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Tópicos - itg00022289

Páginas: [1] 2
1
Off-Topic / Seguro de Saúde Dentário
« em: 2021-09-06 16:57:04 »
Viva,

Tive um acidente e parti os 2 dentes da frente...

Vou ter que colocar implantes, que é coisa que vai para alguns milhares de euros.
Conhecem seguros dentários que compensem?

Eu vi um da Alianz mas apenas comparticipa dentro da rede deles, e eu queria numa clínica que não está incluída.


obrigado

2
Off-Topic / Estacionamento Aeroporto de Lisboa
« em: 2017-08-07 12:10:55 »
Estou a pensar deixar o carro no aeroporto ou num parque perto durante cerca de 2 semanas.
Costumo deixar no Parque 5 do aeroporto quando vou em viagens de 3/4 dias e tem corrido bem, mas é um parque descoberto.

Como desta vez o estacionamento é de maior duração pretendia um parque coberto.
O coberto do aeroporto é caro.
Andei a pesquisar e a ler alguns comentários e parece-me que o Easy Parking (estacionamento-aeroporto.com) será o melhor (ou menos mau). No site deles o preço que me dá é 80€.
Num outro site (looking4parking.com), que pelo que parece é um pesquisador de parques, dá-me um preço de cerca de 56€.

É uma diferença grande que me faz ter alguma dúvidas sobre a legitimidade deste último.

Alguém já usou os serviços destes tipos?

3
Acho que não havia nenhum tópico específico da CGD.

Para iniciar mais um bom artigo do João Rendeiro

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CAIXA GERAL DE DOMINGUES

04 September 2016

…o que nasce torto dificilmente se endireita …

O consulado de António Domingues na CGD começou da pior maneira. E nem vale a pena repetir tudo o que já foi dito e foi muito.
No meio de uma enorme trapalhada ficaram dois importantes ganhos políticos para a geringonça: o apoio à CGD não será considerado “ajuda de estado” – evitando assim um mecanismo de resolução; e as medidas de saneamento vão centrar-se na atividade internacional da CGD – evitando confrontos com os Sindicatos portugueses. No curto prazo o Ministério da Finanças respira de alivio mas daqui a poucos anos, esfumado o efeito do próximo aumento de capital, os mesmos problemas voltarão com redobrada força e o impensável pode acontecer.
A gestão de Domingues vai estar enredada numa contradição nos termos. As necessidades de viabilização económica da CGD não serão possíveis pois isso significaria um enfrentamento sindical impensável de acontecer no quadro político presente.
António Domingues vai acabar mal e ser culpabilizado por não ter dado ao Estado retorno ao seu gigantesco investimento. Se a CGD precisar de um novo aumento de capital como se resolverá o imbróglio político-financeiro?
É preciso ter consciência que a CGD é uma espécie de BPI em ponto gigante. E o BPI vai ser sujeito pela LaCaixa, mais do que cirurgia radical, a uma verdadeira amputação. Tal como no BPI, a CGD tem uma operação domestica ineficiente que perdeu dinheiro no primeiro semestre de 2016 com um resultado bruto de exploração de – € 83,6M e operações internacionais positivas com + € 205,3M.
Nas operações internacionais há, contudo, desempenhos muito distintos: muito positivo nas operações em França, Macau, Angola e Moçambique mas muito negativo em Espanha (apesar de um resultado contabilístico marginalmente positivo).
Nos seus 1 221 balcões a CGD tem 729 em Portugal (cerca de 60%) e 492 no estrangeiro (dos quais mais de 50% em Espanha), estando previsto concentrar na rede internacional o essencial da reestruturação. O encerramento de 300 balcões e o despedimento de 2 500 trabalhadores corresponderá – no essencial – ao encerramento da operação em Espanha que conta com uns 250 balcões.
A operação em Portugal será deixada praticamente intacta para grande regozijo das estruturas sindicais e políticas que apoiam o imobilismo. O custo da reestruturação em indemnizações laborais não andará longe dos € 700 milhões mas o write-off de balanço no final deste ano vai seguramente andar acima dos € 1,5 mil milhões.
Aos atuais capitais próprios de € 5,7 mil milhões, praticamente duplicam-se os capitais com € 5,1 mil milhões adicionais, incluindo € mil milhões de preferenciais.
Será este o programa de reestruturação capaz de tornar a CGD uma entidade eficiente por forma a remunerar os capitais públicos investidos?
Não são precisas grandes análises para se entender o fundo e a resposta à questão.
A CGD tem, desde logo, um grave problema de provisionamento da sua carteira de crédito pois apenas 63,2% do seu crédito em risco está coberto. Ou seja, existe uma necessidade de provisionamento não coberta de € 3, 172 mil milhões – um montante próximo do aumento de capital. Isto para não falar no crédito em risco ainda não registado.
Depois, a CGD tem uma posição de liquidez muito favorável derivada da sua fortíssima franchise de particulares (quota de mercado 31%) mas um rácio de transformação dessa liquidez em crédito muito baixo. A liquidez não transformada tem rentabilidade negativa e estamos a falar de muitos mil milhões de euros.
O rácio de transformação da CGD não só é muito baixo como é de fraca qualidade.
O rácio de transformação está nos 90% mas com o crédito muito concentrado no crédito à habitação. Veja-se que a quota de mercado nos particulares é de 31% mas a quota de mercado da CGD no crédito às empresas é de apenas 18%.
A CGD teria liquidez disponível para disponibilizar mais de € 7 mil milhões de créditos às empresas se tivesse capacidade comercial para isso. A CGD continua, assim, no essencial a ser um banco de crédito à habitação – uma missão estratégica pouco nobre para tanto investimento público. Acresce a isto que a margem no crédito à habitação tem valor económico negativo.
Por sua vez, a CGD é um banco altamente ineficiente. O cost-income do primeiro semestre está nos 82.5% quando as melhores práticas andam bem abaixo dos 50%. Mais preocupante ainda é rácio custos operativos/ativo líquido que nos 1,3% torna a rentabilização das operações muito difícil sobretudo nas atuais condições e taxa de juro.
Por outras palavras, a CGD tem que ter uma margem superior a 1,3% nas suas operações (sem sequer considerar a remuneração do seu capital público) para fazer o break-even operacional. A CGD precisa de um forte programa de redução de custos na operação doméstica – missão praticamente impossível no atual quadro.
O grande desafio estratégico da CGD seria, a meu ver, o de se desenvolver como um banco de apoio às PME. E o que fez quanto à equipa de gestão? Foi buscar uma equipa que no BPI colaborou na criação de um banco de crédito à habitação.
A cultura bancária de António Domingues e a sua equipa de ex-BPI não é de gestão do crédito a empresas, nomeadamente a PME – que honra lhe seja o BES tinha. O grande encargo nesta matéria estará com Pedro Leitão que, com o pelouro de crédito às empresas, vai ter uma tarefa verdadeiramente difícil. Vai-lhe fazer bem as duas semanas que vai passar no INSEAD a partir de 7 de Março próximo.
No mais, a equipa de gestão parece equilibrada. Henrique Cabral Menezes é um excelente financeiro para CFO mas parece mal que tenha o pelouro Espanha pois sendo este dossier um grande “abacaxi” arrisca-se a desfocar o CFO do que tem de importante para fazer.
Rui Vilar é o grande candidato da “casa” para Presidente mas o BCE prefere Angel Corcostegui – assim este quisesse. Vamos ver se uma breve chamada do Sr. Draghi resolve o assunto.
Em resumo, a CGD vai praticamente duplicar o capital; vai colocar ainda este ano € 500 milhões de dívida subordinada em institucionais a uma taxa exorbitante; vai ter uma equipa de gestão desadequada para o fim em vista; vai concentrar os custos de reestruturação em Espanha; vai manter uma operativa ineficiente em Portugal; vai apresentar um write-off superior a € 1,5 mil milhões no final deste ano numa típica operação de “big bath” contabilístico; vai continuar com perdas operacionais nos próximos anos; last but not least vai precisar de um novo e gigante aumento de capital num horizonte de 3/4 anos.
O culpado deste desastre anunciado já tem um nome: António Domingues

http://joaorendeiro.com/wordpress/?p=2505

4
Off-Topic / Jogos Olimpicos Rio 2016
« em: 2016-08-06 12:38:38 »
Gostei da cerimónia de abertura!

Não há um site da rtp com a programação detalhada do que vão transmitir?

5
Off-Topic / Tendências tecnológicas para 2016
« em: 2015-12-09 12:16:17 »
O original:
http://www.slideshare.net/webbmedia/webbmedia-group-2016-tech-trends/1


O artigo:

Citar
Tendências tecnológicas para 2016. O futuro que estamos a construir

08 Dezembro
Diogo Queiroz de Andrade
Flávio Nunes


Não é ficção científica. São realidades que estão cada vez mais perto de todos nós. Escolhemos oito tendências tecnológicas que irão marcar 2016, a partir de um relatório anual que lista 81.




Citar
Quem é Amy Webb?

Webb tem um currículo vasto: é escritora, investigadora e palestrante. Colabora com a Universidade de Harvard, com a Universidade da Colômbia e com várias outras instituições.

Foi na área das tecnologias emergentes que ganhou mais notoriedade. Fundou a Webbmedia Group Digital Strategy, instituição de consultoria sob a qual publica anualmente o Trend Report.

Nele, escrutina o panorama tecnológico da atualidade e traça uma lista das principais tendências para o ano. Faz ainda previsões acerca da evolução de cada tendência e das principais aplicações na sociedade.




Como se lê nas primeiras páginas do relatório, “o futuro não é algo que aconteça passivamente. Estamos a criá-lo no presente. Por isso, com a metodologia certa, é possível antecipar tecnologias emergentes e o seu impacto, de forma a mapear o que ainda não chegou.”

A Webbmedia criou um modelo de antecipação de tendências que aplica todos os anos num relatório que descreve o que aí vem em termos tecnológicos. Para isso, definiu as dez áreas onde a tecnologia desempenha um papel fundamental de transformação: distribuição de riqueza, educação, instituições públicas, política, saúde pública, demografia, economia, ambiente, jornalismo e media. E é sobre estas áreas que se debruça, fazendo emergir as principais tendências. Ao mesmo tempo, alerta para os perigos de uma evolução demasiado rápida, em que a utilização da tecnologia ocorre ainda antes da discussão sustentada sobre os seus efeitos.

"O futuro não é algo que aconteça passivamente. Estamos no presente a criá-lo. Por isso, com a metodologia certa, é possível antecipar tecnologias emergentes e o seu impacto, de forma a mapear o que ainda não chegou."
Amy Webb
Este relatório define uma tendência como uma nova manifestação ou uma mudança sustentada dentro de um setor, numa sociedade ou no que respeita a um comportamento humano.


Foi apresentado nesta terça-feira o “Relatório de Tendências para 2016”, onde se resumem as tecnologias emergentes que vão influenciar o comportamento da sociedade e ter implicações profundas no próximo ano. É um documento produzido pelo grupo Webbmedia, chefiado pela futurista Amy Webb e que tem vindo a ganhar grande peso pelo rigor nas previsões efetuadas em anos anteriores.

Uma tendência é assim mais do que a última novidade, é antes algo que “equilibra as necessidades e desejos do ser humano de forma sustentada, alinhando-as com os avanços tecnológicos e as descobertas mais recentes.” Essa avaliação é feita a partir de dados micro e macroeconómicos, da análise à investigação emergente, aos padrões de consumo e às políticas governamentais um pouco por todo o mundo. É do leque de 81 tendências apresentadas para 2016 que destacamos as que se seguem.

Computação cognitiva e quântica

A computação cognitiva e os computadores quânticos evoluíram muito nos últimos anos. Estão mais rápidos, mais inteligentes e mais eficazes a cumprir as tarefas que lhes são incumbidas. São duas tendências porque, no próximo ano, iremos colher os frutos dessa evolução.

Comecemos pelo Watson, o computador cognitivo da IBM. Quando falamos de computação cognitiva falamos de computadores capazes de aprender e de se auto desenvolverem com o tempo e a experiência. De acordo com o relatório de Amy Webb, o Watson será usado na gestão e manutenção de instalações australianas de exploração de gás natural. No campo da medicina, o computador está cada vez mais eficaz na interpretação de imagens médicas — em agosto, a IBM adquiriu uma base de dados com cerca de 30 mil milhões de raios-X, tomografias computorizadas e ressonâncias magnéticas. Este trabalho estava, até agora, reservado a radiologistas de topo.

