21:43
Tive um clone chamado Lac Lunair conhecido vulgarmente por Lac. Já que passaste a homónimo não te dou uma sova! 8)
E eu que estava a contar com ela...  :P
Estás sempre a tempo.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-01-20 08:08:08
Sempre me recomendaram para ler esse, completando Rawls.
Mas nunca o fiz. Não sou especialista. Quedo-me pela ideia geral.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-01-20 22:41:49
Nunca li.
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-01-21 19:01:11
Interessante o número de visualizações. Significa que há uma certa incompatibilidade entre quem lê e quem escreve no fórum. 8)
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2018-01-21 19:52:39
Les Misérables
https://en.wikipedia.org/wiki/Les_Misérables (https://en.wikipedia.org/wiki/Les_Misérables)

tive que ler em frances e ja nao me lembro , tao pouco se todo  ;D
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-01-22 00:17:20
Só li o The First Circle, bem impressivo
de como tudo se trama em círculo restrito, fechado.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-01-22 21:28:03
[ ] quem lê e quem escreve [ ]

O que interessa ler? Como ler sem escrever? Porquê escrever?
Qual a utilidade da linguagem escrita?

Para mim, ler é conhecer sem viver o que pelo livro passa a conhecer-se.
É importante porque nos proporciona acesso ao saber sem passar pela experiência.
Permite-nos assim debruçarmo-nos sobre a fronteira entre o que se conhece e o que se ignora.

Escrever é imprescindível. Tudo quanto se pense, calcule, ideie pode descrever-se
na linguagem humana, nem que para tal tenhamos de forjar termos e palavras nossas.
Por exemplo, tudo o que se diga matematicamente, pode exprimir-se por palavras.

Quanto a mim, a grande utilidade da escrita, da linguagem, da logística contemporânea
é dar suporte material, gráfico, ao curso do pensamento, fixando-o
na linha de materialidade gráfica, e comunicacional.

Livros são os melhores companheiros do pensar e divagar!
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-01-22 22:36:53
Sim, livros. não capas em vez dos conteúdos  ;)
Puxo pelo du Lac.
Título: Re: Livros
Enviado por: Automek em 2018-01-23 10:35:12
Escrever é imprescindível.
Olhe que não, olhe que não  ;D

Não há provas que de Jesus Cristo tenha escrito uma linha e, no entanto, não há ninguém que tenha influenciado mais o curso da humanidade.
Junte-se aqui o Sócrates e percebe-se que escrever não é indispensável para se ter pensamentos bem arrumados.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-01-23 14:25:11
Compreendo o que dizes, e realmente, escrever sem pensar, é ridículo. É no que, sem cuidado, caímos nestes fóruns de dialogação escrita! Mas não obstante Cristo, Sócrates - e até Platão! que se fartou de escrever; quando seguiu Sócrates rasgou tudo quanto tinha escrito; e passou a fazê-lo ficcionada-mente pela boca-personagem-de-Sócrates! a ponto de se gabar de nunca ter deixado nada escrito de sua lavra! -:)), logo ele, o primeiro filósofo-esteta da História universal, e com conceitos nas fase média e final da sua vida, perfeitamente próprios, dele, e não de Sócrates, ainda que ao Mestre, os atribuísse, dando-lhe a autoria de todos os eus pensamentos; a ponto de ser considerado por toda a posteridade o máximo exemplo de que seja um discípulo, pela alta estima e consideração manifestada ao seu Mestre! -:)) - até Platão sempre negou ter escrito o que quer que seja, de seu próprio punho e pensamento!

Tudo fantasias! Mesmo Jesus Cristo, aprendeu - como aliás Moisés! - tudo quanto sabia, entre os  sacerdotes do Egipto! Incluso, o monoteísmo, proibido nessa "América" da Antiguidade que era o Egipto, pois que não dava rendimento aos sacerdotes. No entanto, eles sabia. e sabia-se, que "Deus" é puramente a luz da intelectualidade do vivente no seio da razão e em fraternidade com os seus semelhantes. Todos eles sabiam isso, mas fantasiavam divindades plurais. Cristo pertencia à tribo judaica dos Essénios, que era a devotada ao serviço de "Deus", se vestia de branco, e aprendia no Egipto. Além de que o Pai era um "industrial" de carpintaria e marcenaria, o que o ajudava na instrução primorosa que recebeu. Com tantos atributos 'magnéticos', não precisava de escrever para ter auditório. Bastava-lhe a  atitude sobranceira contra a ocupação romana, para ter adesão, - e depois desprezo cobarde -, popular.

Compreenda-se, qua a Antiguidade, toda ela, vivia fundamentalmente da oralidade e não da palavra escrita. Que aliás tinha a grande inconveniência de, por estar fixada, não sofria alteração, dizia sempre o mesmo, portanto, não era algo vivo e próprio de vivente e como tal era desprezada, ou desvalorizada, como algo menos espiritual.

Não assim, com o evoluir da civilização e a necessidade de transmitir conhecimentos para além da morte. Pelo que a escrita se torna imprescindível como forma precisa de materializar o pensamento com rigor, seja em linguagem gramatical, seja em simbologia lógica e ou matemática, seja em linguagem convertível em código binário leibniziano para máquinas contemporâneas de computador.

Pelos seus grandes frutos, a escrita é admirável!
Título: Re: Livros
Enviado por: Zenith em 2018-01-23 16:20:34
Escrever é imprescindível.
Olhe que não, olhe que não  ;D

Não há provas que de Jesus Cristo tenha escrito uma linha e, no entanto, não há ninguém que tenha influenciado mais o curso da humanidade.
Junte-se aqui o Sócrates e percebe-se que escrever não é indispensável para se ter pensamentos bem arrumados.

E mais do que isto é Jesus Cristo
Que não sabia nada de finanças
nem conta que tivesse biblioteca

 F. Pessoa

 :D

Mas o nosso Socrates genuinamente nacional até escreve livros  ;D
Título: Re: Livros
Enviado por: Automek em 2018-01-23 16:26:22
Mas o nosso Socrates genuinamente nacional até escreve livros  ;D
Bolas Zenith, era escusado...  ;D ;D
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-01-23 21:48:36
Sim, livros. não capas em vez dos conteúdos  ;)
Puxo pelo du Lac.
Puxa! Mas com jeitinho... doucement!

vasco,
doucement.... >:( e já agora não digas disparates que não podes provar! Egipto? 8)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-01-23 23:51:32
É o que dizem as escrituras. José, 'industrial' de carpintaria e exímio marceneiro, fugiu com a mulher e o filho para o Egipto, para escapar à perseguição de Herodes que temia a profecia de ter nascido quem o deporia do trono. Partiram, sim, para os "Estados Unidos da América" do tempo, e por lá ficaram uns largos pares de anos. Os Evangelhos citam inclusive, que Cristo-'teen-ager', encantava os sacerdotes do templo com o seu saber das coisas divinas. Nem sequer é possível imaginar um profeta tão revolucionário religiosamente - pregar o 'Deus', não apenas ao 'Povo Eleito', mas o do 'Todo o Mundo' - o que sucedeu deveras assim que S.Pedro converteu o primeiro general romano, pelo que a ideia tornou-se viável, e em pouco mais de duzentos anos, os bispos de Roma mandaram em toda a Europa durante mais de mil e quinhentos anos! -, nem sequer é possível imaginar um profeta que não tivesse tido a sua educação no estado teocrático mais poderoso na Terra, o Egipto, berço de todas as religiões e da ideia da vida após a morte. E quem quiser perceber alguma coisa de História, Civilizações sucessivas e Religião, tem de ler "Les Grands Initiés" de Édouard Schuré


(https://decitre.di-static.com/img/200x303/edouard-schure-les-grands-inities/9782266145619FS.gif)
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-01-24 00:03:20
Aconselho-te a ler a Bíblia. Oficial e Apócrifa.  ;D
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-01-24 09:34:26
A minha 'curiosidade' não é assim tão grande,
pelo que me contenho na ideia que formo
da Antiguidade bíblica, inspirada, aliás,
no Tratado Teológico-Político
de Benedictus Spinoza
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-01-24 18:06:47
A minha mãe aprendeu a ler nos "Cursos para Adultos" do Estado Novo - o meu avô não deixou ir as filhas estudar. Mal fez a 4ª classe tornou-se uma leitora compulsiva: ia tudo o que apanhava incluindo a Biblia oficial e Apócrifa. Casou aos 36 anos e logo nasci. Para me adormecer contava-me as histórias do Velho Testamento naquela voz doce de quem conta uma história para adormecer uma criança viva. Aprendi-as todas.
Quando cheguei á 4º classe comecei também a frequentar todas as bibliotecas da aldeia incluindo a Itinerante da Gulbenkian que ia todos os meses. Começamos a partilhar os livros. Devoramos bibliotecas antes de comprar o primeiro livro. O primeiro foi "Mar Morto" de J. Amado; depois poesia - Eugénio de Andrade e Fernando Pessoa. 
Quando cheguei a Kafka e Dostoievsky tinha 16-17. Parei. Regressei à biblioteca Municipal de Coimbra quando estudava lá. Depois comecei a trabalhar e comecei a comprar no Jumbo o que aparecia. Quando regressei ao Interior fiquei mais seletiva e comecei a comprar Clássicos como forma de investimento. Leio os que me apetece. Agora tenho a minha coleção.
 ;D
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-01-24 19:51:42
Excelente, slash. Nada iguala a educação formada na oralidade afectuosa do amor dos pais.
Eu, por mim, desde que aprendi a ler, li imenso, de tudo, depois tive de me especializar
um pouco nos livros de ensino. quer do liceu quer da faculdade;
mas assim que me licenciei, recuperei a liberdade
sem fronteiras de ler aquilo a que a vida
me inclinou ao longo do tempo... -:)


No entanto, a coerência é uma virtude.

Tinha escrito há pouco um comentário muito criterioso
sobre a filosofia em que o texto da Matrix ganha toda a importância
e lamentavelmente um clique de tecla inadvertido, apagou-me o texto todo,
e só posso reescrevê-lo inspirado, não agora nem tão cedo, nem sei quando!
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-01-25 21:59:03
Acho que também interrompeste a inspiração do Du Lac (isto de chamar Lac a outra pessoa é muito esquisito... >:( )  8)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-01-26 06:19:32
Eu perfilho a igualdade de todos perante a lei, sem destituição da desigualdade social, biológica e cultural na sociedade, incluindo a diferenciação entre homens e mulheres, e género educativo homem e mulher.

O livro acima mencionado relativo às religiões é notável a vários títulos. Lembro, tê-lo lido em pleno Verão, em intervalos de almoço, nas praias da Linha. -:) Fiquei com a noção de a humanidade ter persistido uma enormidade de tempo, numa existência puramente animal e biológica, não obstante a capacidade cerebral alcançada ser em tudo igual à do homem contemporâneo.

Para a mudança do marasmo daquele estado de coisas, a religião deu um contributo notável, pregando que o homem tinha mais valor do que a sua mera condição mortal, a sociedade em si garantindo uma  ordem que subsiste para lá da morte dos indivíduos. Mas esta não foi a única pregação dos religiosos. Houve mais argumentos e mudanças na rotina dos dias.

Justamente, acabar com o matriarcado e instaurar o patriarcado foi um passo fundamental na perspectivação da existência individual! Os padres das religiões menos pagãs e mais espirituais, começaram a 'convencer' as mulheres que poderiam ter uma existência muito mais feliz, dedicando-se à família e ao afecto de homem, companheiro para a vida. Esta metanoia persuadiu muitas mulheres e exemplos crescentes de sucesso, convenceram muitas mais. Tudo isto, correlacionado com a vida económica, quer agrícola, quer pastorícia em que tal organização doméstica vingou.

Eu não afirmo que o "Les Grands Initiés" tenham isto escrito assim como o descrevo. É como compreendi ter vingado a pregação dos religiosos junto das mulheres. Elas deixaram de viver, selvagens, à beira das fontes e dos riachos, porventura em bando com filharada miúda e bebés, impondo-se e opondo-se aos homens segundo os  ditames do seu ânimo, e foram aderindo a modos patriarcais de disciplina na vida toda! (Graças aos 'padres') [ -:)]. Repito, nada disto é explícito em Edouard Schuré. Eu figuro-o implicitamente.


Bem, com  este incurso, pode ser que o Lac se inspire de novo. Lol
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-01-26 11:54:55
O matriarcado antecedeu o patriarcado. Relativamente à Religião... googla.

https://www.fatosdesconhecidos.com.br/conheca-a-historia-de-lilith-a-primeira-mulher-de-adao/ (https://www.fatosdesconhecidos.com.br/conheca-a-historia-de-lilith-a-primeira-mulher-de-adao/)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-01-26 17:42:44
Não googlo. As civilizações progrediram com o matriarcado abolido.
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-01-26 21:55:13
A força dos músculos sempre se sobrepôs à sagesse..  ;)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-01-27 03:16:48
A força dos músculos sempre se sobrepôs à sagesse..  ;)

No léxico gramatical da minha
comunidade  natal e familiar,
dir-te-ia: «Estás vesga!»

Em expressão adulta,
digo o mesmo.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-01-27 03:27:56
Um ponto íntimo que mais me sensibilizou
no «1984» foi o do receio maior da autoridade
perante o poder conspiratório do amor heterossexual
contra a 'ordem' estabelecida! O potencial revolucionário
da livre comunicação de um casal na cama de um quarto!
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-01-27 15:29:50
A força dos músculos sempre se sobrepôs à sagesse..  ;)

No léxico gramatical da minha
comunidade  natal e familiar,
dir-te-ia: «Estás vesga!»

Em expressão adulta,
digo o mesmo.

É o teu estado natural. 8)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-01-27 15:59:53
Eu não estou.
Tu estás!
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-01-27 19:04:19
Eu não estou.
Tu estás!

Tens palas nos olhos desde a operação que fizeste! Falta-te a visão periférica! Como vesgo que és acabas cego! 8)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-01-27 19:40:00
That's your thinking!
But surely, I will end blind.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-01-28 05:04:21
Um cheirinho de Llansol -:):

«eu nasci num mundo metabólico onde as formas são
individuais e lutam pela sua permanência no distinto.»
p 66

«Mas criar possibilidades é sempre
alargar um leque das probabilidades.»
p 101

Maria Gabriela Llansol, Parasceve,
Relógio d’Água, Lisboa, 2001

Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-01-28 19:57:52
Prontos, tá bem: fazemos as pazes! ;D
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2018-02-03 23:41:36
Nao sabia o que ler , o que comprar ... vi algumas coisas , algumas com interesse como por exemplo Nicolas Nassim Thaleb  ou o ultimo nobel , mas sao obras extensas ao que me proponho.
Por indicação comprei um classico , poucas paginas para nao fritar ja .


Comprei entao o A Morte de Ivan Ilitch,  do Lev Tolstoi .

O livro começa por narrar o velório. Depois, retorna no tempo para mostrar como Ivan Ilitch, um juiz respeitado, conhece a sua esposa, com quem se casa por dinheiro e pela sua beleza. Após lhe ser apresentada a proposta de se tornar juiz em outra cidade, Ivan Ilitch compra um apartamento para si, a sua mulher e casal de filhos que têm. Ivan muda-se primeiro e inicia as obras para decorar o apartamento da maneira que lhe agradava, mas cai e se fere na região do rim. Neste ponto, Ivan Ilitch acredita ter contraído uma doença - que no entanto em momento nenhum é diagnosticada -, a qual gira sempre em torno de um rim ou apêndice doente. Nesse ponto, a grande alavanca da narrativa é a continuidade da vida ou a morte.

À medida que o tempo passa, o ferimento agrava-se, até que a personagem atinge o ponto de não poder mais sair de casa: quando tenta ir trabalhar, não é mais capaz desempenhar as suas funções adequadamente. Restrito ao ambiente familiar, passa a acreditar que em sua casa vive uma mentira, e que a sua família o esconde dos amigos. O seu único prazer é a companhia do filho, de apenas 14 anos, e de um criado seu, por entender que estes jamais lhe mentiriam.

Ivan Ilitch quer morrer, porque será o término da sua dor e da vida de mentiras em que acredita viver, mas o seu instinto de sobrevivência insiste em fazê-lo lutar pela vida, e ele interroga-se: que tipo vida quer ter? O personagem inicia então um longo processo de busca pelo sentido da vida, durante o qual percebe terem sido poucos os momentos da sua existência que tiveram significado. Decisões, buscas, gestos, palavras, todas as respostas e necessidades impostas pelo meio social em que nasceu. Quando está prestes a morrer, ele despede-se da família.
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-02-06 21:38:37
se leres muito talvez consigas escrever com essa estruturação sintática toda.
os clássicos são sempre um bom investimento. ;D
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2018-02-06 22:10:37
se leres muito talvez consigas escrever com essa estruturação sintática toda.
os clássicos são sempre um bom investimento. ;D

ainda nao consegui ler muito deste livro , mas da para perceber que esta muito bem escrito.
Ha mais de 1 ano que tento ler um livro e na altura da escolha vou me embora. Li tanto , acumulei tanta coisa , fiz tanta coisa ao mesmo tempo que devo ter fritado qualquer coisa a nivel do querer ler...

Ja tenho uns alvos em vista a seguir a este livro , como o nobel
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-02-14 20:32:32
Popper? Pois...há aí uns tantos... 8) :-\
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-02-17 05:59:33
(http://3.bp.blogspot.com/-VIkmYy9WPYw/VIJBTCndfhI/AAAAAAAAiic/yzIxIeVayI4/s400/A%2BConversa%2Bde%2BBolzano.jpg)

Uma história que emerge desta frase:
«“Tenho que te ver”», p.172
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-02-20 16:51:07
Hobbes, uma leitura obrigatória para quem queira perceber o mínimo nuclear do que é a política,
em vez dos sonhos acordados em que todos se empenham em viver  mergulhados.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-02-20 17:43:07
Há um tema em filosofia que nunca consegui propriamente entrar, compreender, interessar-me: a fenomenologia!
Pois bem, parece que agora estou a conseguir, ao cabo de tantos anos...
E sugiro, a gazua para abrir a porta: ler do fim para o princípio.

Claro, uma leitura não chega. É preciso ler e reler.
Mas de trás para a frente é iluminante.
Não se trata de uma história policial,
mas de seguir uma demonstração.

E estou a ficar maravilhado com a fenomenologia. Espantoso!

E mesmo já encontrei a frase-chave, aquela que nos faz sair de nós próprios:

«A razão é conhecimento intuitivo
que se propõe justamente reduzir
o entendimento à razão.»


A única forma de usarmos a imaginação
é tudo acabar por reportar ao que a razão
nos dilucida ser a realidade, muito para lá
de qualquer pensamento desejante!

Impecável.
E são só cinco lições. Aqui:

(http://2.bp.blogspot.com/-3wTdTSGdytc/Tc9CJCRYVsI/AAAAAAAAAdY/3NUZgvvxR5M/s1600/10361377.jpg)
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2018-02-23 10:48:28
Acabei ontem , li em 3 vezes lol visto serem umas 100 paginas , " A morte de Ivan Ilitch" do Tolstoi.

Muito bem escrito mas algo triste e melancolico, penso que foi o melhor livro que li ate 100 paginas e outros com mais.

Estou aberto a sugestoes , podem ser classicos.
Título: Re: Livros
Enviado por: Local em 2018-02-23 11:00:11
De Dostoiévski podes ler Crime e Castigo, o Idiota ou  Os Irmãos Karamazov.
Por quem os sinos dobram de Ernest Hemingway.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-02-23 13:29:01
Lê, não percas, "O Castelo" de Kafka. Fenomenal!

(https://esconderijodoslivros.pt/wp-content/uploads/2017/11/O-Castelo-Franz-Kafka-8-550-1-300x300.jpg)
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2018-02-23 14:39:07
ainda estou a evitar livros com mais de 300 paginas. Devo ter queimado alguma coisa ha uns anos . Trading , trabalho , estudo e mulher/filha , deve ter sido demasiado.

Vou ver quantas paginas sao e se encontro com um tamanho de fonte medio ou "grande"
Título: Re: Livros
Enviado por: Local em 2018-02-23 14:41:26
A Curva Do Rio de V. S. Naipaul. 300 páginas...
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2018-02-25 12:41:59
Acho que me vou atirar para o Castelo do Kafka.

Deixo aqui uma lista que acho interessante , curiosamente ou nao , nao ha muitos que estejam relacionados com o sistema financeiro.

http://www.businessinsider.com/23-books-wall-streeters-think-everyone-should-read-2017-11?utm_content=bufferf07de&utm_medium=social&utm_source=linkedin.com&utm_campaign=buffer (http://www.businessinsider.com/23-books-wall-streeters-think-everyone-should-read-2017-11?utm_content=bufferf07de&utm_medium=social&utm_source=linkedin.com&utm_campaign=buffer)

"Open: An Autobiography" by Andre Agassi

"Off The Planet" by Jerry Linenger

"Homo Deus: A Brief History of Tomorrow" by Yuval Noah Harari

"Originals: How Non-Conformists Move the World" by Adam Grant

"The Road to Wigan Pier" by George Orwell

"Janesville: An American Story" by Amy Goldstein

"The Captain Class: The Hidden Force That Creates the World's Greatest Teams" by Sam Walker

"The Civil War: A Narrative" by Shelby Foote

"A Man for All Markets: From Las Vegas to Wall Street, How I Beat the Dealer and the Market" by Edward Thorp

"Born to Run: A Hidden Tribe, Superathletes, and the Greatest Race the World Has Never Seen" by Christopher McDougall

"You Say More than You Think: A 7-Day Plan for Using the New Body Language to Get What You Want" by Janine Driver

"Grit: The Power of Passion and Perseverance" by Angela Duckworth

"Grant" by Ron Chernow

"Leonardo Da Vinci" by Walter Isaacson

"The Fama Portfolio" by Eugene Fama

"Shadow Divers: The True Adventure of Two Americans Who Risked Everything to Solve One of the Last Mysteries of World War II" by Robert Kurson

"The Fish That Ate the Whale: The Life and Times of America's Banana King" by Rich Cohen

"The Battle of Bretton Woods: John Maynard Keynes, Harry Dexter White, and the Making of a New World Order" by Benn Steil

"Irrational Exuberance" by Robert Shiller

"Expert Political Judgment: How Good Is It? How Can We Know?" by Philip Tetlock

"Buffett: The Making of an American Capitalist" by Roger Lowenstein

"Red Notice: A True Story of High Finance, Murder, and One Man's Fight for Justice" by Bill Browder

"Creativity, Inc.: Overcoming the Unseen Forces That Stand in the Way of True Inspiration" by Ed Catmull and Amy Wallace

"The Challenger Launch Decision" by Diane Vaughan

Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-02-25 18:31:28
Aconselho a leitura de contos. Histórias curtas que não cansam. Há muitos grandes autores, clássicos, com contos escritos.
Kafka talvez seja indigesto.
Experimenta Edgar Allen Poe (por exemplo).
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2018-03-01 22:15:51
Pois é maltinha , fui á Fnac Oeiras , infelizmente nao tem muita variedade mas orientei me.

Tive alguns livros na mao , Emile Durkheim (o tipo do empirico...) que me aterrorizou em sociologia , uns do Kafka , do Nicolas Thaleb Nassim e biografio do UARREN BUFETE.

Optei por 1 do Kfaka , nao havia "O Castelo" entao optei pelo " O Processo" .
Parece porreiro , um gerente bancario de sucesso que começa a fritar o miolo dentro de um quarto.

"Um belo dia, Joseph K., um bem sucedido gerente bancário, é subitamente preso no seu próprio quarto, sem saber porquê nem por quem. Vê-se então envolvido num labiríntico e absurdo processo que decorre secretamente algures nas secretarias instaladas nos sótãos e é conduzido por juízes menores, que têm a mera incumbência de o inquirir."

A fonte do livro é algo pequena... algo que eu estava a evitar...mas contudo tem mais paginas que o do Tolstoi que li .. , vai servir de preparaçao para o proximo que vou ler, a Biografia do UARREN BUFETE (como diz o money manager Luis Correia Tavares) .
A Biografia do UARREN  é um calhamaço que custa 22 euros , e vai ser o proximo livro.... , queria ler "O Cisne Negro"  e o "Antifragil" do Nicolas mas ... nao vou resistir ao UARREN BUFETE
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-03-01 22:21:40
Fónix! tanta sugestão de literatura e vais-te enfiar numa biografia de um guru do trading ???
Que falta de pachorra! >:(
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2018-03-01 22:30:43
Fónix! tanta sugestão de literatura e vais-te enfiar numa biografia de um guru do trading ???
Que falta de pachorra! >:(

Nao so a seguir , agora vou ler Kafka  O Processo.....

Convem dizer que a autobiografia do Uarren Bufete pode se tornar num classico... e com tanta pagina imagino o que ele tera para contar....
Eu ate nem tenho grande apreço pelo tipo , apesar de lhe reconhecer um grande sentido de oportunidade , tal como outros bem sucedidos "timming" , vamos ver...ou melhor , ler.

Interesso me por historia norte americana , pre e during civil war mas penso que nao ha nada traduzido... terei que ler mesmo em ingles.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-03-02 00:00:30
Notável, "O cisne negro" do  Nicolas Thaleb Nassim!
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2018-03-02 00:30:44
Notável, "O cisne negro" do  Nicolas Thaleb Nassim!

gostaste ? ando para ler desde que saiu...
hoje desfolhei novamente e fiquei com a mesma impressao, extenso , fonte pequena e nao parece ter encadeamento
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-03-02 22:31:16
Sim, gostei. Desmistifica a análise estatística. A probabilidade de um evento improvável ou raro,
nunca é zero, mesmo que os opinadores de investimentos procedam como se fosse.


Estas duas ideias, presidem a todo o livro que é muito instrutivo
como advertência contra a leviandade de 'profetizar' o futuro.

— «As nossas mentes são extraordinárias máquinas de formulação de explicações,
capazes de atribuir sentido a quase tudo [ ] e de forma geral,
incapazes de aceitar o conceito de imprevisibilidade.» p. 39

— «O conceito de “cisne negro” baseia-se na estrutura da aleatoriedade na realidade empírica» p. 27
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2018-03-02 23:01:07
Sim, gostei. Desmistifica a análise estatística. A probabilidade de um evento improvável ou raro,
nunca é zero, mesmo que os opinadores de investimentos procedam como se fosse.


Estas duas ideias, presidem a todo o livro que é muito instrutivo
como advertência contra a leviandade de 'profetizar' o futuro.

— «As nossas mentes são extraordinárias máquinas de formulação de explicações,
capazes de atribuir sentido a quase tudo [ ] e de forma geral,
incapazes de aceitar o conceito de imprevisibilidade.» p. 39

— «O conceito de “cisne negro” baseia-se na estrutura da aleatoriedade na realidade empírica» p. 27

Mas tem um encadeamento  ou é algo disperso?  acho que vou ler a seguir ao Uarren Buffete
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-03-03 02:17:28
Mas tem um encadeamento  ou é algo disperso?  acho que vou ler a seguir ao Uarren Buffete

É disperso. Não é propriamente um manual.
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2018-03-04 09:59:42
Michael Strogoff
https://en.wikipedia.org/wiki/Michael_Strogoff (https://en.wikipedia.org/wiki/Michael_Strogoff)

ja nem me lembrava desse classico , acho que o li aos 14 anos aprox. Nem sei onde anda...
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-03-04 14:06:01
Sim, muito bom, o Miguel Strogoff. Há um outro, que também era espantoso, denominado, Mathias Sandorf. Li Júlio Verne na ortographia de Fernando Pessoa, com mm's, ff's, tt's e ll's dobrados e não suporto o abortográfico. Um que me encantou de Verne foi uma aventura de um grupo de adolescentes  com o título Dois anos de férias, presumo forçadas numa ilha por afundamento de navio; mas uma história muito diferente do "Deus das Moscas" de William Golding!
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-03-04 19:11:58
Li muita Agatha Christie  na juventude.  ;D
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-03-04 19:17:03
O giro no "Convite para a Morte" é que o último a morrer não é o assassino, mas sim um dos que já morreram! -:)
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-03-06 22:02:59
morte dupla! conceito interessante que remete para a relatividade da vida! :P
Título: Re: Livros
Enviado por: Reg em 2018-03-12 13:03:15
(http://upload.wikimedia.org/wikipedia/pt/b/b9/Clash_civilizations.jpg)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Choque_de_civilizações (http://pt.wikipedia.org/wiki/Choque_de_civilizações)
Título: Re: Livros
Enviado por: 5555 em 2018-03-15 01:28:51
Citar
Jean-Louis Servan-Schreiber - Le Retour du courage

Ainsi, discrètement, le courage est revenu parmi nous; même si tout le monde ne le sait pas encore.

La prospérité, la démocratie, la paix et la libéralisation des moeurs, avaient pu nous faire croire que le courage, comme la volonté, l'effort, la rigueur, était devenu une vertu d'autrefois.

Mais voici chacun face à de nouveaux défis. Nos systèmes de soutien (religion, idéologies, état, famille) se sont affaissés, ou atteignent leurs limites. Plus seuls nous voulons, en même temps, plus de libertés, d'espaces, d'initiative.

L'individu retrouve sa place. La vague de fond du libéralisme nous amène à prendre nos responsabilités, à compter sur nous-mêmes, à façonner notre destin.

Ce sera exaltant, mais il faut du courage.

Quel rôle joue-t-il, chaque jour, dans notre vie? Pourquoi est-il irremplaçable? Comment en trouver quand il faut? Ce livre apporte des réponses.

Jean-Louis Servan-Schreiber, à la fois journaliste et chef d'entreprise, aime agir tout en réfléchissant à l'action.

Le succès de l'Art du Temps (150 000 exemplaires, 7 traductions) l'a incité à explorer à nouveau une des facettes, innombrables, de cette question centrale: comment mieux vivre? Il lui a semblé que devant les changements profonds et durables de l'époque, le courage était devenu urgent.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-03-17 19:58:09
Sendo a inteligência e o saber do sapiens viabilizada pela respectiva estrutura biológica do animal que o sapiens é, como há-de tal saber intelectual tornar-se ainda mais importante do que o próprio universo que intelige e de onde emerge, a ponto de a transmissibilidade desse saber ser a fórmula de operar a condição de existir ainda mais valiosa que o próprio universo?
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-03-17 21:45:41
Sendo a inteligência e o saber do sapiens viabilizada pela respectiva estrutura biológica do animal que o sapiens é, como há-de tal saber intelectual tornar-se ainda mais importante do que o próprio universo que intelige e de onde emerge, a ponto de a transmissibilidade desse saber ser a fórmula de operar a condição de existir ainda mais valiosa que o próprio universo?

não sei. só sei que o mais importante é "pagar menos por tudo". 8)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-03-17 23:01:03
Não é. Pagar mais pelo que mais importa é justo e proveitoso!
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-03-17 23:32:57
Um autor que vale a pena conhecer:

Albert Cossery, As cores da infâmia,
Les couleurs de l’infamie», 1999),
trad. Ernesto Sampaio, Antígona, Lisboa, 2000



«A MULTIDÃO HUMANA que deambulava ao ritmo descuidado de um vaguear estival pelos passeios
intransitáveis da cidade milenária de Al Qahira, parecia acomodar-se com serenidade, e até
com um certo cinismo, à degradação incessante e irreversível que a rodeava.

Dir-se-ia que todos estes passeantes estóicos sob a avalanche incandescente de um sol em fusão
mantinham, na sua vagabundagem infatigável, uma benévola cumplicidade com o inimigo
invisível que minava os alicerces e as estruturas de uma capital outrora resplandecente.»


(http://www.aucpress.com/images/enewsletter/UrbanCairo.gif)

img Cairo
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-03-18 23:50:43
Um autor que vale a pena conhecer:

Albert Cossery, As cores da infâmia,
Les couleurs de l’infamie», 1999),
trad. Ernesto Sampaio, Antígona, Lisboa, 2000



«A MULTIDÃO HUMANA que deambulava ao ritmo descuidado de um vaguear estival pelos passeios
intransitáveis da cidade milenária de Al Qahira, parecia acomodar-se com serenidade, e até
com um certo cinismo, à degradação incessante e irreversível que a rodeava.

Dir-se-ia que todos estes passeantes estóicos sob a avalanche incandescente de um sol em fusão
mantinham, na sua vagabundagem infatigável, uma benévola cumplicidade com o inimigo
invisível que minava os alicerces e as estruturas de uma capital outrora resplandecente.»


([url]http://www.aucpress.com/images/enewsletter/UrbanCairo.gif[/url])

img Cairo


Um livro que te aconselho é:

As cidades invisíveis
de Ítalo Calvino

És assim uma espécie de cairo! :P ...mas todos nós!

 ;D
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-03-19 08:16:11
"Cairo" é inconsciente como um animal.
Nós, não.
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-03-20 21:08:38
Cada homem é um mundo, uma cidade viva! ;D
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-03-20 21:44:01
Por certo, cada vivente é uma multiplicidade de subsistemas fisiológicas
cujo funcionamento articulado e coerente no habitat animal
constitui o viver. Mas tudo é referenciado à consciência
do vivente, que se extingue pela morte.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-03-20 21:52:24
Eis aqui o excerto de um livro
que mostra como a consciência
do vivente tudo ordena:

(https://cdn.30porcento.com.br/capas/9788578272524.jpg)




«À medida que o meu horizonte se alarga,
as imagens que me cercam parecem desenhar-se
sobre um fundo mais uniforme e tornarem-se
indiferentes para mim.

Quanto mais contraio esse horizonte,
tanto mais os objectos que ele circunscreve
se escalonam distintamente de acordo com
a maior ou menor facilidade do meu corpo
para tocá-los e movê-los.
¬¬¬
Eles devolvem, portanto, ao meu corpo,
como faria um espelho, a sua influência eventual;
ordenam-se conforme os poderes crescentes
ou decrescentes do meu corpo.

Os objectos que cercam o meu corpo
reflectem a acção possível do meu corpo sobre eles.»



[Assim sendo], o que [isto] significa [é] que
a minha percepção [do mundo] traça precisamente
no conjunto das imagens, à maneira de uma sombra
ou de um reflexo, as acções virtuais ou possíveis
do meu corpo [ ].

Donde, provisoriamente, estas duas definições:
Chamo de matéria o conjunto das imagens,
e de percepção da matéria, essas mesmas
imagens relacionadas à acção possível
de uma certa imagem determinada,
o meu corpo.

Henri Bergson, Matéria e Memória,
Livraria Martins Fontes, S. Paulo, 1990, p. 12-13.

Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2018-03-23 14:39:01
Que parvoice , tenho uma biblioteca bem razoavel pertissimo de casa e raramente utilizo .
Claro nao poderei ler o livro ao meu ritmo mas tem todos os que quero lever no curto , medio e longo prazo , ok nao tem o do buffet... mas é mal menor.

Vou começar a usar mais a biblioteca , se nao conseguir ler todo , tento apanha lo passado 15 dias.
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-03-25 23:09:58
Que parvoice , tenho uma biblioteca bem razoavel pertissimo de casa e raramente utilizo .
Claro nao poderei ler o livro ao meu ritmo mas tem todos os que quero lever no curto , medio e longo prazo , ok nao tem o do buffet... mas é mal menor.

Vou começar a usar mais a biblioteca , se nao conseguir ler todo , tento apanha lo passado 15 dias.

Onde vives há boas bibliotecas! ;D
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2018-03-26 00:01:02
Que parvoice , tenho uma biblioteca bem razoavel pertissimo de casa e raramente utilizo .
Claro nao poderei ler o livro ao meu ritmo mas tem todos os que quero lever no curto , medio e longo prazo , ok nao tem o do buffet... mas é mal menor.

Vou começar a usar mais a biblioteca , se nao conseguir ler todo , tento apanha lo passado 15 dias.

Onde vives há boas bibliotecas! ;D

E as pessoas que estao la costumam ser super simpaticas , sim sao funcionarios publicos mas por aqui é assim.

Entao o sr na 6ªfeira disse me que podem pedir o mesmo titulo mas a outra biblioteca do concelho...sem pagar nada... , fiquei pasmado...
Mais fixe ainda é que uma colega dele como ia la no Sabado levou o com ela... , esqueci me de ir la no Sabado , amanha ja apanho o CISNE NEGRO  ;D

serviço publico VIP
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-04-01 09:44:06
(https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/51pRUxkQWzL._SX334_BO1,204,203,200_.jpg)

Ao cabo de meio-século no sótão
da última casa da minha última
Mãe – entenda-se, tive quatro,
ela, a mãe dela, e duas suas
irmãs, uma viúva, outra
solteira – reavi
este livro

(aliás com centenas doutros)

que finalmente estou a ler, – e a entender! -:) –;
merleau-ponty colaborou com sartre em revistas
mas não foi existencialista, nem virou pró-soviético.


Um outro 'achado' reencontrado, muito bom, foi a revista
O Tempo e o Modo, encadernada por semestres,
de 1963 a 1969 (1º semestre) e depois, em avulso,
(alguns) números seguintes quando a revista virou
maoista, tipo Jorge Coelho, José Pacheco Pereira
e outros.

Não sei onde arrumar tudo isto, muitos livros, lidos e sublinhados;
ah!, também em capas próprias, números da revista semanal
Vida Mundial, muito interessantes, possivelmente
oferecerei a uma biblioteca; mas alguns livros
já foram para o lixo e outros para lá irão.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-04-01 09:50:52
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Livros
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'Descobri' acidentalmente: se quisermos uma página específica de um thread,
ou revisita-lo algures no passado entre as primeiras e a última página,
clicando nas reticências, a série dos números naturais
abre-se à nossa escolha! -:)):

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Livros
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Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-04-01 15:28:48
ahahahah! só tu para só descobrires isso agora! ;D
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-04-01 15:35:10
lol -:)) Foi, e só por acaso!
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-04-02 09:43:32
E fui ver se o resultado se mantinha no caso de centenas de páginas.

Constatei que sim, embora haja de clicar-se nas diferentes
reticências intercalares que se formam
até chegar à última página!

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Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-04-02 09:50:59
E o programa executa o mesmo procedimento, dá o mesmo resultado no caso de mais de um milhar de páginas

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Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-04-02 09:53:48
ahahahah! só tu para só descobrires isso agora! ;D

Ainda hei-de descobrir mais coisas!

Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-04-02 09:56:33
Por exemplo, diz-me, a mentir, qual é o teu próximo nickname.
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-04-02 13:15:17
Por exemplo, diz-me, a mentir, qual é o teu próximo nickname.

Maria! ;D
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-04-02 16:51:46
Previ que me  irias desobedecer.
Enganei-me.

Foste logo escolher um name
que comprova inegavelmente
que cumpriste o que te pedi:
- que mentisses!
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-04-03 17:17:50
Previ que me  irias desobedecer.
Enganei-me.

Foste logo escolher um name
que comprova inegavelmente
que cumpriste o que te pedi:
- que mentisses!

Rafaela traduz :
a Sofia79, a Cristal, ou o Quizz?

 ;D
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-04-03 17:33:23
Todos esses nicks mentiram.
O Raffaella também.

Pedi que mentisses.
Previ que desobedecesses.
Mentiste.
Obedeceste-me.
Previ errado que me desobedecerias.

Um belo feito, teu!
Proferiste um name
mas não um nick,
o único name
que não é nick!

Mentiste.
Obedeceste.
E não o previ.

Previ:
que desobedecerias;
não me mentirias;

obedeceste;
e mentiste
com o único
nick impossível.


E tudo o que enunciei
está certo, se não estiver errado!
 
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-04-03 17:45:31
lol :D

Responde lá à minha questão.
Sempre me desdobrei em 3 nicknames. Agora só tenho o Rafaela. Qual dos 3 representa?
E já agora, A Maria qual deles representa? Será que me conheces assim tão bem? 8)
Existe uma lógica! ;D
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-04-03 20:03:34
A Quizz era uma espécie de raio, muito antes do trovão,
iluminava um instante, para se eclipsar logo de seguida.

A Cristal, não me lembro. Duvido haja dialogado com ela alguma vez. Talvez, mas não lembro.

A Sofia 79, lembro. Não retenho nenhum diálogo específico,
mas, suponho, foi um dos primeiros nicks. Imagino-te
nova como em photos que já vi de ti, muito bonita e oriental.
Fisionomicamente semelhante à actual Rafaella! -:)

Tu sabes, rapariga, as mulheres bonitas são realmente um encanto.
No tempo das divas do cinema, várias eram o eterno feminino;
mas se tivesse de eleger duas das maiores diria:
- Heddy Lamarr e Ingrid Bergman.

Porém, a verdade é que nada supera uma mulher simpática,
afável, mulher 'em dia doce', e muitas raparigas e senhoras,
porventura não muito vistosas, são frequentemente
o mais amorável que se pode imaginar!


Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-04-03 20:22:33
Bah! A Maria é a Cristal : amável mas discreta! - o meu eu em família e com amigos! Quizz brincalhona, leve, criança- o meu eu quando estou feliz e na presença de pessoas especiais; Sofia 79 é a Rafaela sim! Acertaste! Mas a Sofia 79 é também elitista, cínica, orgulhosa, a que insulta a ignorância! - o meu eu num ambiente distante e hostil.

Agora,
temos outro leque:

Lac-Lunair; Alva22 e Stela-polaris.

Consegues fazer as ligações?
 ;D
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-04-03 23:39:56
Bah! A Maria é a Cristal : amável mas discreta! - o meu eu em família e com amigos! Quizz brincalhona, leve, criança- o meu eu quando estou feliz e na presença de pessoas especiais; Sofia 79 é a Rafaela sim! Acertaste! Mas a Sofia 79 é também elitista, cínica, orgulhosa, a que insulta a ignorância! - o meu eu num ambiente distante e hostil.

Agora,
temos outro leque:

Lac-Lunair; Alva22 e Stela-polaris.

Consegues fazer as ligações?
 ;D

Cristal ser a Maria mostra como  te escondeste
porque a Cristal era invisível ao olhar.

A Quizz era mais tipo "Adivinhem onde está o Wally?",
não achava graça.

A Sophia 79, sim, uma moça superior ou não fosse uma intelectual sábia!

A Lac Lunaire, a Alva 22, a Stella-polaris
foram todas mais presentes e consistentes

A que mais gostei foi a Alva 22!
Houve um tempo, que tive em Excell,
o registo de alguns nicks e circunstâncias de conversas havidas.
Mas já não tenho nada guardado, não posso ir ver.

Lembro a Lac Lunaire, mas gostaria mais de a Maria ser a Alva 22; lá da Quizz, não achei graça;
a Lac mais a Stella empalidecem à beira da Alva!
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-04-03 23:57:36
Curioso toda a gente preferir a Alva22  ;D A alva sou eu em sociedade - discreta mas distante, algo elitista mas também compassiva, simpática ao olhar alheio.
A que revela mais a minha verdadeira personalidade é a Lac - é ela que dá aulas, lida com putos e colegas - forte, apaixonada, com autoridade, mete a mão na massa mas também pensa, raciocina logicamente, age.
Stella- a criança brincalhona mas mais elaborada que quizz.
Aliás estes 3 são todos mais elaborados que os primeiros 3 que eram experimentais, primeiras abordagens à virtualidade.

O que me mostra a ensinar é mesmo a Lusce( e a Marta) ;D

A smog já é brincadeira, vicio, passatempo.  :P

Cada vez me aproximo mais de mim mesma. A Rafaella já tem quase o meu corpo. É apenas mais nova. Acho que com a idade aprendemos a conhecer-nos e a aceitarmo-nos melhor. Se calhar agora já só quero ser eu mesma. A atriz está por um fio... :-\
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-04-04 16:20:52
O interesse por nós próprios, a noção da nossa identidade, o reencontro diário connosco próprios, tudo isso é muito bonito, assumimo-nos como gente, e os outros assim nos encaram. E daí? Como macróbios vivemos até que morramos e nos decompúnhamos. Como fazê-lo? Deixar de gostar de nós? Não. Não é solução. Gostarmos de nós? Hum... sim, mas... -> perceber que não interessa; quer dizer, o que faço comigo próprio? Penso umas coisas, talvez. E o que interessa isso? Interessa muito, porque é muito giro! Óptimo, então fico com o giro, e o resto não me interessa, deixo ficar, passe bem! É por estas e por outras, que de facto sempre me estive nas tintas para nicks e não nicks, e muito rápido aprendi a dialogar no digital: ligo aos enunciados, demoro-me ou não no  que enuncio e ou vejo enunciado; a pessoa que enuncia, só muito tardiamente se começa a perfilar na minha consciência de modo individuado. E fotografia, nem sequer me ajuda muito, se bem que haja caras bonitas - quando as há, naturalmente -, mas a duas dimensões, no domínio plano, é tudo preferível, até, a preto e branco, cria um efeito de distância e representação que melhor secunda o que por escrita se legende do que cada um é. Aprendi rápido a desrealidade comunicacional da net.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-04-04 16:27:20
       Ah! Mas sempre gostei, e gosto,
        de distribuir as linhas do meu discorrer
          pela planilha bidimensional destes rectângulos
                                                                de resposta.

Não tem nada a ver com efeitos de poesia ou literatura,
e tudo é uma forma de desenho de sílabas ordenadas no espaço.


              É o écran que me convida! -:)
             E detesto os 'smileys' -:(
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-04-04 22:46:00
O interesse por nós próprios, a noção da nossa identidade, o reencontro diário connosco próprios, tudo isso é muito bonito, assumimo-nos como gente, e os outros assim nos encaram. E daí? Como macróbios vivemos até que morramos e nos decompúnhamos. Como fazê-lo? Deixar de gostar de nós? Não. Não é solução. Gostarmos de nós? Hum... sim, mas... -> perceber que não interessa; quer dizer, o que faço comigo próprio? Penso umas coisas, talvez. E o que interessa isso? Interessa muito, porque é muito giro! Óptimo, então fico com o giro, e o resto não me interessa, deixo ficar, passe bem! É por estas e por outras, que de facto sempre me estive nas tintas para nicks e não nicks, e muito rápido aprendi a dialogar no digital: ligo aos enunciados, demoro-me ou não no  que enuncio e ou vejo enunciado; a pessoa que enuncia, só muito tardiamente se começa a perfilar na minha consciência de modo individuado. E fotografia, nem sequer me ajuda muito, se bem que haja caras bonitas - quando as há, naturalmente -, mas a duas dimensões, no domínio plano, é tudo preferível, até, a preto e branco, cria um efeito de distância e representação que melhor secunda o que por escrita se legende do que cada um é. Aprendi rápido desrealidade comunicacional da net.

É certo que a escrita acaba por nos definir em termos de identidade virtual e não material. Dizem que o material é essencial para uma relação: o tacto, o cheiro, o olhar, o movimento - tudo isso constituiu também o que somos.
Porém há graus diferentes de envolvimento no mundo material: há pessoas que eu conheço há anos no mundo material e que não me seduzem além de uma amizade superficial e distante. Muitas até: caso de muitos colegas que nem chegam a ser amigos. A minha relação com elas está ao nível destes forunistas aqui do think . Vou conhecendo, so what? Na minha aldeia idem aspas.
Amizades profundas tenho poucas, pessoas que me despertem a atenção são poucas seja no virtual seja no material...
Mas uma coisa te digo Vasco: é mais fácil conhecer pessoas/nicks interessantes no virtual que no material. As capas que usas no material são mais elaboradas, mantem o Outro muito mais distante que o mundo virtual.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-04-04 23:02:23
Sem dúvida que na net polarizam-se muito rápida e comodamente as afinidades de interesses e gosto. Muito mais depressa do que na vida social. Mas sair propriamente das ideias e passar para a sociedade e a vida real, eu não me sinto disponível nem realmente motivado para o fazer. Bem, bem, é encontrar sem procurar e na realidade!
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-04-04 23:14:06
Sem dúvida que na net polarizam-se muito rápida e comodamente as afinidades de interesses e gosto. Muito mais depressa do que na vida social. Mas sair propriamente das ideias e passar para a sociedade e a vida real, eu não me sinto disponível nem realmente motivado para o fazer. Bem, bem, é encontrar sem procurar e na realidade!
realidade virtual ou material? 8)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-04-04 23:21:46
Na realidade da vida em sociedade.
 