Em paralelo, temos empresas como a D-Wave a desenvolverem computadores quânticos cada vez mais poderosos. Enquanto os computadores tradicionais só processam informação binária (em 0’s e 1’s), estes supercomputadores são capazes de processar dados em dois estados de uma só vez (00, 01, 10, 11) — os chamados bits quânticos. Recentemente, a D-Wave garantiu ter ultrapassado a barreira dos mil bits quânticos e a IBM está também a tentar resolver alguns problemas no campo da deteção de erros. Por outras palavras, o futuro só pode ser promissor.


Segurança e privacidade

No próximo ano continuaremos a ouvir falar de segurança e privacidade. No relatório de Amy Webb estes conceitos representam não duas, mas 17 — sim, dezassete! — tendências (Webb desconstrói os temas e discrimina os vários elementos que, eventualmente, serão tendências em 2016).

Primeiro: segurança e privacidade ganham todo um novo significado quando lhes juntamos uma nova componente: a internet das coisas. Entenda-se isto de outra forma: são milhares de milhões de novos dispositivos ligados em rede. Ou seja, para além dos nossos telemóveis e computadores, também os nossos carros e eletrodomésticos passarão a ser potenciais alvos de ataques informáticos. Assistimos a isso quando, este ano, dois hackers provaram ser possível controlar e despistar um automóvel à distância. Com o condutor lá dentro.

Segundo: em 2016, estes conceitos serão extrapolados do online para a tecnologia em geral. E vamos lembrar-mo-nos deles em situações diversas e imprevisíveis, como o fizemos este ano quando um erro informático — vulgarmente chamado de glitch — paralisou a bolsa de Nova Iorque durante mais de três horas ou, no campo da privacidade, em temas como a vigilância com recurso a drones (cada vez mais pequenos, discretos e menos barulhentos), ou o direito a espiar e a ser espiado.


Aprendizagem profunda e câmaras inteligentes

Para Amy Webb, aprendizagem profunda (deep learning) e câmaras inteligentes são duas grandes tendências para o próximo ano. Relacionam-se por serem sistemas ou dispositivos capazes de capturar e interpretar a realidade, traduzindo-a em dados.

Em relação à aprendizagem profunda, o relatório indica que, em breve, as autoridades poderão ver tão claramente no escuro quanto o fazem à luz do dia, graças às novas câmaras inteligentes por raios infravermelhos e deteção de calor. Mas não é só isso: a evolução da aprendizagem profunda resultará em pesquisas online mais rápidas e eficazes, bem como em tecnologias como a DeepEar, desenvolvida pela Bell Labs, que permite a terceiros escutar através dos microfones dos nossos telemóveis, sem sequer gastar bateria.

Um exemplo mais prático é o Translate, a ferramenta de tradução da Google. Com esta aplicação o utilizador pode traduzir um documento usando a câmara fotográfica do telemóvel. O sensor captura e interpreta os píxeis, convertendo-os em informação útil.

Quanto à inteligência artificial das câmaras, estas podem agora comunicar e ligar-se em rede. Webb aponta que a investigação neste campo continuará no próximo ano, estando sobejamente voltada para o reconhecimento facial e para a possibilidade de estes aparelhos fazerem a distinção entre humanos, animais e objetos.


Conhecimento aumentado

A forma como aprendemos e como acumulamos conhecimento está prestes a mudar. Há uma cena no filme de ficção científica Matrix que explica bem o que aí vem: quando uma personagem precisa de aprender artes marciais, liga um cabo ao cérebro e a informação passa; Nemo diz: “I know kung-fu”, uma das frases mais memoráveis da trilogia.



É exatamente isto que se prepara em várias experiências que terão avanços significativos em 2016. Na Universidade da California está em desenvolvimento uma prótese neuronal que recupera e melhora as funções de memória do ser humano. Isto serve para apoiar os doentes que sofrem de traumatismos no cérebro, permitindo que recuperem as memórias e as funções motoras. Mas permitirá também que se use o cérebro para implantar memórias ou conhecimentos alheios. Isto vai obrigar a mudar o significado da palavra aprender, porque ter conhecimento irá ser desligado do ato de adquirir conhecimento.

E estudos feitos pelo Starlab de Barcelona demonstram que é possível transmitir pensamentos e sensações de forma remota – é a telepatia digital a ganhar dimensão. Um homem na Índia conseguiu enviar a outro, que estava em França, uma série de impulsos elétricos (informação neuronal) via web.

Vários autores levantam a hipótese de ter humanos a partilhar conhecimento de forma telepática, em simultâneo, da mesma forma que hoje se ligam supercomputadores em rede – para conseguir superar as limitações de apenas um cérebro humano e ampliar a qualidade do raciocínio.


Antropoceno e clima

Em 2016, a União Internacional das Ciências Geológicas deverá pronunciar-se para responder, por fim, a uma questão que tem gerado discórdia entre a comunidade científica: afinal, em que época vivemos?

Para compreender a discussão é necessário entender a escala de tempo geológico, uma das noções básicas da Geologia. É como uma linha temporal que se inicia com a formação da Terra — há 4.600 milhões de anos — e se estende até ao presente. A unidade mais básica da escala é a época, que define “curtos” períodos da história do planeta.

Mas enquanto alguns cientistas defendem que estamos a ultrapassar o Holoceno (uma época que começou há 11.700 anos, logo após a última idade do gelo), outros arriscam ir mais além, falando de uma nova época a que chamaram de Antropoceno. Ao contrário das anteriores, esta foi desencadeada por nós, humanos, e pelas tecnologias que criámos e usamos diariamente.

"Independentemente do termo que usaremos daqui para a frente, é difícil argumentar contra o facto de o ser humano ser a primeira espécie terrestre a exercer influência à escala planetária."
Amy Webb
Aqui entram as alterações climáticas (resultantes da atividade humana) e a falta de consenso sobre que nome dar à época em que vivemos. Foi por isso que a União Internacional das Ciências Geológicas criou um grupo especial, que deverá estudar e chegar a uma conclusão no próximo ano. É nessa medida que o Antropoceno e o Clima surgem pela segunda vez neste relatório, agora como uma das grandes tendências para 2016.


Perseguições digitais

A perseguição digital é a nova justiça feita pelas próprias mãos. Nas sociedades com maior penetração de internet, onde as discussões sociais decorrem no Facebook, é comum que se passe das marcas. E as consequências são bem reais, ultrapassando muito a internet.

O melhor exemplo neste ano que está a terminar terá sido a história do leão Cecil. Um dentista americano, Walter Palmer, foi fazer turismo de caça ao Zimbábue e pelo meio matou o velho leão, que era um ícone africano. Para além dos milhares de ataques e ameaças virtuais, juntou-se uma multidão enfurecida à porta do consultório – de tal forma que forçou o local a fechar a atividade, lançando no desemprego os funcionários de Palmer. Tudo por causa de uma multidão enfurecida com um cidadão que nada terá feito de ilegal, apesar de ter tido atividades moralmente questionáveis.

"A perseguição digital não segue nenhum manual. Não há regras a serem quebradas e não existe um sistema para determinar a culpabilidade."
Amy Webb
A tendência para transformar o ativismo em perseguição continua a crescer. É algo que se tem visto de forma crescente na internet. Na área de comentários dos meios de comunicação portugueses vê-se uma nítida diferença entre as que são moderadas e as que dão liberdade absoluta aos comentadores – onde abusos de linguagem e ameaças são frequentes. Este comportamento amplificado põe em causa os fundamentos tradicionais da democracia e dos órgãos legitimamente eleitos.

Se ocorrer um caso verdadeiramente perturbador – como um assassínio ou outro crime grave -, serão escutadas vozes a favor de algum tipo de censura. Nesse momento, as redes sociais mais comuns (Facebook, Twitter, YouTube, Snapchat) deverão instituir limitações ainda mais apertadas em relação à liberdade de expressão. No limite, isto poderá conduzir a uma revisão da liberdade tradicional da internet, onde o discurso poderá ter de ser mais controlado.


Corrida comercial ao espaço

Há uma nova corrida ao espaço e as histórias de sucesso em 2015 vão-se multiplicar no ano que aí vem. A NASA e a Agência Espacial Europeia têm estado muito ativas, esperando-se novidades na renovação da Estação Espacial Internacional, no desenvolvimento de viagens de longo prazo e na construção do James Webb Space Telescope.

E há três tendências que vão marcar este futuro tecnológico espacial. No curto prazo, o espaço vai tornar-se uma atividade comercialmente rentável para as empresas que têm investido na sua exploração — no deserto de Mojave há 17 marcas a competir entre si para serem as primeiras a explorar o turismo espacial, desde a SpaceX à Virgin Galactic.


A SpaceX foi a responsável pelo primeiro veículo espacial comercial (ou seja, não-governamental) a chegar à Estação Espacial Internacional. Roberto Gonzalez/Getty Images

Depois será a vez da competição internacional, com a China e a Índia a investir massivamente neste mercado e a competir com os americanos numa nova corrida espacial. Isso deverá conduzir à colonização de satélites e planetas e à inevitável exploração comercial do espaço, em busca de minério e energia. É todo um novo mundo (literalmente) que se abre a produtores de tecnologia de ponta, seja na área do vestuário seja na área alimentar.

Ao mesmo tempo, as empresas de tecnologia estão empenhadas em tornar realidade um mundo totalmente conectado, seja através da rede de 4500 micro-satélites proposta pela Samsung, ou pelos drones não-tripulados movidos a energia solar, apresentados pelo Facebook.


Edição genómica

Um dos campos científicos que mais promete ter novidades em 2016 é o da edição genómica — que consiste na manipulação de localizações específicas no ADN através de enzimas bacterianas. O potencial é tremendo: pode-se evitar a transmissão de doenças genéticas como a fibrose quística e alterar o risco de alto colesterol hereditário, mas também se poderá alterar seletivamente a cor dos olhos de uma criança ou as suas capacidades atléticas e mentais.

Ainda esta semana, foi anunciada uma primeira aplicação concreta da edição genómica: no Imperial College, em Londres, conseguiu-se esterilizar o mosquito da malária, preparando-se para soltar na natureza esta versão modificada que pretende erradicar o género Anopheles — e com ele, a malária. A doença mais mortal de todos os tempos.

Um dos problemas desta área é que está a evoluir mais depressa do que somos capazes de aceitar e debater. Isso pode provocar uma utilização descontrolada, com consequências potencialmente dramáticas. É o futuro de milhões de pessoas em jogo e isso irá alterar a forma como a raça humana evolui. Áreas perigosas que exigem reflexão profunda, que têm provocado debates como o promovido pela FFMS na Casa da Música, em junho, em que se debateu a Vida Inteligente no Admirável Mundo Novo.



O relatório de tendências para 2016 está já disponível para consulta e descarregamento. Será leitura de cabeceira de muitos líderes globais nos próximos meses.

http://observador.pt/especiais/tendencias-tecnologicas-2016-futuro-estamos-construir/

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O David Almas do Observador está a fazer um trabalho que é sempre interessante, escolheu 10 investidores/gurus e através das suas estratégias constrói as carteiras.

Para ir acompanhando
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Nas próximas dez semanas poderá conhecer as ações que estes gurus comprariam neste mercado, bem como as razões para o fazerem.
Guru                   Data de publicação
Warren Buffett   8 de outubro
Benjamin Graham   15 de outubro
Peter Lynch   22 de outubro
Joseph Piotroski   29 de outubro
William O’Neil   5 de novembro
Martin Zweig   12 de novembro
James O’Shaughnessy   19 de novembro
Joel Greenblatt   26 de novembro
John Neff   3 de dezembro
David Dreman   10 de dezembro


Começou com o Buffett
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o Observador compilou as seguintes regras na seleção de ações segundo o “Oráculo de Omaha”:

Capitalização bolsista superior a cinco mil milhões de euros. Buffett prefere grandes empresas, porque normalmente são mais estáveis. Cinco mil milhões de euros é o valor de mercado aproximado da EDP Renováveis, por exemplo.

Grau de endividamento inferior à indústria. O rácio, que compara o passivo com os capitais próprios, procura as empresas menos endividadas.

Margem operacional superior à indústria. Mede a percentagem da faturação que chega aos resultados operacionais.

Margem de lucro superior à indústria: É o resultado líquido em percentagem do volume de negócios.

Evitar os lucros que menos crescem. Exclui o quarto das empresas analisadas que tiveram o menor avanço dos resultados líquidos por ação nos últimos cinco anos.

Resultado operacional e resultado líquido positivo. São analisados os últimos resultados trimestrais e os últimos sete resultados anuais.

Rentabilidade dos capitais próprios superior a 15%. Este rácio, que resulta da divisão dos lucros de 12 meses pelos capitais próprios, deve ser superior a 15% com os últimos dados trimestrais e em, média, nos últimos sete anos.


Vale a pena ler o artigo,
http://observador.pt/especiais/warren-buffett-acoes-compraria-nao-fosse-terceiro-homem-rico/

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Off-Topic / Seguro de saúde por 40€/mês
« em: 2015-09-27 22:10:07 »
Recomendam algum seguro de saúde até 40€ por mês?

Gostaria de algo que cubra lentes de contacto e implantes dentários.

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Off-Topic / MBnet
« em: 2015-04-29 17:33:11 »
Estou a aqui a tentar criar uma cartão mbnet a partir de um Cartão de Crédito e acho que algo deve estar a falhar.

Fui lá ao menu para criar o mbnet e diz-me irei receber um código qq de alterações em casa e só depois (deduzo) poderá ser criado
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Dentro de alguns dias receberá na sua morada habitual o seu código de alterações.
Esteja atento à sua caixa de correio!

Eu já não uso há uns anos o MBnet, mas tinha a ideia que aquilo era imediato não é?
(pelo menos no Barclays que era através deles que criava)

Isto é de um CC do BIG+Unicre e tem um site próprio horrivel, só funciona com o IE .........

9
A história é tão espantosa que merece ficar num tópico individual


 
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Meet the man who could own Aviva France

 Dan McCrum 

|  Feb 27 14:40  |

When he was seven years old, Max-Hervé George was given a magic ticket by his father. It lets him turn back the clock, to invest with perfect hindsight week after week, steadily accumulating a fortune.

The ticket is a life insurance contract and Mr George, now 25, has fought for years in the French courts to preserve its magic. He could be a billionaire by the end of this decade and, by the end of the next, his contract would be worth more than the insurance company which stands behind it, Aviva France.

There is no mystery to the financial magic, however. Instead it is a story of grand stupidity, of how a French insurer wrote the worst contract in the world and sold it to thousands of clients.

The company was L’Abeille Vie. In 1987 it began to offer a special deal to its richer clients, a Fixed Price Arbitrage Life Insurance Contract.


Life insurance is a popular savings product in France, and typically the customer allocates their money among different investment funds offered by the insurer. But this contract was not typical: prices for the funds were published each Friday, and clients were allowed to switch funds at those prices anytime before the next price was published, even if markets moved in the meantime.

L’Abeille Vie called this an arbitrage, but really it was a gift. Is the stock market up this week? Just call your broker to buy it at last week’s price and pocket the difference.

In a world where the price of everything is now a mouse click away, offering a hindsight investment service seems incredible, if not suicidal. Yet thirty years ago prices for funds were published infrequently. Trading involved calling your broker, visiting him person, or maybe sending a fax. It could take days for the trade to be processed, during which time the market could move again.

L’Abeille Vie was not alone in the madness. Other insurers, including Axa and a group now owned by Allianz, also offered “known price” contracts to rich customers.

It may be that the opportunity to talk to the wealthiest clients on a regular basis was the incentive, or executives thought the work involved meant few would take full advantage of the opportunity. Perhaps life insurance was a great business and they didn’t ponder the consequences.

As financial information became more accessible in the 1990s, insurance companies began to realise the danger of hindsight terms. They started to persuade customers to amend the contracts, paying them to give up the right to trade at week-old prices.

The important thing to realise about insurance is the sanctity of contract. You might finagle the meaning of a particular term, but the whole point is for the writer to stand behind what was agreed. Regulators do not let insurers unilaterally change their terms.

In 1997 L’Abeille Vie’s known price deal was still available and Mr George senior took out polices for the whole family, depositing Fr50,000 (almost E8,000) in the name of young Max-Hervé.

Shortly afterwards, Abeille Vie — which had by then been absorbed into Commercial Union — stopped selling magic tickets. It could not tear up thousands of contracts, so it tried a more subtle tactic: policy holders were sent new papers, with the offer of 100 francs for the trouble (about £10). It is a measure of the bureaucrat’s art that almost all did sign, but the Georges declined.

Mr George grew up with a fine appreciation for the power of paperwork and the French legal system. Each week the family would switch their money into the best fund. “At the beginning I could send the document by fax, so it was really easy. Soon after they told me no, only by letter”, he said. To make sure nothing goes awry in the post, Mr George pays for a court appointed bailiff to deliver each set of instructions. The paper has piled up almost as fast as the money: “I would need to take one Boeing to bring all of the documents with me”, he said.

In 2002, Commercial Union took part in the merger of insurance companies which formed Aviva. Around that time legal cases began to appear as holdouts tried to assert their right to hindsight, represented by Nicolas Lecoq-Vallon, a lawyer who would later become celebrated in France for representing victims of the ponzi schemer Bernie Madoff. In 2005 Aviva told Les Echos around 30 holders of the magic contracts had taken legal action.

The family George won their first court judgement in 2007, which affirmed the validity of their contracts. A subsequent appeal court ruling went their way, as did a September 2014 ruling from the Cour de Cassation, France’s highest legal authority. According to Mr Lecoq-Vallon, “established case law exists and my office alone has constituted no fewer than 64 decisions which are unfavourable to Aviva”.

What remains a matter of continued litigation is the value of those contracts. An expert was appointed to assess the claims, and a Paris District court approved his findings, effectively that the families investments grew in value at 68.6 per cent a year for a decade from 1997. As of 2007 the family’s investments were worth €9.6m, out of a €21m total for all court awards so far, with €1.4m belonging to Max-Hervé.

Mr George continues to arbitrage time. For instance, he might have his money in an Aviva fund invested in the French stock market. Lets say the Nikkei 225 rises 5 per cent during the week. He’ll tell Aviva to move his investments into its Japanese fund, at the price before the market moved.

So he is now in a strange position. Each week he grows his fortune by trading the past with precision, but cannot say how rich he is. “This report is until 2007, so what about 2007 to 2014?”, said Mr George. “The amount of the arbitrage is 100 per cent exactly, because I don’t know the amount of my contract.”



Estimating the size of his windfall is an illustration of exponential growth. Assume the growth rate of 68.6 per cent a year continues, and €1.4m becomes €93m. There was quite a significant market crash in 2008, but imagine you were able to pick the best performer each week as markets rebounded in 2009.

An appeal court, and potentially the Cour de Cassation, will still have the chance to settle the matter. Aviva said in a statement:


Aviva France strongly contests this compensation claim and believes that the Court will rule against the speculative and excessive compensation levels being sought.

Were Aviva not to prevail, the numbers become more significant every week the George’s bailiff arrives with instructions. Consider the effect of a liability growing at 68.6 per cent a year from here:



Mr George has also started to add fresh capital to the account governed by the contract, €19.9m last year, helped by a loan from the Swiss arm of a French Bank. (He is a French citizen, but lives in Switzerland). He said the contract terms allow him to add more cash to the pot. “I can take all the money in the world and invest it, there is no limit”.

Some policy holders may have died, but a handful of such cases would start to become a material number, even for an insurer of Aviva’s size, were court decisions to go against it. The company said “Aviva France remains appropriately reserved”. The absence of some plaintiffs from subsequent litigation suggests settlements were reached in some cases. Mr George’s father is no longer a claimant, for instance. The family declined to comment on the status of his policy.

His son claimed to be resolute, however. “With 64 decisions in favour the jurisprudence is a reality” he said. “After everything I just want to go for the maximum of justice. I don’t want money, I just want my contract.”

—————

Update:
An earlier version of this post said as of 2007 the family’s investments were worth €21m, with €1.4m belonging to Max-Hervé. The correct total for George family contracts is €9.6m. The €21m figure is the 2007 value for all court awards so far


http://ftalphaville.ft.com/2015/02/27/2120422/meet-the-man-who-could-own-aviva-france/

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Off-Topic / A vida desde 1820
« em: 2014-11-03 15:52:59 »
Uma espécie de pordata histórico

Convém ir à fonte para ver os dados (http://www.oecd.org/statistics/how-s-life-23089679.htm) ou ler o artigo na página do Publico

Citar
A vida desde 1820

ANDREIA SANCHES, CÁTIA MENDONÇA, JOAQUIM GUERREIRO e DINIS CORREIA

Há 100 anos os portugueses viviam menos 23 anos do que os noruegueses...
...agora, a diferença é de apenas dois anos. Historiadores juntaram-se à OCDE para um projecto que faz estimativas sobre níveis de bem-estar no mundo.
De 1820 para cá.
 
 
Nas primeiras décadas do século XIX a esperança de vida na Europa Ocidental rondava os 33 anos e quase chegou aos 80, em 2000. A população mundial ficou, em média, oito centímetros mais alta. E o planeta, que era habitado apenas por mil milhões de pessoas, viu esse número multiplicar-se por sete. A percentagem de pessoas alfabetizadas passou de 20% para 80%. Mas a riqueza, sendo muito maior, continua concentrada — o mundo, visto globalmente, não se tornou num sítio com menos desigualdade na distribuição de rendimentos. Aliás, na maior parte dos países as desigualdades têm vindo a crescer, desde os anos 80 do século XX. São conclusões de um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

Como era a vida em 1820 e como é hoje? O estudo dá conta (em rigor, mede) o que se terá passado nos últimos quase 200 anos no que diz respeito ao bem-estar das populações. Chama-se “How was life? — Global Well-Being since 1820”.


Apresentado no início do mês, é descrito como o culminar de um trabalho com características inéditas de um grupo de especialistas em História da Economia, sobretudo holandeses e alemães. Editado por Jan Luiten van Zanden, Joerg Baten, Marco Mira d’Ercole, Auke Rijpma, Conal Smith e Marcel Timmer, concentra-se essencialmente em dez indicadores, calcula médias para oito regiões do mundo e para a economia mundial como um todo. E olha para quase dois séculos ao longo dos quais houve duas guerras mundiais, a Grande Depressão, ditaduras caíram, democracias consolidaram-se, países deixaram de existir, nasceram outros...

O “How was life” resulta da colaboração da OCDE com o projecto holandês Clio Infra — uma plataforma onde se pode obter informação sobre a evolução de dezenas de indicadores, para todos os países do mundo, ao longo dos últimos séculos. É aqui que é possível obter dados específicos para Portugal.

O país perdeu terreno na primeira metade do século XIX e na segunda metade do século XX “foi dos que mais cresceu, passando de ‘medianamente desenvolvido’ para ‘altamente desenvolvido’”, nas palavras de Nuno Valério, investigador do Instituto Superior de Economia e Gestão, em Lisboa.

Foi a Nuno Valério, ex-presidente da Associação Portuguesa de História Económica e Social, que pedimos que nos ajudasse a perceber que retrato se pode fazer do país, nesta imensidão de dados de que parte este projecto — e que vão dos salários pagos aos operários da construção civil, no Japão, à desigualdade de rendimentos na China. Já regressamos a Portugal...

Africanos mais baixos
Cabeças de gado por 1000 habitantes
em Portugal


O salário real dos trabalhadores não qualificados, ajustado à inflação, cresceu, em média, oito vezes — 5,5 vezes em Portugal. Na verdade, o que os especialistas medem é quantos dias de subsistência básica assegura um dia de salário e diga-se: se na Europa Ocidental um dia de salário de um operário da construção civil chega, nos anos 2000, para cerca de 163 dias de subsistência básica, em Portugal paga pouco mais de 45.

O mundo rural mudou. A Argentina, com 30 cabeças de gado por cada mil habitantes era, em 1820, de longe, o país com mais gado por habitante do mundo. Em 2010, o topo do ranking pertencia ao Uruguai... com 3,5 cabeças por mil habitantes (o rácio português nem se aproxima, passou de 0,11 por cada 1000 habitantes para 0,13...)

A base de dados de que parte o estudo contém indicadores na área da saúde, educação, segurança, finanças, ambiente... Não foi sempre a crescer, longe disso. Literalmente. O relatório nota, por exemplo, como em certos estados africanos, caso da Somália ou de Moçambique, a população tem hoje, em média, uma estatura mais baixa do que no século XIX, ao arrepio da tendência registada no resto do mundo. A altura média da população é considerada no estudo um indicador da qualidade da nutrição, sobretudo na infância.

Altura
em Portugal


Já agora, a título de curiosidade, registe-se que segundo o “How was life?”, em 1820 os mais baixos, entre 28 países para os quais são apresentados dados, eram os mexicanos, com uma altura média de 1,60 metros, e os mais altos os norte-americanos, com 1,72 metros.