Por exemplo, quando se é estudante,
a amizade emerge natural e forte
entre os que se falam e convivem.

Na vida adulta, a actividade
profissional limita um pouco
a liberdade e probabilidade
de encontrar alma gémea
com afinidade de gosto.
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-04-04 23:28:06
verdade. os meus amigos verdadeiros vêm do tempo de faculdade.
desde que trabalho só fiz 4 amigos a sério: uma morreu já, outra fugiu, outra divorciou-se e perdemos contacto e a outra é recente ainda está ativa.
Da faculdade restam 4 : estão as 4 no meu grupo secreto no face! (mais a nova) 8)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-04-04 23:34:00
-:)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-04-04 23:45:46
O meu amigo mais antigo é do tempo da nossa 3ª e 4ª classe da instrução primária.
Depois no liceu / colégio e universidade as escolas foram diferentes.

Mas as férias grandes, Julho, Agosto, Setembro e as festas sociais
eram na mesma estância balnear todos os anos.

Depois, na vida adulta, e em cidades distintas
só nos vemos de longe a longe em reuniões
de companheiros de Verão ou similares
mas, é como se o tempo não passasse.
o 'há dez anos' é 'ontem'!
Título: “O Livro das Mil e Uma Noites”
Enviado por: vbm em 2018-04-20 23:30:57
(http://1.bp.blogspot.com/-ZOt5r_iNJLs/TyKXvVfkwEI/AAAAAAAAMhQ/vIYVWy53fxc/s320/1001noites_2.jpg)


«Vai! Liberta-te, amigo, e salva a tua alma da tirania de todas as amarras.
E deixa as casas servirem de túmulo aos que as construiram.

Vai! Encontrarás outras terras diferentes das tuas, outros países que não
serão o teu país, mas nunca encontrarás outra alma senão a tua.

Pensa! Que coisa espantosa, que coisa insensata é viver num país de humilhação,
quando a terra de Alá é tão grande como o infinito!

No entanto está escrito!... Está escrito que o homem cujo destino é morrer na terra,
não poderá senão morrer na terra do seu destino. Mas tu conheces a terra do teu destino?...

E, sobretudo, não esqueças que a juba do leão não se revigora, senão quando
a alma do leão se desenvolve em toda a liberdade.»


O Livro das Mil e Uma Noites”, trad. de Aquilino Ribeiro et al.,
   Estúdios Cor, Lisboa, 1958, I Vol., p. 126   

Título: Re: “O Livro das Mil e Uma Noites”
Enviado por: Zenith em 2018-04-21 00:52:38
([url]http://1.bp.blogspot.com/-ZOt5r_iNJLs/TyKXvVfkwEI/AAAAAAAAMhQ/vIYVWy53fxc/s320/1001noites_2.jpg[/url])


«Vai! Liberta-te, amigo, e salva a tua alma da tirania de todas as amarras.
E deixa as casas servirem de túmulo aos que as construiram.

Vai! Encontrarás outras terras diferentes das tuas, outros países que não
serão o teu país, mas nunca encontrarás outra alma senão a tua.

Pensa! Que coisa espantosa, que coisa insensata é viver num país de humilhação,
quando a terra de Alá é tão grande como o infinito!

No entanto está escrito!... Está escrito que o homem cujo destino é morrer na terra,
não poderá senão morrer na terra do seu destino. Mas tu conheces a terra do teu destino?...

E, sobretudo, não esqueças que a juba do leão não se revigora, senão quando
a alma do leão se desenvolve em toda a liberdade.»


O Livro das Mil e Uma Noites”, trad. de Aquilino Ribeiro et al.,
   Estúdios Cor, Lisboa, 1958, I Vol., p. 126   



O escritor agentino Jorges L. Borges considerava as Mil e uma noites uma das grandes obras da literatura universal.
Citar
Volvamos al momento en que se traducen por primera vez Las mil y una noches. Es un
acontecimiento capital para todas las literaturas de Europa. Estamos en 1704, en Francia. Esa
Francia es la del Gran Siglo, es la Francia en que la literatura está legislada por Boileau, quien
muere en 1711 y no sospecha que toda su retórica ya está siendo amenazada por esa espléndida
invasión oriental.

...
 En cambio, Las mil y una noches surgen de modo misterioso. Son obra
de miles de autores y ninguno pensó que estaba edificando un libro ilustre, uno de los libros más
ilustres de todas las literaturas, más apreciados en el Occidente que en el Oriente, según me dicen.
Ahora, una noticia curiosa que transcribe el barón de Hammer Purgstall, un orientalista citado con
admiración por Lañe y por Burton, los dos traductores ingleses más famosos de Las mil y una
noches. Habla de ciertos hombres que él llama confabulatores nocturni: hombres de la noche que
refieren cuentos, hombres cuya profesión es contar cuentos durante la noche. Cita un antiguo texto
persa que informa que el primero que oyó recitar cuentos, que reunió hombres de la noche para
contar cuentos que distrajeran su insomnio fue Alejandro de Macedonia.
 

Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-04-21 09:31:20
Ler O Livro das Mil e Uma Noites, aquela tradução da Estúdios Cor, editada em 1958, 6 volumes,
que reuniu escritores e poetas como Aquilino Ribeiro, Carlos de Oliveira, Domingos Monteiro, Irene Lisboa,
José Gomes Ferreira, Manuel Mendes e outros, ilustrada com desenhos, entre outros, de Carlos Botelho
e Júlio Pomar é mergulhar num mundo imaginário que não deixa de depor em nós a esperança
de que a vida nunca se reduzirá à mera rotina do dia ao dia do ganha-pão...


Por curiosidade, fui ver em que altura li O Livro -:). Sei, que foi já crescido, já não estudante,
e surpreendeu-me, – eu, realmente, depois de ter acabado o curso, passei a registar a data
de termo de cada livro lido, fosse de que tema fosse -:) –, verificar que li os 6 volumes
entre 28 de Setembro de 1975 e 4 de Janeiro de 1976, ou seja,
em pleno período revolucionário e contra-revolucionário,
dos SUV e anarquia nos quartéis à retoma da ordem
pelo Grupo dos Nove e do Ramalho Eanes!

-:))
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-04-21 19:50:25
Li quando os Circulo de Leitores editou. Já era adulta. Os livros são para adultos e não para crianças embora possas romancear sempre as histórias.
Eu que gosto de analisar estruturas em livros fiquei fascinada pela estrutura deste. Idem para a "Hora da Estrela" da Clarice; e outros como por exemplo dos de italo calvino.

O conteúdo ... enfim, aprendi que tudo foi dito e recontado quando me fartei de ler no final da adolescência. Só há contar melhor ou pior, ser mais simples ou mais elaborado, mais popular ou mais erudito, mais imaginativo ou mais sério...

A amiga que temos em comum, fica horrorizada por eu só comprar/ler clássicos. Como se não tivesse já lido lixo em quantidade suficiente... 8)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-04-21 22:21:29
De facto, há imenso lixo editado, ler muitos dos livros de que se fala, é um puro prejuízo por equivaler a não ler bons autores! É uma pena, porque a leitura toma tempo, e há coisas a fazer, responsabilidades a cuidar, ter algum precioso tempo para ler e desperdiça-lo em livros medíocres é um real prejuízo espiritual.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-05-03 09:17:25
(https://www.images-booknode.com/book_cover/967/spinoza-966766-264-432.jpg)

Reouve, de um sótão, e reli esta bela exposição
da Ética de Espinosa, meio-século mais tarde!

E nele, um belo e terno bilhete postal
do meu Pai, datado de 16.10.1964

Saudades

Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-05-03 19:21:47
(https://static.fnac-static.com/multimedia/Images/PT/NR/8f/b3/04/308111/1540-6/tsp20160818194438/O-Poder-Soberano-e-a-Vida-Nua.jpg)
Título: Re: Livros
Enviado por: Automek em 2018-05-04 10:23:23
Este ano não haverá anúncio do Prémio Nobel da Literatura. Será provavelmente adiado para 2019 (há vários escândalos do #metoo que envolvem membros da academia).
The Nobel Foundation supports the Swedish Academy’s decision to postpone the 2018 Nobel Prize in Literature (https://www.nobelprize.org/press/#/publication/5aec06e7386baf00045db476/552bd85dccc8e20c00e7f979?&sh=false)

Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-05-04 11:02:05
Ouvi, na rádio. Também, depois de darem um Nobel de literatura a um cançonetista,
o melhor é mesmo atravessarem um período regenerador de silêncio.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-05-06 19:03:57
Ainda se tivessem atribuído o prémio a Leonard Cohen antes de morrer...

Vejam só este depuramento:

Leonard Cohen, "How to Speak Poetry"

Take the word butterfly. To use this word it is not necessary to make the voice weigh less than an ounce or equip it with small dusty wings.
It is not necessary to invent a sunny day or a field of daffodils. It is not necessary to be in love, or to be in love with butterflies.

The word butterfly is not a real butterfly. There is the word and there is the butterfly. If you confuse these two items people have the right to laugh at you. Do not make so much of the word. Are you trying to suggest that you love butterflies more perfectly than anyone else, or really understand their nature? The word butterfly is merely data.

It is not an opportunity for you to hover, soar, befriend flowers, symbolize beauty and frailty, or in any way impersonate a butterfly. Do not act out words. Never act out words. Never try to leave the floor when you talk about flying. Never close your eyes and jerk your head to one side when you talk about death.

Do not fix your burning eyes on me when you speak about love. If you want to impress me when you speak about love put your hand in your pocket or under your dress and play with yourself. If ambition and the hunger for applause have driven you to speak about love you should learn how to do it without disgracing yourself or the material.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-05-10 16:01:09
Outro, que reouve do sótão,
meio-século depois, e leio
pela primeira vez!

(https://i.ebayimg.com/thumbs/images/g/QWsAAOSwPYZVABf6/s-l225.jpg)


Londres, em 2145.
Promete! -:)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-05-10 20:35:57
Não percebo porquê nem como, mas vejo cotado o livrito acima
da colecção Argonauta da «Livros do Brasil» em £ 26.00!

De qualquer modo, uma coisa entendo:  99% do que se edita
e coloca nos escaparates das pseudo-livrarias de Lisboa,
são artefactos da indústria tipográfica que parecem livros
mas não são livros, são papel para reciclagem,
não valem nada, valem, sim, que os não compremos
nem os leiamos, tanto mais, que estão redigidos
no abominável abortográfico imperdoável.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-05-10 20:44:55
(https://scontent.flis5-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/32089679_812719425593353_7479567941189500928_n.jpg?_nc_cat=0&oh=0a5b3c6b65d9c5dd2e721c14482f4c8e&oe=5B58C228)

Polemizando, aconselharia ao contrário:
se a capa for atractiva, não compre, não presta!
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-05-10 21:58:15
é relativo!
mas sim,
os clássicos terão sempre valor monetário!
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-05-13 20:07:23
Há três ou quatro clássicos que há imensos anos desejo encetar ler;
já os tenho iniciado, mas acabando por os interromper
por não ter condições de prosseguir, outras leituras
se intercalando...

Mas hei-de-os ler e sei que vou gostar:

A Divina Comédia, de Dante.
Orlando Furioso, de Ariosto
Decâmeron, de Boccacio
Os Mystérios do Povo, de Eugene Sue (já li do séc III a.C. ao séc. XVII d.C.)







Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-05-13 20:39:30
os meus são de outra  área. ainda não li o Latour. Estou sempre a prometer e nuca faço...um dia! ;D
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-05-17 20:15:34
Bruno Latour parece-me bem interessante. Vou ler o artigo da Wikipédia e o da revista brasileira "Polis e Psique" sobre a Teoria Actor-Rede, de Latour. Parece-me que as ideias de Latour cruzam-se com as de Agamben e Husserl, dois autores que estou a ler presentemente. Deve ser muito interessante. Muito possível: Damásio continuará a ficar menos percuciente do que a fama que lhe atribuem.
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2018-05-22 19:26:17
sim, interessante.
Título: Re: Livros
Enviado por: Automek em 2018-06-22 12:38:20
Uma entrevista de duas partes, muito interessante, do Carlos Bobone, alfarrabista (Livraria Bizantina)

https://sol.sapo.pt/artigo/615496/carlos-bobone-alfarrabista-muitos-dos-que-andam-nas-livrarias-sao-pessoas-que-nao-leem

https://sol.sapo.pt/artigo/616531/carlos-bobone-nao-me-orgulho-muito-da-profissao-de-alfarrabista
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-06-24 17:34:27
(https://img.wook.pt/images/os-alimentos-que-nos-tornam-inteligentes-alex-clergue/MXwzMDQ5ODczfDI0NzA4OTB8MTM4MzUyMzIwMDAwMA==/250x)

Comprei num alfarrábio.
A ver se fico mais inteligente!
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-06-24 17:42:57
(https://pmcdn.priceminister.com/photo/elements-de-philosophie-collection-idees-n-13-de-alain-livre-876351787_L.jpg)

Mais um dos meus livros guardados num sótão
durante meio século! Estou a lê-lo.

O Livre Premier, o primeiro capítulo das lições de Alain,
De la connaissance par les  sens, é simplesmente magistral!

------------------ // ------------------

Individualista, racional e magistral encerramento das lições:


«On n'a jamais vu encore de pouvoir sans flatteurs et sans acclamations
si ce n'est peut-être le pouvoir militaire ; et, autant qu'il est ainsi, le pouvoir
militaire commande bien; il se sent jugé. Tant que les hommes se croiront
admirés, ils feront des sottises. Ainsi, le plus grand péché de l'esprit, qui est
de juger selon la force, est une faute politique aussi. La sagesse consiste à
retirer l'esprit du corps, et la sagesse politique à retirer toute approbation
de l'obéissance. Il n'y a point de plus bel apologue que celui du denier
marqué pour César, et qu'il faut donc lui rendre ; mais je dirais avec d'autres
mots : « l'obéissance aux pouvoirs, et l'approbation à l'esprit seulement ».
(p.370-71)
 
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-06-24 17:46:43
(https://http2.mlstatic.com/D_Q_NP_947815-MLB25319051079_012017-Q.jpg)

Este releio-o, sempre que quero mudar de planeta!

Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-06-24 17:51:26
«Se erros fiz
         erros paguei»

op.cit., p. 37
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-06-24 17:53:49
«Onde uma só parte fala
sempr'a outra há de gemer»

id,,id., p.54
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-07-06 10:34:46
Assim que conseguir uma estanquidade maior
da envolvência exterior,


hei-de deliciar-me com
o Orlando Furioso,
a 'internet' do Renascimento! -:):

(https://4.bp.blogspot.com/-QreFjTMNtSc/Wz83MSYnrqI/AAAAAAAAAEI/xj9QvMlbqJoyXzzGUXzQavR66hoNK0LgQCLcBGAs/s1600/Orlando-Furioso.jpg)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-07-09 17:50:45
Mais um opúsculo desencantado ao cabo
de meio-século de sótão, pelo qual
perpasso os olhos com gosto!

Sou do tempo, na Faculdade do Norte,
em que José António Sarmento, catedrático,
nos iniciou na compreensão teórica da Contabilidade,
pelos três grandes tratadistas recomendados,
o francês Jean Dumarchey,
o alemão Schmallenback e
o italiano Gino Zappa.


A fina flor descendente do amigo
de Leonardo da Vinci, Luca Pacciolli! -:)


Um gosto, a exposição de Dumarchey
inspirada em Descartes e guiada por Leibniz.


Maravilha!


(https://2.bp.blogspot.com/-qYVfrF5jfZo/W0ONVU36KKI/AAAAAAAAAEU/iD-v88N8DSEvfV5kAzDTPoY-LboXsWnVQCLcBGAs/s400/Dumarchey.png)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-07-20 16:43:45
(https://img.wook.pt/images/bussola-mathias-enard/MXwxODQzODQyNnwxNDEzMDY4OXwxNDY5NDAxMjAwMDAw/250x)

Um romance de fim dos tempos,
no mundo intelectual dos arqueólogos,
musicólogos e linguistas saudosos
do destruído mosaico cultural
do médio oriente...
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-08-24 06:59:47
(https://img.bertrand.pt/images/a-razao-animada-alvaro-ribeiro/NDV8MjA4MDg2MnwxODMzNTczfDEzODM1MjMyMDAwMDA=/250x)

Um clássico imperdível!

Este não veio do 'baú de meio-século',
embora lá estivessem alguns do autor,
editados pela Inquérito e pela Guimarães & C.ª


-:)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-09-02 09:25:18
O interesse por nós próprios, a noção da nossa identidade, o reencontro diário connosco próprios, tudo isso é muito bonito, assumimo-nos como gente, e os outros assim nos encaram. E daí? Como macróbios vivemos até que morramos e nos decompunhámos. Como fazê-lo? Deixar de gostar de nós? Não. Não é solução. Gostarmos de nós? Hum... sim, mas... -> perceber que não interessa; quer dizer, o que faço comigo próprio? Penso umas coisas, talvez. E o que interessa isso? Interessa muito, porque é muito giro! Óptimo, então fico com o giro, e o resto não me interessa, deixo ficar, passe bem! É por estas e por outras, que de facto sempre me estive nas tintas para nicks e não nicks, e muito rápido aprendi a dialogar no digital: ligo aos enunciados, demoro-me ou não no  que enuncio e ou vejo enunciado; a pessoa que enuncia, só muito tardiamente se começa a perfilar na minha consciência de modo individuado. E fotografia, nem sequer me ajuda muito, se bem que haja caras bonitas - quando as há, naturalmente -, mas a duas dimensões, no domínio plano, é tudo preferível, até, a preto e branco, cria um efeito de distância e representação que melhor secunda o que por escrita se legende do que cada um é. Aprendi rápido desrealidade comunicacional da net.

É certo que a escrita acaba por nos definir em termos de identidade virtual e não material. Dizem que o material é essencial para uma relação: o tacto, o cheiro, o olhar, o movimento - tudo isso constituiu também o que somos.
Porém há graus diferentes de envolvimento no mundo material: há pessoas que eu conheço há anos no mundo material e que não me seduzem além de uma amizade superficial e distante. Muitas até: caso de muitos colegas que nem chegam a ser amigos. A minha relação com elas está ao nível destes forunistas aqui do think . Vou conhecendo, so what? Na minha aldeia idem aspas.
Amizades profundas tenho poucas, pessoas que me despertem a atenção são poucas seja no virtual seja no material...
Mas uma coisa te digo Vasco: é mais fácil conhecer pessoas/nicks interessantes no virtual que no material. As capas que usas no material são mais elaboradas, mantem o Outro muito mais distante que o mundo virtual.

Eis o que me causa pena. A smog zangou-se comigo. Logo ela, com quem mutuamente, nos relacionávamos, virtualmente, há muitos anos… E porquê? Porque repudio que os professores sejam aumentados quando todo o país passou a ganhar menos, e os professores participam num ensino que não presta, deforma e desinforma a população. Muito à semelhança dos economistas que participam na actividade económica de tal forma que não ata nem desata e tudo permanece medíocre e ineficaz. Não posso mudar de opinião por ambas as classes não melhorarem nitidamente o seu desempenho. O que eu mais desejaria ardentemente para bem de todos. Mas, tal não está a acontecer. Não vejo justiça nenhuma, antes enorme desvario, concordar com aumento a professores no geral incompetentes, e quanto a 'economistas', acho bem que sejam despedidos ou remetidos a escriturários do que nada entendem, zés ninguém que são.
Título: Re: Livros
Enviado por: Automek em 2018-09-02 10:15:53
Tu tens um "problema" vbm. Tu és um debater mas nem toda a gente é.

Citar
Loyalty, support, emotional feedback – these are not what Debaters look for in their friendships. The last thing people with the Debater personality type want to hear is “you’re right”, not unless they have absolutely earned the distinction in a heated round of intellectual debate. If they’re wrong, Debaters want to be told so, and they want every detail of the faults in their logic to be laid bare, partly in their quest for oftentimes arbitrary truth, and partly just so they have to work to defend that logic with counterpoint and parry.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-09-02 16:17:39
Pode ser que sim. Mas ela também tem um problema. E maior do que o meu: não tem razão; e não percebe isso. Lastimável. Vê o meu, porventura o nosso caso, se ambos formos economistas: está uma miséria, o desenvolvimento económico da nossa sociedade. Os economistas, no geral, arcam com o demérito profissional respectivo. Por muito bons que um ou outro sejam - e eu, do que conheço, gosto do Louçã, do João Salgueiro, gostava do Silva Lopes, também aprecio o Miguel Cadilhe, assim destes que me lembro de imediato. Eles têm valor. Mas o país trabalha mal, as coisas não estão bem, no geral, os economistas são mal formados, não sabem mudar este estado de coisas, o próprio ensino técnico deve ser medíocre.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-09-19 17:21:00
(https://cdn-yams.schibsted.com/api/v1/adimgs/images/8236769606-bem-estar-para-todos-ludwig-erhard.jpg?rule=full)

Mais um, do baú, que estou a reler ao cabo de 55 anos!

Foi o primeiro ministro de economia do governo federal
alemão de Konrad Adenauer: Ludwig Erhard, era um liberal
adepto da economia social de mercado, anti-dirigismo
económico, mas também adepto incorruptível da liberdade
e consequente concorrência económica anti-monopolista,
anti-trusts, anti-sindicatos com aumentos de salários
superiores ao aumento da produtividade!

Impressionou-me quando o li em 1963. Além de ministro
de economia, foi mais tarde chanceler da República Federal.

Lembro a tensão a que foi sujeito para intervir na regulação
de preços, que recusou persistente, pois estava seguro que
essa especulação açambarcadora do mercado negro não tinha
razão de ser substancial: resistiu, resistiu, uma, duas semanas
os preços sempre a subir, todos desesperados, que interviesse;
antidirigista, manteve-se firme na sua recusa! Até que ao longo
da 3ª semana, os preços começaram a cair, primeiro lentos, à
experiência, a seguir, rápidos até à normalidade, tudo salvo
sem tabelamentos, a moeda estabilizada, imune a ataques
especulativos de mercado negro! Venceu.

E aumentos de salários acima da produtividade, tinham
o mesmo nome: roubalheira! Moeda estável, persistência
no rumo político, aprendizagem séria da vantagem de trabalhar
para ganhar mais, ter maior rendimento, quer consumido,
quer poupado. Assim, sim: respeito pelas pessoas, valorização
da liberdade e responsabilidade pessoal.

Ou seja, com Erhard, eu também seria um liberal adepto
de uma economia social de mercado: salários e sindicatos
na proporção da produtividade, educação do povo, para
entreter-se para lá do futebol e da pasmaceira das televisões,
telemóveis e internets, lol.

E sim, trabalharem, não serem roubados, guardarem o seu
dinheiro e obrigarem o estado e os funcionários públicos a
trabalharem melhor com menos impostos (e os bancos a não falirem).

Agora que os desempregados se empregaram, ver bem
se combinam com investidores a sério em que actividades
o país há-de envolver-se para a capitação dos rendimentos
salariais e de reposição do capital aumentar o bem-estar
para todos, sem monopólios nem burocracias.


E já agora, quantos aos uber e aos taxistas,
que tal baixar os impostos e as licenças
dos taxistas, por forma a esvaziar-lhes
o protesto da concorrência desleal
dos descaracterizados, a ver quem
deveras o público prefere, se o
que chama pelo telemóvel ou
o esticar o braço e mandar
parar o táxi! -:))
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-09-19 18:22:13
(https://1.bp.blogspot.com/-VmMj_kWJGqM/W6KDuQcCApI/AAAAAAAAAE4/cki3pxOCoJ8a2HMmqz7p1mdMmBjs1jE9QCLcBGAs/s320/Ludwig_Erhard1.jpg' rel='image_src)

Ludwig Erhard (1897-1977)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-10-07 17:46:28
(https://static.fnac-static.com/multimedia/Images/PT/NR/3e/85/08/558398/1540-6/tsp20160818181628/A-Pista-do-Alfinete-Novo.jpg)(https://static.fnac-static.com/multimedia/Images/PT/NR/5e/b7/0f/1029982/1540-1/tsp20170403104123/A-Pista-do-Alfinete-Novo.jpg)

Reler um livro 23 anos depois, claro sem nada lembrar,
mas fazê-lo na mesma tradução inicial, em português
autêntico, - dessincronizado do pseudo brasileirismo,
ainda 'bebendo' europeu, com 'mala' escrito 'valise',
e construtor, 'constructor', etc. é giro. A capa,
é a primitiva, embora a segunda mais
apropriada à chave do enigma.

Giro!


Mas sobretudo irei reler o "Bem-estar para todos",
que reconheço ter determinado a minha preferência
pela temática dos ciclos económicos! -:)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-10-23 20:30:52
Há três ou quatro clássicos que há imensos anos desejo encetar ler;
já os tenho iniciado, mas acabando por os interromper
por não ter condições de prosseguir, outras leituras
se intercalando...

Mas hei-de-os ler e sei que vou gostar:

A Divina Comédia, de Dante.
Orlando Furioso, de Ariosto
Decâmeron, de Boccacio
Os Mystérios do Povo, de Eugene Sue (já li do séc III a.C. ao séc. XVII d.C.)

Continuo a preparar-me para A Divina Comédia

(https://static.fnac-static.com/multimedia/Images/PT/NR/4b/52/16/1462859/1540-1.jpg)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-10-26 16:55:33
(http://www.calendario.cnt.br/meditempo/gailaanimahuygens.gif)

«[...] Um relógio composto de rodas e pesos não observa menos cuidadosamente
todas as leis da natureza quando é mal fabricado e não indica as horas certas
do que quando satisfaz a todos os respeitos a intenção do artífice:
analogamente, o mesmo se dá com o corpo do homem,
se o considero como uma certa máquina equipada
e composta de tal maneira, por ossos, nervos,
músculos, veias, sangue e peles, que,
mesmo que não existisse nela
nenhum espírito,

possuiria no entanto todos os movimentos
que agora executa
e não procedem
do império da vontade e,
por conseguinte,
do espírito.»


Descartes, Meditações sobre a filosofia primeira
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-11-07 10:18:00
(http://3.bp.blogspot.com/-TSQvDVJ9zmU/UPiLPpqLCOI/AAAAAAAACV0/BPS0HnMhxgI/s400/Argonauta098.jpg)

Cinquenta anos depois,
continua interessante! -:))
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-11-08 16:14:28
«O governo desse tempo era uma coalizão de talentos, bem sonantes mas inúteis,
alcunhados os Meritocratas, que se reuniam em tempo de crise. Eram homens e
mulheres talentosos que tinham por único princípio comum o da sobrevivência.

O Primeiro-Ministro era um conservador liberal e o Ministro do Trabalho,
membro renegado de um sindicato; os cargos principais eram ocupados
por homens mais novos, activos e ambiciosos, como o Ministro da Defesa,
e os outros por personagens menos capazes mas publicamente influentes,
dotados com o dom da palavra, como o Ministro da Ciência.

As diferenças de partido haviam sido mais ilusórias do que reais e
possivelmente aquilo seria o fim do governo de partidos no país.
Ninguém se preocupava, toda a nação parecia mergulhada  numa
apatia resignada perante um mundo que se ultrapassara a si próprio.»


op.cit., p. 36
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-11-09 15:08:07
(https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTrpclt3165rVR0MZhFaQq4Jfnd_NyxaKWdU5qR17wXmXvxMASZyg)

«No homem, em quem a natureza superior imprimiu o amor à verdade,
uma coisa parece ter a primazia: assim como o esforço dos avoengos
o enriquece, também ele deseja trabalhar afim de que, por seu turno,
recebam os pósteros alguma riqueza.»

Dante Alighieri, Monarquia

post-scriptum: - Não sou monárquico!
Mas subscrevo.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-11-10 08:48:00
Nunca vi um diário com a qualidade e o caráter deste Vida Nova de Dante.
Li-o pela primeira vez, agora, dezenas de anos no 'sotão'.
Um espanto! Conta, sucinto, o que se passou e sentiu.
Põe-no em verso. Depois, analisa-o
e explica-o em prosa.

Uma espécie de matemática da qualidade!

A parte verso do XXIV

Senti eu mexer dentro do peito
um espinho amoroso que dormia:
e logo vi chegar, de longe, o Amor,
alegre tanto que mal o conhecia.
Disse-me: «Pensa honrar-me»; e era riso
em todas as palavras que dizia.
E pouco havia que me acompanhava, quando,
olhando eu para o lugar de onde viera,
vi caminhar dama Jana e dama Bice
para o sítio aonde eu estava,
uma depois da outra maravilha;
e assim como se a mente mo dissera
Amor me disse: «Aquela é Primavera,
e esta Amor, pois comigo tanto se parece.»


(https://2.bp.blogspot.com/-Fsn_osIdlDI/W-aXiu3-r1I/AAAAAAAAAFc/wPAE2AxdotM_6-YrzrXXSdAiES-60NkJwCLcBGAs/s200/Dante.jpg)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-11-11 22:31:12
«Para despedaçar as cadeias da ignorância,
forjadas pelos reis e pelos príncipes,

para libertar o género humano do seu jugo,
exortarei como o profeta,

e repetirei as suas últimas palavras:
«despedacemos as cadeias, e atiremos o jugo para longe».»



Dante, Monarquia, Livro Segundo, I
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-11-29 17:35:09
(https://img1.od-cdn.com/ImageType-400/0290-1/079/B07/98/%7B079B0798-2E4E-4D06-B8ED-EF6816E40560%7DImg400.jpg)

Ia começar a ler algumas sequências de capítulos deste ensaio
de Daniel C. Dennett e quase fiquei bloqueado com um puzzle
de pé de página na p. 5! Em todo o caso, parece-me
que descobri o «como», que posso editar,
se bem que, como no xadrez,
se calhar errei algo…

Proponho-vos, aventarem a solução:

«Four people come to a river in the night. There is a narrow bridge, and it can only hold two people at a time.
They have one torch and, because it's night, the torch has to be used when crossing the bridge.
Persion A  can cross the bridge in one minute, B in two minutes, C in five minutes,
and D in eight minutes. When two people cross the bridge together,
they must move at the slower person's pace.

the question is, can they all
get across the bridge in
fifteen minutes or less?»

Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-12-01 09:47:31
Of course, the puzzle has a solution,
that doesn't depend of other´s mind
movement, like in chess, or like
economic predictions, always
conditionned to clauses
ceteris paribus, when
reality, always is
'alteris' paribus.

After discover it, solution
is quite straightforward,
should we had begun
properly from the
right premisse!

-:)
Título: Re: Livros
Enviado por: Náu em 2018-12-03 10:06:54
(https://img1.od-cdn.com/ImageType-400/0290-1/079/B07/98/%7B079B0798-2E4E-4D06-B8ED-EF6816E40560%7DImg400.jpg)

Ia começar a ler algumas sequências de capítulos deste ensaio
de Daniel C. Dennett e quase fiquei bloqueado com um puzzle
de pé de página na p. 5! Em todo o caso, parece-me
que descobri o «como», que posso editar,
se bem que, como no xadrez,
se calhar errei algo…

Proponho-vos, aventarem a solução:

«Four people come to a river in the night. There is a narrow bridge, and it can only hold two people at a time.
They have one torch and, because it's night, the torch has to be used when crossing the bridge.
Persion A  can cross the bridge in one minute, B in two minutes, C in five minutes,
and D in eight minutes. When two people cross the bridge together,
they must move at the slower person's pace.

the question is, can they all
get across the bridge in
fifteen minutes or less?»


Fazer uma segunda tocha passa pela solução? 
Título: Re: Livros
Enviado por: Automek em 2018-12-03 10:27:59
Fazer uma segunda tocha passa pela solução?
Aí seriam apenas 10 minutos. Espero que a solução deve ser diferente mas não estou a ver como porque temos o 8+5 logo à partida.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-12-03 10:45:33
Lol.

Tem solução, sim.
15'. Menos, não vejo como!

O livro é espantoso!
Só vou ainda no 2º capítulo.
Espero várias reviravoltas mentais.
Ele avisa que assim sucederá.
Estou com curiosidade.

Se ninguém disser a solução do puzzle,
edito-a em breve. É fácil. Só
confunde ao princípio.
Título: Re: Livros
Enviado por: D. Antunes em 2018-12-03 18:50:40
É possível sim. E sem nenhum truque.

Se quiserem pistas vejam em baixo:



Quantas viagens são necessárias (de ida e de volta)?



Quem é que querem que faça as viagens de volta?



E será que temos que ter 8+5, como diz o Auto...
Título: Re: Livros
Enviado por: Automek em 2018-12-03 19:26:12
Ah, bolas, agora olhei para isto outra vez. Tão fácil.  ;D
Título: Re: Livros
Enviado por: hermes em 2018-12-03 20:03:18
Não há nada que proíba que se parta a toxa em 4 bocados, pelo que a travessia é possível em 8 minutos.
Título: Re: Livros
Enviado por: Zenith em 2018-12-03 20:59:37
Esse probelema é bastante conhecido e como já sabia não tenho nenhum mérito mas há 2 soluções para os percursos

(1,2)I --> (1)V --> (8,5)I --> (2)V --> (1,2)I (I: ida, V: volta)
ou
(1,2)I --> (2)V --> (8,5)I --> (1)V --> (1,2)I
Tempos 2+1+8+2+2=15 ou 2+2+8+1+2=15
o que tem 5 minutos podia ser 3,4,5,6 ou 7

A ideia que pode ser generalizada a qq nº par é posicionar os dois mais rápidos nos extremos para que o tempo de retorno da tocha seja o mais rápido possível e agrupar os mais lentos 2 a 2 e os mais proximos possiveis para que os tempos na ida fiquem o mais próximo possível da média.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-12-03 21:15:15
Bem, posso dizer a solução na literalidade da sua singeleza,
embora não tenha sido  dessa forma que encontrei
o 'como', antes pela somação de tempos
de percurso subtraídos ao plafond
dos 15', Cheguei a tergiversar,
imaginando deixar alguém
às escuras no meio
da ponte, a ver

se poupava tempo!
Nada feito.

A primazia a dar às premissas é óbvia (a posteriori):
- colocar em cada margem os mais rápidos
como estafetas das tochas.

E assim é!

O 1 e o 2 (refiro-os pela sua velocidade)
vão juntos mais a tocha no 1º percurso.
O 1 regressa à base com a tocha.

Resultado tempo gasto, saldo (3;12)

Os lentos, o 8 e o 5 vão juntos para
a outra margem, dão a tocha ao 2,
que regressa.

Resultado acumulado (t;s) = (13;2)

O 2 chega à base e parte com o 1
para a outra margem

Resultado acumulado (t;s) = (15;0)


Tenho tentado menos de 15',
porque o enunciado do problema
parece sugerir ser possível,
mas não descobri.
Título: Re: Livros
Enviado por: D. Antunes em 2018-12-04 00:51:28
Não há nada que proíba que se parta a toxa em 4 bocados, pelo que a travessia é possível em 8 minutos.

Ou menos, se chegares a tocha ao traseiro do mais lento.
Fora isso, o mínimo é mesmo 15.

Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-12-04 19:12:42
Um enunciado sensacional
do livro do Dennett (p.38):

(https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/e/e8/AdditiveColorMixiing.svg/220px-AdditiveColorMixiing.svg.png)

«Purposes and reasons are as real as colours.»

-:)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-12-11 20:04:12
Há três ou quatro clássicos que há imensos anos desejo encetar ler;
já os tenho iniciado, mas acabando por os interromper
por não ter condições de prosseguir, outras leituras
se intercalando...

Mas hei-de-os ler e sei que vou gostar:

A Divina Comédia, de Dante.

[…]



Estou em vias de acabar o Canto I, o do Inferno.

É interessante, aqueles tercetos sintéticos,
obrigam uma leitura quase programação
de computador a inteligir nos efeitos
de compreensão que causa!

-:))
Título: Re: Livros
Enviado por: Automek em 2018-12-12 10:09:40
É uma pena quando estes clássicos não podem ser lidos na língua original (por desconhecimento da língua por parte do leitor ou, conhecendo, por não ter um vocabulário suficientemente erudito em língua estrangeira para perceber a obra).
A tradução, por muito boa que seja, mata uma parte da alma da obra. Pensemos, por exemplo, nos Lusíadas. O trabalho indescritível do Camões de ter as rimas cruzadas, conjugadas com o pormenor fantástico da acentuação nas sextas e décimas sílabas perde-se por completo numa tradução.

Claro, melhor conhecer a obra traduzida do que não a conhecer. Mas fica-se a pensar como seria a leitura no original.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-12-12 12:54:13
A edição que sigo é bilingue do Vasco Graça-Moura.
No caso do Italiano, dá gosto ler, às vezes, a página à esquerda.
Isso porque nós quase percebemos o Italiano. Quase, pois falta-lhe o «quase».

Lembro-me sempre (dos jornais, claro) dos acordos de Paz da Frelimo em Roma,
em que assinaram e só depois é que perceberam que as traduções 'espontâneas'
estavam mal feitas e não era nada daquilo que se tinha entendido! lol

Por acaso, dá-se que tenho uma edição mesmo italiana, em pequeno formato
de três volumes, em, parece, italiano antigo, mesmo do tempo de Dante.

Dessa só me atrevo a ver as gravuras, algumas, que tem,
designadamente, uma em que os condenados
numa das fossas do 8º círculo do Inferno,
andam com a cabeça toda revirada
pró rabo, que nem percebo
se caminham pra frente
ou pra trás!

Mas o que me está a impressionar
é mesmo o que disse: a escrita
é escorreita, severa, precisa.

Como que nos encaminha
ao entendimento visual
daquilo que diz estar
a passar-se!

É quase como uma instrução
de entrada nas cenas.

De resto, é uma invectiva
contra a Igreja de Roma
e os políticos de
Florença.

Uma coisa interessantíssima a ler autores 'antigos'
é, justamente, os livros que eles não leram
pois que lhes são posteriores.
Surpreende, por vezes,
a actualidade viva
do que dizem.

Quando assim não é,
não deixa de haver gosto
a seguir o raciocínio do autor -:)


Olha um caso de actualidade numa estrofe de Camões
que apareceu recente, no Facebook:

Canto IX, estrofe 28.

 Vê que aqueles que devem à pobreza
 Amor divino, e ao povo, caridade,
 Amam somente mandos e riqueza,
 Simulando justiça e integridade.
 Da feita tirania e de aspereza
 Fazem direito e vã severidade.
 Leis em favor do Rei se estabelecem;
 As em favor do povo só perecem.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-12-17 20:19:43
Um outro problema do Daniel C. Dennett,
no seu From Bacteria to Bach and Back
está na pág. 108 : «Peça a um amigo
que pense num número de 0 a 8.»

Descubra-o, pelas respostas
dadas a três perguntas suas.

Um caso de lógica binária de programação simples,
«A?: sim / não; B?: sim / não; é C? sim: é X; não: é Y»

É giro.

Como havia um erro na grafia do exemplo
foi interessante ter de 'programar' no papel
as bifurcações implicadas! -:)

Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2018-12-18 11:24:32
E lá acabei o Canto I - O Inferno

Repito que impressiona
ver a complexidade
expressa
na brevidade de tercetos!

Mas, o efeito requer
que já haja o conhecimento
histórico, filosófico e político
do que se passou e está em causa.

Em parte, é o meu caso.
Uma segunda leitura poderá
contudo ser ainda mais interessante
com mais 'miradas' ao texto italiano -:)

Gostei do conselho ou do expediente
usado pelo vianDante em certo momento
da visita, de resto sempre guiado por Vergílio:

«Seguíamos cos dez demos vilões:
ah, feroz companhia! mas na igreja
cos santos, na taverna cos glutões.»


(O Inferno, XXII, 13-15)


Até que me lembra um 'episódio', hum…
Aqui há uns anos tive de ir a Chelas.
Diziam-me na empresa, é perigoso…

Claro que sou do Porto, e responder-lhes-ia,
lá, «É perigoso, o Caraças!» - aliás, como é uso chamar
ao, "dono disto tudo", pois é o que se ouve na minha
terra, sobre o que quer que seja: «Isso, é do Caraças!»


Como estava e estou em Lisboa, traduzi
somente: «Vou amanhã!» Digo: não
tracei plano nenhum de como fazer!

Guiei-me pela imanência do meio
e das circunstâncias. Abeirei-me
de carro a um peão, preto, claro!
e perguntei-lhe se sabia onde era
fulano ou beltrano a rua tal!

Sim, sabia: fi-lo entrar no carro;
foi meu guia no inóspito dédalo
de Chelas. Tudo perfeito!
Un point c'est tout.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-01-03 19:58:28
(https://img1.od-cdn.com/ImageType-400/0290-1/079/B07/98/%7B079B0798-2E4E-4D06-B8ED-EF6816E40560%7DImg400.jpg)

Uma graça de um discípulo de Dennett,
a propósito da filosofia do Uno de Parménides,
que assim ironizava sobre tal minimalismo ontológico:

«Parménides is the philosopher who said:
"There is just one thing, and I'm not it"»
(«Há só uma coisa, e não sou eu.») (p.122)

-:))
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-01-04 16:25:40
Citar
Há três ou quatro clássicos que [ ]
hei-de ler, [entre eles]:

A Divina Comédia, de Dante.

O Canto II, o Purgatório, é-o.
Mas concluído está!

{o 'mec' tem razão! É um mergulho
num reino, numa cultura, visão do mundo,
que só conhecemos por dela ter ouvido falar…
Seria interessante ler uma divina comédia
deste nosso século 'vinte+um' -:)}



Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-01-05 07:31:46
Ontem ouvi na televisão o Fiolhais sobre os computadores quânticos.

Antes, no mesmo programa, - mas não sei em que canal -, tinha ouvido
a entrevista de um engenheiro português sobre a inteligência artificial.

Ambos confirmam que a capacidade de cálculo nos novos computadores
quânticos irá superar em várias ordens de grandeza os actuais processadores
digitais.

Li o artigo da Wikipédia sobre o qubit (https://pt.wikipedia.org/wiki/Bit_qu%C3%A2ntico)
e percebe-se pelas coordenadas complexas a+ib, os estados informacionais 0 e 1.

Porém, o que não vislumbro é como é que se fixa a sucessão sobreposta de 0's e 1's,
de uma mesma partícula subatómica, sucessiva no tempo (suponho)
a uma velocidade estonteante, sem que  tal sequência se repita
sem erro ou alteração!

Fiolhais alertou que a dificuldade é o aquecimento
pois os computadores quânticos que já existem
e funcionam, conseguem-no a temperaturas
vizinhas do zero absoluto!

Na verdade, miniaturizar os circuitos electrónicos
nos processadores tem por limite o átomo;
ora, ingressar nas partículas do átomo,
além da velocidade de cálculo
(em que tudo pode experimentar-se,
probabilizando eventos quase ao infinito!)
vai ser uma híper revolução na investigação!

Mas conseguir-se-á?
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-01-05 08:00:19
Interessante no artigo do qubit,
a sequência fixa do que chama
«registador quântico» que
permite aplicar multiusos
sequências regulares
de cálculo lógico,

aquilo que Dennett chama «memes»,
equiparáveis a genes das espécies vivas.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-01-05 08:03:24
De qualquer modo especular a origem
seja do mundo inanimado seja do vivente
requer acertar na 'sopa' de ingredientes
de um e de outro,e acho que nunca
escaparemos de resultados
ceteris paribus de tudo
quanto se inclua
na dita 'sopa'... -:)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-01-05 08:08:09
E embora o tal engenheiro informático entrevistado
haja confirmado que a IA já toma iniciativa
de cálculos por intuição emergente,
- tal como nós, IB, - Inteligência
Biológica -, isso não equipa
o calculador quântico
com desígnio
autónomo,

como nós humanos,
o temos, seja para
o bem seja para
o mal.
Título: Re: Livros
Enviado por: jeab em 2019-01-05 09:35:43
Aconselho vivamente a todos os Tugas a lerem  :D
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-01-05 12:23:44
-:)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-01-16 11:22:08
(https://static.fnac-static.com/multimedia/Images/PT/NR/b7/62/0d/877239/1507-1/tsp20150609170444/Convivio.jpg)

Outra leitura a intercalar entre o Purgatório e o Paraíso.

Logo, na abertura do Tratado Primeiro: «( ) todos os homens
aspiram naturalmente a conhecer. A razão do que pode estar
e está em que cada coisa, pela providência movida da sua
própria natureza, tende para a sua própria perfeição;
de onde, uma vez que a ciência é a última
perfeição da nossa alma, na qual
reside a nossa última
felicidade,

todos de natureza nos achamos sujeitos a desejá-la.»
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-01-19 16:33:26
Quando era estudante tive a possibilidade de compulsar e ler
livros de economia, dos quais três manuais mostravam-me
a diferença flagrante de mentalidade
entre alemães, franceses e
anglo-saxões! -:)

Foram estes os três manuais:

(https://d1pkzhm5uq4mnt.cloudfront.net/imagens/capas/_6a71ae0c9d2b99a220892e18fe7cbc9669d23044.jpg) (https://http2.mlstatic.com/D_NP_104305-MLU25022929149_082016-Q.jpg)(https://d1pkzhm5uq4mnt.cloudfront.net/imagens/capas/b851e56c809386bab600d6fcde865b5c1cd0c4d1.jpg)

Erich Schneider, Teoria Económica
Raymond Barre, Manual de Economia Política
Kenneth Boulding, Análise Económica

E não há dúvida:

Os alemães são profundos na explicação da razão de ser das coisas.
Os franceses, descrevem-nas bem com boa articulação lógica.
Os ingleses, leves, exactos, mostram os resultados delas.

-:)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-01-31 11:58:11
(https://www.livrariapoetria.com/img/livros/Imagem%201034.jpg)

Quase a acabar, cito esta
observação interessante -:):


«Que as cousas acreditas, vejo eu,
     por tas dizer, sem que o como te assome;
     e, se em tanta acreditas, se escondeu.

Fazes como o que a cousa por seu nome
    aprende bem, mas sua quididade,
    se outro lha não mostrar, já se lhe some.»

                           *

«Io veggio che tu credi queste cose
    perch’io le dico, ma non vedi come;
    sic che, se son credute, sono ascose.

Fai come quei che la cose per nome
    apprende ben, ma la sua quiditate
    veder non può se altri non la prome.» 


Dante, Par., Canto XX, vv 88 a 93
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-02-12 12:57:49
Concluí a (leitura da) tradução do Graça-Moura.
Não gostei. Nenhuma elegância.

Fui 'espreitar' a tradução do Prof. Marques Braga:

(https://pictures.abebooks.com/ABCLIROLAY/12130344907.jpg)

Li, reli, cuidadosamente, o Canto XXV d' O Paraíso.

Francamente, Graça-Moura traduziu cuidada e literalmente
o original italiano; Marques Braga, intelectualizou, embelezeu
e iluminou em nossa língua o divino poema de Dante.

É o que me pareceu da clara compreensão de todo o Canto Par., XXV.
Vou tentar a releitura dos últimos nove cantos do poema, do XXV ao XXXIII,
no original e nas duas traduções. (Talvez até, se tiver coragem, toda La Commedia

Quando estive em Turim, há uns anos,
cheguei a comprar a edição
da Fògola Editore in Torino,
1ª edizione Ottobre 1977

(https://4.bp.blogspot.com/-7r7cUxbsFNw/XGK9t5XCMaI/AAAAAAAAAF0/j8IatChkboYvkgwe_Yg7hFfl-38r15i4QCLcBGAs/s1600/La%2BCommedia.png)


Compare-se este terceto  Par., XXXIII, 123

Oh quanto è corto il dire e come fioco
al mio concetto! e questo, a quel ch'i' vidi,
à tanto, che non basta a dicer ''poco''.

                          *

Como é curto o dizer e como é rouco
a meu conceito! e este, a quanto vi,
é tanto que não basta a dizer «pouco».

                         *

Ó quanto é imperfeita a palavra, quanto é ineficaz a
patentear o meu conceito! e este comparado ao que
eu vi, é menos que pouco, é pouquíssimo.



Por mim, não duvido. Bem mais bela, inteligível
e preferível, a tradução do Prof. Marques Braga.