Em Portugal, a estatura média era 1,66 metros, há quase 200 anos, tendo passado para 1,72, no início dos anos 1980. Não são apresentados dados posteriores a essa data.

O PIB não é tudo
O “How was life?” é um projecto que parte de um pressuposto que tem vindo a fazer escola: calcular o PIB e a sua evolução não diz tudo sobre se as populações vivem melhor ou pior e nem sempre há uma correlação estatística clara entre o aumento da riqueza e a melhoria daquilo que hoje consideramos elementos importantes para uma boa qualidade de vida.

Homicídios por mil habitantes
em Portugal


Veja-se a segurança: “As taxas de homicídio nos Estados Unidos têm sido relativamente elevadas ao longo dos últimos 200 anos”, exemplifica o relatório. E, no entanto, os Estados Unidos estão entre os mais ricos.

O PIB per capita é, contudo, “o ponto de partida natural para qualquer investigação histórica do bem-estar”, reconhece-se. E assim sendo, mais números: a média mundial aumentou mais de dez vezes desde 1820 — Portugal manteve-se bem acima da média mundial, como já estava na altura, mas o que o gráfico que traça a evolução ao longo das décadas mostra é que se foi afastando da média da Europa Ocidental.

Este projecto vale-se de dados de agências nacionais e internacionais (como o FMI, ou o Banco Mundial), mas, sobretudo, de trabalho académico produzido em todo o mundo, estudos, papers, grandes projectos de investigação internacionais, em diferentes áreas, da saúde à antropologia. Os historiadores produziram aquilo que classificam como “reconstruções históricas, estimativas e conjecturas”. De resto, nem todos os dados têm a mesma “qualidade”, alerta-se. O que é realmente valorizado são as tendências, a imagem de conjunto. Quem trabalha na área costuma dizer que “um mau dado é melhor do que nenhum dado”.

Nuno Valério explica: “Este projecto é extremamente interessante. Porque nos ajuda a saber como é que outras sociedades e, particularmente, os antepassados destas sociedades [em que vivemos], eram, em relação a coisas que consideramos essenciais para viver bem nos dias de hoje. Mas também é uma coisa muito complicada.”

“Estas avaliações e estes dados têm de ser muito engenhosamente construídos, o que significa que são estimativas, espera-se que razoáveis, mas com grandes margens de erro”, prossegue o professor, co-autor de obras sobre a história da economia mundial contemporânea e a história económica de Portugal. “Quando temos de fazer uniformizações de padrões, de unidade de conta, em períodos tão longos, há sempre margens de incerteza. Mas é um método absolutamente aceite pela comunidade científica. É assim que trabalhamos.”

Feita a explicação não se estranhe, portanto, disparidades aqui e ali face aos números oficiais, mais recentes, do português Instituto Nacional de Estatística, por exemplo. Nem se estranhe que nem sempre haja dados para todos os anos e todos os países. No site do PÚBLICO poderá encontrar alguns gráficos interactivos.

Portugueses viviam pouco
Esperança de vida à nascença
em Portugal


No impressionante retrato feito à evolução da esperança média de vida à nascença, por exemplo, verifica-se que em 1920 os australianos eram de longe os que mais tempo podiam aspirar a viver (61 anos de esperança média de vida à nascença), seguidos dos noruegueses (59).

Já os portugueses viviam menos 23 anos do que os noruegueses e menos 25 que os australianos, de acordo com as estimativas apresentadas no Clio Infra. Ou seja, a esperança média de vida em Portugal, em 1920 (o primeiro ano para o qual há dados para Portugal) seria de apenas 35,6 anos.

Os portugueses nascidos em 2000 já podem contar viver 76,87 anos, apenas um pouco abaixo da média da Europa Ocidental, que é de 79,7. E menos dois anos do que os noruegueses. É o último ano para o qual são disponibilizados números.

Outro indicador central neste estudo é o que mede a desigualdade da distribuição de rendimentos pela população. Em 1820, Portugal era, de acordo com os dados apresentados, um país particularmente desigual no que diz respeito à forma como estava distribuída a riqueza pela sua população — em 19 países da OCDE com informação, ocupava a 8.ª posição num ranking onde era a Bélgica o mais desigual de todos.

Desigualdade de rendimentos em quociente de Gini
em Portugal


Em 1910, Portugal estava em 10.º lugar em 22. A Suécia era, nesta altura, o país mais desigual do pelotão.

A partir dos anos 1980 “a maioria dos países experimentam um aumento nos seus níveis de desigualdade”, mas com várias excepções. A Suécia, por exemplo, fez um percurso inverso e em 1990 estava entre os que tinham menos desigualdade. Portugal permanecia mal colocado (em 8.º lugar em 26 países).

Nuno Valério diz que não gosta de fazer comparações só com a Europa. “Vivemos no mundo. Há 200 anos os índios da América do Norte ou os aborígenes australianos ainda estavam completamente isolados, hoje em dia ninguém está isolado.” E se há projecto que permite situar o país no mundo é este “How was life?”.

Uma conclusão da análise passível de ser feita: “A maior parte da Europa está melhor do que nós, portugueses, mas quando olhamos para o mundo, a maior parte está pior do que nós.”

O país, em 200 anos
O percurso de Portugal, prossegue Valério, pode resumir-se então deste modo: “Na primeira metade do século XIX, Portugal ainda não era uma economia mundial, mas era uma economia euroatlântica que assentava na existência de uma colónia no Brasil que desaparece. Num certo sentido, os portugueses andaram meio século a ver se encontravam outra maneira de viver. E, por isso, esse é um período em que Portugal perde terreno, quer em relação à Europa, sobretudo em relação aos países mais desenvolvidos da Europa, quer em relação ao mundo, em média.”

Na segunda metade do século XIX o país continuou a perder terreno face a outros que estavam a crescer muito nessa altura, como a Alemanha, “mas, em média, em comparação com a Europa e, em média, em comparação com o mundo, aguentou-se bem”. O problema foi o processo de endividamento que acabou por se revelar insustentável e que conduziu à bancarrota parcial em 1892.

Em 1950, no segundo pós-guerra, “Portugal não está, em termos relativos, e sobretudo em relação à Europa, particularmente melhor do que estava 100 anos antes”, prossegue o investigador.

Mas depois, veio a segunda metade do século XX. “Com algumas transformações ocorridas na primeira metade do século XX, Portugal tinha criado, apesar de tudo, algumas condições para o desenvolvimento: em termos estruturais, a educação, o esforço que a I República fez para acabar com o analfabetismo; e depois, em termos conjunturais, a sorte que tivemos com a II Guerra — o país não participou e entrou imenso dinheiro”, desde logo o que resultou da venda do volfrâmio.

“Na segunda metade do século XX, Portugal é dos países que mais cresce se olharmos para o conjunto dos 50 anos”, diz Nuno Valério. “O PIB passa para o dobro da média mundial, a esperança de vida e sobretudo a mortalidade passa para valores espectaculares mesmo entre os países desenvolvidos, a instrução também aumenta, embora seja o pior de tudo (e continuamos a ser dos piores em termos de média de anos de escolaridade dos adultos). Se houve 50 anos que transformaram Portugal foram de facto a segunda metade do século XX.”

Dívida do governo central
em % do PIB
em Portugal


No mesmo período outros se destacaram: o Japão faz um percurso brilhante nessas cinco décadas. A China também começou “a subir, a subir” mas só a partir dos anos 80.

À entrada na União Europeia, Portugal respondeu, contudo, na opinião de Nuno Valério, com excesso de optimismo. “Como se, efectivamente, a capacidade de endividamento que a baixa das taxas de juro criou não tivesse limites.” Os dados dos “How was life” mostram como ao longo de décadas, Portugal se foi aproximando do grupo dos governos centrais mais endividados em percentagem do PIB. Em 2010, tinha a 5.ª maior dívida da OCDE (estavam pior a Itália, a Islândia, a Bélgica e os EUA).

A cronologia do projecto da OCDE termina em 2010. O que se seguiu é o nosso quotidiano.

http://publico.pt/multimedia/infografia/a-vida-desde-1820

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Off-Topic / Estudantes desaparecidos no México
« em: 2014-10-15 14:49:10 »
A história toda daqueles estudantes desaparecidos no México.
Impressiona como toda a sociedade vive à margem da lei (uns por opção, a maioria por necessidade)


Estudantes desaparecidos no México. Tintim por tintim

Um conflito, tiros, tiros, tiros, seis mortos, 43 desaparecidos, 34 suspeitos detidos e algumas valas clandestinas. Estas são as peças que conhecemos do puzzle - ainda incompleto - iniciado a 26 de setembro, em Iguala, no sul do México. As investigações têm avançado a passo de caracol. Os resultados dos testes de ADN não há maneira de saírem. Esqueçamos isso. O exercício que aqui lhe propomos é simples: rebobinar. Mas para quê contarmos-lhe nós uma história quando há quem a tenha vivido - e sobrevivido - e pode contá-la por nós?
 

10:00 Quarta feira, 15 de outubro de 2014

São já nove as valas clandestinas descobertas pelos investigadores mexicanos, situadas nas redondezas de Iguala, onde terão sido enterrados muitos dos estudantes desaparecidos a 26 de setembro
São já nove as valas clandestinas descobertas pelos investigadores mexicanos, situadas nas redondezas de Iguala, onde terão sido enterrados muitos dos estudantes desaparecidos a 26 de setembro /  YURI CORTEZ/AFP/Getty Images
Na entrevista que deu à VICE News, juntamente com outros sobreviventes do ataque, Mario pediu o anonimato. Mario é estudante de primeiro ano na Escola Normal Raul Isidro Burgos Ayotzinapa, no volátil estado mexicano de Guerrero. Esta escola tem uma particularidade: é a única - das nove instituições de formação de professores neste estado - exclusivamente masculina e a única onde os alunos dizem que quem manda são eles e não os professores. Na verdade, as suas particularidades são várias.

Neste campus, com 88 anos de existência, todas as decisões são tomadas pelos alunos, por intermédio de uma espécie de sufrágio. As atividades dos estudantes - curriculares ou não - são realizadas através de comissões. No dia 26 de setembro, sexta-feira, estas mesmas comissões determinaram que a próxima atividade seria fora de portas. Naquela manhã, agendou-se uma 'cartera'.

 

Um sequestro de mansinho
Nas 'carteras', os estudantes assumem o controlo de autocarros comerciais - por norma, através de subornos aos motoristas - e ocupam portagens em autoestradas, pedindo donativo para a escola. Naquele dia, os estudantes tinham marcado um protesto para antes de um evento na comunidade de Tixtla, onde iria discursar María de los Ángeles Pineda, mulher do presidente da Câmara de Iguala, Jose Luís Albarca.

Um breve parêntesis: os vínculos entre a família de Pineda e o cartel Beltran Leyva eram bem conhecidos por todo o estado de Guerrero, mas as autoridades nada fizeram quanto às sérias acusações - incluindo rapto e homicídio - dirigidaas a Albarca e à sua mulher. Aliás, o nome de Pineda já era apontado como forte candidato às eleições do próximo ano em Iguala. Fecha parêntesis.

Os normalistas regressaram ao campus de Ayotzinapa por volta das 16h, depois do protesto. Por esta altura, já tinham usurpado dois autocarros. Mas não eram suficientes. Os estudantes queriam estar na Cidade do México, no dia 2 de outubro, para uma marcha estudantil. Mais uma vez por decisão das comissões, 120 deles, nenhum com mais de 25 anos, entraram nos dois autocarros e foram em direção a Iguala, onde pretendiam sequestrar mais quatro autocarros e voltar para o campus.

"Naquela sexta-feira, partimos da escola em dois autocarros - que já havíamos acordado com os motoristas -, fomos para o terminal de Iguala e ocupámos os outros sem qualquer problema", conta Mario. Dos seis autocarros ocupados pelos estudantes, "três deles seguiram em caravana pela baixa da cidade e os outros três foram por outra estrada". Mario estava com uma T-shirt branca, um boné azul e vermelho que usava para cobrir o rosto, o casaco vermelho do uniforme de Ayotzinapa e um par de sapatos pretos.
 

 YURI CORTEZ/AFP/Getty Images Cartaz com as fotos dos 43 estudantes mexicanos desaparecidos, exibido na autoestrada que liga Chilpancingo a Iguala, anuncia o pagamento de um milhão de pesos (quase 60 mil euros) a quem souber de informações sobre o seu paradeiro
Sem dó nem piedade
Mario estava no interior do terceiro autocarro da caravana, já no coração de Iguala, quando o ataque começou. Nessa altura, Mario e os seus colegas pensavam tratar-se de meros tiros para o ar, em jeito de ameaça. Mas não. "Os autocarros pararam e foi aí que me apercebi que as balas vinham em direção a nós", explica. Mario e três colegas abandonaram o autocarro, percebendo, de imediato, que os disparos vinham de dois carros da polícia municipal. Inofensivo, Mario pegou em pedras e atirou-as contra os carros. Num piscar de olhos, ele e os colegas estavam cercados de carros de polícia.

"Uma das balas atingiu o Aldo, que caiu mesmo ao meu lado. Vi uma poça de sangue formar-se. Eu gritei-lhes, dizendo que tinham alvejado um de nós, e eles começaram a disparar mais. Se nos mexessemos eles disparavam, se gritássemos ou falássemos eles disparavam". Mario e os três colegas esconderam-se entre o primeiro e o segundo autocarros. Entretanto, os normalistas que se encontravam no terceiro autocarro, o mesmo do qual Mario havia saído segundos depois do início dos disparos, começaram a ser transferidos para carros da polícia. Mario contou, pelo menos, 30.

Depois, Mario voltou ao autocarro e apanhou alguns cartuxos, que descreve como sendo de revólveres e metralhadoras. Nesta altura, chegava o segundo grupo de polícias. Mas estes, diz Mario, "usavam capacetes, fatos à prova de bala, armaduras e luvas pretas". Num cenário como este, qualquer legenda era escusada, mas esta foi a voz de comando dos agentes: "Saiam imediatamente daqui. Vocês não são bem-vindos a esta cidade". Os carros partiram, levando dezenas de estudantes algemados, precisamente aqueles que, até hoje, não voltariam a ser vistos. Mario estava deitado no chão do terceiro autocarro.

O segundo ataque veio de um grupo de carrinhas da polícia que aceleraram em direção aos estudantes, sem dar qualquer folga aos gatilhos. Julio Cesar Ramírez, de 23 anos, Daniel Gallardo, de 19, uma taxista, um motorista de um dos autocarros e dois passageiros dos autocarros foram mortos durante esta rajada de disparos. Mario diz que "foi como colocar um pacote de fogos de artifício numa fogueira, como uma chuva de balas". Quinze minutos que pareciam não ter fim. Mas, ao contrário da primeira investida, os atiradores das carrinhas eram civis.

 

Esperança e incerteza
Já vai em nove o número de valas clandestinas descobertas pelos investigadores do caso. Os 34 suspeitos detidos confirmam que muitos dos estudantes desaparecidos foram mortos, queimados e enterrados nessas mesmas fossas, situadas nas redondezas de Iguala. Os familiares recusam-se a acreditar nesta versão, enquanto aguardam pelos resultados dos testes de ADN para se apurar a identidade dos cadáveres encontrados nas valas.

Entretanto, o tumulto teima em não abandonar o estado de Guerrero. Um estudante alemão em intercâmbio foi hospitalizado, no passado domingo, depois de ser alvejado pela polícia, quando regressava da Cidade do México com um grupo de amigos. O incidente poderá ter sido motivado pelo facto de o grupo de estudantes não ter obedecido à indicação das autoridades para parar o veículo.



Ler mais: http://expresso.sapo.pt/estudantes-desaparecidos-no-mexico-tintim-por-tintim=f893650#ixzz3GDkzRm62

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Congrats ao Thorn por ter conseguido por de pé o seu negócio dos gelados!

Quando for ao Porto tenho que tentar provar o de pistachio que espero que sejam tão bons como uns que comi numa feira em Itália.

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No Porto há gelados italianos em aceleras vintage

A marca chama-se Fresco da Gustare e vende gelados nas ruas e praias do grande Porto. Nasceu em Itália, mas é bem portuguesa
Texto de Mónica Monteiro • 06/08/2014 - 12:46

São gelados artesanais, inspirados nas melhores receitas italianas e estão à disposição dos mais gulosos em aceleras vintage — por enquanto só no Porto.
 
"Tudo surgiu quando levei uns amigos italianos a provar uns gelados em Lisboa. Eles não acharam nada de especial e eu desvalorizei porque geralmente nós gostamos sempre muito mais daquilo que é nosso", contou ao P3 Octávio Viana, consultor financeiro da Fresco da Gustare.
 
Octávio explicou que a marca nasceu quando provou o "verdadeiro gelado italiano". "Estava em Itália. Chovia torrencialmente, eram dez da noite, cheguei a uma gelataria e tinha 30 pessoas à minha frente. Quando chegou a minha vez já tinha outras 30 atrás. Pensei "se abrisse isto em Portugal ganhava dinheiro "", recordou.
 
Quando voltou para Portugal fez vários planos de negócio e estudos de mercado até chegar a uma estratégia comercial que lhe parecesse viável. "Percebi então que a melhor maneira seria ter uma produção central com vários pontos de distribuição", explicou.
 
A primeira ideia de Octávio Viana e Maria João Viana, proprietária da empresa, era distribuir os gelados em motorizadas com carro lateral. A ideia não seguiu em frente por não ser viável — corriam o risco de a moto se avariar e ficarem parados — com o reboque basta trocar de moto se houver algum problema. "Desenvolvemos então este atrelado e registamos o design", contou o gestor.
 
A Fresco da Gustare tem quatro motos. Duas aptas para utilização, Cavallini e a Marzetti, mas apenas uma em "funcionamento alternado". "O tempo não está a ajudar, não justifica estarmos na rua".
 
A marca quer funcionar o ano inteiro, independentemente do tempo ou da estação. Segundo Octávio a marca está a negociar a sua colocação em espaços como galerias e centros comerciais, onde possam estar independentemente de estar bom ou mau tempo.
 
Os gelados de Maria João Viana
A missão da Fresco da Gustare é “vender a um preço justo um excelente gelado”. Os gelados são para um público-alvo entre os 25 e os 45 anos. “As crianças não ligam a gelados, querem só algo fresco e doce. As pessoas desta faixa etária nasceram no tempo em que existiam vespas e nós queremos ressuscitar lembranças e proprocionar simultaneamente um bom gelado”, sugeriu Octávio.
 
A adesão tem sido “fantástica”, afirmou o gestor. “Não em termos de afluência, mas em termos de reconhecimento da qualidade. É altamente gratificante uma pessoa aparecer de manhã sozinha e à tarde voltar com quatro amigos. E isso acontece”.
 
"O nosso segredo está na receita, nos ingredientes e na confecção" confessa. "Tirei um curso de gelados em Itália. Depois quis aprender a fazer os gelados da tal gelataria que tinha filas intermináveis mesmo em dias de chuva. Paguei pelas receitas e paguei, muito, para trabalhar nessa gelataria durante quatro dias", acrescentou.
 
Quando regressou a Portugal ensinou tudo o que sabia à irmã. Maria João Viana é a dona da empresa e é quem confecciona todos os gelados, que podem ser adquiridos nas aceleras ou no laboratório. Custam entre 1,90 euros (um gelado pequeno, com um sabor) e os 4,50 euros (um gelado grande com quatro sabores). As vaschettas de um litro custam 17 euros e podem ser adquiridas, por encomenda, no laboratório da marca.
 
Uma colher com um buraco
A próxima novidade da marca será uma colher. “Já estamos a registar a patente. A colher terá um buraco na concha” contou Octávio.
 
“O objectivo é que o primeiro contacto da língua seja com o produto e nao com o material da colher”. Octávio explicou que “a ponta da língua é que capta o sabor e normalmente o primeiro contacto da comida é com o centro da língua, que apenas capta a textura e a temperatura. Queremos causar o impacto de a primeira experiência ser o gelado e não o plástico, queremos aumentar o prazer do cliente”.

http://p3.publico.pt/vicios/gula/13195/no-porto-ha-gelados-italianos-em-aceleras-vintage


Parabéns e felicidades!
www.frescodagustare.com

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Política e Economia Política / UE
« em: 2014-01-13 15:20:47 »
Tópico para agregar notícias com interesse sobre a União Europeia.


A UE está a negociar com os EUA o maior tratado comercial bilateral da sua história (Parceria Transatlântica para o Investimento e o Comércio .)

O Vital Moreira acompanha directamente essas negociações já que  preside à Comissão para o Comércio Internacional do Parlamento Europeu e deu uma entrevista à Teresa de Sousa.

(pensar que este homem era um arreigado comunista na década de 80... o casamento fez-lhe bem :) )

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"A energia, só por si, justificaria este acordo” com os Estados Unidos
TERESA DE SOUSA 13/01/2014 - 08:01

Vital Moreira acompanha pelo Parlamento Europeu as negociações da nova Parceria Transatlântica para o Investimento e o Comércio. É a oportunidade para devolver aos EUA e à Europa a sua influência sobre a economia mundial.

 

Vital Moreira, eurodeputado socialista, preside à Comissão para o Comércio Internacional do Parlamento Europeu, numa altura em que a União Europeia e os Estados Unidos estão a negociar uma Parceria Transatlântica para o investimento e o comércio de uma ambição nunca dantes vista. Acompanha directamente as negociações. Considera que um acordo pode mudar as regras do jogo do comércio mundial. Reconhece as dificuldades, mas lembra que se trata de uma oportunidade que seria um desastre falhar. Esteve no último seminário diplomático (na semana passada) para explicar a pareceria, muito pouco discutida em Portugal. Vê-a igualmente como uma grande oportunidade para a modernização da economia portuguesa.

No seminário diplomático do início do ano, onde foi convidado a intervir, disse que esta Parceria Transatlântica para o comércio e o investimento (TTIP, na sigla inglesa) tinha condições para ser aquilo a que os anglo-saxónicos chamam de game changer. Porquê?
Começaria por dizer que este acordo não é único. Faz parte de uma geração de novos acordos de comércio externo da União Europeia que se iniciaram em 2006 com um documento da Comissão que foi um verdadeiro policy paper: “Europa Global”. Nesse documento, que marcou uma viragem da política de comércio externo da União, estava exactamente previsto enveredar por acordos de comércio bilaterais com os parceiros comerciais estrategicamente mais importantes. Os Estados Unidos não figuravam aí, mas já figuravam países com os quais, entretanto, já concluímos acordos de nova geração ou estamos a fazê-lo agora.

Que tipos de acordo?
São acordos de liberalização comercial que vão muito além do comércio de mercadorias. Incluem investimento, contratos públicos, propriedade intelectual. O que têm também de novo é que vão muito mais além da Organização Mundial do Comércio (OMC). A OMC teve uma série de rondas comerciais antes de se chamar assim. Mas a última ronda, lançada em Doha em 2001, até agora ainda não produziu resultados.

Porquê os Estados Unidos agora? Os dois lados ainda representam metade da riqueza mundial e 1/3 de todo o comércio internacional.
Exacto. Nesse projecto de 2006 não se incluía os Estados Unidos, porque podia ser sentido pelos outros países como negativo. Se os dois principais protagonistas do comércio mundial avançassem numa negociação bilateral, essa decisão podia ser interpretada como um abandono definitivo da negociação multilateral.

E porquê agora?
Em primeiro lugar, porque já passaram doze anos sobre Doha e nada parece ter acontecido, embora este acordo de Bali (no final de 2013) alimente alguma ténue esperança, mesmo que só tenha significado um décimo da ronda de Doha. Mas, mesmo que a ronda de Doha fosse para a frente, a ambição nunca é equiparável a um acordo bilateral que pode ir muito mais além. E a parceria com os Estados Unidos vai muito mais além. A segunda razão é obviamente a crise. Precisamos ambos de um estímulo e este é barato e, ao mesmo tempo, muito grande. Um estudo encomendado pela Comissão a um centro de investigação de Londres prova o impacto muito significativo sobre o crescimento e sobre o emprego.

Há outros estudos ainda mais positivos.
Há vários estudos de países que querem avaliar o impacte na sua própria economia. Eu próprio, nesse discurso aos diplomatas, desafiei o Governo português a encomendar um estudo e penso que estou em vias de o convencer de que vale a pena: dará conforto ao Governo perante a opinião pública. Finalmente, é a emergência da China…

E das potências emergentes, que acabaram por tirar mais partido da globalização do que os países desenvolvidos. Este acordo também pode ser o melhor instrumento para voltar a estabelecer algum equilíbrio nas trocas mundiais?
Devemos relativizar as coisas. A única que tem um enorme peso na economia mundial é a China. Os outros, a Rússia, o Brasil, a Índia, ainda são economias relativamente atrasadas. O grande desafio é a China. Para a União e para os EUA, trata-se de reafirmar a liderança das duas grandes potências atlânticas em matéria de liberalização e de regulação. Hoje, grande parte do comércio internacional não é apenas a redução de tarifas.