Graça-Moura vale pela erudita literalidade.
Título: Re: Livros
Enviado por: Zenith em 2019-02-12 13:40:03
Citar
Dolce color d'oriental zaffiro,
che s'accoglieva nel sereno aspetto
del mezzo, puro infino al primo giro,
alli occhi miei ricominciò diletto,
tosto ch'io usci' fuor dell'aura morta

Dante e Virgilio saem do subsolo infernal e contemplam o céu recheado de estrelas até ao amanhecer onde o céu começa a adquirir tom de um azul intenso.
Borges considerava a Divina Comédia uma fonte de prazer estético infindável. Foi ele que me levou a ler Dante.
Título: Re: Livros
Enviado por: Automek em 2019-02-12 13:48:09
Bem, nesse exemplo a diferença é abismal vbm !

Não sei se concordo contigo sobre preferir a elegância e inteligibilidade que atribuis ao Marques Braga.
Não deveremos ler uma obra o mais aproximadamente possível do original, mesmo que isso envolva um esforço superior de compreensão ?
É que essa elegância e inteligibilidade parece, pelo exemplo exposto, o resultado de uma certa (grande ?) adulteração do texto original. Não terá ele extravasado, e muito, o papel de tradutor (que tem, obviamente, uma quota parte de adaptador) ?

Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-02-12 15:26:08
Talvez, automek. Longe de mim depreciar Vasco Graça-Moura, aliás da minha terra! -:)), com quem nunca propriamente falei, mas que conhecia, – como  ele me conhecia – de vista! Um dia, incluso, numa reunião de Pais numa creche na Foz, vi-o e ouvi-o, numa pequena reunião a passar uma tal reprimenda à direcção da escola por não cuidar de uma grade de segurança no passeio à porta de entrada e saída da creche, que fiquei abismado com a fluência da sua palavra argumentada! Essa cena foi antes do 25 de Abril. Já depois, dizia-se aliás que ele, o Amaro da Costa e um outro que agora não lembro, eram os três políticos que melhor discursavam e falavam na nossa língua! Ele, em relação a mim, tinha porém, uma enormíssima inferioridade: nadava pior que um velho! de bruços, a cabeça de lado, toda fora d' água, abrindo os braços sem nenhuma naturalidade, evitando a água na boca, como o diabo da cruz, lento, desengonçado, pior que um velho, pior que uma velha. Assim o vi, mais de uma vez, no Tamariz! Quanto a mim, nunca pratiquei qualquer desporto, excepto, justamente a natação, não propriamente competindo, simplesmente nadando, não direi como Johnny Weissmuller, mas parecido, pelo menos! – quer à tona d'água quer submerso -:)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-02-12 15:37:49
Jorge Luís Borges é inexcedível!
Li-o na edição do Círculo de Leitores.

Algures, na net, suponho, – ou não… –,
ele conta ter aprendido italiano a ler
A Divina Comédia, em edição bilingue
no trajecto de autocarro que
diariamente percorria
na cidade!
Título: Re: Livros
Enviado por: Automek em 2019-02-12 15:50:55
Dante e Virgilio saem do subsolo infernal e contemplam o céu recheado de estrelas até ao amanhecer onde o céu começa a adquirir tom de um azul intenso.
Borges considerava a Divina Comédia uma fonte de prazer estético infindável. Foi ele que me levou a ler Dante.
Zenith, leste no original ou traduzida ?
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-02-12 16:06:35
[ ]
parece, pelo exemplo exposto, o resultado de uma certa (grande ?) adulteração do texto original.

[ ]

Não me parece, pelo menos neste exemplo, que o Marques Braga
adultere o que quer que seja do que Dante diz. Pelo contrário,
ilumina viva e intelectualmente o que o autor exprimiu.

Qualquer um de nós tem essa experiência:
da palavra, ao conceito à intuição vivenciada
- é uma clarividência crescente!

A palavra referencia; o conceito dá a inteligibilidade
da coisa; a experiência da coisa funde-a
na própria vivência do espírito.


Mas ressalvo o valor da literalidade,
porque se pensar a palavra oral
e não a escrita,

– como pode ter sido a ideia do autor –,

aceita-se melhor a descrição da palavra ser curta (rápida),
rouca (um som que ecoa, desagradável) em comparação
com o elaborado de um conceito que dá a ver (próprio da palavra
e da linguagem escrita que apela ao entendimento da situação)
mas sem proporcionar a imediatidade de uma compreensão intuitiva!
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-02-13 16:57:56
(https://img.wook.pt/images/filosofia-politica-paulo-ferreira-da-cunha/MXwxMDM5NTI0OXw1OTc5MzQwfDEzODM1MjMyMDAwMDA=/250x)


«E eis que, ao que parece, se gera um acordo sobre o que devemos
ter por tirania: confirmando o provérbio, o povo, de tanto desejar
fugir do fumo que é o jugo do poder exercido por homens
livres, caiu nas chamas do fogo que é a tirania,
o poder de um todo-poderoso escravo.» 

                          (Platão)
Título: Re: Livros
Enviado por: Zenith em 2019-02-13 20:31:31
Dante e Virgilio saem do subsolo infernal e contemplam o céu recheado de estrelas até ao amanhecer onde o céu começa a adquirir tom de um azul intenso.
Borges considerava a Divina Comédia uma fonte de prazer estético infindável. Foi ele que me levou a ler Dante.
Zenith, leste no original ou traduzida ?

Uma edição biligue franC~es italiano
Título: Re: Livros
Enviado por: Automek em 2019-02-15 18:34:08
Óbidos tem um hotel engraçado com o tema dos livros.
https://www.tripadvisor.pt/Hotel_Review-g189160-d9459108-Reviews-The_Literary_Man_Obidos_Hotel-Obidos_Leiria_District_Central_Portugal.html (https://www.tripadvisor.pt/Hotel_Review-g189160-d9459108-Reviews-The_Literary_Man_Obidos_Hotel-Obidos_Leiria_District_Central_Portugal.html)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-02-21 10:24:03
Continuo na releitura pausada, incluindo as notas de pé de página
explicativas da cultura do século 13, do Par., Cantos 25 ao 33,
na tradução do Prof. Marques Braga, no original italiano
e na tradução literal de Vasco Graça-Moura.

Não oferece dúvida: a versão de Graça-Moura
pouco mais é inteligível que o original de Dante,
e seguramente muito menos belo. Marques Braga,
ao contrário, é perfeitamente compreensível,
para um português do século 20.

E está a ser um prazer pousar naqueles tercetos
lógicos, psicológicos, belos e sentidos,
deste modo demorado, imerso
na cultura novilatina,
da antiga Grécia
à nossa Europa
ainda de hoje.

Vejam só as três versões iniciais deste Canto 28:

...................................... //......................................

«Depois que, em repreensão à vida presente dos
míseros mortais, aquela que eleva a minha alma
à contemplação do Paraíso mostrou a verdade;

como quem vê de improviso, no espelho, a chama
   da tocha, que se acende atrás de si, antes
   de a ter visto ou ter pensado nela,

e se volve, para ver se o vidro
   lhe diz a verdade, e encontra o acordo
   como dum canto ao seu ritmo;

assim a minha memória se recorda
   do que eu fiz, olhando os belos olhos,
   dos quais se serve o Amor para prender-me»

Dante
, Par., Canto XXVIII, 1-12

                    *

Poscia che ‘ncontro a la vita presente
   d’i miseri mortali aperse ‘I vero
   quella che ‘mparadisa la mia mente,

come in lo specchio fiamma di doppiero
   vede colui che se n’alluma retro,
   prima che l’abbia in vista o in pensiero

e sé rivolge per veder se ‘l vetro
   li dice il vero, e vede ch’el s’accorda
   con esso come nota con suo metro;

cosí la mia memoria si ricorda
   ch’io feci riguardando ne’belli occhi
   onde  a pigliarmi fece Amor la corda.

                     *

Após abrir contra a vida presente
   dos míseros mortais o verdadeiro
   essa que emparaísa a minha mente,

como no espelho a chama de um tocheiro
   aquele vê que atrás ela alumia
   antes de em vista ou mente a ter primeiro,

e então se volta ao vidro e avalia
   se ele diz a verdade, e se se acorda
   com ela como ao metro a melodia;

assim minha memória se recorda
   de eu o ter feito, o belo olhar olhando
   onde a amarrar-me Amor teceu a corda.

...................................... //......................................

Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-02-24 07:32:00
Continuo no Convívio de Dante.

Que autor extraordinário!
Diria, muito melhor do que "falar com um preto"!

Entendamo-nos, sem nenhuma ponta de fas(ra)cismo:
- já o mostrei e demonstrei, preto é cor, bonito;
negra é a miséria, material ou mental.

O que se passa a conversar, passa-se com Dante:
é um autor despoluído, de tudo o que se passou
no século xiv, xv, xvi, xvii, xviii, xix, xx, xxi.

Um saudável espanto!

Que potência de dizer,
sem um único tique
dos locutores do nosso tempo,
sem sombra da infantilizada
e efeminada comunicação social;
uma benfazeja despoluição mental.

-:)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-04-29 17:22:52
Reitero, imprescindível
ler Daniel Dennett, From
Bacteria to Bach and Back
,
da Penguin Books.

E meditar, p. 59 da
Courrier internacional
de maio 2019, onde diz:

«Se investirmos ( ) pouco
no desenvolvimento da
consciência ( ), a sofisticada
Inteligência Artificial dos
computadores só servirá
para dar mais poder à
estupidez natural dos
seres humanos.»
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-05-01 20:16:51
(https://3.bp.blogspot.com/-80Mj-lP10x8/XN_C_WboJeI/AAAAAAAAAHc/SEQbCyf1MOQCaZSyN6S3IHI00XjbbEKfACLcBGAs/s320/eric%2Broll.jpg)

Eric Roll (1907-2005), História das Doutrinas Económicas
(«A History of Economic Thought», 1938),
trad. Cid Silveira de 3ª ed. 1954, Companhia
Editora Nacional, São Paulo, 1062

Este também saiu do baú
ao cabo de meio-século!

Vale a pena ler os últimos
cinco capítulos já sobre a
economia moderna.(*)

Há uma observação impressiva
sobre a «melhoria dos métodos de ensino
e dos manuais». A antiga divisão entre a economia
"pura" e a "descritiva", a determinação de preços
em concorrência perfeita ou na realidade
das condições monopolistas e do
ciclo de negócios esbate-se
ao comparar manuais
de há oitenta anos
aos do pós-2ª GM,
já baseados

em agregados e flutuações macroeconómicas,
e onde tudo quanto os estudantes do princípio
do século XX haviam «penosamente relacionado
e combinado em seu próprio espírito durante
os seus vários cursos» é-lhes agora
apresentado sinopticamente
logo no seu 1º ano do curso! (pp. 517-18)

-:)

------- // -------
(*) Mas hei-de ler os outros!
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-05-21 20:35:38
Há anos que desejava ler a Divina Comédia
e não ousava sem preliminares!

Não foi caso único. Vários autores
são impenetráveis, sem gazua
que os abra.

Sucedeu-me com vários.
Deleuze, Espinosa, Leibniz,
Descartes - Wittgenstein
foi mais rápido! -:) - e
outros.

Dante, foi o caso.

Mas finalmente, li-o e reli-o.
Sem dúvida, habita-se nele.

O Prof. Marques Braga é a tradução recomendável.

Pela semelhança das duas línguas novi-latinas
vale a pena confrontar o texto original.

Mas as notas do tradutor na edição da Sá da Costa,
são um bordão precioso. Os três Cantos,

Inferno
Purgatório
Paraíso


compõem o roteiro universal
da profundidade à eternidade.

E o último verso de cada um dos três Cantos
é a mística unidade da Eterna Luz:

                   *

e daqui, ( ), saímos para tornar a ver as estrelas
(«E quindi uscimmo a riveder le stelle»)
                 
Inf., XXXIV, 139   

e já puro ( ) e disposto a subir às estrelas
(«Puro e disposto a salire a le stelle»)

                Purg., XXXIII, 145

pelo Amor, que move o Sol e as outras estrelas
(«L’amor che move il sole e l’altre stelle»)

                Par., XXXIII, 145
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-05-29 09:56:11
Na História das Doutrinas Económicas de Eric Roll,
muito interessante, surpreendente, como tudo está
in ovo em Sir William Petty (1623-1687),
pp. 85-99, o primeiro a estruturar em
mente lógica, a teoria do valor
e dos salários, assim como
a teoria do lucro ou
excedente,
que na realidade
é uma teoria de renda.

Muito bom.

Vale a pena ler a História
do fim para o princípio -:)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-06-06 19:16:56
Sempre achei este quadro
mais iluminante do que parece:

(https://1.bp.blogspot.com/-0NbhFq7K0Zo/XPlXS1zXGNI/AAAAAAAAAH8/vouW4OkeTksBbnEAfk-A0PsgDfo1jPEAACLcBGAs/s320/Quadro%2Bde%2BQuesnay.jpg)
Título: Re: Livros
Enviado por: vifer em 2019-06-06 19:45:09

Inferno
Purgatório
Paraíso[/i]

compõem o roteiro universal
da profundidade à eternidade.


Nao tem nada a ver com o tema do VBM mas o purgatorio é uma das "invençoes" mais bem sucedidas dos pensadores até á data. Coisa "divina" mesmo.. :o

Citar
Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados,
passam após a sua morte por uma purificação, afim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu.
O purgatório e a purificação final dos eleitos que necessita de piedade Divina, distinta do castigo do inferno.
A tradição da Igreja fala de fogo purificador.
A Igreja recomenda também as esmolas, as indulgências e obras de penitências em favor dos finados
;D
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-06-06 21:29:52
Pois... mas a Divina Comédia
deve ler-se com olhos do saber actual.

Toda a figuração da política e da justiça,
é perceptível na inteligência do nosso século.

Por exemplo, correspondo ao inferno, purgatório,
paraíso, o roteiro dos três géneros de conhecimento:
o dos sentidos de quanto ocorre; o do entendimento
explicativo das coisas segundo o que as causa;
o estádio último de tudo inteligir derivando
as leis causais de um supremo princípio
que as unifique e fundamente.
(É um êxtase!)

O resto não interessa. Temos de entender
o sentido das coisas; optar pelo que é justo.

Há tercetos espantosos na Commedia de Dante!
Vale a pena mergulhar nela -:)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-06-07 12:04:26
(https://1.bp.blogspot.com/-0NbhFq7K0Zo/XPlXS1zXGNI/AAAAAAAAAH8/vouW4OkeTksBbnEAfk-A0PsgDfo1jPEAACLcBGAs/s320/Quadro%2Bde%2BQuesnay.jpg)

Eric Roll (op. cit., pp.120-121) descreve sucintamente os saldos e fluxos
do tableau économique, como se segue:

A classe produtiva e a estéril detêm, respectivamente, stocks iniciais
de 2 u.m. (unidades monetárias) e um volume de artigos manufacturados,
vestuário, equivalentes a 2 u.m.

A produção bruta do período anterior atingiu o equivalente de 5 u.m.,
das quais 2 consistiram em autoconsumo da classe produtora
(alimentos, sementes, etc.), pelo que o produto líquido
do período, o famoso produit net fisiocrático é de

Produto líquido = 3 u.m. = Produto bruto 5 u.m. - Autoconsumo 2 u.m.

Postula-se que o produto líquido se reparte por 2 u.m. de alimentos e 1 u.m. de matérias-primas

As três classes sociais envolvidas no processo económico são

   a classe produtora - trabalha a terra e gera o produit net a distribuir (alimentos e matérias-primas)
   a classe estéril - converte matérias-primas em vestuário
   a classe dos proprietários (landlords) - tem direito a cobrar renda dos que cultivam a terra

No início de um novo período [de distribuição dos bens produzidos],

   1) a classe produtora paga 2 u.m. de renda à classe proprietária;
   2) e vende-lhe 1 u.m. de alimentos;
   3) a classe proprietária compra 1 u.m. de vestuário à classe estéril;
   4) a qual compra 1 u.m. de alimentos à classe produtora;
   5) e vende-lhe 1 u.m. de vestuário;
   6) pelo que a seguir, compra-lhe 1 u.m. de matérias-primas;


Em termos finais,

   a classe proprietária recebe 2 u.m., compra 1 u.m. de alimentos e 1 u.m. de vestuário;
   a classe estéril vende 1 u.m. de vestuário à classe proprietária; compra 1 u.m. de alimentos à produtora;
   vende-lhe 1 u.m. de vestuário e compra-lhe 1 u.m. de matérias-primas; é a classe social que mais comercia,
   ex-aequo com a produtora, a qual finda o ciclo de actividade com a mesma soma de moeda com que o iniciara.
 
 ------------ // ------------

Por muito esquemático nos pareça este descritivo do processo
económico-monetário da produção e distribuição do produto
periodicamente semeado, colhido e transformado, ele
tem a meritória virtude analítica de cingir
a multiplicidade dos dados da realidade
empírica a um modelo explicativo
dos efeitos lógicos da múltipla
actividade económica
em sociedade.

A isto chama-se ciência,
a compreensão do que há e acontece,
o sentido lógico e significante que é possível
atribuir ao universo que nos contém,
na consciência lúcida de em nada
o determinarmos de facto,
antes por ele sermos
determinados.


Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-06-08 08:12:10
É perfeitamente viável fluir o modelo fisiocrático à explicação do valor-trabalho,
identificar a ciência e o engenho humano, a par da natureza,
como causa da fertilidade e produtividade operativa
e logo visualizar o ganho puro dos rendimentos
monopolistas, como depósito do excedente
económico, o produit net, de cada
ciclo produtivo. Tudo o mais
a concorrência equilibra
tendencialmente.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-06-13 19:28:24
Eu continuo com o Eric Roll,
e agora estou no Adam Smith -:).
Lembro: - comecei do fim para o princípio!

O que hoje me impressionou,
no descritivo do trabalho do Adam Smith,
foi a dificuldade que teve de enfrentar
perante a multiplicidade de facetas
dos factos económicos, das quais
teve de distinguir, isolar,
abstrair as que lhe
dessem fundamento
à explicação e propaganda
do conveniente para a riqueza
e prosperidade das nações -:)

E isto fê-lo com muitas dificuldades,
ambiguidades, avanços e retrocessos…

Tudo para que séculos volvidos,
reduzamos as suas reflexões
a meia-dúzia de ideias
simples, aptas a
operarem
num esquema de equações
de um vulgar algoritmo de
de Inteligência Artificial.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-06-15 12:46:46
(https://upload.wikimedia.org/wikipedia/en/thumb/1/14/QuietAmerican.jpg/220px-QuietAmerican.jpg)

Apareceu-me no 'baú'! -:) Estou a acabar. Interessante.
A guerra da Indochina, ainda no tempo dos Franceses.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-06-16 12:36:08
E comecei hoje o Salammbô,
a filha do general cartaginês,
Amílcar Barca! -:)

[Comprado num alfarrabista,
por € 2,50; com uma dedicatória,
«Para ti, da Céu,  1-1-49» -:)]

(https://apollo-ireland.akamaized.net/v1/files/hwdfbdpfwqmu3-PT/image;s=644x461)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-06-21 22:16:53
Cartago, no século III a. C., qualquer semelhança
com repúblicas do século XXI d. C.,
não é mera coincidência...



«Mas este povo, que se sentia odiado, estreitava sobre o coração o seu dinheiro e os seus
deuses, e o seu patriotismo era alimentado pela própria constituição do seu governo.

Em primeiro lugar, o poder dependia de todos, sem que ninguém fosse assaz forte
para o monopolizar. As dívidas particulares eram consideradas dívidas públicas,
os homens de raça cananeia tinham o monopólio do comércio e multiplicando
os lucros da pirataria pelos da usura, explorando inexoravelmente as terras,
os escravos e os pobres, chegavam muitas vezes à riqueza.
Só a riqueza dava acesso a todas as magistraturas;
e conquanto o poderio e o dinheiro
se perpetuassem nas mesmas
famílias, era tolerada a oligarquia,
porque havia a esperança de chegarem a ela.

As sociedades de comerciantes, onde eram elaboradas as leis,
escolhiam os inspectores das finanças, os quais, ao largar
os seus cargos, nomeavam o Conselho dos Anciãos,
que pela sua parte era dependente da grande
assembleia, reunião de todos os ricos.»

Op.cit., "Salammbô", pp 86-87
Título: Re: Livros
Enviado por: Visitante em 2019-06-21 22:56:15
Cartago, no século III a. C., qualquer semelhança
com repúblicas do século XXI d. C.,
não é mera coincidência...



«Mas este povo, que se sentia odiado, estreitava sobre o coração o seu dinheiro e os seus
deuses, e o seu patriotismo era alimentado pela própria constituição do seu governo.

Em primeiro lugar, o poder dependia de todos, sem que ninguém fosse assaz forte
para o monopolizar. As dívidas particulares eram consideradas dívidas públicas,
os homens de raça cananeia tinham o monopólio do comércio e multiplicando
os lucros da pirataria pelos da usura, explorando inexoravelmente as terras,
os escravos e os pobres, chegavam muitas vezes à riqueza.
Só a riqueza dava acesso a todas as magistraturas;
e conquanto o poderio e o dinheiro
se perpetuassem nas mesmas
famílias, era tolerada a oligarquia,
porque havia a esperança de chegarem a ela.

As sociedades de comerciantes, onde eram elaboradas as leis,
escolhiam os inspectores das finanças, os quais, ao largar
os seus cargos, nomeavam o Conselho dos Anciãos,
que pela sua parte era dependente da grande
assembleia, reunião de todos os ricos.»

Op.cit., "Salammbô", pp 86-87

É impressionante a constância da natureza humana, que praticamente nada mudou em 2300 anos! Biologicamente também somos iguais ao que éramos há séculos, embora vivendo em ambientes cada vez mais mutáveis. Isto causa stresses, e eventualmente poderá surgir daqui o travão ao desenvolvimento tal como o conhecemos hoje.
Título: Re: Livros
Enviado por: Reg em 2019-06-21 23:38:00
duvido

as maquinas estam melhores nunca

isto desde revolução industrial deu grande salto mesmo causar stress...

Os ingleses davam muita importância ao comércio (quanto mais comércio havia, maior era a concorrência).

Quando se existe comércio, existe concorrência e para acabar com ela, era preciso baixar os preços. Logo, a burguesia inglesa começou a aperfeiçoar suas máquinas e a investir nas indústrias.


quanto tiver com monopolios ai sim ....coisa fica fraca....vai ser travão ao desenvolvimento

não ha nada pior monopolios para raça humana viver sombra bananeira sem stress.... e lento  desenvolvimento...
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-06-22 07:45:02
Nos livros antigos, aristoteles et alter, está enunciada
a tendência das repúblicas aristocráticas
degenerarem em oligarquias…

Isso sucedeu em Cartago,
a maior colónia fenícia
que de Tiro, Sidon
e Biblos, irradiou

por todo o Mediterrâneo,
do norte d'África à Sicília
Espanha e... Póvoa de Varzim!
- como se comprovava pelas varinas
de há sessenta anos, e suas filhas e netas! -:)

Os fenícios inventaram o alfabeto,
e os Gregos, acrescentaram-lhe as vogais!

(http://www.ancient.eu/img/r/p/750x750/3426.png?v=1485681055)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-06-22 07:59:02
O problema da maquinaria, engenharia numérica, Inteligência Artificial
é o do desemprego das pessoas, o deslocamento do tipo de trabalho requerido,
a grande diminuição da proporção do rendimento do trabalho manual produtivo
no total do rendimento distribuído em que o produto líquido,
o excedente económico bruto anual, acaba por ter de ser
atribuído a uma 'legião' de empregados domésticos,
empregados de café e de hotelaria, motoristas
'uberianos' ou rústicos, engenheiros,
advogados, financeiros,
artistas de circo,
belas artes
e canto,
etc., etc.

Há as migrações, também…

Pode buscar-se uma vida de escravo no estrangeiro,
poupar um pé de meia, dar um curso superior
a filhos ou netos…

Mas para isso, é preciso escapar aos 'bancos maus', vigários
que pululam no meio dos negócios públicos e privados!
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-06-22 08:04:50
Claro, sem esquecer os impostos
e toda a redistribuição de lucros
imposta pela proporção
crescente do trabalho
indirecto e o improdutivo.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-06-22 22:58:31
(https://i.pinimg.com/236x/a8/8e/f3/a88ef3e31961e6d0fc232e9a619d4383--punic-wars-phoenician.jpg)

«O Anunciador-das-Luas, que velava todas as noites no mais alto do templo de Eschmon,
para assinalar com o som da sua trombeta as agitações do astro, avistou uma manhã o quer
que era semelhante a uma ave, roçando com as suas grandes asas pela superfície do mar.

Era um navio com três ordens de remos e tendo na proa a figura de um cavalo. O Sol
ia já subindo acima do horizonte. Anunciador-das-Luas pôs a mão por cima dos olhos,
para evitar-lhe os raios, depois, levou à boca o seu grande clarim e lançou sobre
Cartago estridente som metálico.

No mesmo instante começou a sair gente de todas as casas; ninguém acreditava
a notícia, suscitavam-se disputas por todos os lados e o molhe cobriu-se de povo.
Finalmente, todos reconheceram a trirreme de Amílcar.

(  )

Entretanto, a trirreme, baloiçando por entre os rochedos, contornava o molhe;
e a multidão, que contra o lajedo o não perdia de vista, gritando:

– Salve! Abençoado seja, Olho de Khamon! Vem, salva-nos!
Só os ricos são culpados! Querem a tua morte! Acautela-te, Barca!»

op.cit., pp 101-102
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-06-24 05:22:39
(http://tiooda.com.br/images/militares/amilcar1.jpg)

«Amílcar, esforçava-se por banir do pensamento todas as formas,
todos os símbolos e designações dos deuses, a fim de abraçar melhor
o espírito imutável que as aparências ocultavam. Cada vez se sentia
penetrado pelo quer que era das vitalidades planetárias, ao passo que
encarava a morte e todos os acasos com o maior e o mais íntimo desprezo.
Quando se ergueu estava possuído de serena intrepidez, invulnerável à misericórdia e
ao temor e, como sentisse opresso o peito, subiu ao alto da torre que dominava Cartago.»


op.cit., p.104
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-06-25 11:31:48
(https://www.almadeviajante.com/wp-content/uploads/cartago-02.jpg)

«Mas Amílcar, como um possesso, prosseguia, de pé,
no mais elevado degrau do altar, trémulo e terrível (  )   
 
– Perdereis navios, campos, carros, leitos suspensos e
até os escravos que vos esfregam os pés! Os chacais
dormirão nos vossos palácios, a charrua revolverá os
vossos túmulos! Não se ouvirá aqui senão o grito das
águias, não se verá senão um montão de ruínas.

Hás-de cair Cartago!»


op.cit., p.113
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-06-27 13:08:31
(https://www.venetoinside.com/files/images/hidden_treasures/veneto/2013/Dante.jpg)

«Abre a mente ao que eu te revelo e retém
bem o que eu te digo, que não é ciência
ouvir sem reter o que se escuta.»

                ----- // -----

«Apri la mente a quel ch'io ti paleso
e fermalvi entro; ché non fa scïenza,
sanza lo ritinere, avere inteso.»

         Dante, Par., Canto V, 40-42
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-06-27 16:28:49
(https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSBtiC5eDmdyH2tQ303Vz-XKSjgeAv1vIOB1CdMGleP3cgfrLeS)

Mas na justa proporção dos nossos prémios com os
méritos consiste uma parte da nossa
bem-aventurança, porque vemos que aqueles não
são menores nem maiores do que estes.

Por este meio, a justiça divina purifica os nossos
Afectos, de modo que estes não podem mais
Ser desencaminhados para a nequícia.

Como diversas vozes, na Terra, produzem o acordo
De dulcíssimas notas, assim no Paraíso diversos
Graus de bem-aventurança constituem a doce
Harmonia dos espíritos eleitos.

         Dante, Par., Canto VI, 118-126
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-06-30 15:13:24
(https://st3.depositphotos.com/5002245/18929/v/600/depositphotos_189299268-stock-video-success-arrows-hit-target-luma.jpg)

« ( ) e dizer-te convém qual é o
alvo a que diriges o teu arco».


                      Par., XXVI, 23-24         
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-07-01 17:20:57
«Io veggio che tu credi queste cose
    perch’io le dico, ma non vedi come;
    sic he, se son credute, sono ascose.

Fai come quei che la cose per nome
    apprende ben, ma la sua quiditate
    veder non può se altri non la prome.» 

                          *

«Vejo que crês estas coisas, porque t’as digo,
mas não vês a razão; e por isto,
ainda que as creias, restam-te ocultas.

És como aquele que das coisas aprende
somente a qualidade exterior, mas não vê
a essência se outrem não lhe explica.»



Dante, Par., Canto XX, vv 88 a 93
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-07-13 12:29:09
Cirno, prenhe está esta cidade e receio que vá parir
um homem que endireite a nossa maldosa insolência.
Sensatos são ainda estes cidadãos, mas os governantes
são uns vira-casacas e caíram na total depravação.
Homens nobres, ó Cirno, nenhuma cidade ainda destruíram!
Mas quando a insolência agrada à gente reles, e quando
eles aniquilam o povo e dão sentenças em favor dos injustos
por motivo de seu próprio benefício e poderio,
não esperes que durante muito tempo essa cidade fique tranquila,
mesmo que agora jaza na maior tranquilidade.
Quando agrada aos homens vis que estas coisas aconteçam,
lá vêm os lucros no encalço da desgraça dos cidadãos.

                              *

Cirno, cidade é ainda esta cidade. Os habitantes é que são outros:
pessoas que antes nada sabiam da justiça ou das leis,
mas que esfarrapadas peles de cabra por cima das costelas vestiam
e viviam fora desta cidade como se fossem veados.
E agora são nobres, ó Cirno! E os que antes eram nobres
agora são vis. Quem é que aguenta ver uma coisa destas?
Enganam-se uns aos outros e fazem troça uns dos outros
e não sabem distinguir entre os que são nobres e vis.
Não faças nenhum destes cidadãos, ó Cirno, teu amigo
do peito por causa de nenhuma necessidade.
Mas aparenta pela tua língua seres amigo de todos,
porém com nenhum partilhes qualquer assunto
sério. Pois ficarás a conhecer a mentalidade de homens
miseráveis, porquanto fé nenhuma não há nas suas acções:
eles gostam é de enganos, de traições e de muitas intrigas,
tal como homens que já nada poderá salvar.


Teógnis de Mégara (séc. VI a. C.), in “Poesia Grega – de Álcman a Teócrito”,
org., trad. e notas de Frederico Lourenço, ed. Livros Cotovia, Lisboa, 2006, p. 63-64


(https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcRkE_OjG36Hbvwmctgy4mMVMdY1UjZOcLprPbEUSfOiOA1FeY5T)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-07-16 08:53:25
(https://www.freguesiadefatima.pt/pic/_sapiens_5caf5682b4f9a.jpg)

Ofereceram-me ontem!
Comecei a ler. O 1º capítulo.
Boa! Promete ser muito bom.
(Apesar de abortográfico)
Título: Re: Livros
Enviado por: Automek em 2019-07-16 09:19:42
O Antunes já tinha recomendado esse livro. Tenho-o aqui para ler estas férias. Já o folheei e parece muito bom.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-08-04 19:20:34
(https://render.fineartamerica.com/images/rendered/default/wood-print/6.750/12.000/break/images-medium-5/dante-alighieri-andrea-del-castagno.jpg)

E deves saber que todos estes anjos têm tanto
prazer, quanto mais a sua vista se profunda
na verdade, em que todo o intelecto recebe
apaziguamento.

Daqui se pode ver como se funda,
ser bem-aventurado no acto de ver,
não no amor, que logo o segue;

e o grau de visão é dependente das
obras meritórias, as quais são um fruto
da graça divina e da boa vontade.

         Par., XXVIII, 106-114   
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-08-05 12:15:55
(https://4.bp.blogspot.com/-awq7fvkYsFk/Wcj54kabt7I/AAAAAAAAmzU/sxIwbSFRncQ2-XHCtTkWsJfFnbrSznGTQCLcBGAs/s320/dante-virgilio-guida.jpg)

Censura por ficar a escutar baixezas

«Eu estava com atenção a escutá-los, quando
Virgílio me disse. «Agora continua a ouvi-los
por pouco que não me zango contigo».

Quando vi que me falava irado,
voltei-me para ele tão envergonhado, que
guardo ainda viva a recordação na memória.

Como aquele que sente desejo que o
dano, que no sonho o fez sofrer,
não seja realidade mas sonho;

assim eu, não podendo por vergonha, falar, queria
desculpar-me com palavras, e de facto desculpa-
va-me, mas não acreditava que me justificasse.

Virgílio disse: «Uma vergonha menor
levaria maior defeito do que o teu,
por isso deixa de afligir-te.

Se outra vez acontecer que a sorte te faça
encontrar pessoas empenhadas em litígios como estes,
faz de conta que eu estou sempre a teu lado:

ouvir baixezas é próprio de um ânimo baixo».

                  Dante, Inf., Canto XXX, 130-148
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-09-04 18:39:54
(https://static.fnac-static.com/multimedia/Images/PT/NR/c8/25/10/1058248/1540-1.jpg)

[  ]

Concluí, hoje.
Espantoso!

Uma bíblia do conhecimento actual.

Sempre distingui as pessoas cultas
entre as que tinham ou não
lido uma História Universal.

Tenho de acrescentar o critério
das que consciencializam
ou não o limiar

indeterminado

do fim ou do princípio
da actual ou de uma nova
humanidade...



Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-09-05 06:19:58
Vi ontem a última magistral entrevista da série Imagine 2084 da RTP 3
do Prof José Pedro Serra à cineasta-documentarista Graça Castanheira!

Pedro Serra discorre filosoficamente sobre a ciência, a técnica e a realidade,
com a radicalidade do seu olhar interrogativo do irremediável
lugar do lado de cá do espelho

Na RTP3 todas as sextas-feiras deste verão.

 01 ARLINDO OLIVEIRA
 02 BETH SINGLER
 03 GONÇALO LOPES
 04 JOSÉ SANTOS-VICTOR
 05 ADRIAN CURRIE
 06 LEYLA ACAROGLU
 07 ADAM KAMPFF
 08 PHILIPPE RODRIGUEZ
 09 GRAÇA FONSECA
 10 PAUL MASON
 11 NICK DUNN
 12 JOSÉ PEDRO SERRA


«Doze convidados, em entrevistas individuais, gravadas ao vivo no Centro Cultural de Belém (CCB),
e a exibir na RTP3, a partir do dia 2 de agosto de 2019, arriscam abordagens a partir das suas áreas
de conhecimento – ciências computacionais, sociologia, neurociências, robótica, filosofia, economia,
ecologia, direito, urbanismo, arquitetura – equacionando contextos, hipóteses de futuro, modos
de ser e de estar para as próximas décadas.»
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-12-16 15:13:18
«Certamente a arte de escrever é a mais miraculosa de todas as coisas que o homem imaginou. As Runas de Odin foram a primeira forma da obra de um herói;  os Livros, palavras  escritas, foram ainda mais miraculosas do que as Runas, última forma. No livro jaz a alma de todo o tempo passado, a articulada e perceptível voz do passado; enquanto o corpo do passado, a sua substância material, desapareceram completamente, como um sonho.

Frotas poderosas e armadas, portos e arsenais, cidades vastíssimas, com grandes torres e grandes engenhos, – tudo isso foi precioso e grandioso, mas que ficou de tudo isso? Agamémnon, os numerosos Agamémnon e Péricles, e a sua Grécia, tudo isso passou, de tudo isso ficaram alguns fragmentos, blocos fúnebres e mudos; mas nos livros da Grécia, aí, sim, a Grécia vive para todos os pensadores, literalmente vive, pode ser evocada e chamada à vida.

Nenhuma runa mágica é mais estranha do que um livro. Tudo o que a humanidade fez, pensou, ganhou ou foi; tudo isso dorme como em mágica preservação nas páginas dos livros. Eles são a riqueza predilecta dos homens!»

Thomas Carlyle, Os HeróisOn Heroes, Hero-worship, and The Heroic in History» 1 841),
Trad. de Álvaro Ribeiro, Guimarães Editores, Lisboa, 1956, p. 231

(https://www.livrariafernandosantos.com/wp-content/uploads/2016/07/os-herois.jpg)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2019-12-21 13:25:19
(https://www.gradiva.pt/media/3650/janela-futuro.jpg?anchor=center&mode=crop&width=250&upscale=false&rnd=131733623860000000)

«Não obedecendo a qualquer lógica, nem princípio de equidade,
o sistema fiscal português é um completo caos. É alterado per-
manentemente, gera injustiças e aumenta as desigualdades
que devia combater. Sem coerência, já nem é um sistema,
mas apenas um mecanismo de extorsão de dinheiro ao povo.
As alterações são abruptas e permanentes. Todos os anos,
Cada novo Orçamento de Estado representa uma nova Lei
fiscal. Os cidadãos não conseguem prever o seu rendimento
no ano seguinte, as empresas não investem porque não do-
minam o quadro em que se movem. Esta imprevisibilidade
gera insegurança.»

Paulo de Morais, Janela do Futuro, # Portugal 2016,
Gradiva, Lisboa, 2015, pp. 21-22

Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-02-08 14:01:51
(https://pictures.abebooks.com/LIVRARIACASTROESILVA/22850381094.jpg)

BRUXA, começa a ler, declamando com grande ênfase

             Deves entender!
             De um dez fazer,
             E os dois deixar;
             Os três quadrarás
             E rico serás.
             Os quatro perder!
             C'os cinco e os seis,
             Assim diz a bruxa,   
             Sete e oito conta,
             E 'stá a cousa pronta.
             E nove são um,
             E dez é nenhum.
             Da bruxaria é esta a tabuada.

FAUSTO. Em delírio febril discorre a velha.

MEFISTÓFELES.  Para chegar ao fim falta-lhe muito,
Sei que todo assim reza o livro inteiro!
Desperdicei com ele infindos dias,
Pois a contradição, quando perfeita,
Para sábios e tolos é mistério.
É velha e nova, meu amigo, a arte: -
Com um e três e três e um foi moda,
Em todo o tempo, ir espalhando o erro
Em lugar da verdade. Assim quieto
Se discorre e se ensina; quem quisera
Meter-se com tais parvos? Quase sempre,
Quando vê só palavras, acredita
O homem que um sentido elas encerram.

(Fausto, 2517-2543)


Parece o capitalismo bolsista! -:)
Título: Re: Livros
Enviado por: JohnyRobaz em 2020-02-08 16:17:21
(https://4.bp.blogspot.com/-awq7fvkYsFk/Wcj54kabt7I/AAAAAAAAmzU/sxIwbSFRncQ2-XHCtTkWsJfFnbrSznGTQCLcBGAs/s320/dante-virgilio-guida.jpg)

Censura por ficar a escutar baixezas

«Eu estava com atenção a escutá-los, quando
Virgílio me disse. «Agora continua a ouvi-los
por pouco que não me zango contigo».

Quando vi que me falava irado,
voltei-me para ele tão envergonhado, que
guardo ainda viva a recordação na memória.

Como aquele que sente desejo que o
dano, que no sonho o fez sofrer,
não seja realidade mas sonho;

assim eu, não podendo por vergonha, falar, queria
desculpar-me com palavras, e de facto desculpa-
va-me, mas não acreditava que me justificasse.

Virgílio disse: «Uma vergonha menor
levaria maior defeito do que o teu,
por isso deixa de afligir-te.

Se outra vez acontecer que a sorte te faça
encontrar pessoas empenhadas em litígios como estes,
faz de conta que eu estou sempre a teu lado:

ouvir baixezas é próprio de um ânimo baixo».

                  Dante, Inf., Canto XXX, 130-148

Acabei também há duas semanas de ler a Divina Comédia, é uma obra fundamental para se perceber a faísca cultural e anti-papal que provocou o final da Idade Média e o início do renascimento, e mais tarde a Reforma. É também interessante a importância que a mitologia grega e romana ainda tinham numa altura em que a Igreja era absolutista, e o respeito que ainda assim foi mantido em relação aos Grandes Poetas, dos quais o seu predilecto acompanhante de viagem até à entrega à sua amada Beatriz, o grande Virgílio, tem grande destaque como mentor do próprio Dante.
No entanto, esses versos não me parecem os da edição que li, do Vasco Graça Moura. Leste outra diferente, vbm?
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-02-08 17:25:10
Sim, Robaz! Eu li a do Vasco Graça-Moura e depois
a do Prof. Marques Braga, editada pela Livraria Sá
da Costa. É possível que a do Graça-Moura se atenha
mais estritamente à literalidade do original, mas para
mim, gostei muito mais da do Marques Braga por ser
claramente mais inteligível. Fiquei maravilhado com
o poema, e o subtil câmbio da expressão e das palavras
nas transições do Inferno ao Purgatório e deste ao Paraíso!
Há muitos anos que tencionava ler Dante! Tal como me
aconteceu com outros literatos e filósofos, não é à primeira
que se mergulha em cada um desses universos de pensamento
e compreensão do mundo. Agora, estou de novo a tentar Goethe,
e ainda irei a Virgílio, Boccaccio e Ariosto. Homero, com a ajuda
do Frederico Lourenço foi um acontecimento mais conseguido
do que o alcançado, pela prosa, das edições da Sá da Costa!
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-02-08 17:29:44
Mas, Robaz, a Commedia lê-se e relê-se
e vale cotejar com a versão original em italiano.
Jorge Luís Borges tem uma confissão empolgante
da sua experiência de (re)leitura da Divina Comédia!
Título: Re: Livros
Enviado por: JohnyRobaz em 2020-02-09 13:19:45
Mas, Robaz, a Commedia lê-se e relê-se
e vale cotejar com a versão original em italiano.
Jorge Luís Borges tem uma confissão empolgante
da sua experiência de (re)leitura da Divina Comédia!

Sim! Tenciono ler os Nove Ensaios Dantescos do Borges, agora que li a Comédia! Isso e os ensaios do TS Eliot!

Eu, apesar da dificuldade que admito ter tido a ler esta obra, pois não é propriamente um romance em prosa, gostei imenso da edição do Graça Moura, e dou imenso valor a ele ter conseguido manter a forma poética original, as rimas, etc, mesmo havendo algumas "aldrabices" inevitáveis como passagem de palavras para os versos seguintes para o conseguir fazer. Mas é de louvar. E ter ali ao lado a versão italiana também ajuda a compreender o sentido dos versos nessas "aldrabices".

Também li os 2 do Homero do Frederico Lourenço, que também gostei muito. A edição da Eneida do Virgílio da Bertrand, que li, é que já é em prosa adaptada, pois na altura não havia, e creio que ainda não há, versão traduzida em poema. mas gostei muito também, e é importante para se perceber a 100% muita coisa abordada pelo Dante na Comédia, tal como outras obras que não li, como as Metamorfoses do Ovídio, por exemplo.

Mas agora se voltar a ler a Comédia será um dia mais tarde,
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-02-09 15:00:51
A Temas & Debates (1997) tem a Eneida de Virgílio em verso traduzida pelo Agostinho da Silva.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-02-09 15:07:17
Olha o que Jorge Luís Borges diz sobre a Commedia:

(Como ler a Divina Comédia)

Numa página estava o texto italiano e na outra o texto em inglês, vertido literalmente.
Imaginei este modus operandi: lia primeiro um versículo, um terceto, em prosa inglesa;
a seguir lia o mesmo versículo, o mesmo terceto, em italiano;
ia avançando assim até chegar ao fim do canto.
Então lia todo o canto em inglês e depois em italiano.

Nesta primeira leitura compreendi que as traduções não podem ser
um mero sucedâneo do texto original.

A tradução, de qualquer modo, pode ser um meio e um estímulo para
aproximar o leitor do original; (...)

Logo observei então que os versos,
sobretudo os grandes versos de Dante,
são muito mais do que aquilo que significam.

O verso, entre muitas outras coisas,
é uma entoação,
uma acentuação muitas vezes intraduzível.

Quando cheguei ao auge d’«O Paraíso»,
quando cheguei ao Paraíso deserto,
aí, nesse momento,
em que Dante é abandonado por Virgílio
e se encontra sozinho e o chama,
nesse momento senti
que podia ler directamente o texto italiano
e só olhar de vez em quando para o texto inglês.

Li assim os três volumes nessas lentas viagens de eléctrico.
Depois li outras edições.

Li muitas vezes a Comédia.
A verdade é que não sei italiano,
não sei outro italiano senão
o que me ensinou Dante ( )

Lia todas as edições que encontrava
e distraía-me com os diferentes comentários,
as diferentes interpretações dessa obra multifacetada.

Verifiquei que nas edições mais antigas
predomina o comentário teológico;
nas do século XIX o histórico,
e actualmente o estético,
que nos faz notar
a acentuação de cada verso,
uma das maiores virtudes de Dante.
(...)
Se escolhi a Comédia ( ) é porque sou um homem de letras
e creio que o ponto auge da literatura e das literaturas é a Comédia.
Isto não implica que coincida com a sua teologia
nem que esteja de acordo com as suas mitologias.
Temos a mitologia cristã e pagã baralhadas.
Não se trata disso. Trata-se que nenhum livro
me proporcionou emoções estéticas tão intensas.
E eu sou um leitor hedonista, repito-o;
procuro emoção nos livros.


(JL Borges, Sete noites, in Obras Completas, Vol. III, Círculo de Leitores, 1998), (pp. 214-5; 224)
Título: Re: Livros
Enviado por: JohnyRobaz em 2020-02-09 15:09:02
A Temas & Debates (1997) tem a Eneida de Virgílio em verso traduzida pelo Agostinho da Silva.

Fui enganado pelo livreiro então!

Fui pesquisar e há outra edição com mais obras traduzidas por ele do Virgílio, incluindo a Eneida:

https://www.wook.pt/livro/bucolicas-georgicas-eneida-virgilio/12964016 (https://www.wook.pt/livro/bucolicas-georgicas-eneida-virgilio/12964016)

Talvez um dia decida reler em formato poético!
Título: Re: Livros
Enviado por: Automek em 2020-02-09 16:20:42
Por falar em tradutores, que muitas vezes são ignorados, excepto em obras de grande relevo, recentemente li o Oliver Twist com tradução do Paulo Faria e é extraordinária. As palavras todas certas, no sitio certo, encaixadas de forma perfeita, a permitir uma fluidez de leitura extremamente agradável, num texto que, não sendo dificil, também não é de linguagem corrente.
Há traduções em que uma pessoa parece que está sempre a "engasgar-se" na leitura, apesar da tradução estar correcta do ponto de vista da simples tradução (o "by the book"). Como temos uma lingua extremamente rica em sinónimos, a tradução à letra, esquecendo o resto da frase, não tem comparação com uma tradução em que todo o texto, todo o sentido da frase, é considerado pelo tradutor para escolher o melhor sinónimo dentro dos disponíveis.
É uma maravilha quando se apanha uma pessoa competente neste aspecto (e provavelmente é coisa pouco valorizada pelos leitores e, consequentemente, pelos editores).
Paulo Faria. É um nome a fixar.
Título: Re: Livros
Enviado por: JohnyRobaz em 2020-02-09 17:12:10
Por falar em tradutores, que muitas vezes são ignorados, excepto em obras de grande relevo, recentemente li o Oliver Twist com tradução do Paulo Faria e é extraordinária. As palavras todas certas, no sitio certo, encaixadas de forma perfeita, a permitir uma fluidez de leitura extremamente agradável, num texto que, não sendo dificil, também não é de linguagem corrente.
Há traduções em que uma pessoa parece que está sempre a "engasgar-se" na leitura, apesar da tradução estar correcta do ponto de vista da simples tradução (o "by the book"). Como temos uma lingua extremamente rica em sinónimos, a tradução à letra, esquecendo o resto da frase, não tem comparação com uma tradução em que todo o texto, todo o sentido da frase, é considerado pelo tradutor para escolher o melhor sinónimo dentro dos disponíveis.
É uma maravilha quando se apanha uma pessoa competente neste aspecto (e provavelmente é coisa pouco valorizada pelos leitores e, consequentemente, pelos editores).
Paulo Faria. É um nome a fixar.