Entre os EUA e a União já são baixíssimas.
Uma média de 4%, embora haja alguns picos. Estas três razões justificam que esta necessidade se tenha afirmado agora. Se quiser, há uma quarta razão, que é haver em ambos os lados uma vontade política de o fazer.

Justamente, apesar de a Europa andar a falar disto há mais tempo, o Presidente Obama só apoiou publicamente a ideia no seu último discurso do Estado da União, em Fevereiro passado.
E no segundo mandato. Obama estava muito virado para o Pacífico. Aliás, iniciou em 2010 as negociações de uma parceria com um conjunto vasto de países e declarou que a Asia-Pacífico era o novo fulcro da economia mundial.

Isso também espicaçou a Europa?
Não direi que tenha sido decisivo. E também não vai haver qualquer comparação entre acordo com a União e o acordo com os países do Pacífico, onde há economias muito assimétricas. Esse mercado do Pacífico demorará muito tempo antes de atingir a maturidade e a imbricação que o mercado transatlântico já tem. Aliás, é um “game changer” porque vai muito além daquilo que se fez com a Coreia do Sul, o Canadá ou Singapura. Basta ver que uma parte importante do comércio bilateral é dentro das mesmas empresas: a BMW investe nos EUA e a General Motos investe na Europa.

E a Airbus está a construir uma fábrica no Alabama.
Esta parceria vai ter também um capítulo de investimento, que era, até ao Tratado de Lisboa, reservado aos Estados da União e que agora passou também para a Comissão. Este acordo vai ter tudo o que diga respeito ao comércio - mercadorias, agricultura, serviços, compras públicas, investimento -  e vai ter uma coisa nova: a chamada convergência regulatória.

Que é o aspecto mais difícil e, ao mesmo tempo, mais importante. São as chamadas barreiras não tarifárias.
Exacto. Se eu sou uma empresa europeia que quer exportar para os EUA, já sei que tenho de fazer um rótulo diferente. É tempo e despesa. O caso dos automóveis é paradigmático. Podemos imaginar que um automóvel americano e um automóvel europeu são iguais, mas não são. As diferenças são tantas que os torna dois produtos diferentes. Mas podiam ser diferentes e vendidos nos dois lados, desde que cada parte reconhecesse as normas da outra. Não é o caso e tem de haver duas certificações, duas inspecções, dois testes de choque. Está calculado que essas normas equivalem a uma tarifa adicional de 20%.

A dificuldade está em que essa convergência embate contra imensas ideias-feitas como a protecção do consumidor ou “princípio de precaução” europeu. Prevêem-se resistências muito grandes?
Sim, vai haver. Vai exigir um grande esforço negocial mas também muita vontade política. Mas atenção: há várias maneiras de encarar esta questão. Uma é tentar harmonizar: onde há duas normas, chegar-se a uma norma comum. É possível mas difícil porque os reguladores de cada lado são muito ciosos do seu poder. A segunda via é reconhecer mutuamente as certificações. Isso é possível desde que se possa provar que são de efeito equivalente. Mas vai toda a gente começar a dizer que a segurança alimentar não é a mesma.

Mas não há aí também muito preconceito?
É muito difícil mudar as concepções das pessoas. Se elas estão convencidas que os organismos geneticamente modificados são maus, que as hormonas no bife são más, que as galinhas lavadas com clorídio são más… Mas há uma visão menos ambiciosa que é manter diferente a certificação mas harmonizar as regras e os procedimentos: as certificações podem ser diferentes mas os métodos podem ser aproximados. Podemos harmonizar os elementos de aprovação para, pelo menos, obter uma convergência nos resultados.

As dificuldades podem ser superadas?
Há dificuldade e há limites. Temos de ser ambiciosos mas realistas para irmos tão longe quanto for possível e para sabermos que nunca será a 100%. O estudo de Londres mostra que, mesmo que ficássemos muito longe do óptimo, o que está envolvido continua a ser altamente interessante para os dois lados. Mesmo assim, vai ser possível ir muito longe, mais longe do que se foi até hoje em algum lugar. Mas, se disséssemos que, daqui por diante, os OGM aprovados nos Estados Unidos valem cá, seríamos linchados.

Mas disse-me recentemente que esse já não era o problema mais importante.
Mesmo havendo linhas vermelhas, sabemos que é possível ir muito longe. Neste caso não é verdade que a Europa não permita. Certificámos dois OGM, quando, nos EUA e no Brasil, são centenas. Mas já aprovamos 48 autorizações para a alimentação animal que serve para a alimentação humana. Por exemplo, a soja geneticamente modificada. E os negociadores americanos sabem que podemos tornar o processo mais rápido mas não podemos alterá-lo. No caso da carne com hormonas, eles sabem que não podemos convencer os cidadãos europeus a comê-la, embora a comam quando vão aos EUA. A União já foi processada pela OMC por causa da carne com hormonas e os EUA foram autorizados a retaliar contra nós. E o que é que fizemos? Negociámos com eles uma solução simples: nós estamos dispostos a pagar muito bem pela carne americana sem hormonas, basta que eles criem uma nova linha de carne livre de hormonas. Hoje, já temos nos nossos talhos carne americana, de resto da mais cara para os standards americanos. Como vamos eliminar tarifas, eles ficam com a possibilidade de produzir carne de grande qualidade para a Europa comprar.

É a questão agrícola que é sempre o calcanhar de Aquiles?
Os europeus são sempre muito desconfiados de qualquer acordo que envolva a agricultura. Queremos preservar o campo, temos uma dimensão de propriedade muitíssimo inferior à americana…

E temos também a França.
Sim, mas porque é hoje possível outra solução? Porque podemos fazer um trade-off: liberalizar até um certo ponto a importação de commodities americanas – soja, milho, carne de porco, de frango, ovos etc. - a troco da nossa agricultura gourmet – vinhos, queijos, azeites, conservas -, que são de um muito maior valor acrescentado. Os EUA têm quase 300 milhões de pessoas com um elevado poder de compra, ansiosas por esses produtos. Há sempre moeda de troca com os EUA, enquanto provavelmente não a teríamos com o Brasil e a Argentina.

Já participou em três sessões negociais. Dessa experiência, como avalia o lado europeu da negociação. Mudou?
Mudou. Primeiro, este não é um acordo como os outros e, portanto, haverá maior ambição. Segundo, a França conseguiu excluir das negociações uma coisa que, para eles, é de grande simbolismo: o chamado audiovisual, garantido pela lei europeia que permite subsídios e quotas. Terceiro, a França tem uma grande moeda de troca no sector gourmet: são eles que têm os queijos, o vinho, as conservas da maior qualidade. Não tiveram muita dificuldade em entender a importância de um mercado como o americano.

Há-de haver um dia em que os parlamentos nacionais e o Congresso americano vão ter de ratificar este acordo. Como encara isso?
Um acordo comercial tem sempre de ser visto pelo lado da floresta. Se for pelo da árvore, haverá sempre alguém a dizer que vai perder. O que é preciso é ter um equilíbrio em que a apreciação global seja positiva, as perdas não sejam demasiado grandes e que haja tempo para fazer a adaptação. Um acordo comercial mede-se por quê? Pelo crescimento e emprego e pelo bem-estar dos consumidores. Se, para além de poder ter mais crescimento e emprego, somar uma baixa de preço de muitos produtos, então as coisas parecem razoáveis. Ganhamos por dois caminhos, podendo usufruir das commodiities americanas, que são matéria-prima para a economia europeia

Incluindo a energia.
Ainda bem que fala nisso. A energia, só por si, justificaria este acordo. Qual a grande vantagem americana sobre a União em termos de competitividade? Os custos da energia, que devem ser de menos 30%. Se tivermos acesso a essa energia ao mesmo preço, é uma enorme vantagem. A Europa tem um terrível problema que não é só de preço, é também de segurança, na medida em que estamos dependentes dos humores da Rússia. Os EUA não podem exportar energia para países com os quais não tenham um acordo, que , no caso europeu, passam a ter.

Mal as negociações começaram houve logo uma reacção internacional. O Brasil descobriu de repente que afinal o acordo do Mercosul com a União era uma coisa fantástica, depois de anos e anos de impasse.
É verdade. No discurso que fiz no seminário diplomático, defendi que esta parceria pode suscitar reacções virtuosas ao nível da OMC. Quando é impossível seguir a via multilateral, os países são obrigadão a seguir a via bilateral, aproveitando a vantagem de ser mais simples, mais fácil e preferencial. A reacção do Brasil é interessante porque estamos a negociar com o Mercosul um acordo comercial desde o final do século passado. Foi interrompido em 2004, retomado em 2010 mas sem resultados. Subitamente, o Brasil passou a estar interessado. E, aparentemente, também a Argentina. Deram-se conta que este acordo pode desviar comércio do Brasil para a Europa e para os EUA. Por exemplo, o Brasil é o nosso principal fornecedor agrícola, se não conseguir um acordo connosco vai ser um perdedor.  O mesmo vai acontecer com outros países, por exemplo, na energia. Temos um mercado de 800 milhões e continuamos a ser os mais ricos do mundo. Se harmonizarmos, mesmo que em parte, as nossas regras técnicas, já imaginou que o Brasil ou a Índia já não têm de produzir dois produtos diferentes – um para os EUA e outro para a Europa? Isso vale para o automóvel, os serviços e os bens agrícolas. Para esses países este acordo também pode ser altamente virtuoso.

E poderá ter um efeito positivo nas próprias negociações de Doha.
Exactamente. Porque mostra as virtudes da liberalização regulada. Se quiser um título para este exercício, ele pode ser: estamos à procura da liberalização regulada e não da desregulação. É um exercício de regulação da globalização.

Há outras reacções interessantes. A Turquia acaba de pedir aos EUA que a incluam na negociação.
A Turquia tem uma situação diferente porque tem uma união aduaneira com a União Europeia. Sofre automaticamente as consequências dos acordos comerciais da União mas, se não fizer um acordo paralelo com quem nós negociámos, não pode obter vantagens.Mas há aqui uma questão da qual as pessoas não se dão conta e que é o valor acrescentado da União Europeia. Algum país da União, incluindo a Alemanha ou a Grã-Bretanha, teria a força suficiente para negociar com os EUA ou até com o Japão? O grande activo que pomos em cima da mesa é um mercado de 500 milhões de pessoas. Continuamos a ser a maior economia do mundo, o maior actor comercial do mundo, temos um excedente comercial que está a crescer… A ideia de que a Europa está em declínio.

É uma ideia bastante razoável.
Em termos relativos é, e esta crise ajudou. Mas não acompanho a ideia de que a Europa seja irrelevante. O que penso é que este acordo é a boa utilização da potência económica que a Europa ainda é. Se quer manter-se na liderança, precisa dos EUA para tirar sinergias. O terceiro pilar deste acordo é regular domínios que, até agora, não são regulados: energia, investimento, matérias-primas, concorrência, contratos públicos. Se as duas maiores economias do mundo chegarem a acordo para um código de regulação, criam uma liderança que os outros vão ter de tomar em conta.

O Presidente dos EUA disse que o sector financeiro poderia ter de ficar de fora deste acordo, porque os americanos estão preocupados com as diferenças na regulação financeira, principalmente com o Dodd-Frank Act (2010, que coloca a regulação da indústria financeira nas mãos do governo, impondo transparência e protecção do consumidor) e a Volcker rule (separação entre os bancos de investimento e os comerciais). Isso faz algum sentido, quando as transacções financeiras entre os dois lados representam 70% das transacções mundiais?
A posição da União Europeia é que este acordo não pode deixar de fora o sector financeiro. Se queremos afirmar a nossa liderança, obviamente que ela tem de passar pelo sector financeiro, onde Londres e Frankfurt têm um lugar importante. A grande dificuldade é a atitude muito ciosa do regulador americano, que não quer integrar esta matéria no acordo geral. Mas a verdade é que a questão está a ser negociada no âmbito do TTIP. Se não estiver no acordo global, estará num acordo paralelo. Mas está adquirido. Apesar das dificuldades, creio que se avançará muito, se não na harmonização total da regulação, pelo menos na definição de critérios.

Acha isso possível, mesmo com a separação americana entre os bancos de investimento e comerciais? Se calhar vamos ter de conviver com essa diferença, como já vimos atrás. A questão é saber até onde podemos ir. Se podermos ficar com tudo o resto e abrir uma excepção nessas duas questões que referiu, será um enorme avanço. O departamento do Tesouro americano quer que os negociadores não sejam os mesmos. Quer negociadores dos departamentos financeiros de cada lado e quer um acordo à parte. Podemos viver perfeitamente com isso, desde que se avance.