Concordo, o tradutor é por vezes quase um segundo escritor.
Título: Re: Livros
Enviado por: Zenith em 2020-02-09 19:14:53
J. L com o texto original. Borges que parecia ser uma biblioteca feita homem dizia que os tradutores podem tomar algumas liberdades, já que em cada idioma foi sendo construído com base em formas de sentir e compreender o mundo que nunca são totalmente coincidentes. Acredita que algumas vezes a tradução pode superar o original em que dá alguns exemplos

Citar
No soy de aquellos que misticamente prejuzgan que toda
traduccion es inferior al original. Muchas veces he com-
probado, o he podido sospechar, lo contrario. Los evi-
dentes calembours en que abunda el "Orticulo manual"
de Gracian (Milicia es la vida del hombre contra la mali-
cia del hombre: lo que este sigue, el otro persigue) lo hacen
muy inferior al Gracians Handorakel de Schopenhauer,
que, al prescindir de tales juegos, logra disimular el trivial
origen fonetico de las "ideas" que propone. Hacia 1827,
De Quincey tradujo al ingles el " Laocoonte" de Lessing;
he confrontado ambos trabajos; el texto ingles es mas ur-
bano y mas elocuente. Asi tambien, las prolijas versiones
literales de las 1001 noches (Lane, Burton, Mardrus, Litt-
mann) insintian e imponen la sospecha de que el resumen
de Galland es harto superior al texto arabe. No nos asom-
bren tales hechos; presuponer que toda recombinacion de
elementos es necesariamente inferior a un arreglo previo
es presuponer que el borrador 9 es necesariamente infe-
rior al borrador H ya que no puede haber sino borrado-
res. El concepto de texto definitivo no corresponde sino a
la superstition o al cansancio.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-02-15 17:09:25
Aqui vai, uma bela (en)cena(ção)
de teoria política monetária
-:)

IMPERADOR. Que propício destino aqui te trouxe
Dos encantos das Mil e Uma Noites?
Se tão fértil és qual Scherazade,
Estás do meu agrado bem seguro.
Acode pronto, quando o mundo de hoje,
Como sucede a miúdo, me aborreça!

MARECHAL (entra apressadamente.)
Sereníssimo, nunca em vida minha
Julguei novas trazer tão prazenteiras
Como as que ora de júbilo me inundam
E na tua presença me transportam!
Saldadas ‘stão s dívidas, té a última,
Desarmadas da usura as cruas garras,
Liberto eu de uma infernal angústia;
No empíreo não há mais alegria!


CONDESTÁVEL (logo após.)
Pago em dia o seu saldo têm
                           [as tropas,
Contratado outra vez está o exército,
Cada soldado sente sangue novo,
Taverneiros e moças o conhecem.


IMPERADOR. Como largo respira o peito vosso!
Do confrangido rosto as rugas fogem!
Apressados entrais!


TESOUREIRO-MOR (que ali se acha.)     
           Pergunta a este,   
Pois obra sua é tudo!


FAUSTO.                Expor o caso
Ao chanceler pertence.


CHANCELER (entra pausadamente.) O fim da vida
Ditoso dizer posso! – Ouvi, e vede
A fatídica folha que as misérias
Em riqueza abundante há transformado.

         (Lê:)

Saber fazemos nós a quem pertença
Que vale mil coroas esta nota.
Para penhor seguro, destinamos-lhe
Os tesouros no Império soterrados.
Mandado está que sirva ao pagamento
Esse valor em breve à luz trazido.»


IMPERADOR. Grande crime receio, burla imensa!
Quem contrafez ousado a firma augusta?
Atentado tamanho impune fica?


TESOUREIRO-MOR. Recorda-te! : Tu mesmo o assinaste
Esta noite passada! Eras vestido
De grande Pã! O chanceler connosco
Falou-te assim. «Da pena com dois traços,
Outorga o que será júbilo imenso
E salvação do povo!» A assinatura
Bem distinta firmaste, mil artistas
Logo a multiplicaram. Por que chegue
A todos o proveito, em continente,
Toda a série estampámos: temos prontas
Notas de dez, de trinta, de cinquenta,
De cem. Quanto lucrou com isso o povo
Nem tu sabes! Olha a cidade, há pouco
Como em sono de morte sepultada:
Revive tudo, goza, alegre folga!
O teu nome, que há muito o mundo preza,
Jamais com tanto amor fora saudado.
O alfabeto agora é já supérfluo:
Com esta firma só, tudo é ditoso.


IMPERADOR. E para o meu bom povo, isto val ouro?
Serve à corte, ao exército de paga?
Devo, embora me espante tolerá-lo.


MARECHAL. Impossível seria os fugitivos
Novamente colher, que se espalharam
Como o raio veloz, por toda a parte.
Abertas sem cessar, casas de câmbio
A ouro ou prata trocam cada nota,
Com desconto. Dali corre-se aos talhos,
Aos padeiros, às tendas: meio mundo
Só parece pensar em lautas mesas,
Em adornos custosos o outro meio.
Aqui vendem-se telas, além cortam-se;
«Viva o Imperador!» soa nas ruas;
Nas tavernas rescendem os assados;
Dos pratos ao tinir, saltam as rolhas.


MEFISTÓFELES. Quem sozinho passeia nos terraços,
Muita beldade vê, trajando galas,
De penas de pavão nos ricos leques
Meio rosto ocultando. Com sorrisos
Olham as notas mágicas. Mais pronto
Que com voz eloquente ou vivo engenho,
O supremo prazer de amor se alcança.
Ninguém com bolsas de ouro se incomoda:
Uma nota no seio entra tão fácil,
C’uma carta de amor tão bem se junta...
O padre no breviário as traz devoto;
Para marchar mais rápido, o soldado
Da pesada cintura os rins liberta.
Perdoe a Majestade, se pareço
Destarte rebaixar tão grande assunto!


FAUSTO. O cabedal imenso que sem giro
No solo de teus reinos se acoberta
Inútil jaz. A mente mais ousada
Tão colossal riqueza a custo abrange;
No seu voo mais altivo a fantasia
Fatiga-se e não chega a concebê-la;
Espíritos porém, no ver profundos,
Confiança infinita depositam
No que não tem limites.


MEFISTÓFELES.   Em vez de ouro,
De pérolas em vez, um papel destes
É tão cómodo!: Vejo num momento
Quanto possuo; de trocas nem contratos
Para isso careço, amor e vinho
Gozo a meu belprazer. Metal desejas?
O cambista está pronto, e, se não basta,
Escava pouco tempo: grilhões, taças
Em hasta são vendidos; prontamente
Se amortiza o papel e é castigado
Do insolente cétptico o escárnio.
Ninguém quer outra coisa, costumaram-se.
De ora àvante nas terras do Império
Ouro, jóias, papel temos a rodo.


IMPERADOR. Tão grande bem vos devem meus Estados;
Seja a paga ao serviço acomodada:
Entrego-vos do solo as profundezas,
Dos tesouros sereis dignos custodes.
Conheceis o jazigo recatado
E vasto. Quem quiser fazer pesquisas,
Tenha licença vossa. Tesoureiros,
Reuni-vos, de vosso novo cargo
Alegres revesti as dignidades,
Fundindo em harmonia proveitosa
O mundo subterrâneo c’o superno


TESOUREIRO-MOR. Dissenções entre nós jamais, que muito
Ganho em ter por colega o feiticeiro!

   (Sai com Fausto.)

J. W. Goethe, Fausto, Trad. de Agostinho de Ornelas (1867),
Reimpressão da nova edição ao cuidado de Paulo Quintela,
Atlântida, Coimbra, 1958, vv 5952-6065
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-02-18 15:24:48
(https://s3.amazonaws.com/arc-wordpress-client-uploads/infobae-wp/wp-content/uploads/2017/09/15155917/Psicologas-nota-Biscia-3.jpg)

«É a mulher mitológica um ser único:
 Como lhe apraz, o poeta no-la mostra;
 [ ]
 A essa forma única, essa essência
 Imortal que com Deus rivaliza;
 Tão grande como meiga; tão sublime
 Como terna e amável? Tu a viste
 Outrora; eu vi-a hoje, tão formosa
 Como cheia de encantos, tão formosa
 Quão loucamente fora desejada!
 O meu ser, minha mente estão cativos:
 Já, sem a conseguir, viver não posso!»

                                   [ ] estás apaixonado
 Entre humanos, porém entre os espíritos
 É loucura o que sentes. [ ]

                                         [ ]prece ardente
 Dirige sem cessar a [Esculápio]
                                  [ ] em breve espaço
 Co'a virtude dos símplices te sara.
 [ ]
 Potente é o meu pensar, não quero cura.
 [ ]
                                       Aquele eu amo
 Que o impossível quer.»

-:)

Goethe, Fausto, vv 7398-99;
 7410-21; 7424-25; 7430-33; 7459-60
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-03-04 17:51:49
Uma das mais notáveis
passagens do Fausto:

(https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn%3AANd9GcSZul_lcH1yZMIVmV_C43ADd9lLgmJqu4EzQrjC5d9RPxVG5PGV)

Com teu rir descarnado tu, caveira,
Que me dizes, senão que em outro tempo,
Como o meu, delirou teu pobre cérebro,
A luz do dia procurou, com vasto
Desejo de verdade, e vagou triste
Em deprimente, lúgubre crepúsculo?
Com essas molas, rodas, alavancas
Escarneceis de mim, vós instrumentos.
Ante as portas estive a que devíeis
Servir de chaves, engenhoso é, certo
O mecanismo vosso; mas corrê-lo,
O pesado ferrolho, não soubestes.
Amante do mistério, à luz do dia,
Não deixa despojar-se a natureza
Do seu escuro véu, e o que ao espírito
Não quiser revelar-te, nem com hélices
Lho arrebatas, nem com alavancas.
Antigos utensílios, que não uso,
Jazeis aqui porque a meu pai servistes,
E tu, polé vetusta, enegreceste
Tanto há que na branca tem ardido
A amortecida lâmpada. Mil vezes
Antes a pobre herança haver disperso,
Do que penar aqui, com este pouco
Oprimido! O que herdaste de avoengos,
Para chamá-lo teu, de novo o ganha!
O que não se aproveita é grave carga,
E só nos serve o que o momento of’rece.


Goethe, Fausto, vv 684-711.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-03-04 19:21:05
O norueguês Erling Kagge, faz este elogio
a Elon Musk, in "Silêncio na Era do Ruído",
Quetzal, Lisboa, 2017, p.99:

«Musk é particularmente bom a usar o que se chama
o primeiro princípio: em vez de se apoiar em ideias
feitas, descobre aquilo que é fundamentalmente verdadeiro,
de forma a raciocinar a partir dessa base. Ele desliga-se do mundo.
faz isso em oposição ao modo normal de funcionamento: ouvir o que
os outros dizem ser possível e trabalhar a partir daí.»
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-03-06 06:25:11
Outra passagem notável, do Fausto

Da Medicina o fundo, sem trabalho
Se pode compr’ender: – Todo o Universo
Estudais, para alfim deixar que ande
Como a Deus aprouver. Perdeis o tempo
Em doutos devaneios engolfando-vos,
Ninguém aprende mais que aprender pode;
Sábio é quem se vale do momento.
Não me par’ceis mal feito, e ousadia
Decerto vos não falta; se em vós mesmo
Tiverdes confiança, os outros homens
Em vós confiarão. Deveis mormente
Saber levar as lindas senhoritas!
Suas queixas sem fim, seus mil achaques
Com um remédio único se curam;
E se sabeis salvar as aparências,
Na mão as tendes todas. Honorífico
Título lhes demonstre que ciência
Possuís que a de muitos mais profunda;
Assim, logo ao entrar, venceis obstáculos
Em que outro levara uns poucos de anos;
Aprendei a apalpar-lhes o pulsinho,
E com olhar de fogo ide apalpando
A cintura gentil, a ver se acaso
Demasiado aperta o espartilho...

ESTUDANTE. Isso é outro falar!... Já ‘stou contente
Já percebo melhor o como e o quando.

MEFISTÓFELES. Pálida, amigo, é toda a teoria,
Mas a árvor’ da vida é verdejante.

Op. cit., vv. 1999-2026

Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-03-08 20:09:59
E proximamente, será este, que me ofereceram,
e não deve ficar atrás da espantosa narrativa,
memória política, dos cinco meses
de negociação com a União
Europeia em 2015.

(https://img.wook.pt/images/os-fracos-sao-os-que-sofrem-mais-yanis-varoufakis/MXwxODY4MDkxMnwxNDQwMDE0NnwxNDczNzIxMjAwMDAw/250x)

Descreve o sistema económico desde agosto 1971,
quando o dólar se desligou do ouro, o que acabou
por abrir caminho à crise de petróleo de 1973,
em que o mundo nunca mais voltou a ser
o que era. Acabados os anos gloriosos
da reconstrução no pós-guerra
e destituídos os acordos
de Bretton Woods,

a Europa encetou
uma pseudo caminhada no sentido da união,
económica e monetária, mas assente numa falsa,
fictícia prosperidade partilhada, que não passou
de um esquema piramidal de dívida dos países
pobres (os PIGS) face aos grandes exportadores
dos países ricos, cujos empresários sempre
venderam tudo com ou sem utilidade
nenhuma, através de seguros
e garantias de Estado
à exportação, ainda
que a insolventes!

Na base desta assimetria desequilibrada
de comércio e pagamentos, «Os mais fortes
fazem o que podem, enquanto os mais fracos
fazem o que devem» - como já dizia Tucídides
há dois mil e quinhentos anos! Ou. como dizia
Salazar em axioma mais lapidar, «Manda quem
pode, obedece quem deve.» Chega-se a algum lado
neste confronto? Obviamente, não. Ridiculamente,
emprestam mais e mais dinheiro aos devedores
para que não deixem de pagar nos devidos
vencimentos. Uma mascarada, própria
do «Rei Vai Nu» como salta aos olhos
com as taxas de juro negativas.

É o que dá cunhar moeda sem amarra de reserva de valor.
O adeus ao ouro, é o adeus ao euro, e nem o dólar
adoptado por Nixon em 1971,
vale meio pataco furado!


[De qualquer modo, é o que me suscita
a capa e a contracapa do livro, cuja
leitura só encetarei a sério,
depois da 'habit(u)ação'
em que estou na
casa de Fausto
de Goethe -:)]
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2020-03-11 20:58:36
https://leyaonline.com/pt/livros/romance/micropolis-ebook/?fbclid=IwAR2YlOt6OHpWvLsJXTqhAr3W-NITmfp5uDfF5h-202IbFTxqyFvvPGOR2bQ

Para desenjoar do vírus porque nao uma agradável leitura online? Do José Lopes ...contista e microficionista!
Diria que sao 10 euros bem investidos com retorno garantido! ;)

Micropolis by Jose Lopes Coutinho
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-03-14 10:51:54
"O turbilhão inteiro ao cimo tende,
E julgas impelir, quando te impelem."

   op. cit.,vv 4070-4071
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-03-20 09:23:34
                 
                    «Que fazeis, pobres tontos? Que loucura!
                    Isto tudo é fingido, é mascarada:
                    Nem outra coisa pode hoje esperar-se;
                    Pensastes que vos davam ouro fino?
                    Tentos, em farsa tal, demais seriam.
                    Ó néscios! aparência sedutora
                    Há-de ser logo sólida verdade?! 
                    Que vos serva a verdade? Torpe embuste
                     'Stais prontos a abraçar por toda a parte.
                    Ó disfarçado Pluto, herói de máscaras,
                    Tu me varre daqui todo este povo!»

                                             op. cit., vv 5639-5649
Título: Re: Livros
Enviado por: du Lac em 2020-03-21 16:21:05
The Rise and Fall of the Great Powers - Paul Kennedy
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-03-24 08:15:25
Ontem, o Yuval Noah Harari, entrevistado creio pela BBC, numa transmissão da RTP 3,
enunciou a verdade futura versus a experiência histórica em matéria de pandemias:
- Sempre a humanidade conheceu surtos epidémicos a flagelar populações;
a enorme diferença entre o actual Covid 19 e a peste negra do séc. xiv
é o conhecimento científico sobre a doença; na idade média,
ninguém fazia a mínima ideia das causas da doença,
hoje em dia, quase de imediato, o vírus
foi detectado, identificado e
conhecido o seu genoma;

ambas epidemias, ao do século xiv como a do xxi, a pandemia foi global;
na primeira, metade da população asiática sucumbiu à peste, na europa, matou um terço!
Houve um diferença, porém, a primeira demorou um par de anos a alastrar, a de agora um par de meses.

Que ensina isto? Que devemos erigir fronteiras entre os povos?
Responde: Não. Não é possível. Não existem. Os humanos são gregários.

Como combater então?

Traçando uma fronteira entre os humanos e os vírus patológicos.

Como?

Mal haja a manifestação de um foco infeccioso num ponto do planeta,
em vez de permitir que o poder político local sucumba ao medo espernçoso
de que o que está acontecer não seja uma catástrofe e tente destituir e esconder
o que está suceder, estabelecer uma rede internacional de confiança entre todos os países
do mundo, por forma a que nenhum se sinta isolado a braços com a crise, e animado
pela solidariedade internacional, conte de imediato coma ajuda científica, médica,
sanitária e financeira da organização mundial de saúde, das nações unidas,
do pronto auxílio médico imediato de outros países, todos
enfrentando a doença como um problema mundial
de fechar rápido fronteiras entre
os humanos e o vírus.

Assim se fez, por exemplo,
no caso do ébola, atalhado
à nascença, no berço geográfico
em que ocorreu o surto original.

Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-03-26 18:31:42
          Quem, à casa apegado, nobre tesouro guarda,
          E sabe cimentar da alta morada os muros
          E proteger das águas da chuva o telhado,
          Esse pode fruir de boa e longa vida;
          Mas quem com passos levianos, temerários,
          A sagrada linha do umbral da casa passe,
          No regresso dará com o mesmo lugar,
          Mas tudo está diferente, ou mesmo destruído.

                (Fausto, vv. 8974-81)
Título: Re: Livros
Enviado por: Local em 2020-03-28 01:07:48
Tenho estado a ler o D. Quixote De La Mancha.
É engraçado e, apesar de muito grande, lê-se muito bem.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-03-28 09:09:14
É um prazer, o Dom Quixote. E há dele um ballet cubano, belíssimo!
Tive-o gravado, e comparado com o de outros países, era o mais belo.
Mas já não tenho a gravação, e creio não a consigo no You Tube.
Hei-de tentar de novo.

post scriptum:- Encontrei, se não erro. É de 2007.
Mas só dão pequenas cenas. Bela, é a gravação inteira,
a história com os seus episódios mais notáveis.
Mas essa tinha-a, no Meo, mas já não.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-03-28 13:10:47
(https://i0.wp.com/charlezine.com.br/wp-content/uploads/pergaminho.jpg?resize=300%2C318)

«A todo o homem que tiver feito algum trabalho,
paga-lhe logo o salário, e nunca fique,
um instante, em teu poder
a paga do trabalhador.»


Tobias, 4, 15
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-04-10 00:47:24
(http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:-XjhhHN4DAVmgM:http://slowdown.pixelzine.com/champanhe.jpg&t=1)(https://www.webhotel.com.pt/00021001/imagens/vela-site-1.jpg)


«— Comme ils aimaient cette bonne chambre pleine de gaieté, malgré sa splendeur un peu fanée!
Ils retrouvaient toujours les meubles à leur place, et parfois des épingles à cheveux qu’elle avait oubliées,
l’autre jeudi, sous le socle de la pendule. Ils déjeumaient au coin du feu, sur un petit guéridon incrusté
de palissandre. Emma découpait, lui mettait les morceaux dans son assiette en débitant toutes sortes
de chatteries; et elle riait d’un rire sonore et libertin quand la mousse du vin de Champagne
débordait du verre léger sur les de ses doigts. Ils étaient si complètement perdus
en la posséssion d’eux-mêmes, qu’ils se croyaient là dans leur maison
particulière, et devant y vivre jusqu’à la mort,
comme deux éternels jeunes époux.»

Gustave Flaubert, Madame Bovary,
Preface, notes et dossier par Jacques Neefs,
Paris, Librairie Générale Française,
Le Livre de Poche, 2008

Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-04-12 19:56:45
(https://1.bp.blogspot.com/-VmMj_kWJGqM/W6KDuQcCApI/AAAAAAAAAE4/cki3pxOCoJ8a2HMmqz7p1mdMmBjs1jE9QCLcBGAs/s320/Ludwig_Erhard1.jpg' rel='image_src)

Ludwig Erhard (1897-1977)

Retomo o ministro Ludwig Erhard, para me interrogar no seu exemplo n'Alemanha,
o que haja de acontecer, como se há-de proceder, se tudo descambar numa ruptura
inflacionária, queda de bolsa, mercado negro, desemprego volumétrico no comércio,
nos serviços, na indústria. Vou imaginar, como se estivesse a sonhar! O dinheiro, com
as falências em cascata, os preços nominais na estratosfera, será objecto de reforma
monetária, reduzindo os múltiplos zeros, dividindo tudo por mil ou dez mil, o que for tido
por adequado. Os produtos continuarão ou subtraídos do mercado ou dispostos à venda,
mas por preços incompatíveis para a maioria das bolsas. Permitida a livre concorrência,
pois os preços treparão de novo quase até à lua, até que acabem por ir cedendo por haver
quem se disponha a vender por menos. Iniciada tal cedência, rápido a intermediação a
potenciará no sentido da baixa, até à sanidade dos equilíbrios salários/preços/custo de vida.
Tudo encolherá e  voltará a crescer, num sentido mais razoável do que o do consumismo desenferado
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-04-21 19:57:47
(https://cdn.custojusto.pt/api/v1/adimgs/images/6171847533-livro-washington-d-c-gore-vidal-dom-quixote.jpg?rule=play)

«Peter era frequentemente capaz ( ) de esquecer
por longos momentos aquilo que sabia ser o problema da humanidade:

que as gerações de homens surgiam e desapareciam e eram eternamente
não mais do que bactérias sobre a lâmina bem iluminada de um microscópio,

e que a queda de uma república ou a fundação de um império
— tão significativas para aqueles que nelas estavam envolvidas —
não são detectáveis na lâmina,

nem sequer quando há um olho interessado a observar perseverante proliferação das espécies,
que desaparecerão com o tempo ou que, com sorte, se transformarão em qualquer outra coisa,

porque a mudança é a natureza da vida e a sua esperança.» (p. 338)

Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-04-21 20:01:19
— «Fomos sempre governados por gorilas
e as nossas queixas são apenas guinchos de macacos...»

op.cit
., p. 304

Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-04-29 12:43:24
(https://1.bp.blogspot.com/-En16QcjuM1Q/Xqlnxs9SIPI/AAAAAAAAALM/Zv7AfjpOm8c1JlvJSsG0iOuAddAYk3kqQCNcBGAsYHQ/s320/P4290005.JPG)

Recebido hoje pelo correio postal,
esta preciosidade vinda
de um alfarrabista de
Sever de Vouga,
por meros
€ 4,50.


«Não se pode augmentar os salarios senão augmentando o producto do trabalho e nunca diminuindo esse producto. O salario de toda a população operaria é constituido pelo producto total, depois de descontados a renda, o juro e os impostos. Os operarios de Lancashire ganham altos salarios, porque empregam machinismos, que podem executar uma quantidade imensa de trabalho relativamente ao numero de braços empregados. Se recusassem servir-se de machinas, teriam que fiar o algodão á mão como succede aos pobres habitantes de Cachemira. Se não houvesse uma unica machina na Inglaterra, os seus habitantes seriam quasi todos tão pobres como ainda ha pouco o eram os trabalhadores agricolas de Wiltshire.»

Stanley Jevons (1835-1882), Professor da Universidade de Londres,
Economia Política, Trad. revista por Agostinho Fortes,
Edição da Typographia de Francisco Luiz Gonçalves,
Rua do Alecrim, 80-82, Lisboa, 1909, p.95


-:))
Título: Re: Livros
Enviado por: JoaoAP em 2020-04-29 20:18:51
Não será bem nos conteúdos que me lembro de ter lido no passado, mas fica bem aqui:
por pouco tempo... e pouco dinheiro se quiserem ter em cada ... em papel.

Springer has released 65 Machine Learning and Data books for free
Springer has released hundreds of free books on a wide range of topics to the general public. The list, which includes 408 books in total, covers a wide range of scientific and technological topics. In order to save you some time, I have created one list of all the books (65 in number) that are relevant to the data and Machine Learning field.

Among the books, you will find those dealing with the mathematical side of the domain (Algebra, Statistics, and more), along with more advanced books on Deep Learning and other advanced topics. You also could find some good books in various programming languages such as Python, R, and MATLAB, etc.

If you are looking for more recommended books about Machine Learning and data you can check my previous article about it.

https://towardsdatascience.com/springer-has-released-65-machine-learning-and-data-books-for-free-961f8181f189
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-05-01 12:57:44
                           «CAPITULO I
                          INTRODUCÇÃO

     1.  O que é a economia política ? – A economia política trata da riqueza das nações; procura as causas que tornam uma naçáo mais rica e mais próspera do que outra. O seu fim é ensinar o que é preciso fazer para diminuir, tanto quanto possível, o número dos pobres, e guiar cada um no sentido de tirar do seu trabalho a melhor compensação. Outras sciencias ha, sem dúvida, que nos auxiliam a chegar a fins análogos. A mecânica ensina-nos a procurar a força e a utilisál-a no trabalho das machinas. A chimica dirige-nos na descoberta de substâncias uteis, ensina-nos, por exemplo, como se extrahem dos residuos da fabricação do gaz magnificas tintas, perfumes e oleos. A astronomia é indispensável para a navegação dos oceanos. A geologia guia-nos na busca da hulha e dos metaes.

    Diversas sciencias sociaes são também necessarias para o progresso do bem-estar da Humanidade. A jurisprudência trata do direito legal ds gentes e da maneira de melhor o definir e assegurar com leis justas. A philosophia politica estuda as differentes fórmas de governo e as suas vantagens relativas. A medicina procura as causas das doenças. A estatistica reune todos os factos que interessam o Estado ou a communidade. Todas estas sciencias nos ensinam a ser mais fortes, mais ricos, mais sabios.
                                 
    Mas a economia politica distingue-se entre todas. Trata propriamente da riqueza; procura saber em que ella consiste, ensina o melhor meio de a consumir, quando alcançada, e o modo como podemos aproveitar todas as outras sciencias, para a adquirir.

    Muita gente accusa a economia politica de não tratar senão da riqueza.

    Ha, dizem, muitas coisas melhores do que a riqueza, taes como: a virtude, os affectos, a generosidade. Desejariam ver-nos estudar esses dons de preferencia á simples riqueza. Um homem póde enriquecer por hábeis negocios e enterrar o seu dinheiro como um avarento. E, como é mil vezes preferivel dispensar os bens em proveitos dos parentes, dos amigos e do publico em geral, certos argumentadores partem dêsse principio para censurar a sciencia das riquezas.

    Êsses criticos desconhecem o fim de uma sciencia como é a economia politica. Não comprehendem que, nos nossos estudos, não podemos fazer mais de uma coisa de cada vez. Não podemos ensinar tods as sciencias sociaes ao mesmo tempo. Ninguem censura os astronomos por só tratarem dos astros nem os mathematicos por se ocuparem exclusivamente com numeros e quantidades. Devia ser curioso um tratado, que estudasse conjuctamente a astronomia, a geologia, a chimica, a physica, physiologia, etc., assim como ha diversas sciencias physicas, tendo cada uma o seu objecto proprio e não tratando de coisas em geral.»


Stanley Jevons (1835-1882), Professor da Universidade de Londres,
Economia Política, Trad. revista por Agostinho Fortes,
Edição da Typographia de Francisco Luiz Gonçalves,
Rua do Alecrim, 80-82, Lisboa, 1909, pp. 5-6

Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-05-03 08:13:45
      «2.  Preconceitos sobre a economia politica. – Muitos êrros teem corrido sobre a sciencia de que nos vamos occupar, mesmo da parte dos individuos que melhor a deviam conhecêl-a. Esses êrros provêem, frequentemente, de se julgar saber economia politica sem nunca a ter estudado. Ninguem de bom senso se aventura a contradizer um chimico sobre chimica, um astrónomo sobre eclipses ou mesmo um geólogo sobre rochas e sobre fósseis. Mas todos teem a sua opinião sobre o commercio mal entendido, sobre o effeito da alata dos salarios, sobre o transtorno que produz a offerta de trabalho a baixo preço, emfim, sobre centenas de questões de importancia social. Essa gente não vê que estes assumptos são, na realidade, mais difficeis de comprehender que a chimica, a astronomia ou a geologia e que toda uma vida de estudo não basta para nos permittir falar delles com segurança. E, comtudo, aquelles que nunca estudaram economia politica, são, em regra, os que falam della com mais desassombro.

    O facto é que, assim como outrora se detestava a sciencia physica, tambem hoje ha uma especie de desconfiança ignorante, de impaciencia contra a economia politica. O homem gosta de seguir os seus proprios impulsos e os seus preconceitos, e vexa-se quando lhe dizem que faz, justamente, o que conduz a um fim diametralmente opposto ao que elle procura. Vamos ao caso da soi-disant caridade. Muitas pessoas caritativas julgam que é uma virtude dar esmola á gente pobre que lha pede, sem  pensarem no effeito que ella produzirá nessa gente. Veem o prazer do mendigo que recebe a esmola, mas não vêem os effeitos ulteriores, isto é, o augmento do numero dos mendigos. A pobreza e os crimes são em grande parte o resultado da caridade mal entendida do passado, caridade que foi causa de que uma boa parte da população se tornasse desleixada, imprevidente e preguiçosa. A economia politica prova que, em vez de dar esmolas accidentaes e irreflectidas, devemos velar pela educação do povo, ensinál-o a trabalhar, a ganhar a vida, a poupar alguma coisa para auxiliar a velhice. Se elle presisitir na preguiça e na imprevidencia, deve soffrer-lhe as consequencias. Mas, como esta maneira de proceder pode parecer sevéra, os economistas vêem-se condemnados pela gente de coração sensivel mas illudido. A sciencia passa por inflexivel e despiedada e conclue dahi que ella não tem por objectivo senão fazer mais rico o rico e deixar morrer o pobre.

    O economista, quando ensina o homem a procurar mais facilmente as riquezas, não lhe diz que elle deve guardar os seus bens como um avaro, nem dispendêl-os em luxuosas loucuras, como se fosse um pródigo. Nada existe na sciencia para dissuadir o rico de dispender a sua riqueza de um modo ao mesmo tempo generoso e util. Póde auxiliar com prudencia os parentes e amigos; póde fundar instituições de utilidde publica, bibliothecas, museus, prques, hospitaes, etc.; favorecer a educação do povo ou crear estabelecimentos de educação superior; pode soccorrer os que soffrem de infortunios contr os quaes não teriam podido preaver-se. Os enermos, os cegos, todos aquelles a quem é absolutamente impossivel ganhar a vida, estão naturalmente indicados á caridade do rico. O que o economista quer, é que a caridade seja realmente a caridade e não prejudique aquelles que quer auxiliar. E´ triste pensar que até aqui muito mal tem sido feito por aquelles que só querem fazer o bem.

     Não é menos triste ver milhares de pessoas pretenderem melhorar a sua situação por meios que teem justamente o effeito contrario, pelas gréves, pela resistencia ao emprego das machinas, pelas restricções impostas á producção da riqueza. Os trbalhadores teem creado uma economia politicapara elles; querem tornar-se ricos, esforçando-se por não produzirem muitas riquezas. Vêem o effeito immediato do que fazem, mas não o resultado final.»
   
Stanley Jevons (1835-1882), Professor da Universidade de Londres,
Economia Política, Trad. revista por Agostinho Fortes,
Edição da Typographia de Francisco Luiz Gonçalves,
Rua do Alecrim, 80-82, Lisboa, 1909, pp. 7-9

Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2020-05-03 18:45:32
o proplema que ja mao é de agora , excluimdo livros de ficçao , sao as fomtes dos escritores e a temdemcia politica .

Temho ali dois volumes da Historia de Imglaterra para ler, com varios mapas preto e pramco e a cores.
Muito pó.... e a lompada quer dar de si...desfolhei duas pagimas e ja estou com alergia....gramde desafio..

Ediçoes Cosmos 1945.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-05-03 19:31:41
Eu, por exemplo, em estudante, detestava ler livros mexicanos ou argentinos, em espanhol.
Pois bem, com o horror do abortográfico, passei a apreciar ler em espanhol, pela profusão
de consoantes dobradas, mm, tt, ff, ph, ll, nn, -:))

Em teen-ager, custou-me um pouco Júlio Verne em escrita de 1919...
Mas como as aventuras eram extraordinárias, os meus olhos
percorreram aquelas frases estranhas em dezenas
de livros, romances de sua autoria.

E o meu gosto, pelo espanhol lido, veio de uma obra traduzida do italiano
para o espanhol, sobre a Teoría de la democracia, em dois volumes,
1. El debate contemporâneo; 2- Los problemas clássicos.
de Giovanni Sartori. Muito bom!

(https://loresumo.com/wp-content/uploads/2020/03/Giovanni-sartori-22-1024x777.jpg)
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2020-05-03 19:49:27
Eu, por exemplo, em estudante, detestava ler livros mexicanos ou argentinos, em espanhol.
Pois bem, com o horror do abortográfico, passei a apreciar ler em espanhol, pela profusão
de consoantes dobradas, mm, tt, ff, ph, ll, nn, -:))

Em teen-ager, custou-me um pouco Júlio Verne em escrita de 1919...
Mas como as aventuras eram extraordinárias, os meus olhos
percorreram aquelas frases estranhas em dezenas
de livros, romances de sua autoria.

E o meu gosto, pelo espanhol lido, veio de uma obra traduzida do italiano
para o espanhol, sobre a Teoría de la democracia, em dois volumes,
1. El debate contemporâneo; 2- Los problemas clássicos.
de Giovanni Sartori. Muito bom!

(https://loresumo.com/wp-content/uploads/2020/03/Giovanni-sartori-22-1024x777.jpg)

em escrita de 1919? a ediçao era de quamdo?
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-05-03 23:12:19
Refiro-me ao Júlio Verne.
Disse 1919, mas é possível
ser mais antigo ou menos,
pois, refiro-me apenas
à ortografia do tempo
de Fernando Pessoa,
que ficou escandalizado
com a reforma ortográfica
do seu tempo, De resto,
não tenho nenhum desses
romances do Júlio Verne,
pois eram de um meu avô,
e calharam ser herdados
por outros primos!
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2020-05-09 15:21:28
Comprei dois , vou ler primeiro  o "Filhos da Terra: identidades mestiças nos confins da expansão portuguesa "
Por António Manuel Hespanha

Sinopse
A história da expansão portuguesa contada às avessas: não do ponto de vista da metrópole, mas sim do ponto de vista daqueles que partiram e se instalaram nas margens do império português.

António Hespanha, um dos grandes historiadores de Portugal, alcança neste livro um feito singular: conta uma história que todos conhecemos – a da expansão portuguesa – revelando-nos a perspectiva que até aqui ignorámos. É a perspectiva de quem deixou o país para não voltar e dos descendentes que, ao longo dos séculos, formaram as comunidades de «portugueses» no Brasil, em África e no Oriente. E é também a perspectiva desses lugares remotos, fora do controlo da coroa, das populações nativas e dos outros estrangeiros que deixaram testemunho sobre esta gente assimilada.
Nesta nova historiografia, o «império na sombra» ganha uma visibilidade luminosa. Ele é, na verdade, o império da gente comum, dos que escolhiam as margens ou eram relegados para elas, dos que precisavam de arriscar para sobreviver nos negócios, dos que cruzavam as barreiras da casta e da raça no convívio, nos negócios ou nos amores, dos que trocavam o vernáculo pelo pidgin, dos que partilhavam fidelidades políticas ou religiosas impartilháveis, dos que viviam no fio da navalha da vida de renegados ou de soldados de fortuna.
Filhos da Terra alheia-se da história institucional e do discurso da metrópole para nos contar como é que a gente comum emigrou, como se adaptou a contextos «exóticos», de que modo os locais olhavam para estes «portugueses», e de que modo a sua posição e o seu poder relativos foram variando em cada lugar. Um livro que é também um exercício crítico de forças mitificadoras do nacionalismo português e do carácter benigno da colonização portuguesa.
Uma história social da expansão, em vez de uma história que se esgota numa cronologia de descobrimentos, numa prosopografia de heróis e santos, ou numa contabilidade de conquistas, de canhões e de convertidos.



Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2020-05-09 15:28:02
Vamos ver se deu o seu cumho comumista ao livro.....
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-05-09 15:43:39
Nunca li nada de António Hespanha. Deve ser muito interessante. Não é por acaso que
a colonização portuguesa terá sido ecológica… Pouco ou nada mexeu no que existia,
limitou-se a coexistir com o que lá estava, apenas miscigenação natural de gentes,
mesmo no seio da nação apartheid, com talvez os quatro milhões de mestiços…
Título: Re: Livros
Enviado por: du Lac em 2020-05-20 20:19:46
Germania - Tacitus
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-05-20 22:47:58
(https://lh3.googleusercontent.com/proxy/vwVaLGovEz6OtiSnNPq-Vx6NMJYjUD4RseD8jJ-jErXCN8qz1Vsg8VVxypLxyNs0OTgAsumyYc11ih5np2tSM_mo1tcUajvZdx7qzafpCOBiR7DwW8TfVNvmQb9rFlzhWAdmyo_-makRcURO)

Li-o, aqui há uns anos, a par de outros
da mesma colecção, Plutarco, J.J. Barthélémy,
Cícero, Suetónio, Platão, Diógenes e outros
Antigos, que espraiam o horizonte
do pensar contemporâneo.
Título: Re: Livros
Enviado por: du Lac em 2020-05-21 13:50:47
Guns, Germs, and Steel: The Fates of Human Societies - Jared Diamond
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-05-21 14:18:10
Sim, é o que está 'na moda':
a cosmovisão molecular darwininana:
- os organismos como "veículos" de informação genética


Hermínio Martins, Experimentum Humanum,
Relógio d'Água, 2011, p.305
Título: Re: Livros
Enviado por: Zenith em 2020-05-21 14:30:46
(https://img.fruugo.com/product/7/23/104197237_max.jpg)
Há uns anos atrás criei o tópico "A visão economicista e o futuro ambiental" depois de ler este livro.
Foi a leitura do livro "Guns, germs, ..." que me chamou a atenção para ele.
Título: Re: Livros
Enviado por: du Lac em 2020-05-21 21:07:12
The Great Crash, 1929 - John Kenneth Galbraith
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-05-22 06:35:04
Esquema de política económica de desenvolvimento de Galbraith,
(não retive a fonte de onde obtive este apontamento)

Modelos de desenvolvimento em África:

Com Galbraith, a estratégia de desenvolvimento seguida desenrolava-se assim:

investº → multiplic. → desenvolvº endógeno → fim d’ajuda externa



Modelos: —

1.   dualista:          — modernidade / subsistência
                                  aldeia comunal era explorada pelos preços dos bens
                                  da cidade, vendidos na candonga com termos de troca
                                  desfavoráveis para os camponeses.
 
2.   produtivista:    — os pobres asseguram o seu próprio desenvolvimento; 
                                  a revolução verde; os colonatos (brancos) e os 
                                  ruralatos (aldeamentos indígenas); ficou muito caro a 
                                  instalação de colonos europeus em África (Moçambique).

3.   proteccionista: — sistema marxista — encerramento do país ao mercado 
                                  financeiro internacional; acarretou a diminuição do
                                  consumo quer rural quer urbano e o empobrecimento
                                  geral, com excepção da nomenclatura governante que
                                  se abastecia em lojas especiais de bens importados.

4.   neo-liberal:      — A população e a poupança determinam o crescimento
                                  económico: (just) “get the prices right”; no entanto, tal
                                  não aconteceu; pelo contrário, a liberdade de preços 
                                  gerou convulsões sociais e aumentou a criminalidade
                                  urbana; o pib per capita era sempre muito superior ao   
                                  rendimento bruto das famílias; a poupança não era 
                                  aplicada na agricultura antes  migrava para o capital   
                                  mercantil e offshores.

                  ……………….. //………………..

Após o falhanço sucessivo destes quatro grandes modelos,
os analistas dedicaram-se a observar melhor a realidade concreta
de cada país e a gizar políticas de desenvolvimento mais específicas.
Título: Re: Livros
Enviado por: du Lac em 2020-05-22 13:56:36
The General Theory of Employment, Interest and Money - John Maynard Keynes
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-05-22 14:30:34
Em Keynes, parou o meu aprendizado de macroeconomia, teoria monetária
e análise de economicidade e investimento. Friedman ficou-me a leste, nunca
li nada dele, nem sei. Mas, Marshall, Pareto e algo de von Mises tacteei…

Ensinaram-me a despir a economia do véu monetário,
embora me hajam mostrado como ele pode
influir na realidade económica,
por via das expectativas
no processo de decisão.
Título: Re: Livros
Enviado por: du Lac em 2020-05-22 23:42:56
On China - Henry Kissinger
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-05-23 08:33:47
De Kissinger só conheço este pormenor
de entrevista jornalística: Perguntaram-lhe
se ele era maquiavélico?! Ao que respondeu,
'não propriamente, eu sou antes espinosista' -:))

Ora dá-se, - para quem o sabe -, que Espinosa,
em política, era uma espécie de 'Maquiavel ao cubo' Lol

Claro, o jornalista não sabia; enfiou a viola no saco.
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2020-05-25 12:03:24
Portugal - A Primeira Nação Templária
Freddy Silva

O livro é muito bom e para quem quer saber mais do que se passou é o ideal … visto que grande parte dos livros e historiadores pouco abordam este assunto…. (Diogo Freitas Amaral por exemplo)  falam so das intrigas de Portucale e principalmente  dos Galegos , leao castela etc  , e os mouros de uma forma muito redutora.
Ve se e percebe se o porque de ter demorado 10 anos , entre pesquisa e escrita.
Não se deixem enganar , o livro é muito mais que a sinopse e de certa forma uma lição a muitos historiadores , professores.
Para quem se interessa pelo assunto , este livro é imperdível e poupa anos de pesquisa… , não pensem que por ser o autor Freddy Silva os dados , tipo de escrita é algo fantasiosa ou algo mal parido , totalmente o contrario...ate fiquei estupedefacto como teve de ser um Freddy Silva a escrever um livro sobre ..visto que por algum motivo ninguém aborda este assunto , que é talvez o mais importante e revelador sobre Portugal .

Sinopse
A história convencional afirma que, em 1118, nove homens formaram uma irmandade em Jerusalém chamada cavaleiros templários para dar proteção aos peregrinos que viajavam para a Terra Santa. Ao contrário, este livro demonstra que a Ordem do Templo existia uma década antes no canto oposto da Europa, no seu território mais a ocidente.

 Revela que a proteção dos peregrinos em Jerusalém foi confiada a uma organização distinta e que, em conluio com os monges cistercienses e a misteriosa Ordem de Sião, os templários levaram a cabo um dos planos mais ousados e secretos da história: a criação do primeiro Estado-Nação independente da Europa, Portugal, com um dos seus como rei. Com centenas de referências novas e de fontes raras, este livro revela que foi Portugal, e não Jerusalém, a primeira fortaleza dos templários. Explica ainda a motivação dos templários para criarem um novo país longe do alcance de Roma, onde pudessem cumprir a sua mais importante missão — um segredo que os templários protegeram até à morte e que custou a vida a milhares deles.


Título: Re: Livros
Enviado por: Automek em 2020-05-25 13:11:19
Acho que todos os leitores sofrem do mal de ter uns quantos livros naquela lista do "como é que é possível que nunca tenha listo ?". Eu tenho imensos nessa lista mental. Vão-se metendo outras coisas pelo meio e ficam alguns clássicos adiados ad eternum.

Um desses livros foi lido mesmo antes da quarentena.

(https://img.wook.pt/images/se-isto-e-um-homem-primo-levi/MXwxNDU4Njg2fDEzODI2NjJ8MTM4NjI4ODAwMDAwMA==/500x)

Citar
Na noite de 13 de Dezembro de 1943, Primo Levi, um jovem químico membro da resistência, é detido pelas forças alemãs. Tendo confessado a sua ascendência judaica, é deportado para Auschwitz em Fevereiro do ano seguinte; aí permanecerá até finais de Janeiro de 1945, quando o campo é finalmente libertado.
Da experiência no campo nasce o escritor que neste livro relata, sem nunca ceder à tentação do melodrama e mantendo-se sempre dentro dos limites da mais rigorosa objectividade, a vida no Lager e a luta pela sobrevivência num meio em que o homem já nada conta.

Ao contrário de outras obras sobre o holocausto, este livro é totalmente cru. Não tenta romantizar a vida no campo, nem torna-la pior do que foi. Descreve exactamente como foi aquela luta pela sobrevivência. Além disso, o autor não tem vergonha em escrever exactamente o que pensava na altura, sem se envergonhar de muitos pensamentos potencialmente embaraçosos que oscilam entre a indiferença perante o sofrimento de terceiros e a prática de ver quem aproveita o quê quando alguém morre.

E, sempre que se lê um relato real como este, não deixa de impressionar, uma e outra vez, o que o ser humano é capaz de fazer a outro ser humano. Quem na quarentena se queixava de estar metido em casa, sem condições, estava na verdade num hotel de luxo ao pé do que estas almas passaram.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-05-25 13:12:33
Post-scriptum: - Refiro-me ao livro da História dos Templários:
_____________________________________________________________________

-:) Deve ser interessante.

Difícil evitar que não seja nebuloso,
posto que se pretende numinoso… -:)

Mas a saga de Portugal especial,
com soberania derivada dalguma
'transcendência' (…) prosseguiu
com D. João IV, "O Restaurador",
que depôs a coroa em "Nossa Senhora"
a qual passou a ser a Rainha de Portugal,
e não propriamente o Rei. Aliás, já antes,
no Porto de Portuscalle, a cidade era do Bispo,
nela não se gritava por "Aqui d'El-Rei" quando
perante ladrões se chamava a polícia (Isso, só
em Vila Nova de Gaia, no Porto, não existia tal
voz… - Será que eram todos ladrões!? tipo
comerciantes e feirantes… ? Lol) Mas sim,
o Bispo é que mandava e se o rei visitava
o burgo, as chaves da Cidade eram depostas
aos pés de N.ª Sr.ª, o Rei se quisesse e tal
ousasse que as fosse lá buscar!

Deve ser interessante, toda a saga dos Templários.
Mas não a posso ler. Fora das prioridades de leitura...
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2020-05-25 13:22:47
Post-scriptum: - Refiro-me ao livro da História dos Templários:
_____________________________________________________________________

-:) Deve ser interessante.

Difícil evitar que não seja nebuloso,
posto que se pretende numinoso… -:)

Mas a saga de Portugal especial,
com soberania derivada dalguma
'transcendência' (…) prosseguiu
com D. João IV, "O Restaurador",
que depôs a coroa em "Nossa Senhora"
a qual passou a ser a Rainha de Portugal,
e não propriamente o Rei. Aliás, já antes,
no Porto de Portuscalle, a cidade era do Bispo,
nela não se gritava por "Aqui d'El-Rei" quando
perante ladrões se chamava a polícia (Isso, só
em Vila Nova de Gaia, no Porto, não existia tal
voz… - Será que eram todos ladrões!? tipo
comerciantes e feirantes… ? Lol) Mas sim,
o Bispo é que mandava e se o rei visitava
o burgo, as chaves da Cidade eram depostas
aos pés de N.ª Sr.ª, o Rei se quisesse e tal
ousasse que as fosse lá buscar!

Deve ser interessante, toda a saga dos Templários.
Mas não a posso ler. Fora das prioridades de leitura...

Fala muito de Braga , Guimarães , Gondemar.., Fonte Arcada etc
Dos Bispos , dos fundadores de Portugal , o que estava por detras do plano Portugal .
Muita informação sobre vários intervenientes importantissimos  que quase ninguém fala, como por exemplo Arnaldo da Rocha.