Em Portugal, o tema não tem sequer um lugar no debate público. Disse-me que os empresários estão atentos ao que se está a passar. Este silêncio deve-se aos traumas anteriores, que vivemos quando a China entrou na OMC ou quando do alargamento?
Essa rememoração é importante. Portugal não encarou com a devida atenção à entrada na União Europeia, cuja pauta aduaneira era muito mais baixa que a nossa, e fomos invadidos por produtos que estavam antes protegidos. Mais tarde, também não soubemos antecipar a entrada da China na OMC – que passou logo a beneficiar da pauta europeia em sectores que deixaram de estar protegidos, com o têxtil e o calçado.

Mas esses já deram a volta com imenso sucesso.
Era para aí que eu ia. Depois de anos de sofrimento, soubemos enfrentar a situação. Compreendemos que não podíamos competir com a China ou com o Bangladesh e que só nos restava subir na escala de valor. Mostrámos, mesmo que com muito sofrimento, que podíamos dar a volta. Esta aprendizagem está feita e acabou por ser virtuoso: os governantes e os empresários convenceram-se de que não há outra forma de concorrer senão no mercado global. Ganha-se com qualidade e com diferenciação.É por isso que muitos empresários estão hoje muito mais preparados para encarar positivamente este acordo. Há 10 anos, não teríamos a agricultura gourmet que hoje temos, não tínhamos a indústria de sapatos que é a segunda mais cara, a seguir á italiana. Mesmo a cortiça, mesmo a celulose deram a volta. As dificuldades que passámos produziram duas reacções positivas: que, para triunfar, é preciso ser competitivo, não no mercado interno de 10 milhões de habitantes, mas à escala global; a segunda  é que valeu a pena.

Tem falado com muitos empresários?
Como sabe, organizei uma conferência sobre o TTIP em Novembro passado e convidei as confederações patronais e as centrais sindicais, para além do Governo e de especialistas. Fiquei agradavelmente surpreendido com duas coisas: o assunto não era desconhecido, pelo menos nas cúpulas, que vai ser preciso mudar algumas coisas mas que o resultado pode ser bom.

Percebem que têm ali um mercado que não têm em mais parte nenhuma.
Deixe-me dar alguns exemplos. No sector da agricultura, exportamos para os EUA cortiça, pasta de papel, vinhos, azeite e azeitonas, conservas de peixe, queijo. Importamos soja, bacalhau, milho e amêndoas da Califórnia. Por exemplo, no caso das conversas de peixe, as tarifas nos EUA são 20%. Imagine eliminá-las. No caso do atum, chegam a 35%. As nossas maçãs e peras não entram nos EUA por causa das normas sanitárias imensamente exigentes. Se conseguirmos reduzir as tarifas e aproveitar a harmonização das regras fitossanitárias, veja a dimensão do mercado americano para duas coisas em que somos bons. Não vamos poder responder imediatamente à procura americana, mas vamos tirar proveito dela. Também temos alguns pontos fracos. O tomate, por exemplo, em que os EUA são muito competitivos. Mas terá a mesma qualidade do nosso? Foi isto que o presidente da CAP percebeu.

E na indústria?
Os sectores em que somos bons - vestuário, roupa de cama, calçado – têm todos picos tarifários nos EUA, que podem ir até 15%. No calçado vão até 19%. Passam a ter tarifa zero. A ideia que temos do nosso país é errada e miserabilista. Já exportamos automóveis para os EUA e já lá estão as empresas das tecnologias de informação.

Fala-se pouco disso mas fala-se muito do Brasil e de Angola, mercados que são menos exigentes. Como responde a isto?
Vejo com bons olhos que as exportações portuguesas consigam estar em Angola e no Brasil.  Mas tenho duas más notícias: Angola acaba de subir a sua pauta aduaneira; o Brasil está a fazer isso nos últimos anos. Corremos o risco de se tornarem mercados menos atraentes com esse aumento. Nós, neste acordo, estamos a eliminá-las. Mas não os coloca em alternativa. Só digo que este acordo com os americanos é fundamental para a modernização da nossa economia.

E há condições para fazermos isso?
A respostem tem três partes. Há vontade política de apoiar este acordo, obviamente tendo em conta os nossos interesses defensivos. Por exemplo, fazer valer as denominações de origem nos EUA. Nestes últimos quatro anos tenho reparado que há uma nova geração de empresários e de associações empresariais muito mais preparados e, sobretudo, com a consciência de que hoje não se sobrevive fora da competição externa.

Mas o mercado americano é altamente competitivo.
É verdade. Mas creio que temos já as bases para que essa chicotada seja bem-vinda. Finalmente, a opinião pública. É preciso uma reapreciação do que podemos fazer. Penso que este acordo, sendo competência da União, deve ser apropriado a nível nacional.

Há a ambição de fechar este acordo antes do final deste ano. É razoável?
Não estou assim tão convencido. Este acordo representa uma potencialidade enorme e seria estúpido se o falhássemos. Mas não vai ser fácil. Existem nichos protegidos que vão reagir muito mal e existem também divergências de interesses. Mas o clima é favorável. Se este ano se avançar com a parte técnica, mesmo que ainda com várias interrogações, creio que o primeiro semestre de 2015 será crucial. Há uma nova Comissão, um novo Parlamento, um novo Presidente do Conselho europeu e as eleições europeias já terão passado. Obama entra na fase final do seu segundo mandato e quer obter este triunfo.

No PS nota-se hoje uma tentação proteccionista. Muita gente diz que a abertura europeia deu maus resultados. É falta de informação?
Essa crítica tem uma certa razão de ser. Creio que adoptámos algum angelismo, quando decidimos pelo desarme unilateral nos anos 90 e já no princípio deste século. E que não nos preparámos para o choque da China. Creio que estes tratados bilaterais são a resposta a esse angelismo. Primeiro, são recíprocos: as duas partes abrem-se mutuamente. Em segundo lugar, são acordos que trazem também a compatibilização das regras. Têm um capítulo de desenvolvimento sustentado, que inclui o domínio laboral e ambiental e em que cada parte se compromete a observar, pelo menos, os direitos fundamentais dos trabalhadores tal como são definidos pela Organização Mundial do Trabalho. Já não é só o comércio. É a ideia de que não podemos liberalizar o comércio sem garantir um nível mínimo do nosso modelo social para não haver dumping social e ambiental.

Embora se tenha de dar aos países menos desenvolvidos o tempo suficiente para se adaptarem a essas condições. As economias ocidentais não nasceram já com esses direitos todos.
Dai que o capítulo tenha apenas as quatro liberdades básicas dos direitos dos trabalhadores: trabalho infantil, trabalho forçado, não discriminação, liberdade sindical.

Os cidadãos europeu, descrentes de muita coisa e mais acessíveis a um discurso proteccionista e nacionalista, podem olhar com cepticismo para este novo acordo.
Isso acontece em épocas de crise e esta crise não tem precedentes. Creio que estamos a sair dela, mesmo que lenta e penosamente e mesmo que a crise social se vá prolongar. Mas tomámos medidas que corrigem algumas das deficiências do euro, com mais coordenação das políticas económicas, com a união bancária e o pacto orçamental. Provavelmente vai ser preciso mexer no Tratado para se criar uma verdadeira união económica, e falta o pilar social que tem sido subestimado. Como membro do Grupo dos Socialistas no Parlamento Europeu,  sempre disse que a penalização social da crise ia ser tão grande que seria necessário um pacto de crescimento.

Isso não aconteceu e vamos enfrentar eleições europeias que vão mostrar isso mesmo.
Não ganhámos essa batalha. O próprio pacto de crescimento que François Hollande apresentou acabou em muito pouco. Vamos para estas eleições com o risco claro de organizações antieuropeias terem um bom resultado. Mas acredito que não vai colocar em causa a maioria confortável que existe no Parlamento Europeu. O que há também de positivo é que esta aposta da União em tratados bilaterais ambiciosos tem o apoio de um espectro muito largo, desde os conservadores britânicos ao PPE, passando pelo PSE e pelos liberais.

O problema não é só do PE. A nível nacional o impacte destas forças pode condicionar as políticas dos governos. Hoje, por exemplo, a xenofobia alastra, envolvendo mesmo alguns governos. É mais um elemento de complexidade…
A expressão é essa, de complexidade. Mas em situações complexas devemos tentar ver o quadro inteiro e não apenas um pormenor. Por mais dificuldades que enfrentemos, não podemos ceder nos princípios que fizeram a União. Essa cedência aos populismos é inaceitável.

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Comunidade de Traders / Manipulação de mercado
« em: 2014-01-09 12:11:42 »
Para uma manipulação de mercado a multa parece ser irrisória, apesar de alguns dos factos descritos na notícia parecerem ser práticas normais até entre investidores particulares (ex: tentar sustentar o preço)

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CMVM condena CGD a multas de 300 mil euros
CRISTINA FERREIRA 09/01/2014 - 07:54
Supervisor apoiou-se nas transcrições das gravações das conversas entre as mesas de trading da Caixagest e dos correctores da Caixa BI.

 
As infracções vão desde manipulação a quebra do dever de defesa do mercado GONÇALO PORTUGUÊS
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A Caixa Geral de Depósitos foi condenada pela CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) ao pagamento de multas de 300 mil euros pelas infracções de manipulação de mercado, de violação dolosa do dever de não utilização de informação privilegiada relativa a emitentes e de quebra do dever de defesa do mercado. As infracções foram praticadas pelas áreas de investimento do grupo público.

O grupo estatal tem até esta quinta-feira (caso não haja prorrogação do prazo) para recorrer judicialmente, o que poderá não fazer por se tratar de um caso difícil de refutar — dado existir matéria gravada —, mas também pelo facto de a CMVM não imputar a culpa aos administradores, o que o Ministério Público poderia fazer. Acresce o facto de valor da coima ser baixo (para a natureza das infracções).

Em vários períodos de 2008 a 2010, segundo as autoridades que investigaram os alegados delitos, a Caixagest, sociedade gestora de fundos de investimento mobiliários que actuou como trader, e a Caixa BI, enquanto corrector/broker, desencadearam movimentos irregulares de acções do Finibanco (hoje Montepio Geral), da Cofina, da SAGgest, da Martifer, da Impresa e da Sonae Capital. Situações que o supervisor considerou reconduzíveis a delitos (que a CGD alega serem condutas irregulares) de manipulação de mercado relacionados com transacções fictícias, sustentação do preço e marcação da cotação de fecho. Estes factos justificaram que, em 2012, fosse feita uma participação junto do Ministério Público (diferente da acção que correu na CMVM).

No contexto das suas averiguações, a CMVM solicitou as gravações das conversas (prática na actividade) entre as mesas de trading da Caixagest e dos correctores da Caixa BI. A transcrição das gravações na posse das autoridades é quase sempre de difícil decifração -  com muitos “experimenta”, “nem mexe”, “vê lá”, “deixa entrar”, “ok”, “dá-me um segundinho”, “boa”, “Eh pá”, “Oh pá”, “hum”, “queres que mude”, “entendido” -, mas à medida que as interlocuções se aproximam do final tornam-se perceptíveis. E para a CMVM os múltiplos registos fonográficos são claros quanto à estratégia de testar (pois as ordens eram anuladas) ou mesmo de marcar os preços de fecho dos títulos.

A título de exemplo: uma das conversas envolve 12 mil acções da Cofina (cerca de metade do negociado na sessão), com o intermediário da Caixagest a dizer ao da Caixa BI: “Agora Cofina, Cafeína”. E a receber como resposta: “Certo. Cafeína. Fomos buscar 30...” A Caixagest envia sinais de força ao corrector da Caixa BI: “Boa. 10, 20, compra mais 30. Não, compra mais ora…10…”. Antes de terminar a frase, a Caixagest sugere. “Não. Tem de ser mais 30 mil ao melhor, que é para fechar a 11”. A CaixaBI termina: “Ok”. A conversa prosseguiu, pouco depois, nos mesmos moldes. Neste caso em concreto, terá havido, segundo as autoridades, uma intenção inequívoca por parte das sociedades estatais de marcarem o preço a 1,1 euros (a oferta foi integralmente executada ao preço de 1,1 euros superior ao último valor da negociação em contínuo (1,09 euros) e a Caixagest foi responsável por todas as compras efectuadas no leilão de fecho.