Acho que vais ficar muito surpreendido… se gostas do tema deverias ponderar coloca lo acima dos outros sobre o tema.

se gostares de português antigo podes ler isto rápido…tenho mais..

https://books.google.pt/books?id=BuZDAAAAcAAJ&pg=PA51&lpg=PA51&dq=pedro+arnaldo+da+rocha&source=bl&ots=5Tkvl-G94u&sig=ACfU3U3GqWluBNKQfyBbOEYctK1HeBGrOA&hl=pt-PT&sa=X&ved=2ahUKEwie6oKPiM_pAhUOkxQKHTRyBZ04ChDoATAHegQICxAB#v=onepage&q=pedro%20arnaldo%20da%20rocha&f=false
Título: Re: Livros
Enviado por: du Lac em 2020-05-25 14:01:54
The Lessons of History - Will & Ariel Durant
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-05-25 14:35:20
[  ]
Acho que vais ficar muito surpreendido… se gostas do tema deverias ponderar coloca lo acima dos outros sobre o tema.
[  ]
Claro, suscita muito a curiosidade.

Mas não posso. Agora estou mergulhado
na piscina de Schopenhauer, um mestre!
Título: Re: Livros
Enviado por: du Lac em 2020-05-25 14:42:58
Citar
Agora estou mergulhado
na piscina de Schopenhauer, um mestre!
Like!
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-05-25 14:56:44
du Lac,

Para mim, Schopenhauer
é um assombro admirável!

Ninguém pode perceber nada de Kant,
sem ler Schopenhauer. Ando encantado.
Mas tenho por lá demorar-me, mesmo
que não me mude…

Exemplifico, frases que só se alcançam no seu âmago,
quando se conhece o mundo como vontade e representação… -:):


«O que diz a palavra poética? O que não pode ser dito
senão por essa mesma palavra. O que ela é
só existe depois da vida nela inclusa.

Ela é o impronunciável
que paradoxalmente
se pronuncia deixando

intacta a essencial impronunciabilidade de tudo


(Eduardo Lourenço, "Tempo e Poesia")
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2020-05-25 15:48:07
deixei me disso há muito tempo e não me arrependi  ;D desde os 18 + - , anos mais tarde tive que ler mais umas coisas, mas por obrigação.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-05-25 16:49:41
eu não. embora fosse 'gajo' para 17 a matemática e 18 a filosofia, lol.

mas a vida põe um 'gajo' a viver, a ter de trabalhar e
exercer profissão prática para se sustentar
e à família… daí que só tarde regressei
deveras à filosofia, ainda que haja
sempre privado mais ou menos
com ela… tenho a vantagem
de ter agora a idade
própria, i.e.,

não
me
vou
arrepender -:))

{morro antes! -:)}
Título: Re: Livros
Enviado por: du Lac em 2020-05-26 13:37:57
The Rise and Fall of the Third Reich: A History of Nazi Germany - William L. Shirer
Título: Re: Livros
Enviado por: du Lac em 2020-05-26 18:59:38
Confusión de Confusiones: Diálogos curiosos entre un filósofo agudo, un mercader discreto y un accionista erudito - José de la Vega
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2020-05-27 00:08:19
eu não. embora fosse 'gajo' para 17 a matemática e 18 a filosofia, lol.

mas a vida põe um 'gajo' a viver, a ter de trabalhar e
exercer profissão prática para se sustentar
e à família… daí que só tarde regressei
deveras à filosofia, ainda que haja
sempre privado mais ou menos
com ela… tenho a vantagem
de ter agora a idade
própria, i.e.,

não
me
vou
arrepender -:))

{morro antes! -:)}


comecei a ler Portugues em que os S´s de amtigamemte sao os  F´s mas os F´s tamvem sao F´s !  porra...

Temtar traduzir algumas passagems que ache de imteresse
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-05-27 08:48:41
É, há umas 'merdas' chatas,
que não se percebe nada!

Também cheguei a comprar
uma ou outra edição fac-simile
antiga, do Bernardim Ribeiro,
do António Vieira e creio
também do Dom Duarte
e não se percebe nada!
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-05-27 09:02:56
Mas a mim,
sempre me impressionará
ler livros antigos, de épocas
remotas, civilizações extintas.

Um dos mais antigos,
o Épico de Gilgames,
mais de 3 600 anos,
Tábuas da Babilónia!

Mas há outros, belíssimos.
Emociona Parménides,
no seu poema
Da Natureza

Mas há outros,
de Amor, japoneses,
inexcedível a sua poesia feminina!
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2020-05-27 11:01:49
É, há umas 'merdas' chatas,
que não se percebe nada!

Também cheguei a comprar
uma ou outra edição fac-simile
antiga, do Bernardim Ribeiro,
do António Vieira e creio
também do Dom Duarte
e não se percebe nada!

dado o seculo e a antiguidade ate é surpreendente o que se percebe… olha é mais ou menos quando vou ao outro pc que não tem certas teclas e tenho que usar outras..mas percebe se .
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-05-27 12:45:57
-:)
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2020-05-28 00:14:28
Portugal - A Primeira Nação Templária
Freddy Silva

O livro é muito bom e para quem quer saber mais do que se passou é o ideal … visto que grande parte dos livros e historiadores pouco abordam este assunto…. (Diogo Freitas Amaral por exemplo)  falam so das intrigas de Portucale e principalmente  dos Galegos , leao castela etc  , e os mouros de uma forma muito redutora.
Ve se e percebe se o porque de ter demorado 10 anos , entre pesquisa e escrita.
Não se deixem enganar , o livro é muito mais que a sinopse e de certa forma uma lição a muitos historiadores , professores.
Para quem se interessa pelo assunto , este livro é imperdível e poupa anos de pesquisa… , não pensem que por ser o autor Freddy Silva os dados , tipo de escrita é algo fantasiosa ou algo mal parido , totalmente o contrario...ate fiquei estupedefacto como teve de ser um Freddy Silva a escrever um livro sobre ..visto que por algum motivo ninguém aborda este assunto , que é talvez o mais importante e revelador sobre Portugal .

Sinopse
A história convencional afirma que, em 1118, nove homens formaram uma irmandade em Jerusalém chamada cavaleiros templários para dar proteção aos peregrinos que viajavam para a Terra Santa. Ao contrário, este livro demonstra que a Ordem do Templo existia uma década antes no canto oposto da Europa, no seu território mais a ocidente.

 Revela que a proteção dos peregrinos em Jerusalém foi confiada a uma organização distinta e que, em conluio com os monges cistercienses e a misteriosa Ordem de Sião, os templários levaram a cabo um dos planos mais ousados e secretos da história: a criação do primeiro Estado-Nação independente da Europa, Portugal, com um dos seus como rei. Com centenas de referências novas e de fontes raras, este livro revela que foi Portugal, e não Jerusalém, a primeira fortaleza dos templários. Explica ainda a motivação dos templários para criarem um novo país longe do alcance de Roma, onde pudessem cumprir a sua mais importante missão — um segredo que os templários protegeram até à morte e que custou a vida a milhares deles.

acavei , livro riquissimo  muito vem escrito e resumido em umas 339 pagimas , so umas 20 sao de fomtes referemcias, perceve se o imemso travalho que teve e o porque de ter demorado 15 amos.. 
Vai servir de guia referemcia para muitas outras coisas.

Ja comecei o do Hespamha , darei feedvack
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2020-05-30 01:32:15
Souls in Dispute: Converso Identities in Iberia and the Jewish Diaspora

Por David L. Graizbord


ISto é muita vom..

(http://www.upenn.edu/pennpress/img/covers/13965.jpg)

"Graizbord has profitably charted new territory, namely, an in-depth examination of 'renegades,' or those conversos who departed from Christianity and Iberia only to return to both later. . . . Compelling and useful."—Journal of Religion
Throughout the Middle Ages, the Iberian Peninsula was home to a rich cultural mix of Christians, Jews, and Muslims. At the end of the fifteenth century, however, the last Islamic stronghold fell, and Jews were forced either to convert to Christianity or to face expulsion. Thousands left for other parts of Europe and Asia, eventually establishing Sephardic communities in Amsterdam, Venice, Istanbul, southwestern France, and elsewhere.
More than a hundred years after the expulsion, some Judeoconversos—descendants of Spanish and Portuguese Jews who had converted to Christianity—were forced to flee the Iberian Peninsula once again to avoid ethnic and religious persecution. Many of them joined the Sephardic Diaspora and embraced rabbinic Judaism. Later some of these same people or their descendants returned to Iberian lands temporarily or permanently and, in a twist that Jewish authorities considered scandalous, reverted to Catholicism. Among them were some who betrayed their fellow conversos to the Holy Office.

In Souls in Dispute, David L. Graizbord unravels this intriguing history of the renegade conversos and constructs a detailed and psychologically acute portrait of their motivations. Through a probing analysis of relevant inquisitorial documents and a wide-ranging investigation into the history of the Sephardic Diaspora and Habsburg Spain, Graizbord shows that, far from being simply reckless and vindictive, the renegades used their double acts of border crossing to negotiate a dangerous and unsteady economic environment: so long as their religious and social ambiguity remained undetected, they were rewarded with the means for material survival. In addition, Graizbord sheds new light on the conflict-ridden transformation of makeshift Jewish colonies of Iberian expatriates—especially in the borderlands of southwestern France—showing that the renegades failed to accommodate fully to a climate of conformity that transformed these Sephardic groups into disciplined communities of Jews.

Ultimately, Souls in Dispute explains how and why Judeoconversos built and rebuilt their religious and social identities, and what it meant to them to be both Jewish and Christian given the constraints they faced in their time and place in history.

David L. Graizbord teaches Jewish history at the University of Arizona.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-05-31 08:26:22
Portugal - A Primeira Nação Templária
Freddy Silva

[  ]
Sinopse
A história convencional afirma que, em 1118, nove homens formaram uma irmandade em Jerusalém chamada cavaleiros templários para dar proteção aos peregrinos que viajavam para a Terra Santa.

Ao contrário, [  ], os templários levaram a cabo um dos planos mais ousados e secretos da história: a criação do primeiro Estado-Nação independente da Europa, Portugal, com um dos seus como rei. [  ], a primeira fortaleza dos templários. [  ] um novo país longe do alcance de Roma, [  ].


Sem dúvida, fico curioso. Mas evitarei lê-lo, por agora.

O século XII foi muito interessante. E também por Portugal
nele se ter formado. Naturais da Vizinha Córdoba, dois vultos
intelectuais de primeira água: Averróis (1126-1198);
Maimónides (1138-1204). Hugo Payens, o primeiro
templário (1070-1136), não lhes é semelhante…
Córdoba, naturalidade de Séneca, por exemplo,
foi mil anos páteo de coexistência pacífica
de judeus, cristãos, muçulmanos!

Fico também curioso de saber que relações
possam ter-se firmado entre Dom Afonso III,
o Bolonhês, (1210-1279), bisneto
de Afonso Henriques e o primeiro
governante culto de Portugal,
com os tais templários
opostos a Roma.

(Dante, (1265-1321) muito crítico
do Papado, mas desinformado
e em erro quanto a Dom Diniz,
emitiu sobre ele juízo negativo.)



Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2020-05-31 22:12:18
Portugal - A Primeira Nação Templária
Freddy Silva

[  ]
Sinopse
A história convencional afirma que, em 1118, nove homens formaram uma irmandade em Jerusalém chamada cavaleiros templários para dar proteção aos peregrinos que viajavam para a Terra Santa.

Ao contrário, [  ], os templários levaram a cabo um dos planos mais ousados e secretos da história: a criação do primeiro Estado-Nação independente da Europa, Portugal, com um dos seus como rei. [  ], a primeira fortaleza dos templários. [  ] um novo país longe do alcance de Roma, [  ].


Sem dúvida, fico curioso. Mas evitarei lê-lo, por agora.

O século XII foi muito interessante. E também por Portugal
nele se ter formado. Naturais da Vizinha Córdoba, dois vultos
intelectuais de primeira água: Averróis (1126-1198);
Maimónides (1138-1204). Hugo Payens, o primeiro
templário (1070-1136), não lhes é semelhante…
Córdoba, naturalidade de Séneca, por exemplo,
foi mil anos páteo de coexistência pacífica
de judeus, cristãos, muçulmanos!

Fico também curioso de saber que relações
possam ter-se firmado entre Dom Afonso III,
o Bolonhês, (1210-1279), bisneto
de Afonso Henriques e o primeiro
governante culto de Portugal,
com os tais templários
opostos a Roma.

(Dante, (1265-1321) muito crítico
do Papado, mas desinformado
e em erro quanto a Dom Diniz,
emitiu sobre ele juízo negativo.)


Eu comsidero o Bernardo de Claraval  o fumdador e memtor , Hugo de payem era mais o testa de ferro , mas um testa de ferro executamte.
Os Afomsos (pai e filho)  tal como o Verardo de Claraval e os templarios usaram Roma para legitimar a coisa e dar força ao projecto , que mada timha com a Igreja Romama e a sua cruz.., alias a Igreja Romama ja estava muito lomge dos seus ideais... , por isso veio o Vermardo (ordem de cister) implememtar a movreza de espirito atraves da simplicidade e povreza, sem a opulemcia da Igreja de Roma.
O projecto templario (o verdadeiro) tal como o de Portugal era o da Comsciemcia sem adoraçao da cruz , mas do ser imdividual com a devida irmamdade , a vusca do ser o melhor possivel emquamto imdividuo e com o outro. Cheira a Maçom certo? mormal os maçoms rouvaram todos os simvolos e ritos templarios . Mas emtao como justificas simvolos , ritos etc dos egipcios ? porque os templarios timham muito pela sua vase isso mesmo , tal como foram vuscar aos femicios .
Dai a troca de comhecimemto em segredo com os sufistas (e outros da zoma) ... que ma realidade quem vemeficiava com a troca eram os templarios, visto que o Europeu era mais atrasado em termos de ciemcias por exemplo. ISto ate explica mais tarde em parte , o mosso sucesso mos descovrimemtos .
Outra situaçao vastamte imteressamte é a limhagem de David atraves dos merovíngios , supostamemte os templarios (e outras duas ordems salvo erro) tamvem tiveram o proposito de protege la e fumdarem um pais com essa limhagem.

A relaçao de Afomso Hemriques com os espamhois foi sempre cimica tal como a Roma , temdo sempre por vase o seu plamo (e dos templarios) , criar um Estado mação templario de comsciemcia.

Podes comprovar em parte com o facto dos araves do morte de Africa imvadirem Portugal e matarem o Lider Ali ibn Yusu (?)  que timha treguas e voa relaçao com Dom Afomso H. , os seus irmaos mouros cortaram lhe a caveça e empalaram..

Epa isto tudo (e muito mais) dao varios livros e varios volumes dos mesmo , resumidamemte os extremistas da cruz e do islao deram cavo disto , mas.. mos prosperamos...visto que fomos temdo relaçoes com eles , ate atraves  da Etiopia por exemplo..
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-06-01 00:01:34
Lá do Prestes João da Etiópia 'ouvi' dizer
que acabou casado com várias mulheres
e uma data de filhos, feliz e respeitado
por toda a comunidade…

Por mim, conheci um moçambicano muçulmano,
instruído na escola do tempo colonial, que bem depois
da independência, mostrava a sua simpatia pelos portugueses
porque achava a história de Portugal muito bonita, um povo que desata
a cruzar os mares e parte a conhecer novos mundos e novas gentes. -:)

Também é notável, o país africano com maior presença portuguesa
ser a União Sul Africana, que não obstante ter sido o País do Apartheid,
é no entanto aquele onde é maior a miscigenação de brancos e pretos!
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2020-06-01 00:25:25
Lá do Prestes João da Etiópia 'ouvi' dizer
que acabou casado com várias mulheres
e uma data de filhos, feliz e respeitado
por toda a comunidade…

Por mim, conheci um moçambicano muçulmano,
instruído na escola do tempo colonial, que bem depois
da independência, mostrava a sua simpatia pelos portugueses
porque achava a história de Portugal muito bonita, um povo que desata
a cruzar os mares e parte a conhecer novos mundos e novas gentes. -:)

Também é notável, o país africano com maior presença portuguesa
ser a União Sul Africana, que não obstante ter sido o País do Apartheid,
é no entanto aquele onde é maior a miscigenação de brancos e pretos!

temho ideia que o Tuga la é mimoria das mimorias vramcas ao comtrario dos descemdemtes do UK , Holamda etc..
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-06-01 08:13:15
Certo, mas eu tenho 'dificuldade' em não ser racista
perante os 'gorilas' boers afrikanders
dos vizinhos de moçambique. Não que
se dessemelhem dos pretogueses
racial e corporalmente feios
por igual, mas por feitio
e afecto totalmente
diferente!

Isto me confessou uma anglo-saxónica
corretora de seguros em Johannesburg.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-06-11 12:14:25
(http://c10.quickcachr.fotos.sapo.pt/i/Bb707899e/8901435_Y7gwi.jpeg)

«"Que uns vivam livres na casa dos outros".

 "Assim porquê? Para me acontecer, a mim, que a comprei, que a construí,
que dela cuidei e que com ela tanto dispendi, que venhas agora tu,
contra a minha vontade, usufruir aquilo que é meu?

Afinal, que é isto de tirar a uns os seus bens
e dar a outros aquilo que é de outrem?

Quanto à listas de dívidas, que podem elas significar senão
o facto de comprares tu uma quinta com o meu dinheiro,
ficando tu a possuir a quinta enquanto
eu fico sem o dinheiro?”


Por essa razão, para que não se verifique qualquer situação
de dívida, que possa pôr em perigo a segurança da república,
é necessário que se tomem certas medidas.

Tal circunstância pode ser evitada de várias maneiras, mas, de modo nenhum,
caso venha a suceder que os ricos possam vir a perder tudo aquilo que possuem
e aqueles, que devem, venham a lucrar com aquilo que não lhes pertence.

Com efeito, nada mais pode contribuir para que a república se mantenha
solidamente do que a boa-fé, a qual não pode existir se não houver
a necessidade de serem as dívidas liquidadas.»


Cícero, Dos Deveres De Officiis»),
Trad., Introd., Notas, Índice e Glossário
de Carlos Humberto Gomes,
Lisboa, Edições 70, 2000, Livro II, 83-84
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-06-19 14:51:29
«Là où l'inflexion devient inclusion:
on ne voit plus, ont lit.
»

Giles Deleuze, Le Pli

(https://scontent.flis5-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/105418366_1677425162412375_569666131214401197_n.jpg?_nc_cat=111&_nc_sid=8024bb&_nc_ohc=1eXJ072uQXUAX8CZZW7&_nc_ht=scontent.flis5-1.fna&oh=ba5dc294da6631ed0e2a011e5e47581a&oe=5F107F02)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-07-05 14:45:39
  O Final de Fausto:

                 CHORUS  MYSTICUS

            «Tudo o que passa
             É símbolo só;
             O que não se alcança
             Em corpo aqui estã;
             O indescritível
             Realiza-se aqui;
             O Eterno-Feminino
             Atrai-nos para si.»


                           FINIS


  Goethe, Fausto, vv. 12104-12111
Título: Re: Livros
Enviado por: du Lac em 2020-07-10 17:44:57
The Great Gatsby - F. Scott Fitzgerald
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-07-10 21:26:54
É um romance tão admirado
que projecto relê-lo pois deve
ter-me escapado sentir e ver
como Scott-Fitzgerald terá,
subtil e brevemente, feito
vibrar os seus leitores
com o drama do sonho
de um destino, por fim
compreendido como
um frustrado desaire...

Já o outro seu romance,
Stanger is the Night senti
esse drama frustrado na sua
despojada narrativa.

Mas, dizem-me, no The Great Gatsby,
Fitzgerald é mais subtil mas deveras sensível.
Título: Re: Livros
Enviado por: du Lac em 2020-07-11 12:13:34
The Grapes of Wrath - John Steinbeck
Título: Re: Livros
Enviado por: Automek em 2020-07-11 12:28:37
Excelente livro, passado na grande depressão de 1929. Terá sido, certamente, a história de muitos milhares de pessoas a vaguearem de quinta em quinta em busca de emprego.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-07-25 17:58:53
Folheando o meu Word encontro um texto,
com a tripla tradução de um cântico de Salomão
no Cântico dos Cânticos da Bíblia, comentado
não sei se por mim, através de uma demonstração
tipo espinosista que me é familiar, mas com um léxico
rico de linguagem que, suspeito, não será meu. Lá
a historinha das gramáticas de profundidade
e de superfície
são ideias da filosofia
não originais, sim de distinção
instrumental na lógica
contemporânea, e
é ideada por
mim.

A conclusão é minha de certeza,
e a colocada entre parêntesis 
depois do sorriso, aparte
meu, sem dúvida! -:)

Mantenho! A tradução do cântico
pelo Padre Matos Soares, a da minha
Bíblia dos meus quinze anos, é a preferida! -:)


Avanço, o texto:

Cântico dos cânticos

Três traduções
de um amor de
há três mil anos.

Vê:

«Que ferida abriste, minha noiva, meu verdadeiro amor.
Que ferida abriste neste meu coração!
E tudo só com um olhar;
Tudo só com uma madeixa perdida no teu pescoço»


(in Dylan Evans, emoção, Temas & Debates)


«Arrebataste o meu coração, irmã minha esposa,
arrebataste o meu coração com um só dos teus olhares,
com uma só pérola do teu colar.»


(in Bíblia de Pe Matos Soares)


«Roubaste-me o coração minha irmã minha esposa
roubaste-me o coração com um só dos teus olhares
com uma só conta dos teus colares»


(Cântico dos cânticos, trad. do hebraico de
José Tolentino Mendonça, Cotovia, 1997)


Quem ousa então dizer
que o amor é coisa
só pela nossa geração
entendida?

Três mil anos passaram sobre estes versos
... ou será que foi hoje mesmo o cântico de um apaixonado?

-:)

(Gosto da tradução do meio!)

Belíssimo!

*

Logo,
não há relatividade
na emoção de amar.
Q.E.D.

mas...
terá ocorrido evolução
na emoção de amar?

... bem, talvez sim... mas só na «gramática de superfície» de cada par de enamorados.
A emoção básica, subjacente, essa é ciosa da sua lei de identidade -:)

Vê se aprovas esta rebuscada demonstração:


H: Tudo muda
T: Só a mudança permanece.


Demonstração

Sentemo-nos os dois numa «time-machine».
Sob o nosso olhar uma árvore na pujança da sua folhagem vigorosa.
Retrocedamos no tempo: a árvore não passa de um arbusto frágil;
mais ainda, só um pouco de terra revolvida se mostra no lugar da árvore
                                                                                        que não existe.

Avancemos na máquina do tempo: os ramos floridos, logo se carregam de frutos;
mais ainda, o chão recobre-se de frutos e de folhas caídas. O vento revoluteia e dispersa
                                                                               tudo o que da árvore se separou.

Se prosseguirmos a nossa caminhada no tempo, veremos a árvore repetir,
do inverno ao verão, este ciclo de refolhagem, floração, frutificação e desfolhagem.
Por fim, vê-la-emos despojada de tudo, imutável, de pé, sem flor nem fruto e,
finalmente, derrubada por terra e, logo depois, desaparecida, em seu lugar,
                                                                                  terra revolvida.


O que é então uma árvore?

Cada um dos estados em que a observamos?
A sucessão desses estados?
O primeiro e o último estado e o ciclo de repetições que os une?

Pois bem,
se rejeitarmos qualquer olhar de «superfície»,
haveremos de suspeitar que «não há árvore nenhuma»
mas somente as propriedades que a explicam e a tornam possível,
a lei do seu nascimento, crescimento, replicação e morte.

Designemos por mudança essas propriedades
da árvore, mais a fórmula das suas metamorfoses.

Em «gramática de profundidade»,
concluiremos, na base deste exemplo,
que «só a mudança é real»,
«só a mudança permanece.»

c.q.d.


Assim, a emoção inata de amar.
Só ela subjaz em todos os enamoramentos que nascem,
assim como os desenvolve, comanda e explica.

-:)


(Duvido que, ao teu lado, distinguisse
tantas mudanças na árvore do nosso olhar...
Por lei mais forte que nos rege,
meu olhar seguiria os teus encantos)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-08-07 19:31:55
Reli Fausto na tradução de João Barrento.

Não a comparei com a de Agostinho Ornelas,
mas no mínimo parece mais rigorosa
na numeração dos versículos,
a de Barrento com 11 576
no total contra 11 736
em Ornelas.

Por me parecer simbólico das três idades do capitalismo,
transcrevo a descrição dos Três Valentes, o MATA-SETE,
o SACA-LOGO, o GUARDA-BEM, a saber, Acumulação primitiva,
Exploração da força do trabalho, Monopolismo rentista


Aqui vão os três retratos,

MATA-SETE (jovem, ligeiramente armado, roupa garrida):
     Quem de mim o olhar não tire,
     Um murro em cheio nas ventas vai levar;
     E um cobardolas, se fugir,
     Nem que seja p'la trança o hei-de agarrar.

SACA-LOGO (viril, bem armado, ricamente vestido):
     Lutas sem ganho? Jogos de mulheres!
     Maior perda de tempo não há.
     Primeiro, arrebanha o que puderes,
     E o resto, depois se verá.

GUARDA-BEM (entrado nos anos, armado até aos dentes, sem manto):
     Com isso também não vais longe!
     Há quem tudo depressa esbanje,
     Vai-se na vida como uma enxurrada.
     Arrebanhar é bom, mas guardar é melhor;
     Segue o conselho cá do senior,
     E ninguém nunca mais te tira nada.
   
op. cit., vv. 10 331-10 344
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-08-19 18:11:59
     (https://1.bp.blogspot.com/-rnFOKZ1ajhY/XzzqhBFwKjI/AAAAAAAAANI/fI9IcmRZxw4qSNOeySb4wFA6rEjSka8TQCNcBGAsYHQ/s640/hans%2Bmagnus.jpg)

     Hans Magnus Enzensberger, 66 poemas,
      Selecção e tradução de Alberto Pimenta,
      Edições Saguão; V. N. Famalicão, 2019




         Acerca das dificuldades da reeducação

         Simplesmente admiráveis
         todos esses grandiosos planos:
         a Idade do Ouro
         o reino de Deus na Terra
         a morte do Estado.
         Perfeitamente evidente.

         Se não fossem as pessoas!
         Atrapalham sempre e em toda a parte.
         Baralham tudo.

         Trata-se da libertação do Homem
         e vão ao cabeleireiro.
         Em vez de trilharem em êxtase s senda da vanguarda
         dizem: agora caía bem uma cervejinha.
         Em vez de lutarem pelo que é justo,
         lutam com as varizes e o sarampo.
         Na hora da verdade
         Procuram um marco do correio oi uma cama.
         Está o milénio à porta
         e poem cueiros a lavar.

         Hesitações pequeno-burguesas!
         Idiotas consumistas!
         Restos do já mais que passado!
         Não se pode matá-los a todos!
         Não se pode passar o tempo a convencê-los!
         Sim, se não fossem as pessoas
         as coisas seriam diferentes!
         
         Sim, se não fossem as pessoas,
         Isto ia duma penada.
         Sim, se não fossem as pessoas
         Oh sim!
         (Então também eu não incomodava mais aqui.)

Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2020-08-19 22:13:54
excelente poema.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-09-05 19:39:53
Acabei de ler o Enzensberger...

Encomendei o livro por ter visto
o Nuno Rogeiro na SIC a mostrar
gosto por ele... Enfim, três ou quatro
poemas são interessantes, mas os demais
não os apreciei por aí além... É sina minha
gostar mais de poemas de autoria feminina.

Mas vejam este de filosofia, que é céptico,
num sentido exacto e epistemologicamente
verdadeiro e giro, pois o conhecimento
sempre é uma representação nossa
da realidade.


     Modelo de Teoria do Conhecimento

           Tens aqui
           uma grande caixa
           com o rótulo
           caixa.
           Quando a abrires
           encontras dentro
           uma caixa
           com o rótulo
           caixa
           feita de uma caixa
           com o rótulo
           caixa.
           Quando a abrires –
           quero dizer
           esta caixa.
           não a outra –,
           encontras dentro
           uma caixa
           com o rótulo
           E assim por diante
           e se assim
           continuares a fazer
           encontrarás
           depois de infinitas fadigas
           uma caixa
           infinitamente pequena
           com um rótulo
           minúsculo
           por assim dizer
           a evaporar-se
           diante dos teus olhos.
           É uma caixa
           que existe só
           na tua imaginação.
           Uma caixa
           completamente vazia.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-09-06 07:21:06
E ainda, diria eu, a derradeira
Metafísica da Economia

-:)

               Creditur

           Já o simples nada
           não é petisco.
           Uma dor de barriga
           para metafísicos.
           Inventar o zero
           não foi pêra doce.

           Quando depois ainda por cima
           um indiano qualquer
           teve a ideia de que pode
           haver coisas mais pequenas que o nada
           os gregos entraram em greve

           Os crentes eruditos
           também não gostaram.
           Poeira nos olhos, disseram,
           tentação diabólica.

           Números naturais isso!
           clamaram os cépticos,
           menos um, menos um bilião!?

           Só quem tinha dinheiro,
           e isso era uma minoria,
           não teve apreensões:

           Dívidas, descontos,
           dupla contabilidade,
           o mundo posto a juros
           A aritmética – uma cornucópia.

           Crédito para todos nós,
           disseram os banqueiros.
           Matéria de fé.

           A partir daí não pára de crescer
           o menos que nada.

Título: Re: Livros
Enviado por: Robusto em 2020-09-10 20:59:12
Tem alguma forma de saber se determinada coleção de livros está disponível em PT-PT, ou se só está disponível em PT-BR?
Título: Re: Livros
Enviado por: Automek em 2020-09-11 07:18:53
De forma automática não conheço. O que faria era ver quem é a editora+tradutor.
Título: Re: Livros
Enviado por: Robusto em 2020-09-11 09:16:01
Obrigado Automek. Pois, foi o que acabei por fazer. No site da editora só estão os primeiros livros para venda... os restantes títulos nem aparecem.
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2020-09-11 09:34:33
Comprei dois , vou ler primeiro  o "Filhos da Terra: identidades mestiças nos confins da expansão portuguesa "
Por António Manuel Hespanha

Sinopse
A história da expansão portuguesa contada às avessas: não do ponto de vista da metrópole, mas sim do ponto de vista daqueles que partiram e se instalaram nas margens do império português.

António Hespanha, um dos grandes historiadores de Portugal, alcança neste livro um feito singular: conta uma história que todos conhecemos – a da expansão portuguesa – revelando-nos a perspectiva que até aqui ignorámos. É a perspectiva de quem deixou o país para não voltar e dos descendentes que, ao longo dos séculos, formaram as comunidades de «portugueses» no Brasil, em África e no Oriente. E é também a perspectiva desses lugares remotos, fora do controlo da coroa, das populações nativas e dos outros estrangeiros que deixaram testemunho sobre esta gente assimilada.
Nesta nova historiografia, o «império na sombra» ganha uma visibilidade luminosa. Ele é, na verdade, o império da gente comum, dos que escolhiam as margens ou eram relegados para elas, dos que precisavam de arriscar para sobreviver nos negócios, dos que cruzavam as barreiras da casta e da raça no convívio, nos negócios ou nos amores, dos que trocavam o vernáculo pelo pidgin, dos que partilhavam fidelidades políticas ou religiosas impartilháveis, dos que viviam no fio da navalha da vida de renegados ou de soldados de fortuna.
Filhos da Terra alheia-se da história institucional e do discurso da metrópole para nos contar como é que a gente comum emigrou, como se adaptou a contextos «exóticos», de que modo os locais olhavam para estes «portugueses», e de que modo a sua posição e o seu poder relativos foram variando em cada lugar. Um livro que é também um exercício crítico de forças mitificadoras do nacionalismo português e do carácter benigno da colonização portuguesa.
Uma história social da expansão, em vez de uma história que se esgota numa cronologia de descobrimentos, numa prosopografia de heróis e santos, ou numa contabilidade de conquistas, de canhões e de convertidos.

este livro é uma perola e ate agora não vejo uma tendência politica do autor que é comunista .
Varios pormenores históricos que desconhecemos...recomendo !

Ver se dou um aviamento nas paginas este fim de semana.

Para quem gosta de áudio books ou ate queria adormecer a ouvi los….como por exemplo Tolkien ou o autor da guerra dos Tronos , tem vários no youtube. Claro também tem financeiros , auto ajuda e todo o tipo de literatura
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-09-11 22:24:59
Alguém poderá dizer-me se a tradução recente da Eneida
editada pela Cotovia segue o AO 1945 ou o abortográfico em vigor?
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2020-09-11 23:32:45
Alguém poderá dizer-me se a tradução recente da Eneida
editada pela Cotovia segue o AO 1945 ou o abortográfico em vigor?

 ;D

olha o que eu dou mais importancia é o tamanho da fonte! o tamanho da letra .

É uma ideia minha , ou fazerem o livro em duas fontes , uma "normal" ou pequena e outra maior, ou simplesmente porem a porra do tamanho algures na capa.
Assim decidia poupava mais tempo na escolha do livro... muito pequena para mim ? terei de escolher outro...é pena...mas nao da...
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-09-12 10:25:29
-:) O tamanho e a fonte imprimem uma agradável ou não impressão estética,
que aliada ao conteúdo do que se lê realça ou diminui o gosto da leitura.
No entanto, sério é perceber o que se leu. Nem que se releia uma
ou mais vezes. Isso aprendi com o professor de liceu
do 5º ano de português a lermos trechos
de Os Lusíadas e contarmos, depois
em palavras nossas, o que tinha
sido narrado por Camões! -:))
Não era pêra dôce!

Por mim, se a tradução estiver com a ortografia
do aborto gráfico, a Cotovia que a meta num 'sítio
que eu cá sei'. Aliás, ando numa primeira espaçada
leitura da Eneida de uma tradução de Agostinho da Silva.
E gosto. Mas tenho curiosidade de conhecer a editada pela Cotovia.
Título: Re: Livros
Enviado por: Automek em 2020-09-12 15:28:29
A tua reacção ao AO deve ser a mesma que os vbm de cada era tiveram quando lhes mudaram a grafia. Já viste que desde o Camoes até aos dias de hoje, muitos vbms berraram contra as mudanças ? Porque é que a grafia do vbm actual (tu) é que é a correcta ?
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-09-12 16:14:47
Pela razão do critério enviesado que presidiu
à revisão ortográfica: a pretensa e vesga
uniformidade com a escrita brasileira.

O único critério válido de rever e modernizar
a escrita é o de simplificar sem abolir
a racionalidade da possível
evolução etimológica.

Todos sabem muito bem que no quarto
e terceiro milénio a.C., a Suméria
foi progredindo a sua escrita
cuneiforme até se aproximar
da escrita falada, fonética,
cujo alfabeto, julgo,
se expandiu com
os fenícios.

Não está em causa bloquear evolução
da escrita, mas com ponderação
colectiva dos etimologistas
e não vincular-se
a uma ideia peregrina
de guardar semelhança
com o falar-escrever
de uma língua sul-americana,
derivada do português-europeu,
o qual sim deve preservar
a semelhança possível
com as demais escritas
novi-latinas como o francês,
o italiano, o castelhano e o inglês!

O luso-brasileiro que faça o que quiser,
até se converter numa língua de trapos
sem nenhuma nobreza, pobre como
o inglês-norte americano comparado
com o falar e escrever de Oxford.

Tão simples quanto isso: falar com consoantes
que fechem vogais e acabem com o cantarolar
de palavras inarticuladas!
 


Post-Scriptum: (De Fernando Venâncio do FB: Tradutores contra o Acordo Ortográfico)

«Se o Acordo Ortográfico tiver algum efeito sobre a língua, esse efeito é negativo.
Tenho receio de que daqui a 30 anos haja uma imensa hesitação, por exemplo,
na pronúncia do “A” em certas palavras. Nós hoje ainda temos a memória;
sabemos onde é que o “A” é aberto e onde é que é fechado, mas
daqui a algumas dezenas de anos essa memória está perdida
e, portanto, acredito que vai haver uma grande hesitação.

Os avós é que ainda vão ser a referência e isso é tremendo.
A hipótese que nem sequer se realizou de haver maior intercâmbio
literário entre Portugal e o Brasil, mesmo que tivesse realizado,
não vale aquilo que se fez à língua. Estou-me a referir
às chamadas consoantes etimológicas que no Brasil
não têm importância, isto é, só interessam
se são articuladas ou não. Para nós,
sejam articuladas ou não sejam
articuladas, abrem ou não,
e isso é fundamental.

Nós estamos a criar uma confusão futura
que é indesmentível e só poderia ser evitada
se amanhã se voltasse atrás com o acordo.»

Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2020-09-20 11:38:42
(http://scontent.flis6-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/p720x720/119719933_2746177848973898_3411623371534467298_o.jpg?_nc_cat=104&_nc_sid=8024bb&_nc_ohc=CYTlf2q8IXMAX9d2c9H&_nc_ht=scontent.flis6-1.fna&tp=6&oh=69cfe716b42e94472d60134b1089b3c2&oe=5F8DFC22)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-09-29 18:50:36
Não consigo editar no Facebook
um pensamento de Platão,
porque a imagem com
a qual o ilustro
é reputada pornográfica!

Desde quando o nu, ou o seminu
feminino é pornográfico!?

Vejamos se tenho melhor sorte
aqui no 'Livros' do Think-fn

"A metáfora da memória como aviário"

«Vê então, se também é possível possuir assim o saber, sem o ter. É como se
alguém tivesse caçado umas aves silvestres, pombas ou quaisquer outras,
construísse em casa um pombal e tomasse conta delas;
diríamos que de certo modo sempre as tem,
porque sem dúvida as possui, não?»

Platão, Teeteto, 197c


(https://1.bp.blogspot.com/-YgtEuXrkvJQ/X3Nwqe8FkCI/AAAAAAAAAN8/7joca6bwJZ0F47l_B3dQ_5HxKiyxinJKACNcBGAsYHQ/s576/mem%25C3%25B3ria%2Bcomo%2Bavi%25C3%25A1rio.jpg)
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2020-10-01 00:04:05
Ve agora canal 2 , poe do principio.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-10-01 15:46:02
João Ferreira Annes de Almeida,
uma vida notável! Não sabia.

A dedicação de uma vida
a um ensino, uma Ideia.

Impressionante!
Obrigado.



Agora estou a ler, um livrinho,
- custou-me 1 euro, no Café
de onde vivo -, que tem
oferta alfarrábio
de livros a
1 euro!
-:)

Anthem, de Ayn Rand
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2020-10-01 15:54:56
João Ferreira Annes de Almeida,
uma vida notável! Não sabia.

A dedicação de uma vida
a um ensino, uma Ideia.

Impressionante!
Obrigado.


Para quem quiser ver   https://www.rtp.pt/play/p7721/joao-ferreira-annes-de-almeida-o-primeiro-tradutor-da-biblia-portuguesa (https://www.rtp.pt/play/p7721/joao-ferreira-annes-de-almeida-o-primeiro-tradutor-da-biblia-portuguesa)

Havia malta com historias fantásticas , repletas de mistério . É disso que gosto de encontrar na historia.
Agora estou a ler, um livrinho,
- custou-me 1 euro, no Café
de onde vivo -, que tem
oferta alfarrábio
de livros a
1 euro!
-:)

Anthem, de Ayn Rand

Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-10-11 19:27:06
(https://1.bp.blogspot.com/-3BBsr0ZHPwo/X4NNiIU53YI/AAAAAAAAAOQ/zudzP6vVvko56dPEBCImBDSxLCM5rHQ3QCNcBGAsYHQ/s320/Anthem%252C%2BAyn%2BRand.jpg)

I AM  I THINK  I WILL

It is my eyes which see, and the sight of my eyes grants beauty to the earth.
It is my ears which hear, and the hearing of my ears gives its song to the world.
It is my mind which thinks, and the search of my mind is the only searchlight that can find the truth.
It is my will which chooses, and the choice of my will is the only edict I must respect.

I know not if this earth on which I stand is the core of the universe or if it is but s speck of dust lost in eternity. I know not and I care not. For I know what happiness is possible to me on earth. And my happiness needs no higher aim to vindicate it. My happiness is not the means to any end. It is the end. It is its own goal. It is its own purpose.

Neither am I the means to any end others may wish to accomplish. I am not a tool for their use. I am not a servant of their needs. I am not a bandage for their wounds. I am not a sacrifice on their altars.
                              


Ayn Rand, Anthem (1937; 1946),
Signet (Penguin Group), New-York, 1961, (pp. 94-95)
Título: Re: Livros
Enviado por: Reg em 2020-10-20 09:06:00
Paris e terra cheia islamicos migrantes


porque nao berram mulher e racista!

deve ser por ser esquerdista!


no islamismo mulher tambem vive separada dos outros machos


novo femenismo frances ser mulher islamica  separada dos machos!  com burca  para proteger  dos predadores

a autora defende  visao islao radical  basicamente

 eliminar os homens das nossas mentes, das nossas imagens e das nossas representações

e so trocar macho por femea unica diferenca



femenismo frances fazer mesma coisa islao radical  so muda  genero !

basicamente sao  femeas talibans
Título: Re: Livros
Enviado por: nunoand99 em 2020-10-20 10:44:35
Buenos dias,

Depois de ler (e reler!), 8.600 páginas de uma "enciclopédia" antiga, sobre "Magia, Ocultismo e Sociedades Secretas" que descobri em casa do meu avô após ele morrer, quero ler a CABALA e o LIVRO DE ENOCH.

Alguém me sabe aconselhar uma edição da CABALA em português?

Obrigado
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-10-21 19:00:53
Uma epopeia do 3º milénio a.C.
XII Tábuas em Acádio traduzem
e conservam o cânone sumério
em escrita cuneiforme da Antiga
Mesopotâmia. Impressionante,
a antiguidade desta busca da
perenidade dos feitos e do nome
de um Rei histórico e lendário,
no seio da resignação da vida
mortal dos humanos: –
 
     Épico de Gilgamesh

Aquele que testemunhou o abismo, as fundações da terra,
experiente de caminhos, em tudo era sábio!
Gilgameš, que testemunhou o abismo, as fundações da terra,
experiente de caminhos, em tudo era sábio!
Aonde estavam os poderes, foi averiguá-los,
de cada coisa extraiu um ápice de sabedoria.
O que era secreto encarou, o oculto trouxe à luz:
resgatou a memória de antes do Dilúvio.
[…]


(https://terrasdohomem.pt/wp-content/uploads/2020/10/marb_505.jpg)


 
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-10-25 10:23:39
Sempre de reler,
George Orwell (1903-1950)

________________________________________

(https://static01.nyt.com/images/2019/05/31/obituaries/Mendes2/merlin_155728638_90bf57a3-4c40-496d-baa1-27aeb49f9a7b-superJumbo.jpg?quality=90&auto=webp)
 
«Apenas se lhes exigia [aos proles] um patriotismo primitivo
a que se pudesse apelar quando necessário,
ou para aceitarem mais horas de trabalho,
ou rações mais parcas.

E mesmo quando se mostravam descontentes,
como sucedia por vezes, o descontentamento
não levava a coisa nenhuma, pois,
desprovidos de ideias gerais,
só conseguiam canalizá-lo
para reivindicações
limitadas e mesquinhas.

Os maiores males escapavam à sua percepção.»

George Orwell, 1984,
Antígona, Lisboa, 1999, p.78

_________________
«... e achou-se afastado do mosteiro
uma légua das fartas, das puxadas»

Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-10-25 10:26:56
(http://www.thinkfn.com/forumbolsaforex/index.php?action=dlattach;topic=5824.0;attach=40549;image)

(Editado por nove nove, in thread Coronavirus)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-10-30 08:09:48
Em tempos de maresia a cheirar a fascismo, vale a pena acautelarmo-nos
em distanciamento físico, social,  em que vingue o homem livre.


(https://scontent.flis5-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/123146212_660955911231252_430440670523096989_n.png?_nc_cat=108&ccb=2&_nc_sid=730e14&_nc_ohc=ANOkMkcqfYsAX-VtjXs&_nc_ht=scontent.flis5-1.fna&oh=828d45bb45a6a56527943de9885d6d16&oe=5FC092AA)

Jung, sempre actual por discernir a condição humana...

"O movimento de massa resvala, como se pode esperar, do alto de um plano inclinado
estabelecido pelos grandes números: a pessoa só está segura onde muitos estão:
o que muitos acreditam deve ser verdadeiro; o que muitos almejam deve ser
digno de luta, necessário e, portanto, bom; o poder se vê forçado
a satisfazer o desejo de muitos. Mas o mais belo mesmo
é escorregar com leveza e sem dor para a terra
 das crianças, sob a protecção dos pais,
livre de qualquer responsabilidade
e preocupação.

Pensar e preocupar-se é da competência dos que estão lá no alto;
lá existem respostas para todas as perguntas e necessidades.
Tudo o que é necessário encontra-se à disposição.

Esse estado onírico infantil do homem massificado é tão irrealista
que ele jamais se pergunta quem paga por esse paraíso.

A prestação de contas é feita pela instituição que se lhe sobrepõe,
o que é uma situação confortável para ela, pois aumenta
ainda mais o seu poder. Quanto maior o poder,
mais fraco e desprotegido o indivíduo."


- Carl Jung, Presente e Futuro, Pag. 39, §538
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-11-01 10:52:36
(https://i0.wp.com/lojaosebocultural.com/wp-content/uploads/2020/05/eb486594-72a6-4063-a8ca-42746179c67f.png?fit=250%2C331&ssl=1)

«Ninguem de bom senso se aventura a contradizer
um chimico sobre chimica, um astrónomo sobre eclipses
ou mesmo um geólogo sobre rochas e sobre fósseis.

Mas todos teem a sua opinião sobre o commmercio
mal entendido, sobre o effeito da alta de salarios,
sobre o transtorno que produz a offerta do trabalho
a baixo preço, emfim, sobre centenas de questões
de importância social.

Essa gente não vê que estes assumptos são, na realidade,
mais difficeis de comprehender que a chimica, a astronomia
ou a geologia e que toda uma vida de estudo não basta para
nos permittir fallar delles com segurança.

E, comtudo, aquelles que nunca estudaram economia politica,
são, em regra, os que falam della com mais desassombro.

O facto é que, assim como outrora se detestava a sciencia physica,
tambem hoje ha uma especie de desconfiança ignorante, de impaciência
contra a economia politica. O homem gosta de seguir os seus proprios
impulsos e os seus preconceitos , e vexa-se quando lhe dizem que faz,
justamente, o que conduz a um fim diametralmente opposto ao que elle procura.»



Stanley Jevons, Economia Politica,
Bibliotheca d'Educação Nacional - IX, traducção
revista por Agostinho Fortes, edição da Typographia
de Francisco Luiz Gonçalves, Lisboa, 1909, p. 7

Título: Re: Livros
Enviado por: nunoand99 em 2020-11-07 18:17:46
Grandes livros e excertos aqui neste tópico!  ;)

Mas eu continuo à procura da melhor versão da CABALA.

Estou em Amesterdão, e hoje fui à Biblioteca Filosofal Hermética, supostamente a maior colectanea europeia sobre a matéria, mas como também funciona como museu, estão fechados sem data previsivel de abertura...

What a bad luck.

Such a precious treasure just behind the doors.
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2020-11-07 19:38:29
Grandes livros e excertos aqui neste tópico!  ;)

Mas eu continuo à procura da melhor versão da CABALA.

Estou em Amesterdão, e hoje fui à Biblioteca Filosofal Hermética, supostamente a maior colectanea europeia sobre a matéria, mas como também funciona como museu, estão fechados sem data previsivel de abertura...

What a bad luck.

Such a precious treasure just behind the doors.
nome giro. mistura de velho com novo.
estive a ver as tuas mensagens e dizes que estás de regresso.
Não sei quem és. eu sou a smog.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-11-07 19:43:13
Talvez melhor do que a Cabala seja ler Maimónides!
Não conheço nem este nem a Cabala,
– salvo serem falados e citados –,
mas parece-me o filósofo
bem mais proveitoso!
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-11-09 11:11:04
António Vieira, O Perceber do Mundo – O Ser e o Saber,
Editora Mariposa Azual, Lisboa, 2020
___________________________________________________________________

Recebi-o pelo correio. O autor ensaia esquematizar uma teoria do conhecimento,
«com vozes de pensadores e poetas», a ilustrar «os livros inacabados
e póstumos de Maurice Merleau-Ponty.»

Emocionante logo, a inscrição e a abertura do ensaio:
Les ténèbres ont besoin des yeux et de la mémoire de la lumière, (Valéry),
a figura de uma estatueta humana de mármore, de uns 40 cm de altura,
com 4700 anos, do período cicládico da Grécia insular do mar Egeu,
contemporânea do começo da história e do início da escrita.

O ensaio abre com esse ídolo a encarnar a personagem
de Phylakopi, assim apresentada:

«Provimos da noite e voltaremos à noite, e é no intervalo de luz
entre estas duas obscuridades sem limite que devemos procurar
os fundamentos de qualquer possibilidade de conhecimento.

Para o intentarmos, convocaremos uma estátua nua semelhante
à que propôs Condillac no seu Traité des sensations,
atribuindo-lhe algumas das capacidades
presentes em nós próprios.

Será por via desta estátua, dotada de visão e de memória,
e do dom de discorrer fundado no critério de evidência
(isto é, antrópico na sua essência), que conduziremos
o inquérito sobre a possibilidade de conhecimento,
o seu curso e os seus limites.»



(https://scontent.flis5-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/123591919_1831722636982626_5745498677438529204_n.jpg?_nc_cat=104&ccb=2&_nc_sid=b9115d&_nc_ohc=c2NIqWL9wEYAX8yv3tq&_nc_oc=AQnNnvjSfbrXrM94aC2LY1necn9K78GwQmlkCk0OqrMzW7HW9qUmuSnnhO7cu9dXNqEdGRvePXA4aQ06oMVkQ1PR&_nc_ht=scontent.flis5-1.fna&oh=b8a9728855015b4dee82b93d15237ccb&oe=5FD02EC5)(https://scontent.flis5-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-0/s600x600/123263914_1831727486982141_5381476733969612072_n.jpg?_nc_cat=101&ccb=2&_nc_sid=b9115d&_nc_ohc=bWcaFq2k38MAX8llxqU&_nc_ht=scontent.flis5-1.fna&tp=7&oh=0405cee42b72fc006919371791b57a82&oe=5FCEB78E)

Que admirável abertura a um esboço da teoria do conhecimento!
Não perderei por nada este ensaio, em boa hora a mim chegado! -:))
Título: Re: Livros
Enviado por: nunoand99 em 2020-11-09 19:48:09
Grandes livros e excertos aqui neste tópico!  ;)

Mas eu continuo à procura da melhor versão da CABALA.

Estou em Amesterdão, e hoje fui à Biblioteca Filosofal Hermética, supostamente a maior colectanea europeia sobre a matéria, mas como também funciona como museu, estão fechados sem data previsivel de abertura...

What a bad luck.

Such a precious treasure just behind the doors.
nome giro. mistura de velho com novo.
estive a ver as tuas mensagens e dizes que estás de regresso.
Não sei quem és. eu sou a smog.

Olá smog,

Eu nunca fui de escrever muito aqui no forum, e já nem sei qual era o nick que tinha antes.

Mas....e já leste a Cabala? Tens alguma edição para aconselhar? Tens ar de quem já leu umas coisas  ;)

Eu não acredito que estou nesta cidade, com belas sinagogas por sinal, um profunda tradição judaica, e não consigo me informar de nada sobre o assunto.

God damn virus!
Título: Re: Livros
Enviado por: Reg em 2020-11-09 20:44:17
simplificando essas sinagogas foram feitas pelos teimosos judeus  alguns  origem iberia  nao aceitaram a igualdade  ser iguais


os judeus   ficaram no retangulo hoje dia sao mais mais iguais!


sao tao iguais nem sabem ja foram judeus!   a maravilha da igualdade com coletivistas frente!  produzir igualdade


so se esqueceram liberdade
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2020-11-10 22:30:05
Grandes livros e excertos aqui neste tópico!  ;)

Mas eu continuo à procura da melhor versão da CABALA.

Estou em Amesterdão, e hoje fui à Biblioteca Filosofal Hermética, supostamente a maior colectanea europeia sobre a matéria, mas como também funciona como museu, estão fechados sem data previsivel de abertura...

What a bad luck.

Such a precious treasure just behind the doors.
nome giro. mistura de velho com novo.
estive a ver as tuas mensagens e dizes que estás de regresso.
Não sei quem és. eu sou a smog.

Olá smog,

Eu nunca fui de escrever muito aqui no forum, e já nem sei qual era o nick que tinha antes.

Mas....e já leste a Cabala? Tens alguma edição para aconselhar? Tens ar de quem já leu umas coisas  ;)

Eu não acredito que estou nesta cidade, com belas sinagogas por sinal, um profunda tradição judaica, e não consigo me informar de nada sobre o assunto.

God damn virus!
nem sei se existe alguma impressão da cabala. é capaz de existir.
Tenho ideia é é um texto místico associada a judeus estudiosos das cenas místicas da religião judaica.
Viena parece-me um bom local para procurar.
Título: Re: Livros
Enviado por: Zenith em 2020-11-11 00:02:57
Creio que a Cabala não designa um livro mas uma escola de pensamento mistico judeu que se baseia na crença de que a realidade é uma emanação da divindade e que textos sagrados oram escritos numa linguagem cifrada e que descoberta dessa cifra permitiria ascender directamente a Deus.
O cabalismo embora possa ser relacionado com tradições mais antigas emergiu na idade média na peninsula iberica e sul de França, e embora tenha uma tradição essencialmente oral, há alguns livros sendo o mais famoso o Zohar (livro do esplendor). Há quem veja influências cabalisticas na filosofia de Espinosa.
Segue uma palestra acerca da cabala de J.L. Borges (incluida num livro com titulo "Sete Noites" publicado em português).

https://www.youtube.com/watch?v=dIsrlSlD19M (https://www.youtube.com/watch?v=dIsrlSlD19M#)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-11-11 18:36:04
Talvez melhor do que a Cabala seja ler Maimónides!
Não conheço nem este nem a Cabala,
– salvo serem falados e citados –,
mas parece-me o filósofo
bem mais proveitoso!


Copiado hoje, de uma divisória de vidro
de um Laboratório Germano de Sousa:


    «Que o meu espírito fique claro junto do doente,
    que nenhum outro pensamento o distraia
    de modo a que tenha presente tudo o que
    a experiência e a ciência lhe ensinaram;
    porque grandes e sublimes são as pesquisas
    científicas que têm por fim conservar a saúde
    e a vida de todos os seres.»

Maimónides (médico séc. XII)
Título: Re: Livros
Enviado por: nunoand99 em 2020-11-11 23:27:40
Hum...

Viena..Zohar...

Vou explorar!

E já que estamos numa de livros, aconselho tudo o que for do Nassim Nicholas Taleb.

Se nunca leram, deviam dar uma olhada.

Eu tinha uma versão rara do "Cisnes Negros", um dia tive a ideia (também estava em Amsterdão nesse dia, curiosamente) de fazer biblioteca numa das minhas empresas para o pessoal levar para casa para ler, e alguém me ficou com esse "Cisnes Negros" ahahah go figure?
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-11-12 00:57:19
Nassim Taleb, 'desortodoxa' a curva de Gauss para quem se atenha a um realismo político-económico.
Título: Re: Livros
Enviado por: nunoand99 em 2020-11-13 21:33:05
Nassim Taleb, 'desortodoxa' a curva de Gauss para quem se atenha a um realismo político-económico.

Epá, isso foi profundo, assim tipo a profundidade do Nassim Thaleb ahahah.

Tive de ler duas vezes e fizeste-me pensar sobre o assunto, the way i like it!

O meu preferido é o "Arriscar a Pele", devia ser dado na escola obrigatória antes do 9º ano, mas isso era anti-establishment, nunca poderia ser uma opção ahah.

Acho que foi lá que li o seguinte, que é uma grande verdade, e faz paralelismo com os mercados, dado que isto é um forum de finance:

Se 100 pessoas forem ao casino, a probabilidade de algum falir é de 1%, mas se a mesma pessoa for ao casino 100 vezes, a probabilidade de falir é de 100%

De onde resulta uma regra de ouro dos mercados:

Ter maior exposição ás subidas do que às descidas!
(ou dito em modo mais comum, mas menos operacional, cut the losses and let the profits run)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-11-13 23:24:54
Nunca joguei na bolsa propriamente.

Mas sempre se me vincou na ideia
a regra-de-ouro: «Stop Loss!» nos 15%.

Assim como a história do Pai dos Kennedy,
que vendeu tudo o que tinha antes da crise 1929,
só porque, a engraxar os sapatos num balcão de rua
em Nova-Iorque, ouviu todos os pretos, engraxadores,
a falarem da bolsa e de que nela estavam a investir!
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-11-14 22:30:54
Um cuidado a ter,

Obesidade mental

O professor Andrew Oitke publicou o seu polémico livro «Mental Obesity», que revolucionou
os campos da educação, do jornalismo e das relações sociais em geral. Nessa obra, o catedrático
de Antropologia de Harvard introduziu o conceito em epígrafe para descrever
o que considerava o pior problema da sociedade moderna.

«Há apenas algumas décadas, a humanidade tomou consciência dos perigos
do excesso de uma alimentação desregrada. Está na altura de se notar
que os nossos abusos no campo da informação e conhecimento
estão a criar problemas tão ou mais sérios que esses.»

Segundo o autor, «a nossa sociedade está mais atafulhada de preconceitos
que de proteínas, mais intoxicada de lugares-comuns que de hidratos de carbono.
As pessoas viciaram-se em estereótipos, juízos apressados, pensamentos tacanhos,
condenações precipitadas. Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada.

Os cozinheiros desta magna "fast food" intelectual são os jornalistas e comentadores,
os editores da informação e filósofos, os romancistas e realizadores de cinema.
Os telejornais e telenovelas são os hamburgers do espírito, as revistas
e romances são os donuts da imaginação.»

O problema central está na família e na escola. «Qualquer pai responsável
sabe que os seus filhos ficarão doentes se comerem apenas doces e chocolate.
Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a dieta mental
das crianças seja composta por desenhos animados, videojogos e telenovelas.

Com uma «alimentação intelectual» tão carregada de adrenalina, romance, violência
e emoção, é normal que esses jovens nunca consigam depois uma vida saudável e equilibrada.»

Um dos capítulos mais polémicos e contundentes da obra, intitulado "Os Abutres", afirma:

«O jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamente de cadáveres de reputações, de detritos
de escândalos, de restos mortais das realizações humanas. A imprensa deixou há muito
de informar, para apenas seduzir, agredir e manipular.»

O texto descreve como os repórteres se desinteressam da realidade fervilhante,
para se centrarem apenas no lado polémico e chocante. «Só a parte morta
e apodrecida da realidade é que chega aos jornais.»

Outros casos referidos criaram uma celeuma que perdura.

«O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades.
Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy.
Todos dizem que a Capela Sistina tem tecto, mas ninguém suspeita para que é que ela serve.
Todos acham que Saddam é mau e Mandella é bom, mas nem desconfiam porquê.
Todos conhecem que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um cateto».

As conclusões do tratado, já clássico, são arrasadoras.
 
«Não admira que, no meio da prosperidade e abundância,
as grandes realizações do espírito humano estejam em decadência.
A família é contestada, a tradição esquecida, a religião abandonada,
a cultura banalizou-se, o folclore entrou em queda, a arte é fútil,
paradoxal ou doentia. Floresce a pornografia, o cabotinismo,
a imitação, a sensaboria, o egoísmo. Não se trata
de uma decadência, uma «idade das trevas»
ou o fim da civilização, como tantos
apregoam.

É só uma questão de obesidade. O homem moderno
está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos.

O mundo não precisa de reformas,
desenvolvimento, progressos.

Precisa sobretudo de dieta mental!


Obesidade Mental é uma efabulação da autoria de João Cesar das Neves
(não existe nenhum Antropólogo de nome Andrew Oitke nem nenhuma
obra Mental Obesity), publicada no Diário de Notícias de 22 de Março de 2004.
                       (Editado no FB por José Lourenço)


(https://scontent.flis5-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/125237877_3502996203151886_309627545873839482_n.jpg?_nc_cat=109&ccb=2&_nc_sid=730e14&_nc_ohc=G7ENHwqr0nQAX86koep&_nc_ht=scontent.flis5-1.fna&oh=d5292af0d50cee0e8c19fff93972be03&oe=5FD63E22)
Título: Re: Livros
Enviado por: nunoand99 em 2020-11-15 21:09:07
Ahahahah

Muito bom!

Li tudo com atenção , empatia, e simpatia, pelo tema, e pelo que foi escrito.

E quando no fim vi que é do Cesar das Neves foi uma risota!

Foi meu professor  ;)

Há uma frase dele que nunca esqueço: "Nunca menosprezem a estupidez humana!"

No dia da entrega do diploma, foi somente a ele que me dirigi para agradecer.

Nunca mais o vi pessoalmente.

Um bem haja Cesar das Neves.

P.S. Tive muitos professores espectaculares, não tivesse eu tido a sorte de ter andado numa óptima universidade, mas ele, de facto é diferente e marca pela diferença.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-11-15 21:51:06
-:) Só o conheci da tv e com Quantum Satis, Não há almoços grátis
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-11-30 18:02:46
(https://www.economist.com/img/b/1280/1684/90/sites/default/files/print-covers/20201010_cuk1280.jpg)(https://www.economist.com/sites/default/files/20201010_csr1280.jpg)

Este número de 10 a 16 outubro no seu relatório especial
da economia mundial, The peril and the promise, é imperdível.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-12-01 17:03:47
(https://static.fnac-static.com/multimedia/Images/PT/NR/be/e9/55/5630398/1540-1.jpg)

       A mais perfeita, lúcida, exemplar, exposição
       do conhecimento científico e filosófico
       sobre a natureza do universo.

       Leitura imperdível.
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

post-scriptum:- Num comentário a um amigo,

O livro do Rovelli é excelente. Estou a tirar apontamentos de algumas partes, pontos de inflexão da Física. Já o li. E comprei um outro dele, "A Ordem do Tempo", que deve ser excelente. A expressão "espaço-tempo" é de entender em termos quânticos, i.e., nem o espaço nem o tempo são infinitamente divisíveis, antes tudo o que é e ocorre e compõe-se discretamente em porções de espaço/duração ínfimas mas distintas entre si ligando-se por campos de vibração que compõem o espaço material em que flui a fenomenologia observável. É muito interessante e tenho comigo mais pequenas obras de Física quântica, que ainda não li, porque o prazer é maior quando nos aproximamos de compreender... Em puto, li alguns livrinhos da Colecção Saber, incluindo de Einstein, mas "já nessa altura" -:( , era como agora, difícil de perceber! -:)

Havemos de almoçar de novo. Há detalhes nas explicações físicas que se irmanam estrictamente ao modo que temos de as entender, sem liberdade de o conseguir doutro modo. Por exemplo, os tais quanta de espaço-tempo-gravidade, são "irmãs" ou "irmãos gémeos", de um modo viável de contar, individuar, 'aritmetizar' o que pressupomos ser real e conseguirmos calcular resultados que confiram inteligibilidade às ocorrências que observamos...

E as sucessões de eventos que prevemos têm de ocorrer como o dizemos!? Pode ser que sim se esse for o condicionamento que as force a tal. Mas se deixar de ser por qualquer circunstância ou factor interveniente, nada ocorrerá como possamos prever.

Todo o saber - e não só em Economia! - é condicionado pelas cláusulas ceteris paribus e mutatis mutandis -:)) dos meus verdes anos da faculdade, lol. De modo que, recobrimos em linguagem formal, matemática, lógica ou gramatical, o entendimento que temos ou supomos ter do porquê e do como as coisas acontecem à nossa volta... -:)

O grande acontecimento será um dia em que consigamos comunicar com seres racionais inumanos e compararmos os nossos conhecimentos... (Mas o perigo de hostilidade... pode não ser pequeno...)

----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

E acrescento uma proposição em Espinosa, radical:
Não é por deduzirmos correctamente uma conclusão
de uma premissa verdadeira, que ela se avera verdadeira;
mas sim, porque a premissa e a conclusão
são verdadeiras é que conseguimos
deduzir uma da outra! -:))


Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-12-06 13:35:41
Uma das consequências da realidade real
do universo de perfeito espanto
!

(https://scontent.flis5-1.fna.fbcdn.net/v/t1.0-9/130193897_183274853523352_672489645486204887_n.jpg?_nc_cat=104&ccb=2&_nc_sid=825194&_nc_ohc=JSVnTrv7HJ4AX9jsuds&_nc_ht=scontent.flis5-1.fna&oh=92f2092948a1dc71c58db38785c979fd&oe=5FF0C9D3)

Curiosamente, a imagem mais antiga
de que temos noção do universo original,
uns 300 mil anos após o início, nas
equações em que o descrevemos,
coincide com o alvorar do
Sapiens a distinguir-se
dos homínideos que o
precederam... -:)

Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-12-14 08:11:23
Sempre ouvi falar dele,
mas nunca o li realmente!
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2020-12-17 17:16:47
Grandes livros e excertos aqui neste tópico!  ;)

Mas eu continuo à procura da melhor versão da CABALA.

Estou em Amesterdão, e hoje fui à Biblioteca Filosofal Hermética, supostamente a maior colectanea europeia sobre a matéria, mas como também funciona como museu, estão fechados sem data previsivel de abertura...

What a bad luck.

Such a precious treasure just behind the doors.
nome giro. mistura de velho com novo.
estive a ver as tuas mensagens e dizes que estás de regresso.
Não sei quem és. eu sou a smog.

Olá smog,

Eu nunca fui de escrever muito aqui no forum, e já nem sei qual era o nick que tinha antes.

Mas....e já leste a Cabala? Tens alguma edição para aconselhar? Tens ar de quem já leu umas coisas  ;)

Eu não acredito que estou nesta cidade, com belas sinagogas por sinal, um profunda tradição judaica, e não consigo me informar de nada sobre o assunto.

God damn virus!

tenta a livraria Trindade… tem loja também online e faz envio para onde quiseres. também há outras soluções online.

entretanto vbm

https://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/17396.pdf
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2020-12-17 19:23:13
Sim, claramente. Portugal foi nação templária.

E o ponto de inflexão, começou com o Bolonhês,
e seu filho, Dom Diniz, ambos cultos, até ao ápice
d' o Príncipe Perfeito, o qual cumulou tudo
o necessário para a navegação e comércio
no globo: construção naval, cartografia,
espionagem, diplomacia, inteligência.

De vincar, igualmente, após os Cruzados
e os Templários, o Tratado de Aliança política
com Inglaterra e os Lencastre a que devemos
a nossa independência política, irredutível
a mera região ibérica autónoma.

Título: Re: Livros
Enviado por: Thorn Gilts em 2020-12-22 12:25:01
http://www.livrariajuridica.com/ (http://www.livrariajuridica.com/)

Encontra-se em processo de insolvência (pagamento é feito à massa insolvente) e todos os livros estão a 70% de desconto face ao PVP.

Possível comprar online e pagar com Cartão de Credito ou transferência bancária.

 
Título: Re: Livros
Enviado por: Incognitus em 2020-12-22 15:32:27
Stalin, por Edward Radzinsky. Vale a pena ler, encontra-se na web em inglês.
Título: Re: Livros
Enviado por: Thorn Gilts em 2020-12-22 15:37:08
Stalin, por Edward Radzinsky. Vale a pena ler, encontra-se na web em inglês.

Resumidamente fala sobre? A parte do Stalin, óbvio.
Título: Re: Livros
Enviado por: Thorn Gilts em 2020-12-22 19:36:19
Thanks, util. Já comecei a ler, só não estou a conseguir meter no kindle não sei porquê.

Atrevei-me já a recomendar a amigos, confio no Inc. e no pouco que já li.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2021-02-23 01:39:20
E proximamente, será este, que me ofereceram,
e não deve ficar atrás da espantosa narrativa,
memória política, dos cinco meses
de negociação com a União
Europeia em 2015.

(https://img.wook.pt/images/os-fracos-sao-os-que-sofrem-mais-yanis-varoufakis/MXwxODY4MDkxMnwxNDQwMDE0NnwxNDczNzIxMjAwMDAw/250x)

Descreve o sistema económico desde agosto 1971,
quando o dólar se desligou do ouro, o que acabou
por abrir caminho à crise de petróleo de 1973,
em que o mundo nunca mais voltou a ser
o que era. Acabados os anos gloriosos
da reconstrução no pós-guerra
e destituídos os acordos
de Bretton Woods,

a Europa encetou
uma pseudo caminhada no sentido da união,
económica e monetária, mas assente numa falsa,
fictícia prosperidade partilhada, que não passou
de um esquema piramidal de dívida dos países
pobres (os PIGS) face aos grandes exportadores
dos países ricos, cujos empresários sempre
venderam tudo com ou sem utilidade
nenhuma, através de seguros
e garantias de Estado
à exportação, ainda
que a insolventes!

Na base desta assimetria desequilibrada
de comércio e pagamentos, «Os mais fortes
fazem o que podem, enquanto os mais fracos
fazem o que devem» - como já dizia Tucídides
há dois mil e quinhentos anos! Ou. como dizia
Salazar em axioma mais lapidar, «Manda quem
pode, obedece quem deve.» Chega-se a algum lado
neste confronto? Obviamente, não. Ridiculamente,
emprestam mais e mais dinheiro aos devedores
para que não deixem de pagar nos devidos
vencimentos. Uma mascarada, própria
do «Rei Vai Nu» como salta aos olhos
com as taxas de juro negativas.

É o que dá cunhar moeda sem amarra de reserva de valor.
O adeus ao ouro, é o adeus ao euro, e nem o dólar
adoptado por Nixon em 1971,
vale meio pataco furado!


[De qualquer modo, é o que me suscita
a capa e a contracapa do livro, cuja
leitura só encetarei a sério,
depois da 'habit(u)ação'
em que estou na
casa de Fausto
de Goethe -:)]


Finalmente, após largo interregno, por leitura dispersa
doutros autores, retomei e terminei este livro de Varoufakis.

É notável, vivo, pertinente.

Quem quiser sentir ao 'vivo e a cores'
o que é a economia política e
a política económica, leia
Varoufakis. Dizem que está
a preparar outro livro
sobre o sistema
que sucederá
ao do capitalismo,
algo fundado numa espécie
de tecnofeudalismo,
sem sombra de democracia,
liberdade e civilidade.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2021-02-26 08:08:44
(https://images.gr-assets.com/authors/1436957451p8/5135712.jpg)

Extracto de uma entrevista ou
comentário de Raquel Varela sob o título:

"A princesa estuda, a plebe fica on line"

Destaco:


«Nada online tem vantagens a não ser curto período, para pesquisa, por exemplo. Mas isso não é ensino
– o que os jovens vão desenvolver online é a rapidez, multitasking, compulsão, que lhes permite aguentar
quando entrarem no mercado de trabalho uma linha de montagem, uma tele consulta, uma “aula” online.

Ensino é desenvolvimento das funções psíquicas superiores, conhecimento, concentração, abstração, atenção dirigida.»

A «“casa real espanhola” anunciou que Leonor vai estudar num colégio de ensino secundário em Inglaterra [  ] 
do currículo consta [  ] de manhã teoria do conhecimento, com livros, à tarde cultura, arte e vida na comunidade
– um ensino quanto a mim perfeito.»

«A conclusão é óbvia.

A plebe fica a carregar num botão, e a olhar para um ecrã 6 horas por dia, seguidos de mais 6 “lúdicas”
para garantir que nunca se cansarão numa linha de montagem. A elite vai estudar literatura, filosofia,
os fundamentos da ciência, e da vida em comunidade.

Os dirigentes e quem tem poder estudam classicamente, enquanto criam teorias sobre as vantagens
do on line para a plebe que dirigem. Os outros são operadores de máquinas, ainda que possam
ser médicos ou professores – o que são chamados é a ser apêndices de um computador.

A distopia tecnológica é isto.

A escola real é um castelo cada vez mais vedado à maioria da população, que assiste pelo ecrã passiva,
com um Ipad oferecido pelas Câmaras, ignorante, repetitiva, compulsiva,
sem se desenvolver com humanidade, apartados ~
assim também da democracia.»
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2021-02-26 09:56:43
(https://images.gr-assets.com/authors/1436957451p8/5135712.jpg)

Extracto de uma entrevista ou
comentário de Raquel Varela sob o título:

"A princesa estuda, a plebe fica on line"

Destaco:


«Nada online tem vantagens a não ser curto período, para pesquisa, por exemplo. Mas isso não é ensino
– o que os jovens vão desenvolver online é a rapidez, multitasking, compulsão, que lhes permite aguentar
quando entrarem no mercado de trabalho uma linha de montagem, uma tele consulta, uma “aula” online.

Ensino é desenvolvimento das funções psíquicas superiores, conhecimento, concentração, abstração, atenção dirigida.»

A «“casa real espanhola” anunciou que Leonor vai estudar num colégio de ensino secundário em Inglaterra [  ] 
do currículo consta [  ] de manhã teoria do conhecimento, com livros, à tarde cultura, arte e vida na comunidade
– um ensino quanto a mim perfeito.»

«A conclusão é óbvia.

A plebe fica a carregar num botão, e a olhar para um ecrã 6 horas por dia, seguidos de mais 6 “lúdicas”
para garantir que nunca se cansarão numa linha de montagem. A elite vai estudar literatura, filosofia,
os fundamentos da ciência, e da vida em comunidade.

Os dirigentes e quem tem poder estudam classicamente, enquanto criam teorias sobre as vantagens
do on line para a plebe que dirigem. Os outros são operadores de máquinas, ainda que possam
ser médicos ou professores – o que são chamados é a ser apêndices de um computador.

A distopia tecnológica é isto.

A escola real é um castelo cada vez mais vedado à maioria da população, que assiste pelo ecrã passiva,
com um Ipad oferecido pelas Câmaras, ignorante, repetitiva, compulsiva,
sem se desenvolver com humanidade, apartados ~
assim também da democracia.»


esta cada vez pior ......mais uma que vive a  nossa conta atraves de bolsas e influencias do seu meio, faz lhe falta uns filhos e ou alguem..., para o ramalhete ficar completo faltavam dizer que ela tem gato(s) ....

Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2021-02-26 10:27:21
Lol

Não gosto de gatos,
nem de cães!

Ela, é diferente.
Não, propriamente, bonita,
mas 'energizante'!

Quanto a viver à 'nossa' custa,
faz ela muito bem, e que aproveite
para fazer o que faz,

denunciar os que, sem mérito nem valor,
nada fazem e vivem pançudos,
à custa dos escravizados
e aparvalhados!
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2021-03-05 11:02:28
Carlos Espírito Santo de Mello, O que Os Média Não Dizem,
The Media’s Taboo — An Essay on Population Growth», 2001)
Porto, Civilização Editora, 2005


(https://img.wook.pt/images/o-que-os-media-nao-dizem-carlos-e-s-mello/MXwxODIwMTl8MjMwOTMzfDEzODM1MjMyMDAwMDA=/500x)


Supunha que já tinha mostrado este livro aqui,
mas pelos vistos, não. Como o 'IX' manifestou
curiosidade, edito o que dele transcrevi e guardei:

«Como em toda a África até à década de quarenta também na Etiópia, a alta imortalidade infantil
tendia a manter estável a população. Para as mulheres africanas a perda de prole logo na primeira infância
era um acontecimento de rotina pouco preocupante. Os sobreviventes eram cuidados e fontes de redobrado
prazer. Esse método da natureza para manter estáveis as populações (e assegurar boa genética) parece rude
face às bitolas de hoje. Surge, porém, uma questão pertinente: será preferível que uma criança morra pouco
depois de nascida — antes de poder sequer saber o que é a morte — ou ser salva para um subsequente
falecimento lento e torturado numa curta vida de carência alimentar ou, ainda, como acontece
a milhões no Subcontinente Indiano, viver os seus dias acorrentada ao local de trabalho?

Na Etiópia, não se punham tais dilemas. A meio do século XX, uma população estável
e auto-suficiente era estimada em dezoito milhões.

Depois veio o dilúvio…
… da penicilina.

Reagiu tudo com entusiasmo:

— As mães, ao verem cinco, seis ou mais filhos a sobreviverem em vez dos habituais dois ou três.
— Os autoproclamados benfeitores e missionários desvanecidos com a resposta de Deus às suas preces.
— E as empresas farmcêuticas, essas, a engordar…

… e alguém fez contas ao custo e à logística, ainda que apenas de “alimentar” [ ], de todas as bocas em explosão? [ ]

E aconteceu que os 18 milhões de almas de 1950 deram origem a 36 milhões em 1981.
Também aconteceu que aperfeiçoamentos farmacológicos fizessem já em 2004
os Etíopes ultrapassar os 72 milhões [ ]… o mesmo é dizer, de bocas.»    
      
         - - - - - - - // - - - - - - -

«Quanto precede leva mais cedo ou mais tarde à pergunta do porquê da relutância dos media
em dar a importância devida aos factores populacionais. Neste particular a primeira coisa
a tomar em conta é que a vasta maioria dos media no mundo ocidental é privada
e por isso tem que, de algum modo aferir as suas exteriorizações
com a motivação do lucro — essencial à sua própria existência.

Ora a espectadores e ouvintes pouco interessam as progressões numéricas.
Deleitam-se, sim, com as grandes corrupções, os ataques de bombistas suicidas,
as crises de fome aqui, ou ali, sempre devida a grandes secas, pragas de gafanhotos
ou inundações (mas não à sobrepopulação!) tudo com a correspondente filmagem
de crianças esqueléticas, bem apontada ao âmago dos instintos maternos
e paternos. A inexorável progressão dos números
que tudo condiciona pois essa não tem
conteúdo emocional.»

         - - - - - - - // - - - - - - -

«Anos após a definição dos “direitos do homem” acrescentou a ONU um pronunciamento acerca
dos “direitos das crianças”. Exigem elas vestuário, habitação, alimentos, educação
e assitência médica. A utopia de ver generalizados estes direitos é evidente
para qualquer um que veja noticiários televisionados. Neste contexto,
porém, seria de indispensável coerência acrescentar o direito a
“não nascer, sempre que os cinco demais direitos
não estivessem assegurados”.

Esse claro direito de não vir ao mundo apenas para sofrer,
resulta mais imperioso sempre que se torne evidente
que nem um só dos cinco direitos enunciados
esteja assegurado.

A inacção culposa dos média face a esta realidade,
bem como — mais evidente e gravoso — a oposição
de entidades religiosas ao seu cumprimento, são obviamente
atentados aos universalmente proclamados direitos da crianças.»
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2021-03-17 11:05:30
Muito bom

https://www.amazon.co.uk/Portuguese-Jews-Jamaica-Mordechai-Arbell/dp/9768125691 (https://www.amazon.co.uk/Portuguese-Jews-Jamaica-Mordechai-Arbell/dp/9768125691)

the portuguese jews of jamaica 
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2021-03-24 14:36:31
Para quem possa ter livros antigos ou qualquer um que  tenha estima , deixo aqui um link com uma especie de mini curso teorico de conservação de livros.
Está em portugues do brasiu


https://www.bu.ufmg.br/boletim/obrasraras/introdu%E7%E3o_t%E9cnicas_acondicionamento_higieniza%E7%E3o.pdf (https://www.bu.ufmg.br/boletim/obrasraras/introdu%E7%E3o_t%E9cnicas_acondicionamento_higieniza%E7%E3o.pdf)

https://simagestao.com.br/wp-content/uploads/2016/05/Nocoes-Basicas-de-Conservacao-de-Livros-e-Documentos.pdf (https://simagestao.com.br/wp-content/uploads/2016/05/Nocoes-Basicas-de-Conservacao-de-Livros-e-Documentos.pdf)

https://folivm.files.wordpress.com/2011/04/manual-an-bn-cnj-2011-c3baltima-versc3a3o-2p-folha.pdf (https://folivm.files.wordpress.com/2011/04/manual-an-bn-cnj-2011-c3baltima-versc3a3o-2p-folha.pdf)
Título: Re: Livros
Enviado por: jeab em 2021-03-24 20:18:10

Aproveitem

 https://www.escritas.org/pt/autores (https://www.escritas.org/pt/autores)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2021-04-28 14:08:17
Para quem tiver andado a 'levitar' em torno
da Física Quântica e quiser aterrar segura
e suavemente na realidade humana
e social, aconselho as dez palestras
do último livro de um dos mais
notáveis filósofos do século 20,
ainda vivos e lúcidos,

John Searle,


(https://almedinanet.b-cdn.net/media/catalog/product/cache/10f519365b01716ddb90abc57de5a837/9/7/9789896169534_1583160542.jpg)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2021-05-01 12:39:52
                Mas neste, convém habitar!
           (Ainda que para aprender coisas diferentes.)


(https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/318vbViiypL._SX327_BO1,204,203,200_.jpg)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2021-05-19 06:13:38
(https://content.gulbenkian.pt/wp-content/uploads/2020/07/14120549/21_533x800.jpg)

    O qual nos remete para o criticado
    autor da Crítica, sem o destituir
    mas, talvez, naturalizando-o
    mais compreensivelmente.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2021-05-19 06:21:08
(https://static.fnac-static.com/multimedia/Images/PT/NR/02/46/0f/1000962/1540-1/tsp20170215162414/En-Presence-de-Schopenhauer.jpg)

      Já este admira o anterior, mas,
      romancista, acaba por se 'dissolver',
      em mero positivismo, sem perder
      o gosto pelo budismo do
      de 'olhos abertos'.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2021-05-24 15:26:02
PROSTITUIÇÃO, MERCADORIA, VALOR e TRABALHO (https://youtu.be/bEI6aFqJbhg?t=3)

_____________________________________________________________________________

E pós-audição, assevero,
quem não sabe filosofia
nunca passa de parafuso!

Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2021-05-28 17:27:55
Paradoxal mente
ando a regredir
do crítico para
o criticado que
pelos vistos me está
a enkantar...

A Crítica da Razão Pura
sempre foi um texto difícil,
numa escrita pouco atraente.

Mas não é que agora
estou a perceber
tudo melhor!?

E surpreendentemente,
o trecho abaixo, hermético,
- mas com sentido na base
significante dos termos de Kant -,
quase impenetrável, torna-se
cristalino para quem haja lido
o Divina Comédia de Dante,
agora gravado em titânio e
ouro, e lançado para o espaço!

Este o trecho, p.[138],
da edição da Gulbenkian:


Mas este princípio(*) não é, contudo, princípio para todo
o entendimento possível em geral, mas só para aquele
cuja apercepção pura na representação: eu sou, nada
proporciona ainda de diverso. Um entendimento que,
tomando consciência de si mesmo, fornecesse ao mesmo
tempo o diverso da intuição, um entendimento, mediante
cuja representação existissem simultaneamente os objectos
dessa representação, não teria necessidade de  um acto
particular de síntese do diverso para a unidade da consciência,
como disso carece o entendimento humano, que só pensa,
não intui. Mas para o entendimento humano, o acto de síntese
é, inevitavelmente, o primeiro princípio, de tal modo que
o entendimento humano não pode formar o mínimo conceito
de outro entendimento possível, seja de um entendimento que
seria ele mesmo intuitivo, seja de um outro que teria por
fundamento uma intuição, a qual, embora sensível, fosse de
diferente espécie da que se produz no espaço e no tempo


(*) O princípio da unidade originária sintética da apercepção
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2021-05-28 17:45:07
Citar
(https://img1.od-cdn.com/ImageType-400/0290-1/079/B07/98/%7B079B0798-2E4E-4D06-B8ED-EF6816E40560%7DImg400.jpg)


«Parménides is the philosopher who said:
"There is just one thing, and I'm not it"»
(«Há só uma coisa, e não sou eu.») (p.122)

De qualquer maneira, levitar para uma noção
de omnisciência fora do tempo e do espaço,
não impede tornar coerente a explicação
do mundo em modo pura mente físico,
como o propõe Daniel Dennett



Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2021-06-01 00:27:08
(https://img.wook.pt/images/o-homem-ilustrado-ray-bradbury/MXw2MzE4MXw5MzI0OHwxNTI5MDE3MjAwMDAwfHdlYnA=/502x)

Para obtemperar um pouco a aridez conceptual
da Crítica do criticado e sua analítica dos a priori,
pus-me a ler alguns contos do Ray Bradbury onde
a pluralidade dos verbos de acção é estonteante!

-:)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2021-06-01 14:28:46
Porque é que os anglo-saxões
têm a mania das bruxas, dos vampiros,
dos lobisomens, dos fantasmas, e todas
essa m.'s que a mim não me dizem
nada, não me impressionam,
só me chateiam pela sua
mediocridade sensaborona!
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2021-06-08 21:52:42
           Ein Traum

      Sabiam os três.
      Ela era a companheira de Kafka.
      Kafka tinha-a sonhado.

      Sabiam os três.
      Ele era amigo de Kafka.
      Kafka tinha-o sonhado.

      Sabiam os três.
      A mulher disse ao amigo:
      «Quero que esta noite me desejes.»

      Sabiam os três.
      O homem respondeu-lhe: «Se pecamos,
      Kafka deixará de nos sonhar.»

      Um deles soube.
      Na terra não havia mais ninguém.

      Kafka disse:
      «Agora que partiram ambos, fiquei só.
      Deixarei de me sonhar.»

                 
JL Borges, A moeda de ferro, in Obras Completas,
Vol. III, Círculo de Leitores, 1998, p. 157
Título: Re: Livros
Enviado por: D. Antunes em 2021-06-08 23:55:34
Boa vbm!
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2021-06-09 06:52:17
-:)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2021-06-13 12:37:07
(https://scontent.flis5-3.fna.fbcdn.net/v/t1.6435-0/p75x225/201604420_2001534826668072_4268953880488768714_n.jpg?_nc_cat=104&ccb=1-3&_nc_sid=dbeb18&_nc_ohc=1O-4ZnRKDqAAX-HRfxW&_nc_ht=scontent.flis5-3.fna&tp=6&oh=27b9640c5e3988c550607ef42855e5ab&oe=60CB081A)

«Mas um velho d’ aspeito venerando,
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós os olhos, meneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada um pouco alevantando,
Que nós no mar ouvimos claramente,
Cum saber só d’ experiências feito,
Tais palavras tirou do experto peito:

̶  «Ó glória de mandar, ó vã cobiça
Desta vaidade a quem chamamos Fama!
[  ]
«A que novos desastres determinas
De levar estes Reinos e esta gente?
Que perigos, que mortes lhes destinas,
Debaixo dalgum nome preminente?
Que promessas de reinos e de minas
D´ouro que lhe farás tão facilmente?
Que famas lhe prometerás? Que histórias?
Que triunfos? Que palmas? Que vitórias?
[  ]
«Oh, maldito o primeiro que, no mundo,
Nas ondas vela pôs em seco lenho!
Dino da eterna pena do Profundo,
Se é justa a justa Lei que sigo e tenho!
Nunca juízo algum, alto e profundo,
Nem cítara sonora ou vivo engenho
Te dê por isso fama nem memória,
Mas contigo se acabe o nome e glória!»


      Canto IV, est. 94; 95 ( ); 97; 102.


-------------- // --------------

Calhou-me comprar e ler o final do Canto IV...

O começo da estrofe 97 é doloroso
e lembrou-me a nossa triste condição
tolhidos por desastrosa governação!

«A que novos desastres determinas
De levar estes Reinos e esta gente?
Que perigos, que 'vidas' lhes destinas,
Debaixo 'dum governo tão deprimente'?
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2021-06-19 06:54:36
{Nunca li o Ensaio sobe a cegueira.
Dizem que parece a praga do Covid... será?
Mesmo assim, tenho relutância em pegar-lhe!
Li A Peste de Camus, há muitos anos.
Mas também não lhe pego.

Há estórias que só
com pinças...
E, mesmo assim, não.
}
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2021-07-26 16:48:22
Dostoiévski - Os Irmãos Karamázov

A narrativa trata da história de uma conturbada família em uma cidade na Rússia. O patriarca da família é Fiódor Pavlovitch Karamázov, um palhaço devasso que subiu na vida principalmente devido aos dotes de suas duas mulheres, ambas mortas de forma precoce, e à sua mesquinharia. Com a primeira mulher tem um filho, Dmitri Fiodorovitch Karamázov, que é criado primeiramente pelo criado que mora na isbá ao lado de sua casa e depois por Miússov, parente de sua falecida mãe. Com a segunda mulher tem mais 2 filhos: Ivan e Aliêksei Fiodorovitch Karamázov, que são criados também por um parente da segunda mulher do pai de ambos. Ao passo que Ivan se torna um intelectual, atormentado justamente por sua inteligência, Aliêksei se torna uma pessoa mística e pura, entrando para um mosteiro na cidade.

De uma querela financeira entre o pai e seu primogênito, também devasso porém honrado, nasce também a disputa por uma mulher, Gruchénka, que levará ambos a descomedidos atos que resultarão na morte de Fiódor Pavlovitch Karamázov.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2021-07-26 19:47:14
Coincidência!

(http://4.bp.blogspot.com/_G1kTe512-Ak/TNRShPDlVzI/AAAAAAAAAg4/9P7t-ND2Xng/s1600/chestov-1-book.jpg)

Algures, tenho revelado, tive livros meus,
de idade jovem, alguns por ler, depositados,
guardados em baú durante mais de cinquenta anos!

Um deles, esse aí de cima! Leão Chestov.

Embora já tenha feito chegar esses pacotes
de livros, do Porto para Lisboa, há uns dois a três anos,
e lido e relido alguns deles, esse não lhe peguei logo, até
pelo título tétrico, assustador! Porém, há uns três ou quatro dias
que encetei lê-lo, e não é que fiquei preso e deslumbrado
com o seu conteúdo, o desenrolar do pensamento
de Chestov, numa tradução do punho
de Jorge de Sena, incrível como
se raciocina e se lê de um
fôlego 190 páginas
de uma só ideia!

Qua a Lógica comum que a todos nos une e rege,
perde todo o senso, todo o sentido,
perante a omnipotência
inescrutável do
próprio devir
do mundo!

Inacreditável como toda a teoria do conhecimento
se esboroa na mente particular de um vivente racional
desde que a dor e a morte se perfilhem no horizonte
para derrubar todas as certezas em que assenta
a vida de cada um e da sociedade!

Chestov é verdadeiramente o primeiro
impulsionador do radical existencialismo.

E neste seu livro, ele analisa Dostoiévski e Tolstoi
de um modo imperdível para quem queira na verdade
entender a profunda revolução nihilista daqueles dois mártires
da vida e da literatura russa!

Eu realmente, hei-de tentar escrever e relatar
a nova-idade de compreensão do incompreensível
que, em todo o caso, cada qual enfrenta na existência!


Post-scriptum
:- Quem realmente goste da literatura russa,
deve mesmo procurar comprar nos alfarrábios,
esta obra de Chestov
Título: Re: Livros
Enviado por: Meme Dealer em 2021-07-26 20:03:43
Ja li Dostoiévski mas nunca acabei o livro, alias nem um dele. Lia 40 paginas e esquecia
Título: Re: Livros
Enviado por: Thorn Gilts em 2022-01-26 17:06:56
Acabei de comprar e pelo que desfolhei na FNAC  gostei imenso e acho que a maioria vai gostar.
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2022-01-27 09:20:39
Acabei de comprar e pelo que desfolhei na FNAC  gostei imenso e acho que a maioria vai gostar.

Li ha uns bons  anos foi o "Flash Boys" do Michael Lewis, acho que ate foi dos ultimos sobre o tema .
enjoei da tematica
Título: Re: Livros
Enviado por: Thorn Gilts em 2022-01-27 17:55:29
Acabei de comprar e pelo que desfolhei na FNAC  gostei imenso e acho que a maioria vai gostar.

Li ha uns bons  anos foi o "Flash Boys" do Michael Lewis, acho que ate foi dos ultimos sobre o tema .
enjoei da tematica

Vais gostar deste, acredita.
Título: Re: Livros
Enviado por: Emini em 2022-01-27 21:29:14
Acabei de comprar e pelo que desfolhei na FNAC  gostei imenso e acho que a maioria vai gostar.

Li ha uns bons  anos foi o "Flash Boys" do Michael Lewis, acho que ate foi dos ultimos sobre o tema .
enjoei da tematica

Vais gostar deste, acredita.

Thorn, e eu acho que vais gostar mais deste...
(https://i.postimg.cc/yNhj3f77/51-Ccc-Bzj-CXL.jpg)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2022-01-27 22:40:20
(https://www.bing.com/images/blob?bcid=RC6jTg4ib8ADrTcMZ01UGuNv1lbT.....zg)

Este pode acabar num Flash Crash
Título: Re: Livros
Enviado por: Thorn Gilts em 2022-01-28 11:47:58
Acabei de comprar e pelo que desfolhei na FNAC  gostei imenso e acho que a maioria vai gostar.

Li ha uns bons  anos foi o "Flash Boys" do Michael Lewis, acho que ate foi dos ultimos sobre o tema .
enjoei da tematica

Vais gostar deste, acredita.

Thorn, e eu acho que vais gostar mais deste...
(https://i.postimg.cc/yNhj3f77/51-Ccc-Bzj-CXL.jpg)

É sobre?
Título: Re: Livros
Enviado por: Emini em 2022-01-28 13:48:28
Citar
David Belov, a quant programmer working for an investment bank in New York is blackmailed into writing an algorithm that will intentionally crash the gold market.

David discovers that his virtual "Flash Crash" was simply a required stepping stone towards the largest physical gold robbery in history, and that's he's been framed for the resulting chaos, the lives of his beloved wife and son on the balance...

With Detective Jake Rivett and the NYPD's finest operators from the Major Crimes Division actively seeking to locate and arrest David, and other, darker elements nipping at his heels, David is forced to confront his own past in order to have a future.
Título: Re: Livros
Enviado por: Thorn Gilts em 2022-01-28 15:54:04
Citar
David Belov, a quant programmer working for an investment bank in New York is blackmailed into writing an algorithm that will intentionally crash the gold market.

David discovers that his virtual "Flash Crash" was simply a required stepping stone towards the largest physical gold robbery in history, and that's he's been framed for the resulting chaos, the lives of his beloved wife and son on the balance...

With Detective Jake Rivett and the NYPD's finest operators from the Major Crimes Division actively seeking to locate and arrest David, and other, darker elements nipping at his heels, David is forced to confront his own past in order to have a future.

Maa o outro é real
Título: Re: Livros
Enviado por: Emini em 2022-01-28 18:42:03
Sim é um bom livro...já li e recomendo.
Este em termos de ficção surpreendeu-me pela positiva.... está incluido na subscrição do kindle que tenho na amazon.
Título: Re: Livros
Enviado por: Thorn Gilts em 2022-01-28 18:58:58
Sim é um bom livro...já li e recomendo.
Este em termos de ficção surpreendeu-me pela positiva.... está incluido na subscrição do kindle que tenho na amazon.

Gosto mais de não ficção e o flash crash é uma estória real e bem contada. Vou ler amanhã, pois até agora só desfolhei.
Título: Re: Livros
Enviado por: desconhecido em 2022-01-29 12:33:51
Chama-se Alice de Sousa. É poeta. Ainda não escreceu nenhum livro, mas vai de certeza escrever.

https://fb.watch/aQWgKCLgcQ/
Título: Re: Livros
Enviado por: desconhecido em 2022-02-05 18:27:23
https://amensagem.pt/2022/02/03/alice-neto-de-sousa-poeta-lisboeta-toda-a-gente-falar-poesia/
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2022-02-06 07:24:22
    LIÇÃO DE HISTÓRIA

  Irreverentes como nuvens,
  falamos de horas que não vimos,
  e julgamos deter
  a força do saber pela experiência
  ausente
 
  Esquecemos que o poder
  de ler passado
  nos é dado por ilúcidas visões,
  pontos de vista curtos,
  soluções viciadas
 
  E como grandes nuvens
  atravessando o céu,
  ignorantes do sol que vão cobrindo,
  exibimo-nos claros
  e seguros
 
  Não lembrando porém
  do saturado ar
  das frias frentes em condensação
  das simples leis
  da física

       Ana Luísa Amaral, Mundo
       Assírio & Alvim, Lisboa 2021, p. 59
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2022-03-16 16:08:25
                Uma obra prima! Impecável.
                   Sem abortográfico.


(https://scontent.flis11-2.fna.fbcdn.net/v/t39.30808-6/275989948_2212241892264030_952317556705473999_n.jpg?_nc_cat=108&ccb=1-5&_nc_sid=5cd70e&_nc_ohc=-Du1zmPEELAAX9BoNwF&_nc_ht=scontent.flis11-2.fna&oh=00_AT-ttHyKFhBGiARNTEuI7T9vCMwAohquXmwD1_hyVJUNOg&oe=62378017)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2022-03-17 12:15:05
«No estado de natureza, não se aplicam direitos:
ao invés, há uma guerra de todos contra todos,
que só termina por um acordo que faça
cessar as hostilidades. Este,
é um acordo racional,
na medida em que
todos beneficiam
dele.»


op. cit., p.226,
(sobre Hobbes)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2022-04-13 23:39:50
(https://almedinanet.b-cdn.net/media/catalog/product/cache/10f519365b01716ddb90abc57de5a837/9/7/9789722542807_1648204507.jpg)(https://static.fnac-static.com/multimedia/Images/PT/NR/0e/5e/78/7888398/1540-1.jpg)

Comprei. Vou ler!
Título: Re: Livros
Enviado por: Thorn Gilts em 2022-04-14 00:14:22
O do Proença é bom.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2022-04-14 15:42:52
Já comecei a lê-lo.
Muito bem escrito.
Impecável. Estou
a gostar. Toda
a vida os jornais
noticiavam do
que ele narra
como memória
vivida!
Título: Re: Livros
Enviado por: Thorn Gilts em 2022-04-14 16:52:29
Já comecei a lê-lo.
Muito bem escrito.
Impecável. Estou
a gostar. Toda
a vida os jornais
noticiavam do
que ele narra
como memória
vivida!


É isso mesmo. O que ele diz da Magistratura é pesado.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2022-04-30 09:22:42
A História da Rússia
de Milhazes está
também muito
sugestiva e
cativa-nos
a ler.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2022-05-01 07:12:11
«Em 30 de Dezembro de 1999, na véspera de ser nomeado presidente interino da Rússia, Vladimir Putin
publicou na imprensa russa um artigo programático sobre o futuro do país, no qual prometeu entre outras coisas.
«Para atingir o PIB per capita de Portugal ou de Espanha, que não são considerados líderes da economia mundial,
precisaremos de cerca de 15 anos.» Com esta comparação, o líder russo sublinhava o estado de atraso em que
se encontrava a economia do país.

Vinte anos passados, verifica-se que aquilo não passou de uma promessa. Não obstante
as pesadas crises económicas que atravessaram Portugal e Espanha, aquela
promessa de Putin não foi cumprida, tal como muitas outras.»

op.cit., p.269

Título: Re: Livros
Enviado por: Reg em 2022-05-01 10:46:16
nestes 30 anos russia nunca foi pais, juventude nao imigra

ja nao foi falencia desde 1998


ter pib alto custa dividas, e  migracoes  povo ir fora   e vender pais aos estrangeiros tambem nao e la grande coisa

ainda se pode dar luxo ser pais mais sancionado do mundo



os paises ocidente com metade sancoes da russia ja estavam falidos e com imigracoes



os alemaes tem  2 vezes   mais imigracao que os  russos   na teoria sao ricos  na pratica andam receber  imigrantes

russos com tanta #pobreza#   

ONU 2019: população imigrante
País
Número de imigrantes
Imigrantes como porcentagem da população nacional
Estados Unidos
50,661,149
15,4
Alemanha
13,132,146
15,7
Arábia Saudita
13,122,338
38,3
Rússia
11,640,559
8,0

sao 4 pais mundo receber imigrantes  em numero no mundo todo

povo russia nao migra... ainda recebe 11 milhoes imigrantes


meter 148 milhoes mais minorias russas na UE.... secalhar holandeses a alemaes  que pagam  ficam mandar nada

eslados maioria

latinos seguir

germanicos em ultimo



meter russia na UE e bocado lixado para quem paga conta
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2022-05-02 09:25:48
Livro bastante interessante...

O Regresso de D. Sebastião
História, verdade e mito depois de Alcácer-Quibir
de A. R. Azzam

SINOPSE
No verão de 1598, surgiu em Veneza um estranho que afirmava ser o rei D. Sebastião de Portugal. Era uma extraordinária reivindicação, já que não apresentava semelhanças físicas com o monarca e mal falava português. Mas o que tornou a sua pretensão ainda mais singular foi o facto de D. Sebastião ter tombado em batalha vinte anos antes, morto pelos mouros.

A princípio, as autoridades ignoraram-no, considerando-o um charlatão, mas quando investigaram ficaram perplexos com os sinais distintos que trazia no corpo, que, correspondendo exatamente aos do rei, não poderiam suscitar dúvidas. Mas elas existiram. Além da questão dos sinais, se o homem não era o rei, como poderia ele saber de tantos pormenores da vida de D. Sebastião, particularidades que só o rei conheceria? E se fosse mesmo D. Sebastião - cujo corpo, embora caído em batalha, nunca foi encontrado -, onde teria ele estado durante os vinte anos anteriores? O rei estava morto. O rei estava vivo.

D. Sebastião, o Alexandre português, simbolizou as esperanças e os receios do reino. O seu nascimento resgatou a população da inquietude. Depois, a sua morte reduziu Portugal a uma neurose profunda. E, por fim, a sua ressurreição conduziu a população a um apocalítico frenesim.

O rei D. Sebastião foi enterrado não uma, não duas nem mesmo três vezes: o jovem rei teve quatro enterros. Ainda assim, recusou-se a morrer. De Veneza a Florença, de Nápoles a Lisboa, de Marrocos a Espanha, O Regresso de D. Sebastião narra toda esta assombrosa, mas verdadeira, história.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2022-05-02 12:46:17
-:). A Anastácia Romanov também escapou de morta!
Título: Re: Livros
Enviado por: Reg em 2022-05-02 19:03:04
czares Romanov eram mais  ingleses,  dinamarqueses..... que outra coisa

Eva Braun, a companheira de Hitler, tinha antepassados judeus


nao e so fenomenos do D sebastiao no mundo


Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2022-05-02 19:10:05
Claro. Mas quem favorece mais
o desenvolvimento e o bem-estar
para todos no planeta: o comunismo
estatal ou a democracia política europeia?
Título: Re: Livros
Enviado por: Reg em 2022-05-02 19:13:59
ocidente nao gosta revolucoes...por isso ainda tem reis e tudo.....  e reis foram e sao grande familia europeia.... basicamente sao todos parentes uns dos outros.......

leste gosta revolucoes
Título: Re: Livros
Enviado por: Reg em 2022-05-02 21:11:53
os latinos do leste!

O príncipe Radu, marido de Margarida, herdeira da coroa romena, esteve em Portugal, para uma conferência no Mosteiro da Batalha, e falou ao DN da herança latina e da vocação ocidental do seu país.

porque a Europa de Leste é um lugar muito difícil na Terra. Na nossa história nada dura mais de 50 anos, há sempre um terramoto, um desastre, um incêndio ou uma guerra e nada é para sempre. Eu, com a aproximação dos 60 anos, compreendo agora que na vida nada é para sempre e que nenhuma vitória é definitiva.

Mas a nação romena foi capaz de sobreviver a todas os invasores, a todos os impérios, a todas as alterações de fronteiras.

Sim, conseguimos isso miraculosamente, mas penso que esse milagre tem uma explicação e uma das razões é o forte regresso às raízes, às raízes latinas. No fim de contas, esta mistura de população local, que eram os dácios, e o império latino é uma fonte de orgulho para os romenos.

A antiga Dácia, submetida por Trajano, é também uma fonte de orgulho para os romenos?

Sim, os romenos têm orgulho nas suas raízes latinas. Toda a gente menciona o facto de o Império Romano ter conquistado a Dácia, mas isso não é um motivo de humilhação ou tristeza, pelo contrário, é razão para orgulho. Além disso, penso que o estarmos rodeados por sociedades, países e potências eslavos, além da proximidade do Médio Oriente, é muito importante. Sabe que Portugal assim como Espanha são muito influenciados pela extraordinária riqueza do mundo árabe, do mundo muçulmano, portanto consegue imaginar como foi para nós, que estávamos tão perto do Império Otomano, do Médio Oriente. Hoje em dia viajamos de avião para Istambul - são 40 minutos de voo -, é mais perto ir de Bucareste a Istambul do que ir a Budapeste.

A Roménia é uma República desde a Segunda Guerra Mundial, primeiro como um Estado comunista, agora como uma democracia. Em termos da Casa Real, que o senhor representa nesta visita, qual é a importância que pensa que tem a memória dos reis, especialmente do Rei Miguel, até para a identidade nacional?

É mais do que uma memória. É precisamente esse o ponto. No nosso país a dinastia era muito, muito jovem, ao contrário da Áustria, da Rússia, da Alemanha ou da Grã-Bretanha; na Roménia a dinastia existia apenas há cinco gerações, foi estabelecida, tal como a Casa Real, a família, em 1866. Isso faz com que tenha pouco mais de 150 anos e torna a dinastia, a instituição da coroa, uma coisa importantíssima, as pessoas associam os reis à parte democrática da nossa história, não à parte medieval da nossa história, como neste país muito antigo que é Portugal ou em Espanha ou noutro lugar. Assim, não tem que ver com memória - não houve tempo, em 150 anos, para desenvolver uma memória -, tem que ver simplesmente com identidade. O povo sabe que foi Carlos I, que era, já agora, irmão da vossa rainha D. Estefânia, quem fez a Roménia moderna, foi ele que construiu, literalmente, as instituições que trouxeram a modernidade ao país e obteve a independência da Roménia. É tão simples como isto: nós tornámo-nos um Estado independente graças a ele e durante o deu tempo. O rei seguinte, Fernando, era meio português, pelo lado da mãe. Eles tornaram a Roménia grande e ganharam a Primeira Guerra Mundial. Depois disso, Carlos II foi o único monarca da Roménia suficientemente azarado para ter aquela Europa louca à sua volta, ou seja, eram os anos trinta, um vizinho era Hitler o outro era Estaline. O que fazer neste tipo de situações? Apenas tentar sobreviver, e ele conseguiu, nos dez anos do seu reinado, o maior desenvolvimento económico do país de sempre, de sempre; no seu tempo, a moeda romena era igual ao franco belga e ao franco suíço. Depois veio o mais extraordinário de todos, o rei Miguel.

Rei Miguel, que morreu no ano passado com 96 anos, era um herói para os romenos


a verdadeira familia europeia

bsolutamente. Fazer parte dos valores e da civilização ocidental. Como disse, nós não éramos democráticos antes da chegada do rei Carlos, ele era um europeu, era um príncipe nascido na Alemanha, a sua mulher era alemã, o casal seguinte era alemão e britânico, o que veio a seguir era britânico e romeno, a minha sogra era francesa. Então, todos temos a noção de que a Coroa é também uma ponte entre países da Europa e isso não vai desaparecer tão depressa. Mas dito isto, as dificuldades da União Europeia atualmente são conhecidas pela sociedade romena, as pessoas falam sobre isso, não é uma surpresa mas, mesmo assim, continuam empenhadas nela.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2022-05-02 21:39:35
A Dacia e a Lusitânia foram o leste-oeste
do Império Romano na Europa.
Será que é fácil aprender
romeno!?
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2022-05-02 21:45:21
(https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/e/e9/Provinciaromana-Dacia-pt.svg/800px-Provinciaromana-Dacia-pt.svg.png)
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2022-05-03 12:16:53
-:). A Anastácia Romanov também escapou de morta!

nao faria sentido poupa la como depois se comprovou... ate pelo ADN

no caso de Sebastião o corpo nao foi encontrado .
ainda nao terminei o livro e o mesmo nao devera estar relacionado com outra situaçao.... , existe uma lapide de Sebastiao em França e testemunhos registados de epoca escrito por religiosos e outras personalidades em como D sebastiao convivia com eles... e residia na dita localidade...
atençao apesar de ainda nao ter terminado o livro em nada esta relacionado com a situaçao em França...

sobre a situação em França Limoges :

https://docplayer.com.br/12033445-Hubert-texier-pesquisas-historicas-sobre-sebastiao-i-rei-de-portugal-paris-1904-ou-de-como-o-desejado-morreu-no-exilio-em-limoges.html

O caricato é que ainda hoje em dia descobre se quase todos os meses factos que alteram a historia , factos/provas , mas parece que ninguem quer altera la , tanto da nossa historia Portuguesa  como do tempo de Cristo  no medio oriente .
Mas no nosso caso parece ainda pior...
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2022-05-03 12:37:18
Possível, haverá
conveniência
em nada
alterar.
Título: Re: Livros
Enviado por: Counter Retail Trader em 2022-05-03 12:54:29
Possível, haverá
conveniência
em nada
alterar.


nao sei se leste o link que te coloquei mas tambem falam ao de leve do impostor em Veneza , o livro que estou a ler é sobre ele... nao é um romance , muito bom.

bem parece que nao esta descartado que o suposto impostor em Veneza nao fosse o suposto sebastiao em frança , visto que o seu destino final foi um carcere em Espanha .
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2022-05-03 15:43:03
nó górdio! -:)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2022-05-07 17:34:44
(https://th.bing.com/th/id/R.8290ff436f6757564206287d4071c02b?rik=2lpac%2fA5E1mJBw&riu=http%3a%2f%2f2.bp.blogspot.com%2f-tBwXwy-kZB4%2fVPxwrtlpwTI%2fAAAAAAAABlM%2fEo4DgRb3Qeg%2fs1600%2fGeorge_Orwell_-_1984.jpg&ehk=OCdH8hMcMzLF5NwZC4PBFRG7lG6IrsUS0K2NP04HguA%3d&risl=&pid=ImgRaw&r=0)

«Apenas se lhes exigia [aos proles] um patriotismo primitivo
a que se pudesse apelar quando necessário,
ou para aceitarem mais horas de trabalho,
ou rações mais parcas.

E mesmo quando se mostravam descontentes,
como sucedia por vezes, o descontentamento
não levava a coisa nenhuma, pois,
desprovidos de ideias gerais,
só conseguiam canalizá-lo
para reivindicações
limitadas e mesquinhas.

Os maiores males escapavam à sua percepção.»


George Orwell, 1984,
Antígona, Lisboa, 1999, p.78
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2022-05-12 21:31:30
(https://images-na.ssl-images-amazon.com/images/I/41NViEVZZJL._SX314_BO1,204,203,200_.jpg)

Estou a acabar de ler um livro
que me embaraça um pouco.

Trata-se de um filósofo grego
da 1ª metade do séc. III.

Mexe, funda e refunda Platão.

E as suas 6x9=54= 2x3^3
Enéades estão
digitalizadas
na net.

Lê-lo, vai impedir-me
de ler outros...

Mas confesso, estou com curiosidade
de ver o léxico e o argumentário
de um pensador de há dezanove
séculos atrás, que não conhece
as coisas que nós conhecemos
mas que tenta tacteá-las
tal como nós também
as contactamos
no presente...

É capaz
de ser giro...
Talvez como falar
com um extraterrestre...-:)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2022-05-21 15:47:28
(https://static.fnac-static.com/multimedia/Images/PT/NR/bf/56/1a/1726143/1540-1/tsp20180523162411/Economix.jpg)

Ainda não comecei a lê-lo.
Folheei-o, apenas.

Antevejo-o
muito
bom!


Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2022-05-30 12:31:33
Ilustrado teorema, ontem na SIC,
no programa dominical do Nuno Rogeiro.

Logo n'abertura, antes da invasão russa da
Ucrânia, a talho de foice, presumo comentário
mudo ao orçamento de estado do ps 2022,

um teorema insofismável de economia política,
perfeitamente aprovável por Adam Smith:


(https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7NLJ3-8IHxOI6vx7Z4H3HlYPnGb6unLbo2i_S_0GQjPqMv7Ww_6lM85lNeprLH69OWOZ57r70dmCm0QJJTRKWNXXho-Zs2PqJNDKSfshxox7ukcZaMeT2Gwm01ELmwuZvqpHtRLRUZ3RVe-oN9Gh_HnRZaMYRwuYztyigEB1pwgHekbT0PBLD39gi6A/s2560/Nuno%20Rogeiro.JPG)

Uma tributação excessiva em relação aos bens sociais comuns
(segurança, saúde, educação, estruturas materiais) produzidos
e prestados à sociedade, são causa de



E como subscreveria Adam Smith, antes de quaisquer outros
que lhe sucederam: «Nenhuma sociedade pode prosperar
e ser feliz, se a maior parte dos seus membros
(os trabalhadores) for pobre e miserável.»


Ou, por outras palavras, "Cuidado com os capitalistas,
as corporações e os monopólios suportados pelo governo.
O desfecho é sempre o do caos e revolta social."
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2022-07-07 18:46:19
Como não conseguir
formar um raciocínio
sem usar o papel:

este:

Leibniz in André Cresson
in)

André Cresson, Os Sistemas filosóficos,  trad.
Edmundo Curvelo, colecção Biblioteca Cosmos,
nº 24 e 26 (2 vol.’s), Editora Cosmos,
Lisboa, 1942, pp. 14 a 18, (2º vol.)

(1)    Existe o composto;
(2)    Portanto, existe o simples;
(3)    O simples não pode ser extenso;
(4)    A extensão é divisível em partes;
(5)    Nenhum corpúsculo, por minúsculo que seja,
         é indivisível, pelo que não é simples;
(6)    Logo, o elemento simples, que deve existir,
         deve ser inextenso.
         [inobservável; constante de Plank]
(7)    Então, como e onde encontrar um elemento
         real, inextenso e simples?
(8)    No conhecimento imediato, na natureza espiritual,
         na experiência interior  da nossa consciência.
         [i.e., postulando a existência do inobservável]
(9)    A consciência é o exemplar mais acessível dos átomos
         inextensos de que os compostos são feitos.
         [ergo, uma teoria compreensiva do universo]
(10)    Chamam-se mónadas (= unidades) às substâncias primárias.
(11)    No universo só existem mónadas e compostos de mónadas[/i].
(12)    Nas mónadas distinguem-se duas coisas:
         «percepções»
         «apetições»

(13)    Uma mónada é apenas um centro de percepção e de apetição.
(14)    Distinguem-se na percepção dois modos:
          percepções conscientes ou «apercepções» e,
          percepções inconscientes ou «pequenas percepções».
(15)    Há inúmeros estados de que não nos apercebemos.
(16)    Contudo, é preciso que nos «apercebamos» desses estados
          sem deles nos «apercebermos».
(17)    Porque só assim sucedendo se explica que consigamos
          apercebermo-nos dos objectos compostos dos estados
          de que não nos «apercebemos».
(18)    Em nós, são poucas as percepções de que temos conhecimento.
(19)    Em compensação, sentimos uma infinidade de percepções inapercebidas.
(20)    Distinguem-se entre si as percepções obscuras, claras, distintas, adequadas.
(21)    Percebemos obscuramente o que não estamos em estado de reconhecer.
(22)    Percebemos claramente o que estamos em estado de reconhecer.
(23)    Percebemos distintamente o que analisamos suficientemente
          para lhe distinguirmos os elementos.
(24)    Percebemos adequadamente o que podemos analisar até ao fim.
(25)    A observação mostra-nos:
         1º objectos inorgânicos;
         2º seres vivos, como as plantas;
         3º seres vivos conscientes, como os bichos;
         4º seres vivos conscientes, capazes de reflexão
         e de ciência, como os homens.
(26)    O que são todos estes objectos, todos estes seres?
(27)    Só existem mónadas imateriais.
(28)    São as mónadas que correspondem aos objectos que conhecemos.
(29)    As mónadas existem em número infinito e compoem cada partícula
          mínima da matéria.
(30)    Cada mónada possui, como nós, percepção conjunta do universo.
(31)    Cada mónada tem apetições que se orientam para a perfeição
          adequada de todas as coisas.
(32)    Contudo, essas percepções são do estado de «pequenas percepções».
(33)    As mónadas não se apercebem de que se apercebem.
(34)    Nos homens, a mónada dominante é um espírito, uma consciência
          capaz de ideias distintas, de apreender axiomas racionais, de construir
          ciências como a matemática e as ciências da natureza.
(35)    Deus é a «mónada das mónadas». Possue um entendimento que lhe
          representa todos os possíveis, uma vontade orientada para o Bem
          Absoluto, e que escolhe o melhor mundo possível.
(36)    É por ser o melhor possível, que o universo existe como o conhecemos.
(37)    É na natureza do Bem que reside em última análise, a última razão
          de ser de todas as mónadas criadas.
(38)    Como é que as mónadas se podem conhecer umas às outras?
(39)    As mónadas não são constituidas por partes;
(40)    Por isso, não podem actuar do exterior, umas sobre as outras.
(41)    A acção exterior só pode exercer-se aumentando, diminuindo ou
          modificando as partes do objecto sobre que incide;
(42)    Ora o que não é constituido por partes não pode suportar nenhuma
          acção exterior;
(43)    No entanto, as mónadas conhecem-se mutuamente.
(44)    Como o conseguem?
(45)    De toda a eternidade, cada mónada é uma fonte viva de percepção;
(46)    Em estado de pequena percepção inconsciente, tudo nela existe em
          estado destinado a perceber;
(47)    Em cada mónada, as percepções seguem-se umas às outras em
          conformidade a determinismo certo, e desde o princípio todas
          as mónadas estão em harmonia;
(48)    A cada estado de uma mónada A corresponde um estado das
          mónadas B, C, D, E, etc.; a cada variação da primeira corresponde
          uma variação paralela de todas as outras;
(49)    Por virtude do seu acordo, as mónadas aparentam influenciar-se
          mutuamente;
(50)    Mas na realidade não o fazem;
(51)    Cada mónada evoluciona como se estivesse sozinha mas as fases
          da evolução de uma correspondem exactamente às de todas as outras.
Título: Re: Livros
Enviado por: Zenith em 2022-08-05 17:29:17
Para quem se interessar por F. Pessoa, uma excelente biografia escrita pelo americano Richard Zenith.

https://www.almedina.net/pessoa-uma-biografia-1651762262.html?gclid=Cj0KCQjw_7KXBhCoARIsAPdPTfgzFPzrs_r7YPJ7cKTcxXRNE0NIo-5lJOWGHA7yDzAn4lguIxYd45gaAlmXEALw_wcB (https://www.almedina.net/pessoa-uma-biografia-1651762262.html?gclid=Cj0KCQjw_7KXBhCoARIsAPdPTfgzFPzrs_r7YPJ7cKTcxXRNE0NIo-5lJOWGHA7yDzAn4lguIxYd45gaAlmXEALw_wcB)

Ainda só li os capitulos iniciais, mas o autor além dos aspectos biográficos revela grandes conhecimentos e capacidade de análise da história de Portugal bem como da situação económica e política do período.
Richard Zenith, é um americano radicado em Portugal há mais de 3 décadas (já tem dupla nacionalidade), considerado o maior especialista de Pessoa na actualidade. O livro é o resultado de várias décadas de investigação e análise exaustiva dos vários textos da famosa arca deixada por Pessoa.
Título: Re: Livros
Enviado por: Thorn Gilts em 2022-08-05 18:34:53
Para quem se interessar por F. Pessoa, uma excelente biografia escrita pelo americano Richard Zenith.

https://www.almedina.net/pessoa-uma-biografia-1651762262.html?gclid=Cj0KCQjw_7KXBhCoARIsAPdPTfgzFPzrs_r7YPJ7cKTcxXRNE0NIo-5lJOWGHA7yDzAn4lguIxYd45gaAlmXEALw_wcB (https://www.almedina.net/pessoa-uma-biografia-1651762262.html?gclid=Cj0KCQjw_7KXBhCoARIsAPdPTfgzFPzrs_r7YPJ7cKTcxXRNE0NIo-5lJOWGHA7yDzAn4lguIxYd45gaAlmXEALw_wcB)

Ainda só li os capitulos iniciais, mas o autor além dos aspectos biográficos revela grandes conhecimentos e capacidade de análise da história de Portugal bem como da situação económica e política do período.
Richard Zenith, é um americano radicado em Portugal há mais de 3 décadas (já tem dupla nacionalidade), considerado o maior especialista de Pessoa na actualidade. O livro é o resultado de várias décadas de investigação e análise exaustiva dos vários textos da famosa arca deixada por Pessoa.

O dono da arca, de vários textos ineditos do FP e quadros com o FP pintado por pintores famosos, era o avô da mina ex mulher, tudo agora herdado pelo tio da minha ex mulher (solteiro e sem filhos), também ele um admirador e conhecedor de FP.
Título: Re: Livros
Enviado por: Zenith em 2022-08-05 19:39:56
Para quem se interessar por F. Pessoa, uma excelente biografia escrita pelo americano Richard Zenith.

https://www.almedina.net/pessoa-uma-biografia-1651762262.html?gclid=Cj0KCQjw_7KXBhCoARIsAPdPTfgzFPzrs_r7YPJ7cKTcxXRNE0NIo-5lJOWGHA7yDzAn4lguIxYd45gaAlmXEALw_wcB (https://www.almedina.net/pessoa-uma-biografia-1651762262.html?gclid=Cj0KCQjw_7KXBhCoARIsAPdPTfgzFPzrs_r7YPJ7cKTcxXRNE0NIo-5lJOWGHA7yDzAn4lguIxYd45gaAlmXEALw_wcB)

Ainda só li os capitulos iniciais, mas o autor além dos aspectos biográficos revela grandes conhecimentos e capacidade de análise da história de Portugal bem como da situação económica e política do período.
Richard Zenith, é um americano radicado em Portugal há mais de 3 décadas (já tem dupla nacionalidade), considerado o maior especialista de Pessoa na actualidade. O livro é o resultado de várias décadas de investigação e análise exaustiva dos vários textos da famosa arca deixada por Pessoa.

O dono da arca, de vários textos ineditos do FP e quadros com o FP pintado por pintores famosos, era o avô da mina ex mulher, tudo agora herdado pelo tio da minha ex mulher (solteiro e sem filhos), também ele um admirador e conhecedor de FP.

Pelo que dizes, quem comprou a arca deve ter sido o filho (o tio solteiro e sem filhos), que na altura do leilão embora permanecesse anónimo (ainda hoje o é), emitiu uma comunicação a dizer que era "uma prenda para o pai um grande admirador de F. Pessoa". Os quadros talvez tenham sido comprados pelo pai.
O comprador ainda hoje permanece anónimo, mas deve ser contactável uma vez que já cedeu a arca para várias exposições. Numa delas o R. Zenith que era curador da exposição afirmou que não conhecia o dono. Hoje já deve conhecer, uma vez que é das pouquissimas pessoas com acesso sem restrições à arca e documentos inéditos.
Título: Re: Livros
Enviado por: Thorn Gilts em 2022-08-05 20:38:58
Para quem se interessar por F. Pessoa, uma excelente biografia escrita pelo americano Richard Zenith.

https://www.almedina.net/pessoa-uma-biografia-1651762262.html?gclid=Cj0KCQjw_7KXBhCoARIsAPdPTfgzFPzrs_r7YPJ7cKTcxXRNE0NIo-5lJOWGHA7yDzAn4lguIxYd45gaAlmXEALw_wcB (https://www.almedina.net/pessoa-uma-biografia-1651762262.html?gclid=Cj0KCQjw_7KXBhCoARIsAPdPTfgzFPzrs_r7YPJ7cKTcxXRNE0NIo-5lJOWGHA7yDzAn4lguIxYd45gaAlmXEALw_wcB)

Ainda só li os capitulos iniciais, mas o autor além dos aspectos biográficos revela grandes conhecimentos e capacidade de análise da história de Portugal bem como da situação económica e política do período.
Richard Zenith, é um americano radicado em Portugal há mais de 3 décadas (já tem dupla nacionalidade), considerado o maior especialista de Pessoa na actualidade. O livro é o resultado de várias décadas de investigação e análise exaustiva dos vários textos da famosa arca deixada por Pessoa.

O dono da arca, de vários textos ineditos do FP e quadros com o FP pintado por pintores famosos, era o avô da mina ex mulher, tudo agora herdado pelo tio da minha ex mulher (solteiro e sem filhos), também ele um admirador e conhecedor de FP.

Pelo que dizes, quem comprou a arca deve ter sido o filho (o tio solteiro e sem filhos), que na altura do leilão embora permanecesse anónimo (ainda hoje o é), emitiu uma comunicação a dizer que era "uma prenda para o pai um grande admirador de F. Pessoa". Os quadros talvez tenham sido comprados pelo pai.
O comprador ainda hoje permanece anónimo, mas deve ser contactável uma vez que já cedeu a arca para várias exposições. Numa delas o R. Zenith que era curador da exposição afirmou que não conhecia o dono. Hoje já deve conhecer, uma vez que é das pouquissimas pessoas com acesso sem restrições à arca e documentos inéditos.

Quem comprou a arca foi o filho, Ze To, para oferecer ao pai, o que fez. Mas entretanto, porque o pai, avô da minha ex mulher, morreu, ele herdou a arca e todo o espólio do FP, incluindo várias cartas inéditas. Eu tenho uma carta inedita. Outra foi permitido ao BCP copiar e apresentar numa revista do grupo.
Título: Re: Livros
Enviado por: Thorn Gilts em 2022-08-05 20:49:31
https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&url=https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/39381/1/PP.n15_14.pdf&ved=2ahUKEwiHjbv5ubD5AhUK-hoKHW3qAYcQFnoECBEQAQ&usg=AOvVaw0QFMERb3qGkaQcr-Cd0WZR (https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&url=https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/39381/1/PP.n15_14.pdf&ved=2ahUKEwiHjbv5ubD5AhUK-hoKHW3qAYcQFnoECBEQAQ&usg=AOvVaw0QFMERb3qGkaQcr-Cd0WZR)

https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&url=https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/39380/1/PP.n15_15.pdf&ved=2ahUKEwiHjbv5ubD5AhUK-hoKHW3qAYcQFnoECBQQAQ&usg=AOvVaw3bidSpbmYyZWJw1aWYEJ0k (https://www.google.com/url?sa=t&source=web&rct=j&url=https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/39380/1/PP.n15_15.pdf&ved=2ahUKEwiHjbv5ubD5AhUK-hoKHW3qAYcQFnoECBQQAQ&usg=AOvVaw3bidSpbmYyZWJw1aWYEJ0k)

Foi vice presidente da ATM associação de investidores, ainda lá está emérito/póstuma...

Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2022-08-06 09:44:49
Fernando Pessoa é impressionante.

E Santo Tirso, também.
Muda o rumo a uma pessoa.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2022-08-06 09:50:00
  [Há] o espaço da grande liberdade
  que permite compreender sem ser
  em função da nossa impotência,
  ou amar, sem ficar escravo desse amor.
  [Esse espaço é o de] um verdadeiro universo
  para julgar outro verdadeiro universo.
   ...
  Leibniziana mente falando, só uma totalidade
  cerrada em si mesma e ao mesmo tempo
  misteriosamente de acordo com todas as outras
  tem o privilégio de cantar a idêntica canção
          em linguagem diversa.»


Eduardo Lourenço, Poesia e Metafísica
Lisboa, Gradiva, 2002, p. 227-28

Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2022-08-07 10:13:43
E hoje lembro
Carlos de Oliveira e

Lavoisier

Na poesia,
Natureza variável
Das palavras,
Nada se perde
Ou cria,
Tudo se transforma:
Cada poema, no seu perfil
Incerto
E caligráfico,
Já sonha outra forma.

Carlos de Oliveira in Sobre o Lado Esquerdo
             
                  *

E a química, como a música,
a matemática, a arte e a ciência,
é uma linguagem.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2022-10-13 21:05:21
(https://img.bertrand.pt/images/divina-comedia-dante-alighieri/NDV8MjU0OTYxNjN8MjE3NDEwMTV8MTYzNDAzMDgwMDAwMHx3ZWJw/300x)

Recém-editado pela INCM, bilingue,
numa tradução de Jorge Vaz de Carvalho.
Parece um missal... mas é um livro que se habita.



No meio do caminho em nossa vida
    eu me encontrei por uma selva escura,
    pois que a direta via era perdida.


                    *

Nel mezzo del cammin di nostra vita
    mi ritrovai per una selva oscura,
    che la diritta via era smarrita.
.



                      Inf., I, 1-3
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2022-10-18 22:14:30
"Sapatos, relógios, aneis e carteiras boys and girls" – Este thread de futilidades
lembra-me os ciúmes de Consuelo pelas namoradas de Antoine de Saint-Exupéry, - que era fresco! –,
não só, entre outras, de uma norte-americana, Silvia Hamilton Reinhardt mas especialmente de Nelly Vogüe:

“Não sejas ciumenta – repetia-lhe –, o meu verdadeiro ofício, bem sabes, é ser escritor.
E quando a tua inimiga tem a gentileza de me mandar umas prendazinhas, uns dados de marfim
ou umas malas com o meu nome gravado, eu fico como o coração enternecido e, para lhe agradecer,
escrevo-lhe três ou quatro páginas, faço-lhe uns desenhozitos e pronto. Mas não tenhas medo,
eu sei que tens aguentado durante anos e agradeço-te, minha esposa, estou unido a ti
pelos sacramentos e tu não dês ouvidos ao que as pessoas dizem”.


-:)

(https://encrypted-tbn1.gstatic.com/shopping?q=tbn:ANd9GcRbOdh6Q0bsbUm2OhAIlumNIAjLaLWiIMTAPZVPj9fnnMn0xyZIsAdBSWSYM0V-zSat5K88wdeT86xycrQ42kQJcFtxXLHi&usqp=CAc)


in
“Antoine de Saint-Exupéry e Consuelo, Um Amor Lendário”, por Alain Virondelet e
José Martinez Fructuoso (Arquivos), nos sessenta anos da primeira edição
de “O Principezinho”, editora teorema, Lisboa, 2006, p. 90


Título: Re: Livros
Enviado por: camisa em 2022-10-19 11:33:42
eu ando há um ano a devorar livros do Bukowski, adoro

nos entretantos leio livros do povo, John Grisham, Daniel Silva, Stephen King etc

A ver se começo a ler Michel Houellebecq, parece-me um escritor com livros interessantes
Título: Re: Livros
Enviado por: Thorn Gilts em 2022-10-19 11:37:14
eu ando há um ano a devorar livros do Bukowski, adoro

nos entretantos leio livros do povo, John Grisham, Daniel Silva, Stephen King etc

A ver se começo a ler Michel Houellebecq, parece-me um escritor com livros interessantes

Os do Daniel Silva não gosto, quer dizer só li um e não gostei. Não entendo o sucesso, mas pode ser uma questão de gosto pessoal meu.
Título: Re: Livros
Enviado por: camisa em 2022-10-20 09:12:54
o tema da espionagem é quase sempre sucesso garantido, seja o Daniel Silva ou outro qualquer...

O Daniel Silva lança um livro por ano quase cópias dos anteriores, mas eu leio sempre  ;D

Título: Re: Livros
Enviado por: Thorn Gilts em 2022-10-20 09:40:31
o tema da espionagem é quase sempre sucesso garantido, seja o Daniel Silva ou outro qualquer...

O Daniel Silva lança um livro por ano quase cópias dos anteriores, mas eu leio sempre  ;D

Entendo isso. Mas acho as estorias dele fracas. Quer dizer, só li uma de passagem.
Título: Re: Livros
Enviado por: camisa em 2022-10-20 15:50:25
O Daniel Silva mete também vários factos reais ao barulho, como o assassinato do Khashoggi pelo MBS, a sabotagem feita pelos israelitas aos reatores nucleares do Irão, etc etc
Título: Re: Livros
Enviado por: Thorn Gilts em 2022-10-22 10:46:29
O Daniel Silva mete também vários factos reais ao barulho, como o assassinato do Khashoggi pelo MBS, a sabotagem feita pelos israelitas aos reatores nucleares do Irão, etc etc

Não gostei. Les bem ingles?
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2022-10-23 09:22:21
(https://kbimages1-a.akamaihd.net/4581ad92-51ca-44a7-b2e7-10cb0314b1d1/353/569/90/False/o-abismo-vertiginoso.jpg)

   «Através da superfície dos fenómenos,
    um interior de estranha beleza.»

                     (Heinsenberg)


A Primeira e a Segunda Parte,
«os observáveis», «a probabilidade»,
«os quanta»; seguido das Sobreposições,
do Emaranhamento e a Informação, entendi;
mas, a Terceira Parte, a formulação de um novo
entendimento do universo... receio já não compreender,
não obstante o mérito de Carlo Rovelli como divulgador da ciência.



post-scriptum:- Acabei de lê-lo. Não imaginava compreendê-lo
todo; mas afinal, compreendi. Está tão clara mente escrito,
as frases justificando-se encadeada mente, que
percebe-se que os fenómenos se passem
como descrito, e se expliquem
na relatividade em que se
implicam mutuamente.

Isto sim, é escrever, explicar, persuadir.

25-10-2022
Título: Re: Livros
Enviado por: camisa em 2022-10-25 16:13:27
O Daniel Silva mete também vários factos reais ao barulho, como o assassinato do Khashoggi pelo MBS, a sabotagem feita pelos israelitas aos reatores nucleares do Irão, etc etc

Não gostei. Les bem ingles?

sim, a maior parte dos livros leio no tlm quando tenho um bocado para ocupar e saco-os dos torrents em inglês

depois compro alguns em papel em PT (por exemplo para ler na praia ou num hotel etc)

Além disso os blockbusters leem se bem em inglês mas se adensares o grau literário da obra já começa a compensar ler em PT, pelo menos para mim
Título: Re: Livros
Enviado por: Thorn Gilts em 2022-10-25 16:54:38
O Daniel Silva mete também vários factos reais ao barulho, como o assassinato do Khashoggi pelo MBS, a sabotagem feita pelos israelitas aos reatores nucleares do Irão, etc etc

Não gostei. Les bem ingles?

sim, a maior parte dos livros leio no tlm quando tenho um bocado para ocupar e saco-os dos torrents em inglês

depois compro alguns em papel em PT (por exemplo para ler na praia ou num hotel etc)

Além disso os blockbusters leem se bem em inglês mas se adensares o grau literário da obra já começa a compensar ler em PT, pelo menos para mim

Vou-te oferecer um em inglês. Manda-me por mp uma morada qualquer onde o possas receber.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2022-10-27 06:22:18
(https://2.bp.blogspot.com/-uXeKZYzebns/WC-DdK2HXDI/AAAAAAAAHtE/0rVUgPPCaw0San_iBr2z2MdN5Ft11YztgCLcB/s1600/imagem%2B1.jpg)

Por causa da física quântica,
vou agora ler, The Tempest,
de William Shakespeare,

pois que tudo sendo o que acontece
quando, e sempre, o que há se cruza entre si

nada é substancial. Na verdade,

«Somos feitos da matéria de que se tecem os sonhos; e é um sono que coroa a nossa breve vida.»
«We are such staff as dreams are made on; and our little life is rounded with a sleep.»
Título: Re: Livros
Enviado por: Thorn Gilts em 2022-11-05 16:31:33
https://fazieditore.it/catalogo-libri/unestate-fa/
Título: Re: Livros
Enviado por: camisa em 2022-11-09 14:19:55
Para além do "The Sexual Life of an Assassin" em papel, a minha reading list actual é a seguinte, sendo que já li os 2 de baixo e tenho os de cima para ler a seguir:

https://imgur.com/waAJTGN
Título: Re: Livros
Enviado por: Thorn Gilts em 2022-11-09 14:58:51
Para além do "The Sexual Life of an Assassin" em papel, a minha reading list actual é a seguinte, sendo que já li os 2 de baixo e tenho os de cima para ler a seguir:

https://imgur.com/waAJTGN

Salta directamente para o capítulo 8 e depois para o 11... e a partir dai seguido.

A estoria, torna-se interessante a partir do capítulo 13... quase podia começar ai o livro. Mas o capítulo 8 dá uma ideia do trabalho real de um "assasino" e o 11 vale pelos locais e experiências relatadas e para se perceber como funcionam os pagamentos por baixo da mesa - tudo muito detalhado.
Título: Re: Livros
Enviado por: camisa em 2022-11-09 15:17:38
Para além do "The Sexual Life of an Assassin" em papel, a minha reading list actual é a seguinte, sendo que já li os 2 de baixo e tenho os de cima para ler a seguir:

https://imgur.com/waAJTGN

Salta directamente para o capítulo 8 e depois para o 11... e a partir dai seguido.

A estoria, torna-se interessante a partir do capítulo 13... quase podia começar ai o livro. Mas o capítulo 8 dá uma ideia do trabalho real de um "assasino" e o 11 vale pelos locais e experiências relatadas e para se perceber como funcionam os pagamentos por baixo da mesa - tudo muito detalhado.

pareces ter muita experiência no assunto!  :D
Título: Re: Livros
Enviado por: Thorn Gilts em 2022-11-09 15:34:38
Para além do "The Sexual Life of an Assassin" em papel, a minha reading list actual é a seguinte, sendo que já li os 2 de baixo e tenho os de cima para ler a seguir:

https://imgur.com/waAJTGN

Salta directamente para o capítulo 8 e depois para o 11... e a partir dai seguido.

A estoria, torna-se interessante a partir do capítulo 13... quase podia começar ai o livro. Mas o capítulo 8 dá uma ideia do trabalho real de um "assasino" e o 11 vale pelos locais e experiências relatadas e para se perceber como funcionam os pagamentos por baixo da mesa - tudo muito detalhado.

pareces ter muita experiência no assunto!  :D

Sei algumas coisas. Sou um curioso no assunto.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2022-11-24 16:01:34
Deparei-me hoje com um livro que li e orientou-me nos estudos há muitos anos.
Comprei-o de novo num alfarrabista, há também já alguns anos, encadernei-o e reli-o.

Saudade de como certas frases, enunciados e conselhos
retiniam ainda no meu espírito
como quando as li pelas
primeiras vezes!

Eu tendo a ser algo desarrumado,
disperso, quase caótico.

Mas sempre admirei a insistência
pedagógica de Sertillanges
em ser metódico e
organizado!

Fui pesquisar se já teria mencionado este livro aqui.
Parece que não. Vou editar, então, um trecho
que possuo transcrito no Word.

Não consigo ser impecável, de facto.

Mas dou valor ao conselho
de organização. É uma
via que eleva
o resultado.

Procuro muitas vezes reunir primeiro
as condições para um estudo eficiente e cabal.

Falho, mas não importa. Persisto.

«Quem conhece o valor do tempo, sempre o encontra, em abundância;
Não podendo alongá-lo, eleva-o, e primeiramente, não o encurta.»

«O tempo é espesso como o ouro; mais vale medalha forte,
bem cunhada e de liga pura, do que a folha dilatada
pela arte do batedor. Muitos contentam-se
com aparências, com veleidades
trapalhonas, zumbem sempre
e nunca realizam trabalho
algum.»

«Note-se que a sessão de trabalho profundo não pode ser mais uniforme
do que a vida intelectual no seu conjunto. Tem, proporcionalmente,
as mesmas fases; treina-se pouco a pouco, às vezes custosamente,
chega ao máximo, depois cansa-se. É um ciclo completo,
com a manhã fesca, o meio-dia ardente, o esmorecer
da tarde. É preciso ser o Josué desta tarde para
prosseguir a batalha sempre demasiado
curta.»


SERTILLANGES, A.-D., A Vida IntelectualEspírito, Condições, Métodos
Trad. e Prefácio de A. Pinto de Carvalho, Arménio Amado-Editor, Coimbra, 1941, p. 88


(https://www.manuseado.pt/wp-content/uploads/2021/07/Vida-Intelectual.jpg)
Título: Re: Livros
Enviado por: Thorn Gilts em 2022-11-30 11:34:08
Best seller. Kkk
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2022-12-13 23:02:54
Reli, recente, o "Livro de Job".

Manteve ter sido sempre justo
e injusta a 'má sorte' que
passou a atormentá-lo!

Na fala directa com Deus
ouviu dele a explicação
que a todos submete
a ordem do universo.

Reconheceu-se
sujeito a tal poder
que o ultrapassa
e ignora; reprova-se
como falto de ciência
ao falar como um néscio.

Belo, o hino à sabedoria
e à inteligência:

«Mas a sabedoria, onde se encontra ela?
Qual é o lugar da inteligência?

O homem não conhece o seu caminho,
nem ela se encontra na terra dos mortais.

O abismo diz: Ela não está em mim;
e o mar publica: ela não está comigo.

Não é dada pelo mais puro ouro,
nem é comprada a peso de prata..

Não se põe na balança com o ouro de Ofir,
nem com o precioso berilo nem com a safira.

Não se lhe iguala o ouro nem o vidro
e não é dada em troca por vasos de ouro;

O coral e o cristal não se comparam com ela;
a sabedoria vale mais que as pérolas.

Não se lhe iguala o topázio da Etiópia
nem é comparada com o ouro mais puro.

Donde vem pois a sabedoria,
e onde é que se encontra a inteligência?

Está escondida aos olhos de todos os viventes,
até às aves do céu está oculta.

O inferno e a morte dizem:
Aos nossos ouvidos chegou a sua fama.

Deus conhece o caminho para a encontrar,
ele sabe onde se encontra,
porque ele vê até aos confins do mundo,
e vê tudo o que há debaixo do céu.

Quando deu o seu peso aos ventos,
e regulou as águas com medida,
quando prescreveu uma lei às chuvas
e traçou um caminho aos relâmpagos
então ele a viu e a mediu,
e a estabeleceu e a perscrutou.

E disse ao homem: O temor do Senhor é a
      sabedoria;
o apartar-se do mal é a inteligência.»


Livro de Job, 28, 12–28
   

Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2022-12-19 07:02:15
(https://scontent.flis11-1.fna.fbcdn.net/v/t1.6435-9/49895710_2140448915994452_2649973595903623168_n.jpg?_nc_cat=102&ccb=1-7&_nc_sid=730e14&_nc_ohc=_RplTtS78j4AX-73YSO&_nc_ht=scontent.flis11-1.fna&oh=00_AfCpgCEkx_Q29Tgb-Q2o5_F0xodg17gGM6YC_7hwSbtSbA&oe=63C78A9C)

       Vês aqui a grande máquina do Mundo,
        Etérea e elemental, que fabricada
        Assi foi do saber, alto e profundo,
        Que é sem princípio e meta limitada.
        Quem cerca em derredor este rotundo
        Globo e sua superfícia tão limada,
        Deus: mas o que é Deus, ninguém o entende,
        Que a tanto o engenho humano não se estende.
 

   Luís de Camões, Os Lusíadas (X, 80)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2022-12-21 08:29:22
(https://scontent.flis11-2.fna.fbcdn.net/v/t45.1600-4/297423391_23850970363890232_7231856708356989920_n.jpg?stp=cp0_dst-jpg_p526x296_q75_spS444&_nc_cat=106&ccb=1-7&_nc_sid=e84a38&_nc_ohc=fXCkeZCs2ooAX-ET1vW&_nc_ht=scontent.flis11-2.fna&oh=00_AfDrxPXYsIPOhotUZHM279LKJTBYQvmtwPAS8NUCv19ojA&oe=63A7EE15)

São dez escolhos, de facto.
O #4, induzido por um matemático
da equipe que chefiava e tudo apostava
em I&D, fez-me perder à 1ª volta, o jogo
de Gestão do Expresso, há muitos anos! -:)

Vá lá, como prémio de consolação,
ao menos nas equipes adversárias
do meu grupo, venceu a
que ganhou o torneio!

Das dez distorções,
nunca me deixei cair na 1ª;
compreendo a 2ª para a operacionalizar,
a 3ª tende a aprisionar-me; a 4ª aprendi a ter cautela;
a 5ª sei-a limitada, como o valor trabalho o é pelo valor da utilidade;
a 6ª, gosto dela mas tem de redimir-se na activa idade; a 7ª, sofro-a;
a 8ª, evito-a, se a vislumbro; a 9ª, só a pratico com 95% de preparação prévia;
a 10ª, vem de carrinho, sei filosofia, vedo tudo nudo!

Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2023-01-07 22:13:51
Aqui há uns tempos deu-me vontade
de voltar a ler a

Introdução ao Estudo a Moeda
,
do Prof. Dr. Teixeira Ribeiro

e bem assim, as lições de

Pagamentos Internacionais

do Prof. Dr. Almeida Garrett

dois estudos de catedráticos
que li estudante e, encadernei
conjunta mente.

(https://www.manuseado.pt/wp-content/uploads/2020/06/Introdu%C3%A7%C3%A3o-ao-Estudo-da-Moeda.jpg)(https://ateneulivros.com/wp-content/uploads/2017/07/IMG_1901-585x800.jpg)

Porém, outras leituras me enredaram,
não direi que me tiraram a vontade,
mas ainda não comecei...

O tema sempre me interessou e interessa.
Não nesse epifenómeno das criptomoedas
mas a questão do dinheiro em si,
o meio universal de pagamento
de dívidas, mediador na
troca de bens, forma
de reserva de valor.

É que o controlo absoluto
do dinheiro desmaterializado,
registo bancário digital
controlado pelos
Estados, apesar
do figurino
da independência
dos bancos centrais
face aos governos
que cunham moeda
inconvertível em ouro
e precária mente solvente
com divisas soberanas  fiáveis

não iguala o anonimato e a real
valia do ouro como meio universal
de quitar dívidas e testemunhar fortuna
mobilizadora de toda a obra de trabalho.


Título: Re: Livros
Enviado por: Kaspov em 2023-01-13 05:30:01
É curioso... lembro-me de ouvir falar bastante nesses dois prestigiados mestres...

Um deles tb aqui aparece:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Teixeira_Ribeiro (https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Teixeira_Ribeiro)

E aqui:

Professores da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra

https://www.youtube.com/watch?v=hTRrVYev8Lw (https://www.youtube.com/watch?v=hTRrVYev8Lw)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2023-01-13 09:30:42
Giro! O Teixeira Ribeiro, além do seu livro
pelo qual estudámos a Teoria Monetária,
tive um encontro com ele a acompanhar
um grupo económico têxtil para nos
aconselhar como proceder
para economizarmos
fiscalmente
impostos,
face à nova Lei
que ele próprio redigiu
da Contribuição Industrial.

E ele, o que (nos) disse
foi, sim, a nova lei vai entrar
em vigor e uma forma legal
de economizar imposto
era justamente passar
a pagar um salário de direcção
aos sócio-administradores,

e assim diminuir o lucro tributável
do ano, posto que o imposto profissional
era menor do que a contribuição incidente
sobre os lucros da empresa.

Na verdade, o uso e costume ao tempo,
era cada um ir debitando em conta-corrente
os levantamentos que necessitava para viver.
Poderia dizer-se, cada um ganhava aquilo que gastava.

Quanto ao Almeida Garrett, - o meu curso foi no Porto -,
tive-o como meu professor em Macroeconomia (Economia II)
- a Economia I era a economia clássica e Microeconomia
marginalista; a III, era a Economia do Desenvolvimento Económico -,
e também, no último ano, na cadeira de Economia Internacional.
Ele era um diletante. Escrevia com belo rigor da palavra
no enunciado das teses e sua demonstração.

Mas nas aulas ao vivo, era diletante.
Podia desviar-se a contar
como fumar uma
cachimbada de mais de um hora
sem deixar apagar o cachimbo
e não gastar fósforos! -:))
 
Li, na net, mas nunca o testemunhei
ao vivo - faltava um bocado às aulas,
quer dele quer de alguns outros -, li
que era conhecido por usar este estribilho:
-«Prestem agora atenção! Que isto que agora
eu vou dizer, não vem nos livros!» -:)

E realmente, no último exame oral que me fez,
perguntou-me que nota eu precisava 'para a média'
- eu era bom aluno! -, e deu-me este conselho
para uso na vida profissional: «Vá lendo uns livros!»

Fi-lo. Segui o conselho. Por ele inspirado adoptei o costume
de registar cada livro que lesse na data de terminar-lhe a leitura. -:)

É um registo extraordinário porque sintoniza a minha vida intelectual,
afectiva e filosófica ao longo da existência -:))

Título: Re: Livros
Enviado por: Kaspov em 2023-01-14 02:41:10
Interessante! O Prof. Teixeira Ribeiro conheci vagamente há talvez uns 40 anos.
O Prof. Almeida Garrett lembro-me vagamente de o ter visto, tb há quase 30 anos ou +.
Mas nunca estudei direito nem economia nem nada de semelhante...   :) 
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2023-01-14 06:22:49
eu, estudei economia.
contudo, de idade liceal,
o meu gosto era a matemática
e a filosofia. gostava de geografia,
história, português, inglês, política.
o meu pai, influenciado por um vizinho,
encaminhou-me para economia, cuja faculdade
no Porto, entrava no seu 6º ano de existência.

Gostei do curso, da matéria e as disciplinas
liceais da alínea de acesso ao curso
eram as minhas preferidas.

No curso, tive gosto na economia clássica,
no marginalismo e sua expressão analítica,
na teoria do investimento; as cadeiras
de direito, apreciei-as pelo rigor
da palavra e da lógica.

A estatística matemática do prof. Mário Madureira
era impressionante na sua escrita esotérica,
na rigorosa definição teórica
das respectivas funções

mas depois, na prática, nunca utilizei
mais do que o cálculo financeiro
em estudos de viabilidade
em project finance.

A teoria da contabilidade iniciada por Luca Paccioli,
e enriquecida por Schmallenbach e Gino Zappa
eram também muito interessantes e lançam
a luz pertinente para a análise quantitativa
micro e macroeconómica quer a nível
de património quer no da actividade,
custos, proveitos e rédito
na unidade de tempo.

E nisso se 'crucificou' - -:)) -, o meu intelecto
na vida activa de direcção financeira,
mas sem prática a nível
de macroeconomia,

onde, contudo, a variável binária
capital e trabalho determina
o produto e o rendimento,
na empresa e no país.

No futuro, já hoje a condicionar
a acção racional, a finitude
quer dos recursos escassos
quer das limitações
ecológicas

aumentam a complexidade
das análises de macro economicidade
que acresce à incerteza de resultado.


Título: Re: Livros
Enviado por: Kaspov em 2023-01-15 06:03:49
A matemática para mim, sempre foi um problema bicudo - mas, vá lá, consegui ultrapassá-la airosamente na Universidade, com 15 val.!   :)

No liceu foi mais difícil - passei com um mísero 10 no 12.º ano (uma das piores notas que alguma vez tive)...   :'(

De economia e finanças só sei o q tenho aprendido ao longo da vida...   ;D
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2023-01-15 09:16:37
Comigo, foi ao contrário! No liceu,
compreendi e brilhei na matemática.

Orgulhoso de ter sido aluno
de 17 a matemática e
18 a filosofia -:),

lá ingressei em economia,
que gostei.

Contudo, na matemática foi um revés!
É enorme o salto de complexidade
do liceu para o superior,
n' Álgebra, no Cálculo.

Só com explicações, com um minigrupo
de cinco colegas vindos comigo do Garrett
para Económicas, de um assistente
do Prof. Ruy Luís Gomes,
- irradiado da universidade,
candidato a presidente da república,
exilado pró Brasil -, o dr. José Morgado
[a escrever isto, lembrei-me procurar
na net notícia deste professor,

e encontrei o vídeo que anexo (https://arquivos.rtp.pt/conteudos/chegada-de-rui-luis-gomes-e-jose-morgado-a-lisboa/)
].

Lá está ele o José Morgado,
como o conheci -:) -
ensinava-nos matemática
pela redução ao absurdo.

Dizia, era para simplificar,
porque as demonstrações
da hipótese para a tese
eram muito longas
e complexas.

Assim, fazia-nos ver
que se a negação da tese
fosse verdadeira,
chegaríamos a uma impossibilidade
contraditória. Logo, a tese era verdadeira! -:)


Com esse apoio, lá conseguimos singrar,
mas sem dezoitos nem vintes; só depois,
na Estatística e Econometria do 3º e 4º ano,
nos recompusemos.

(Nunca tinha visto aquele vídeo da chegada do Brasil!)
Título: Re: Livros
Enviado por: Kaspov em 2023-01-15 20:35:33
Matemática e filosofia eram coisas q me arrepiavam ... mas sei q a matemática tem muitas e importantes aplicações!

Sem dúvida q na Net se encontram cada vez mais coisas interessantes! A bibliografia existente é um verdadeiro oceano, como alguém disse!    :)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2023-01-16 10:12:39
A filosofia, também! LOL
Título: Re: Livros
Enviado por: Kaspov em 2023-01-16 17:49:58
Quanto à filosofia, tal como ela é actualmente, nunca entendi muito bem qual possa ser a utilidade...

Antigamente, sim, a filosofia era mto importante, pois englobava o conjunto das ciências!   :)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2023-01-16 21:40:21
Nota isto:

i) No século 20, na Europa e nos Estados Unidos,
criou-se mais filosofia profunda e inovadora
do que em toda a história pretérita;

ii) A Física, a Química, a Biologia, a Economia,
a Sociologia todas buscam filiar-se
dedutiva mente em princípios
de que partam para suas
explicações. A Filosofia
dá-lhes as pistas
para o conseguirem.

iii) Não há filosofia nenhuma,
que possamos habitar se não garantir
a compreensão do mundo e de tudo o
que contém, incluindo nós próprios.

A tessitura coesa de tal explicação
compreensiva requer a lógica
de elo para elo da explanação
da realidade.

Isso é Filosofia.
Título: Re: Livros
Enviado por: Kaspov em 2023-01-16 21:47:25
A Física, a Química, a Biologia, são ciências.

A filosofia do século 20 não faço ideia do que seja...

Deve ser defeito meu mas a minha única relação com a filosofia é o título PhD...   ;D

Tive 2 anos de filosofia no Liceu mas pareceu-me ser a disciplina mais absurda e inútil de todas... só se salvava alguma coisa porque a professora era simpática... ainda consegui um 15, no 11.º ano (sem estudar tais matérias), se bem me lembro...  :)

Matemática, em compensação, era o q estudava +, mas aí tinha mesmo de ser...   ::)


Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2023-01-16 22:19:02
Gottlob Frege, Bertrand Russell, Ludwig Wittgenstein,
Charles S. Peirce, Rudolph Carnap, Willard Quine,
enfim, toda a Filosofia Analítica
e a Lógica que a perpassa.

Mas, além disso, a Física Quântica,
os modelos matemáticos
de observação do mundo
são pura filosofia de
inteligibilidade
do como
o que


pode (d)escrever-se.

Título: Re: Livros
Enviado por: Reg em 2023-01-16 22:24:51
Por que as mentes mais brilhantes da humanidade resolveram se ocupar com algo que não serve para nada?

secalhar porque matematica a partir agora vai ser estudada por super computadores...

homem filosofia

maquina fisica,biologia e matematica!
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2023-01-17 00:25:37
Admito que os supercomputadores podem ensaiar
soluções para problemas que lhes dermos a resolver
explorando vias inéditas e aliás, possivelmente
comportando várias soluções.

Dizia um professor meu, ou li algures,
já não lembro bem, que um problema
começa a ser deveras interessante
depois de resolvido.

Afirmar que a filosofia não serve pra nada
nem mesmo pode qualificar-se
como uma proposição,
pois em si mesmo
contradiz-se.

Nada há de mais útil e conveniente
do que uma boa teoria da realidade.
Nenhuma há sem filosofia.

Logo, negar-lhe utilidade
é reduzir-se à inanidade
da ignorância.
Título: Re: Livros
Enviado por: Kaspov em 2023-01-17 01:33:04
Tem graça, encontrei agora uma colecção de livros de Ludwig Wittgenstein ou sobre ele - nem sabia q cá havia tantos... lembro-me q o meu pai gostava muito desse famoso autor austríaco (https://en.wikipedia.org/wiki/Ludwig_Wittgenstein). Talvez na próx. reencarnação leia alg. coisa dele...

Qto à utilidade da filosofia - bom, a mim não me convence, mas, claro, eu não passo de um pobre camponês semianalfabeto...   ;D

Em rel. a "maquina fisica,biologia e matematica!" - bom, creio q qdo essas ciências forem estudadas por super computadores sem supervisão humana, a nossa pobre humanidade estará em muito maus lençóis...   :(
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2023-01-17 08:26:00
O perigo maior é o de guerra nuclear.
Mas há outros, como o da perda
da biodiversidade, mais
vulnerável a pragas.
Título: Re: Livros
Enviado por: Kaspov em 2023-01-17 17:10:09
Sim, pode haver uma guerra nuclear, de facto... e é evidente q a Natureza está a ser aceleradamente destruída - a biodiversidade está a sofrer uma extinção em massa...   :(
Título: Re: Livros
Enviado por: Reg em 2023-01-17 17:25:59
 a natureza sempre teve extincao em massa....

seres sobreviveram com milhoes anos sao contados pelos dedos da mao

ou seja natureza nunca foi meiga! nem conservadora

natureza e anarquia
Título: Re: Livros
Enviado por: Visitante em 2023-01-17 17:55:32
Se associarmos Deus a Natureza é de facto implacável, tal como descrito no antigo testamento. O antigo testamento apresenta um Deus implacável capaz de destruir cidades como fez com Sodoma e Gomorra.
Título: Re: Livros
Enviado por: Kaspov em 2023-01-17 19:01:17
a natureza sempre teve extincao em massa....

seres sobreviveram com milhoes anos sao contados pelos dedos da mao

ou seja natureza nunca foi meiga! nem conservadora

natureza e anarquia


«Sixth mass extinction

Research completed after the seminal 1982 paper (Sepkoski and Raup) has concluded that a sixth mass extinction event is ongoing due to human activities:

    6.     Holocene extinction currently ongoing. Extinctions have occurred at over 1000 times the background extinction rate since 1900, and the rate is increasing.[26][27][a] The mass extinction is a result of human activity,[29][30][31][32] driven by population growth and overconsumption of the earth's natural resources. The 2019 global biodiversity assessment by IPBES asserts that out of an estimated 8 million species, 1 million plant and animal species are currently threatened with extinction.[34][35][36][37] In late 2021, WWF Germany suggested that over a million species could go extinct within a decade in the "largest mass extinction event since the end of the dinosaur age."[38]»

(https://en.wikipedia.org/wiki/Extinction_event#Sixth_mass_extinction)


A actual extinção em massa é muito rápida e directamente provocada pelo Homem - mas, claro, nós tb fazemos parte da Natureza, por isso a actual extinção em massa tb é um fenómeno natural.

Qto a a natureza nunca ter sido meiga nem conservadora - sim, isso é evidente!
Título: Re: Livros
Enviado por: Smog em 2023-01-17 21:44:09
Tudo para uma Universidade Sénior. Há muitas no mercado. É só escolher.  ;D
Título: Re: Livros
Enviado por: Reg em 2023-01-17 21:48:10
so faltava ficar em 4 pareides

quando se aprende o mesmo ler livro no meio floresta hostil!


   a malta anda perder instinto...  de tanto estar em 4 pareides

 O principio da natureza humana reside na sobrevivencia...quando andam armados em super herois querer salvar 1 milhao outros seres....deixam ser humanos

querem e ser deus!



Título: Re: Livros
Enviado por: Kaspov em 2023-01-18 01:18:46
Tudo para uma Universidade Sénior. Há muitas no mercado. É só escolher.  ;D

Universidade Sénior não conheço, mas continuo ligado a uma univ. pública bem conhecida - através de um centro de investigação de q faço parte (sem qualq. contrato ou benefício financeiro, contudo).
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2023-02-17 10:35:20
(https://scontent.flis11-2.fna.fbcdn.net/v/t1.6435-9/84838086_2805225222834073_2691312419904421888_n.jpg?_nc_cat=109&ccb=1-7&_nc_sid=8bfeb9&_nc_ohc=eTBPeQQ1KL4AX8WG1fy&_nc_ht=scontent.flis11-2.fna&oh=00_AfBvToKW-OodpD3lMQL6yvB2H0Rv_-REsJEp-GeCcp9aZg&oe=6416D887)

Reli, ao cabo de muitos anos.
Notável. Mas o que terá acontecido
à sua hipotética descoberta do orgone
enquanto energia cósmica,
mais intensa no mar e
praias de areal?

Em todo o caso, as doenças
de sexualidade oriundas
na ordem social
e familiar
já terão
diminuído
com a revolução
sexual dos anos sessenta
e o esboroar da família tradicional.

Mas, a droga, a pornografia,
a infantilização irresponsável
das massas pelos títeres políticos
dos monopolistas açambarcadores
de recursos, continua imparável
até ao desastre final. 


Título: Re: Livros
Enviado por: Thorn Gilts em 2023-02-22 14:04:17
Já é possível comprar online livro "Receitas & Estórias" no site: https://thornpublishers.com/

É possível pagar de forma segura com cartão de crédito, google play ou transferência bancária. A receita de gelato cremino (receita profissional) vale o valor do livro.
Título: Re: Livros
Enviado por: Visitante em 2023-02-22 15:40:13
(https://scontent.flis11-2.fna.fbcdn.net/v/t1.6435-9/84838086_2805225222834073_2691312419904421888_n.jpg?_nc_cat=109&ccb=1-7&_nc_sid=8bfeb9&_nc_ohc=eTBPeQQ1KL4AX8WG1fy&_nc_ht=scontent.flis11-2.fna&oh=00_AfBvToKW-OodpD3lMQL6yvB2H0Rv_-REsJEp-GeCcp9aZg&oe=6416D887)

Reli, ao cabo de muitos anos.
Notável. Mas o que terá acontecido
à sua hipotética descoberta do orgone
enquanto energia cósmica,
mais intensa no mar e
praias de areal?
de sexualidade oriundas
na ordem social
e familiar
já terão
diminuído
com a revolução
sexual dos anos sessenta
e o esboroar da família tradicional.

Mas, a droga, a pornografia,
a infantilização irresponsável
das massas pelos títeres políticos
dos monopolistas açambarcadores
de recursos, continua imparável
até ao desastre final. 


Por causa deste livro na década de 1970 havia pais a iniciar sexualmente os filhos com prostitutas.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2023-02-22 17:16:27
A estupidez não é admirável.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2023-02-22 22:59:34
(https://pictures.abebooks.com/inventory/30911689577.jpg)

Herbert Marcuse, Eros e Civilização («Eros and Civilization -
A Philosophical Inquiry Into Freud»
, 1955),
Zahar Editores, Rio de Janeiro, 1969.


Um outro, também histórico e arauto da revolução sexual
foi o Eros e Civilização de Herbert Marcuse.
O autor analisa, inteligente e crítica mente
a doutrina de Freud, de que respigo
esta nota de pé de página
da Civilization and its
Discontetns
:

«O conflito entre civilização e sexualidade
é causado pela circunstância do amor sexual
ser uma relação entre duas pessoas, em que uma
terceira só pode ser supérflua ou perturbadora, ao passo
que a civilização se baseia em relações entre maiores grupos
de pessoas. Quando uma relação de amor se encontra no seu apogeu,
não há margem para qualquer interesse no mundo circundante,
o par de amantes é suficiente em si e para si mesmo,
não necessita sequer do filho que têm em comum
para fazê-los felizes.»
  (p. 55, n.36)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2023-02-26 10:53:30
Nunca li nada de Natália Correia.
Mas hoje conheci um escrito seu
que me fez consciencializar
que Cristo foi condenado
à morte, quer pelos
judeus quer pelos
romanos.

Aqui vai portanto, uma
vítima da nação e do império.
duas instituições que têm de ser
moderadas por entidade superior
a qual pode ser a ONU que
será autoridade geo (terra)
πολιτικός (política) superior.

---- // ----

“Tenho, pois, por certo, que cada vez que alguém acredita,
é poeta, mesmo sem fazer versos. Descobre esse secreto
fio de amor que liga todas as coisas vivas, essa prodigiosa
lei da unidade que faz com que o universo caiba numa gota
de orvalho. E eu que não sou cristã no aborrecido e restritivo
sentido teleológico, penso que Cristo foi um poeta porque
acreditou e morreu por essa crença. Quem morre por
aquilo que acredita, morre para transformar o mundo.
Para que [alquímica mente] o seu sacrifício se volva
no ouro de harmonia. Há quem lhe chame religião.
Eu prefiro chamar-lhe poesia."

Natália Correia
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2023-03-19 08:18:35
 (https://images.vivino.com/thumbs/JHf2l3IvRjWgT8JcdYKeyQ_150x200.jpg)

 «Inúmeras, porém, são as espécies [vinícolas]
 como inúmeros são também os nomes.
 Quem quisesse saber a todos eles
 o mesmo tentaria que saber os grãos de areia que na Líbia,
 em seu deserto, o Zéfiro revolve
 ou quantas são as ondas do mar Jónio
 que a costa batem quando um Euro em fúria
 açoita os barcos ali navegando.»


       Virgílio, Geórgicas II, 155-163
        Trad. do Latim Prof. Agostinho da Silva,
        Temas e Debates, Lisboa, 1987




Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2023-04-05 07:41:40
Continuo com Virgílio,

(https://img.wook.pt/images/a-licao-de-eneias-comecar-do-zero-andrea-marcolongo/MXwyODAwNzI5NnwyNDQxMzgxNXwxNjcxNzA1MzU3MDAwfHdlYnA=/550x)

«Ponho-me a salvo de ti,
concertando-me com a tua presença:
com palavras amistosas, hábeis,
induzo-te a não existires.
Não temo o teu rosto
se o sei arrancado do nada
fortuito grumo de mim mesmo
feminino nada:
só assim me salvo do teu sangue;
que me apavoras sempre
se, do nada, te tornas quase alguma coisa.»

.
Giorgio Manganelli, Poesie


Ou de como Virgílio, republicano,
se distanciou de Octávio Augusto
e o destituiu como Imperador.

in op. cit., p. 129, cap. VI – As portas dos sonhos
A Eneida no tempo do principado de Augusto


Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2023-04-07 17:45:58
Aqui há uns sete anos
privei pela primeira vez
com a fenomenologia
de Husserl, e Merleau-
-Ponty, meu conhecido
- só por citado pelos
que o admiravam -,
tornou-se me final
mente acessível.

Aqui medito sobre o seu
último opúsculo publicado.

(https://scontent.flis11-1.fna.fbcdn.net/v/t39.30808-6/340012430_529348139355619_6801664975106689169_n.jpg?_nc_cat=102&ccb=1-7&_nc_sid=730e14&_nc_ohc=l1FSlK0iSAgAX-PKhtz&_nc_ht=scontent.flis11-1.fna&oh=00_AfDsE21CAVadgFJ0lTA-YUJWS-0ixrQumPupaCXHNNjP8A&oe=64352071)

«Profundidade, cor, forma, linha, movimento, contorno, fisionomia»
são ramificações do Ser, - mostra-o Merleau-Ponty. Mas qualquer
desses aspectos implica os demais, pelo que na operação
de pintar nenhuma opção é «parcial» posto que
é completa, sem retorno, e não impede
a mesma ideia ser retomada
de outro modo.

Assim, na pintura, como noutra arte ou na ciência
cada interação do olhar com o real observado,
recria-o explicativa mente segundo
o espírito da composição
em que se forma
e acontece.

Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2023-07-07 13:10:55
Com um poema
da minha poeta
do Norte,

(http://bp2.blogger.com/_3Lr1xF3_YPE/RegQA-JxsBI/AAAAAAAAAHc/npm6WLJYfoo/s200/SandraCosta.jpg)
abaixo distingo
a inteligência
artificial da
nossa só
nossa.


COINCIDÊNCIA
Coincide comigo a sequência perfeita do que ainda
não existe,
escrevo lua com a argila nominável dos dias
e observo que a geometria expressiva dos espelhos
desemboca no rumor côncavo das mãos,
(trajectória-alfazema das estrelas, avisavam
os antigos)
Procurando a disposição das pedras e das causas,
sou esses não-lugares que chegam pela luminosidade
das grinaldas.

.
Sandra Costa, Sob a luz do mar,
Campo das Letras, Porto 2002, p. 66


(https://scontent.flis11-2.fna.fbcdn.net/v/t39.30808-6/357535689_2593602880794594_1496715711389951629_n.jpg?_nc_cat=106&cb=99be929b-59f725be&ccb=1-7&_nc_sid=730e14&_nc_ohc=MO3XTWQAZ1oAX-F-Jyg&_nc_ht=scontent.flis11-2.fna&oh=00_AfD-1BFTqxpVPWwODg6zaGPswVR4dl-xzcnT2csPr-7iJg&oe=64ACCE55)

   ---- // ----

Este belo poema da coincidência dá a ressonância justa
do que haja de ser a 'localização' do pensamento!
Ontem, viouvi na rtp-memória o programa "Obra de Arte"
sobre a vida e obra do engenheiro Edgar Cardoso. Dizia ele:
- «O que não sei fazer com a cabeça, faço com as mãos.»

Assim é o 'local' do pensamento. Para lá do signo e do sentido,
o que anima um e outro é a sua utilização.

Como dizia Wittgenstein, temos o direito de afirmar
que o pensamento ocorre quando o «escrevemos com
um lápis numa folha de papel» ou o «pensamos
com a nossa boca».

De modo que, quando a Inteligência Artificial chegar
temos o direito de dizer que não é aí que ocorre o pensamento,
mas tão só quando «desemboca no rumor côncavo das mãos.»
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2023-08-01 06:29:23
(https://scontent.flis11-1.fna.fbcdn.net/v/t39.30808-6/363320743_2610888525732696_8265255491649564900_n.jpg?_nc_cat=105&cb=99be929b-59f725be&ccb=1-7&_nc_sid=dbeb18&_nc_ohc=KpesWCLqWzMAX-I7IFk&_nc_ht=scontent.flis11-1.fna&oh=00_AfDbicu5rfqemhTfuFFx1RT0GisqJtXJuPLtGP5mmrVa9g&oe=64CE33B2)

       «O que todos nós contamos
       é uma viagem.
» (Maria Belo)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2023-10-31 07:15:28
(https://libris.to/media/jacket/08800776_human-action.jpg)

Se tiver vida e paciência,
e outros pensadores
não me distraírem
da economia...

lerei ludwig von mises
por respeito à logica
económica subjacente
a lógica da escolha.

(https://admin.cliquevestibular.com.br/uploads/estudos/newszlog01[1].png)
Título: Re: Livros
Enviado por: Kaspov em 2023-10-31 16:45:19
Bela capa, belo gráfico!!   :)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2023-12-26 13:45:53
O Ludwig von Mises,
ainda não me atrevi!

Mas este, recebi-o
no Natal, vou lê-lo
e a Introdução é
fascinante!

(https://www.themonthly.com.au/sites/default/files/styles/featured_essay/public/Cosic_Varoufakis_1140x700.jpg?itok=Wmjph0jE)
Título: Re: Livros
Enviado por: Kaspov em 2023-12-26 14:54:46
O Ludwig von Mises,
ainda não me atrevi!

Mas este, recebi-o
no Natal, vou lê-lo
e a Introdução é
fascinante!

(https://www.themonthly.com.au/sites/default/files/styles/featured_essay/public/Cosic_Varoufakis_1140x700.jpg?itok=Wmjph0jE)


A mim parece-me q o Capitalismo continua e continuará bem vivo, digam o q disserem os comunistas, até porq toda a Natureza é capitalista!

(mas, claro, isto é a opinião de um leigo - nunca li Marx nem tenciono...   :D )
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2023-12-26 18:19:36
Claro, o capitalismo
continua a existir,
como aliás existia
antes de assim ser
designado; mas já
não é ele que move
o mundo, o mercado
e o lucro foram substituídos
pelo digital e pela renda.
Título: Re: Livros
Enviado por: Reg em 2023-12-26 18:21:17
o sistema e socialista que vive no capitalismo


mas isto e governado por socialistas uzam capitalismo

e tipo os chineses...O governo chinês chama o seu sistema econômico de "socialismo com características chinesas", mas o que isso realmente significa é disputado. Alguns o consideram como uma economia mista, outros o consideram como capitalismo.
Título: Re: Livros
Enviado por: Reg em 2023-12-26 18:39:59
sao todos so cialistas mas uns vivem no capitalismo

e outros nao!


   mundo e governado pela mesma familia politica...  os socialistas

mundo politico  e mesmo do seculo 19..ja tem 100 anos..
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2023-12-26 19:09:32
Certo e a população, activa e
inactiva, continuará explorada.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2024-02-16 17:55:09
(https://3.bp.blogspot.com/-xOD0jkQe4NI/WNLI9nbGKgI/AAAAAAAAJ2w/FUGKC5Wm0xUAB4yRy2a_H1oicurXTmjnACLcB/s1600/IMG_3808.JPG)

O livro mais inesperado e surpreendente
que comprei por € 1,00 numa dessas
mostras temporárias de livros
em saldo dos centros
comerciais;

que explica o caos político das sociedades
actuais, anos 2020, escrito em 1969,
editado entre nós em 1980.

Como o estado chega ao estado
da total falta de autoridade,
perante a demagogia
dos partidos ditos
revolucionários.

Primorosamente escrito e traduzido.
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2024-03-15 10:52:27
(https://i.ebayimg.com/images/g/rN8AAOSwsERkbDfm/s-l960.jpg)

Há um pequeno livro de bolso, que li umas duas ou três vezes
ao longo do tempo, escrito pelo astrofísico que destituía a hipótese
do universo em expansão, alcunhando-a depreciativa mente de <Big- Bang>,
– pela qual, aliás, ficou conhecida e aprovada! –, e se bem percebi o enredo
do original em inglês, os robots e a inteligência artificial, numa tentativa
de subversão da ordem estabelecida, acabam largamente derrotados
pela inteligência biológica racional, nossa, sapiens viventes,
sem apelo nem agravo!
Título: Re: Livros
Enviado por: Kaspov em 2024-03-15 13:16:11
(https://i.ebayimg.com/images/g/rN8AAOSwsERkbDfm/s-l960.jpg)

Há um pequeno livro de bolso, que li umas duas ou três vezes
ao longo do tempo, escrito pelo astrofísico que destituía a hipótese
do universo em expansão, alcunhando-a depreciativa mente de <Big- Bang>,
– pela qual, aliás, ficou conhecida e aprovada! –, e se bem percebi o enredo
do original em inglês, os robots e a inteligência artificial, numa tentativa
de subversão da ordem estabelecida, acabam largamente derrotados
pela inteligência biológica racional, nossa, sapiens viventes,
sem apelo nem agravo!


Interessante! Deve ser um livro já bem antigo!
Título: Re: Livros
Enviado por: Kaspov em 2024-03-15 13:20:06
Outra capa:

https://en.wikipedia.org/wiki/The_Incandescent_Ones
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2024-03-30 10:05:47
O nosso colectivo amigo 'Reg'
tem-nos presenteado com
belas narrativas históricas
quer de Israel e Judá, quer
da humanidade terrestre,
e interrogo-me se ele
alguma vez leu essa
reflexão notável,
que bem admirei
em 99, os anos
da viragem do
milénio, 99-
20-21, este
já do XXI.


(https://img.bertrand.pt/images/les-grands-inities-au-coeur-de-lhistoire-secrete-des-religions-edouard-schure/NDV8NzU3NzQ4Nnw0MDg2MDQ1fDEzODM1ODA1MzYwMDB8d2VicA==/300x)

Comentei, n'altura -:):

É o que dizem as escrituras. José, 'industrial' de carpintaria e exímio marceneiro, fugiu com a mulher e o filho para o Egipto, para escapar à perseguição de Herodes que temia a profecia de ter nascido quem o deporia do trono. Partiram, sim, para os "Estados Unidos da América" do tempo, e por lá ficaram uns largos pares de anos. Os Evangelhos citam inclusive, que Cristo-'teen-ager', encantava os sacerdotes do templo com o seu saber das coisas divinas. Nem sequer é possível imaginar um profeta tão revolucionário religiosamente - pregar o 'Deus', não apenas ao 'Povo Eleito', mas o do 'Todo o Mundo' - o que sucedeu deveras assim que S. Pedro converteu o primeiro general romano, pelo que a ideia tornou-se viável, e em pouco mais de duzentos anos, os bispos de Roma mandaram em toda a Europa durante mais de mil e quinhentos anos! -, nem sequer é possível imaginar um profeta que não tivesse tido a sua educação no estado teocrático mais poderoso na Terra, o Egipto, berço de todas as religiões e da ideia da vida após a morte. E quem quiser perceber alguma coisa de História, Civilizações sucessivas e Religião, tem de ler "Les Grands Initiés" de Édouard Schuré

Título: Re: Livros
Enviado por: Reg em 2024-03-30 14:57:01
A laicidade “à francesa” não é própria de um Estado laico
Para muitos dos que debateram em Lisboa a introdução da Carta da Laicidade nas escolas francesas, esta é uma laicidade “normativa” e ultrapassada. Para os seus teóricos, a escola é o lugar onde cada um se afasta de si para se entregar ao saber comum.


o bem comum e palhaco qualquer vai poleiro...governo   que o dita


o que e bem comum.....    e diferente conforme o palhaco  que esta governo



revolucao francesa foi revolucao contra monarquia e a IGREJA!




 o que sobra...dos laicos  ..a franca.... sem fe nenhuma


o que nao falta no mundo sao estados acabaram!   
Título: Re: Livros
Enviado por: Reg em 2024-03-30 15:18:07
republicas tem tendencia escolher nos votos

o maior sem vergonha cara pau safado existe!  que compra 51% dos votos



   laicos sao fim democracias..so nao o sabem ainda
Título: Re: Livros
Enviado por: Reg em 2024-03-30 15:22:49
ou melhor... com fim igreja  e da cruz...

as pessoas comecam ver mesmo gaijos sao sem vergonha cara pau querem e poleiro


isto nao e nada bom nem mesmo para laicos...
Título: Re: Livros
Enviado por: Reg em 2024-03-30 15:30:46
um catolico sem fe  cristo   renasceu  depois morto


passa ser um judeu!


e nao um laico
Título: Re: Livros
Enviado por: Reg em 2024-03-30 15:35:03
 O apóstolo continua de forma enfática “E se a nossa esperança em Cristo é unicamente pra esta vida nós somos as pessoas mais miseráveis no mundo


A Sua ressurreição é a nossa certeza de vida eterna


Todos os grandes vultos da história da humanidade morreram e os seus restos mortais estão aí a comprová-lo. O túmulo de Jesus está vazio!



Maomé também tentou passados sete séculos reescrever a história no seu ponto fulcral, negando que Jesus tivesse morrido, e portanto também não teria ressuscitado.



meu ponto disto e se tudo falhar pelo menos podemos ser judeus.....


em vez de laicos...


judeus sem tora!  e que somos!


somos judeus porque temos isto...  A crença judaica é intrinsecamente ligada à ideia de uma aliança entre Deus e os judeus
Título: Re: Livros
Enviado por: Reg em 2024-03-30 16:12:13
Os cristãos não católicos não estão sujeitos à doutrina católica.



cristaos  tambem nasceram 1 que os catolicos..nasceram em juda!
Seguem apenas a Bíblia como norma de vida espiritual
Título: Re: Livros
Enviado por: Kaspov em 2024-03-30 16:55:50
Os cristãos não católicos não estão sujeitos à doutrina católica.



cristaos  tambem nasceram 1 que os catolicos..nasceram em juda!
Seguem apenas a Bíblia como norma de vida espiritual

Pois claro, existem muitos cristãos não católicos q não estão sujeitos à doutrina católica.
Título: Re: Livros
Enviado por: Reg em 2024-03-30 17:42:35
isto e para desconfiar quando esquerdistas querem la por  relegiosos


patrocinados pelos politicos laicos!

quando igrejas estam vazias!

s igrejas mais antigas conhecidas datam do século 3 da era cristã. O local é uma caverna subterrânea datada do período entre 33 d.C. e 70 d.C. encontrada embaixo da Igreja de São Jorge, na cidade de Rihab, no norte da Jordânia.


  1 igrejas eram uma caverna


tumulo jesus era caverna...


igreja nasceu numa caverna!


Os primeiros cristãos, como descrito nos primeiros capítulos dos Atos dos Apóstolos, ou eram judeus ou eram gentios convertidos ao judaísmo, conhecidos pelos historiadores como judeus-cristãos



  jesus era judeu...primeiros apostulos sao judeus...1 igreja cristaos sao de judeus


nao sei como dizem foram judeus os culpados


quem escreveu a historia jesus foi um grego meio judeu viveu na turquia ... que nunca viu jesus...



1  lider igreja catolica  ate comecou expulsar judeus de suas terras...


   
Título: Re: Livros
Enviado por: Reg em 2024-03-30 22:50:07
, comumente conhecido como Paulo de Tarso ou São Paulo, foi um dos mais influentes escritores, teólogos e pregadores do cristianismo, cujas obras compõem parte significativa do Novo Testamento. A influência que exerceu no pensamento cristão, chamada "paulinismo", foi fundamental por causa do seu papel como preeminente apóstolo do Cristianismo



catolicos escreveram sobre jesus sem nunca o ver....


quem escreveu foi paulo nem sequer era das terras dos judeus



o jesus dos catolicos e mais grego... que propriamente judeu....


jesus dos catolicos e GREGO



Conhecido também como Saulo, se dedicava à perseguição dos primeiros discípulos de Jesus na região de Jerusalém.[d] De acordo com o relato na Bíblia, durante uma viagem entre Jerusalém e Damasco, numa missão para que, encontrando fiéis por lá, "os levasse presos a Jerusalém", Saulo teve uma visão de Jesus envolto numa grande luz, ficou cego, mas teve a visão recuperada após três dias por Ananias, que também o batizou. Começou então a pregar o Cristianismo


Paulo é o nome grego de Saulo,  de pai romano


São Paulo, o santo que fez do cristianismo uma religião bocado grega!
Título: Re: Livros
Enviado por: Reg em 2024-03-30 23:03:44
este cidadão romano  meio grego  chamado Paulo que viveu 2.000 anos atrás também pode ser chamado de protagonista.


Não fosse Paulo, prolífico escritor do seu tempo, empreendedor de diversas viagens missionárias, perspicaz na resolução de conflitos e hábil em organizar e sistematizar o conhecimento, o cristianismo não teria se tornado uma religião — ao menos não uma religião tão importante, sobretudo para o Ocidente.


"Mais do que teólogo, diria que foi um grande pastoralista, porque ele dava respostas concretas às questões pastorais, da sociedade, daquelas primeiras comunidades cristãs. Assim, vejo-o como um teólogo prático, um pastor, já que suas cartas tentavam dar respostas concretas aos problemas de moral, de liturgia, de correção fraterna, de liderança




Conforme relatos bíblicos constantes do livro Atos dos Apóstolos, foi em uma dessas missões que ele viveu uma experiência mística decisiva. Segundo o texto, depois corroborado pela tradição, o oficial estava saindo de Jerusalém a caminho de Damasco, onde deveria buscar prisioneiros para serem interrogados e, muito provavelmente, executados.

Sua jornada, então, teria sido interrompida por uma luz ofuscante, seguida de uma voz divina. "Saulo, Saulo, por que me persegues?", teria ele ouvido. "Quem és, Senhor?", foi sua resposta, atônito. "Eu sou Jesus, a quem tu persegues."




A partir desta experiência, Paulo resolveu mudar de lado. Deixou de perseguir cristãos para se tornar um deles. "Essa narrativa é uma espécie de rito de passagem, a mudança de perseguidor para perseguido


  quem perseguia  judeus eram romanos..paulo foi romano



historia de jesus foi escrita por um romano meio grego  tinha antepassados na regiao israel

paulo era um ucraniano!



    Mais do que seguidor do cristianismo, tornou-se um protagonista da evangelização.


Ele abriu a Igreja para aqueles que não eram judeus. E esse foi o grande feito de Paulo"





Como Jesus era judeu e havia pregado o seu evangelho aos judeus, os primeiros seguidores eram todos previamente judeus — convertidos ao cristianismo. Esse modus operandi fazia com que alguns pensassem, inclusive Pedro — considerado o primeiro papa —, que para se tornar cristão era preciso, antes, ser judeu.

"Paulo tinha um entendimento diferente. Entendia que era preciso abrir para todo mundo",


 
Título: Re: Livros
Enviado por: Reg em 2024-03-30 23:22:51
"Ele conhecia o aramaico e o hebraico, mas escreveu as cartas em grego, o que deve ter tornado um processo ainda mais lento", aponta.

A escolha do idioma já denotava uma aspiração a universalizar cada vez mais o cristianismo. "O grego era a cultura predominante na época e foi assim que ele espalhou aquilo que era da cultura localizada naquela época onde a gente chama hoje de Terra Santa. Trouxe para a cultura grega, ocidental. Isso foi uma grande abertura. Por isso a Igreja Católica não existiria hoje não fosse o trabalho de Paulo", diz o vaticanista Domingues.

jesus com isto ficou ser grego....


anon lembra que "a grande novidade" de Paulo foi a "inculturação do evangelho". "Ele fez uma 'tradução' da mensagem, adaptando os conceitos-chave para a linguagem e a mentalidade greco-romana


o jesus e judeu  sua historia escrita e grega romana



Soube dar categorias teóricas, e adaptar a mensagem para outras culturas, para as exigências e os problemas concretos das comunidades. Trouxe imagens da guerra, do esporte, da cidade, coisas que Jesus não utilizava em suas parábolas, que eram calcadas em símbolos agropastoris."

"São Paulo fez a passagem para o mundo mais amplo, universal. Deu as bases para que o cristianismo se tornasse universal", afirma ele.


Todo esse trabalho, é claro, passou a incomodar os romanos, que viam no cristianismo um grupo de arruaceiros que, ao proclamar Jesus como um rei, poderia botar em risco a hegemonia política do sistema.




Título: Re: Livros
Enviado por: Reg em 2024-03-30 23:44:12
Sem paulo

jesus era so mais um morto esquecido no mundo//  pelos romanos


O mundo cristão não seria o mesmo sem a mensagem que São Paulo transmitiu ao Império Romano. Para conquistar fiéis, ele fez concessões que desagradaram aos discípulos de Jesus – e ainda despertam acirradas discussões entre pensadores e religiosos. Afinal, Paulo espalhou ou deturpou a palavra de Cristo?

Sua importância na construção da Igreja primitiva é tão grande que muitos estudiosos atribuem a ele o título de pai do cristianismo.

A influência de Paulo é indiscutível. Mas, para uma corrente de historiadores e teólogos, ele deturpou os ensinamentos de Jesus Cristo – a ponto de a mensagem cristã que sobreviveu ao longo dos séculos ter origem não em Cristo, mas em Paulo. Esses pensadores julgam ser mais correto dizer que o que existe hoje é um “paulinismo”, não um cristianismo.


 Nelas, entre outras coisas, Paulo defende a obediência dos cristãos ao opressivo Império Romano, bem como o pagamento de impostos, faz apologia da escravidão, legitima a submissão feminina e esboça uma doutrina da salvação distinta daquela que, segundo teólogos antipaulinos, teria sido defendida por Jesus



jesus judeu

Paulo: Judeu, grego e romano

Título: Re: Livros
Enviado por: Reg em 2024-03-30 23:57:22
Paulo: Judeu, grego e romano


a civilizacao da europa e isto judeu, grego, romano


mais correto dizer que o que existe hoje é um “paulinismo”


Foi, em parte, por causa dessa liberalização que Paulo arrebanhou um número tão grande de fiéis. Ao final do encontro, Paulo recebeu a alcunha de “apóstolo dos gentios”, em contraposição a Pedro, chamado de “apóstolo dos judeus”.


Conservador ou radical, fiel ou não a Jesus Cristo, São Paulo foi, sem dúvida, um dos poucos evangelizadores – se não o único – a fazer o cristianismo passar da cultura semita à greco-romana, possibilitando que ela se tornasse uma religião mundial. “Ele criou condições para que povos não-judaicos, ao receberem a mensagem de Deus,
Título: Re: Livros
Enviado por: Reg em 2024-03-31 00:07:45
Sem Paulo, considerado por muitos o pai do cristianismo, a história da humanidade teria tomado outro rumo. A Idade Média, marcada pela força da Igreja Católica, ocorreria de outra forma e o mundo em que vivemos seria totalmente diferente. Nada seria como é.


se jesus  nao morreu ... foi porque sua historia  virou universal  com paulo
Título: Re: Livros
Enviado por: Kaspov em 2024-03-31 06:06:34
Pois, Paulo é muito importante, sem dúvida!!   :)
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2024-03-31 06:42:49
Sim. A catequese ensina, assim foi.

Pedro e Paulo universalizaram
o Cristianismo no Império
de Roma. Constantino,
no séc. IV abriu o
poder aos
bispos.

Ainda houve uma precária
tentativa de restauro
da cultura pagã,
com Juliano
meio-irmão
de Constantino,
mas gorou-se, falhou.

No entanto, se não erro,
Édouard Schuré nem fala
em S. Paulo entre os Iniciados
das Grandes Religiões. Apenas,
Rama, Krishna, Hermès,
Orfeu, Pitágoras,
Platão, Jesus.

Título: Re: Livros
Enviado por: Kaspov em 2024-03-31 07:03:08
Sim. A catequese ensina, assim foi.

Pedro e Paulo universalizaram
o Cristianismo no Império
de Roma. Constantino,
no séc. IV abriu o
poder aos
bispos.

Ainda houve uma precária
tentativa de restauro
da cultura pagã,
com Juliano
meio-irmão
de Constantino,
mas gorou-se, falhou.

No entanto, se não erro,
Édouard Schuré nem fala
em S. Paulo entre os Iniciados
das Grandes Religiões. Apenas,
Rama, Krishna, Hermès,
Orfeu, Pitágoras,
Platão, Jesus.



Interessante!   :)
Título: Re: Livros
Enviado por: Reg em 2024-03-31 14:34:12
sem paulo o  jesus judeu


nao existia!
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2024-03-31 15:21:38
conhecido.
Título: Re: Livros
Enviado por: Reg em 2024-03-31 17:50:15
hoje em dia   num mundo laicos  socialistas vivem no capitalismo...basicamente sao todos isto... menos coreia norte


  sera ainda existem paulistas

ou e regime  tem medo da morte!


laicos socialistas  com  roupa catolica nao fazem um cristao

roupa de paulo ate era romana! morreu como um romano!


hoje dia tem roupa catolicos mas nao o sao!

e tipo cavalo troia!



   ja nao ha paulistas... porque gregos entraram na russia com roupa de gregos!


hoje em dia  ja nao deixam isto acontecer....




hoje dia e guarda roupa.....  e nao FE manda nisto....


porque e mundo socialistas laicos sem fe!  gostam mudar roupa!
Título: Re: Livros
Enviado por: Reg em 2024-03-31 18:45:44
o mundo hoje e muito mais anti paulista

o

paulo hoje dia era cancelado!

porque tinha roupa romana em jesusalem


hoje dia nao tem fe... mas proibem roupas.....

paulo tinha fe... mesmo com roupas romanas
Título: Re: Livros
Enviado por: Reg em 2024-03-31 18:53:19
ao contrario do pensam

o mundo hoje tem muito menos FE


e muito  mais  guarda roupa!

hoje dia nao existem paulos!



   um cristao foi " convertido pelos gregos e romanos"

jamais pode  proibir roupas!

mesmo sejam essas roupas mataram o jesus  judeu
Título: Re: Livros
Enviado por: vbm em 2024-05-09 06:52:32
(https://www.guerraepaz.pt/wp-content/uploads/2024/04/PBK5-Os-Lusiadas-834x1024.png)

Belíssima comemoração
do 5º centenário de Camões.
Vale a pena possuir e reler.
Título: Re: Livros
Enviado por: Kaspov em 2024-05-09 15:19:37
Mto int.! Tb sou admirador do grande vate!   :D