Na sua argumentação, o regulador alega que os arguidos (três correctores da Caixa BI e dois traders da Caixagest) agiram conscientemente e voluntariamente com o intuito de valorizar os activos nas carteiras dos fundos de investimento. Na sociedade da CGD, a remuneração variável do responsável pela transmissão para execução das ordens tinha dois critérios: um qualitativo (30%), outro quantitativo (70%), sendo que este último envolvia a avaliação do desempenho das carteiras (quanto mais valorizadas melhor) da Caixagest face à concorrência e por referência ao seu posicionamento no mercado.

Numa fase inicial, a CGD pugnou pela nulidade da acusação por os movimentos não conferirem o delito de manipulação de mercado (transacções fictícias), sendo simples compras (de pequenos lotes) efectuadas ao longo do dia contra oferta, isoladas ou continuadas, sem o intuito de secar o mercado ou de influenciar o preço. E as ordens de compra ou venda que não se realizaram não visaram sustentar o preço.

Contactada pelo PÚBLICO para esclarecer se vai recorrer judicialmente das multas de 300 mil euros aplicadas à Caixagest (150 mil) e à Caixa BI (150 mil), fonte oficial da CGD declinou pronunciar-se. Mas o PÚBLICO apurou que a CGD e os três correctores e os dois traders, cujas condutas são questionadas, estão a ser aconselhados a aceitar a decisão do regulador. Não só porque a coima é “um valor mínimo”, mas também por se tratar de um tema sensível, com riscos reputacionais e materiais, que convém não colocar na praça pública. Mas, sobretudo, por existirem na posse das autoridades gravações que ajudaram a blindar a sentença da CMVM e cujas transcrições, a serem ouvidas pelo juiz (que iria avaliar o recurso judicial), não beneficiariam o grupo estatal.

O facto de o supervisor não ter “castigado” os administradores das sociedades da CGD, mas somente os três corretores, também não foi esquecido pelos advogados. Uma fonte do mercado de capitais, externa à CGD, lembrou que o recurso para os tribunais abriria a porta a uma decisão que abrangesse as administrações, isto porque o parecer da PGR (de 10 de Julho de 2013), sobre a responsabilidade contra-ordenacional das sociedades, aponta para que os ilícitos dos trabalhadores sejam também imputados aos administradores.

A CMVM analisou ainda as condutas do BESI, do BIG, da Fincor e do Santander, nomeadamente por terem executado ordens  da Caixa BI, e aplicou-lhes multas que, no total, somam 125 mil euros (entre 50 mil e 25 mil euros), com execução parcialmente suspensa por dois anos. O regulador alega ter existido quebra do dever de defesa do mercado, mas, ao contrário da Caixa BI e da Caixagest, as infracções foram consideradas de menor gravidade e não foram denunciadas ao Ministério Público.

http://www.publico.pt/economia/noticia/cmvm-condena-cgd-a-multas-de-300-mil-euros-1618952

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Parece-me ser uma compra pouco comum, pelo facto de investir numa construtora ainda para mais espanhola.


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Bill Gates compra 6% da construtora espanhola FCC
LUSA e PÚBLICO 22/10/2013 - 09:07
Investimento foi de 112,5 milhões de euros, o que faz com que o milionário passe a ser o segundo maior accionista da empresa.

O fundador da Microsoft, Bill Gates, adquiriu 7,6 milhões de acções, correspondentes a 6% do capital, da Fomento de Construcciones y Contratas (FCC) por 113,5 milhões de euros, informou na segunda-feira a companhia ao regulador espanhol.

Segundo o comunicado enviado ao supervisor do mercado espanhol, “uma ou mais entidades ligadas” ao multimilionário norte-americano adquiriram as acções da construtora espanhola por 14,865 euros por acção, que estavam na carteira de títulos próprios da FCC.

Após esta operação, a FCC ficou na posse de pouco mais de 242 mil acções próprias, equivalentes a apenas 0,19% do capital social da empresa.

Bill Gates torna-se, assim, no segundo maior accionista da construtora, atrás da presidente do grupo, Esther Koplowitz, que controla 53,9% da empresa.

Os bancos Credit Suisse e The Royal Bank of Scotland também são accionistas de referência da FCC, com posições de 3,88% e 3,4%, respectivamente.

O magnata norte-americano entra no capital da FCC numa altura em que a empresa lança um plano estratégico para reduzir o seu endividamento bancário e para voltar a dar resultados positivos.

Segundo os últimos resultados, citados pelo El País, a empresa perdeu 607,6 milhões de euros no primeiro semestre do ano. Um número que contrasta com os 53,4 milhões em terreno positivo registados em período homólogo. A quebra é justificada pela insolvência da sua filial austríaca Alpine e pelo ajuste no valor dos activos em energias renováveis

http://www.publico.pt/economia/noticia/bill-gates-compra-de-6-da-construtora-espanhola-fcc-1609924


O Incógnitus tinha feito uma análise a esta empresa naquela série de artigos no SA, ""blood in the streets"
http://seekingalpha.com/article/779251-blood-in-the-streets-spain-part-3

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Claro que não deverá ter grande sucesso mas é uma história engraçada:

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Banco russo em sarilhos por não ter lido contrato alterado por cliente
09-08-2013 12:40
Dmitry Argarkov não gostou dos termos do contrato de cartão de crédito que o banco lhe enviou, pelo que digitalizou e alterou os termos do documento. Agora vai processar o banco por quebra de contrato.
 
Um russo de 42 anos vai processar o seu banco, acusando-o de não ter honrado os termos do contrato que assinou.

Dmitry Argarkov recebeu, como tantos outros, uma proposta para contratar um cartão de crédito do banco Tinkoff. Depois de ler os termos e condições do contrato, não ficou convencido, mas, em vez de deitar fora a carta, digitalizou-a e alterou os termos para serem mais do seu agrado.

Segundo a sua preferência, teria um crédito ilimitado com 0% de juros e, sempre que o banco não cumprisse com o contrato, seria obrigado a pagar-lhe mais de 68 mil euros de multa, explica o jornal britânico “Daily Telegraph”.

No caso de o banco optar por cancelar o contrato, seria obrigado a indemnizar o seu cliente em quase 140 mil euros.

Argakov enviou o contrato emendado e poucos dias depois recebeu o seu cartão, com a cópia do documento assinada pelo banco.

Recentemente, o banco decidiu processar o cliente por dívidas não pagas, no valor de pouco mais de mil euros, uma soma que, segundo o contrato assinado, não deveria existir. O juiz deu razão ao arguido, por não ter ficado convencido com o argumento do banco de não ter lido o contrato antes de o assinar. Baixou ainda o valor a pagar por Dmitry Argakov para apenas 400 euros.

Mas o cliente não se dá por satisfeito e agora vai processar o banco Tinkoff pelo valor de quase 550 mil euros por não honrar o contrato que celebrou com ele. O banco não se fica e contra-ataca com um processo por fraude. Caso seja considerado culpado, Argakov poderá ser condenado a quatro anos de prisão.


http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=26&did=117787

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Impressionante de facto.
E pensar que isto era o que se fazia à 5 anos...
Uma apresentação interna da NSA sobre este software: http://www.theguardian.com/world/interactive/2013/jul/31/nsa-xkeyscore-program-full-presentation

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Programa da NSA recolhe "quase tudo o que um utilizador comum faz na Internet"
ALEXANDRE MARTINS 31/07/2013 - 20:31
Jornal britânico The Guardian revela documentos facultados por Edward Snowden sobre o programa XKeyscore.

 
A Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos usa um programa para recolha de dados em larga escala que lhe permite aceder a "quase tudo o que um utilizador comum faz na Internet", incluindo o conteúdo de emails, mensagens privadas trocadas no Facebook e o histórico da navegação de sites, revela o jornal The Guardian.

O programa, chamado XKeyscore, já tinha sido referido de uma forma superficial pela revista alemã Der Spiegel, no início da semana passada, mas o jornal britânico publicou nesta quarta-feira uma apresentação interna da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês), facultada pelo analista informático Edward Snowden.

Descrito pela própria NSA como o seu programa "mais abrangente" com vista à recolha de dados, o XKeyscore permite perceber melhor uma das declarações mais polémicas de Edward Snowden durante as entrevistas que deu em Hong Kong ao jornalista Glenn Greenwald e à realizadora Laura Poitras: "Sentado na minha secretária, podia espiar qualquer pessoa, tu ou o teu contabilista, um juiz ou até mesmo o Presidente, desde que tivesse um endereço de email."

De acordo com a apresentação revelada pelo The Guardian, os analistas da NSA têm apenas de preencher alguns campos num formulário e acrescentar uma justificação genérica (num dos slides lê-se apenas "alvo em África") para fazerem a pesquisa. De imediato, têm à sua disposição "quase tudo o que um utilizador comum faz na Internet", incluindo actividade em tempo real, e sem necessidade de obterem um mandado judicial – segundo a lei norte-americana, só é exigido um mandado para espiar cidadãos norte-americanos e que sejam considerados suspeitos. Se os alvos da intercepção forem cidadãos estrangeiros, ou cidadãos norte-americanos em comunicação com estrangeiros, não é necessário um mandado judicial.

O XKeyscore permite pesquisar informação por nome, número de telefone, endereço de IP, palavras-chave ou pelo tipo de browser usado, avança o The Guardian. Podem ser feitas pesquisas "no corpo das mensagens de email", nos campos "Para, De, CC e BCC" e nos formulários disponibilizados por sites para que os utilizadores possam enviar mensagens, por exemplo.

Os documentos secretos da NSA revelam também a existência de uma ferramenta chamada DNI Presenter, que permite o acesso ao conteúdo de emails e aos chats e mensagens privadas do Facebook.

Bases de dados especiais com informação guardada durante cinco anos
O volume de dados recolhidos através do XKeyscore é de tal ordem que o conteúdo das comunicações só pode ser guardado por um período de até cinco dias. A metainformação (informação sobre a duração de uma chamada telefónica, por exemplo) é armazenada durante um mês. Num dos documentos a que o The Guardian teve acesso, lê-se que, em certas situações, "o volume de dados recebidos por dia só pode ser armazenado por 24 horas".

Para as informações consideradas "interessantes", a NSA desenvolveu bases de dados específicas, entre as quais uma chamada Pinwale, que pode ser pesquisada durante cinco anos.

Num esclarecimento enviado ao The Guardian, a NSA negou as "alegações de acesso generalizado e não controlado por parte de analistas aos dados recolhidos pela NSA".

"O acesso ao XKeyscore, assim como a qualquer outra ferramenta de análise da NSA, está limitado a funcionários devidamente autorizados. Para além disso, há uma variedade de controlos técnicos, manuais e de supervisão dentro do próprio sistema para prevenir a ocorrência de uso indevido deliberado", garante a Agência de Segurança Nacional.

Em Junho, numa das entrevistas que concedeu ao The Guardian, Edward Snowden admitiu que algumas das pesquisas feitas por analistas da NSA são alvo de controlo, mas disse que os supervisores não são muito exigentes. "É muito raro que sejamos questionados sobre as nossas pesquisas. E mesmo quando somos, normalmente a questão é posta desta forma: 'Vamos reforçar esta justificação'."

http://www.publico.pt/mundo/noticia/programa-da-nsa-recolhe-quase-tudo-o-que-um-utilizador-comum-faz-na-internet-1601891

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Off-Topic / Filhos do Vento
« em: 2013-07-16 10:04:32 »
O Público tem um conjunto de reportagens bastante interessantes sobre os filhos que os ex-combatentes portugueses na Guiné Bissau por lá deixaram.
Está muito bem feito e dá que pensar...

http://www.publico.pt/filhos-do-vento

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No tempo da guerra colonial havia quem lhes chamasse "portugueses suaves", agora, há entre os ex-combatentes quem prefira "filhos do vento". A maioria dos filhos de militares portugueses com mulheres guineenses guarda pedaços de história incompletos, com a ambição de que um dia esses poucos dados os venham a reunir aos pais.

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Comunidade de Traders / Irlanda
« em: 2013-06-27 15:12:25 »
Penso que não havia ainda nenhum tópico específico sobre a situação da Irlanda.

Grosso modo, a Irlanda faliu porque obrigou os contribuintes a suportarem as astronómicas perdas dos bancos.

Fica aqui o caso do Anglo Irish algo brutalmente criminoso e que tirou apenas 30 mil milhões aos irlandeses.

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Banqueiros que tramaram a Irlanda vão ser investigados após revelação de gravações comprometedoras
26 Junho 2013, 15:35 por Eva Gaspar | egaspar@negocios.pt


A revelação de que gestores de um dos maiores bancos do país, o Anglo Irish, terão ludibriado leviana e intencionalmente o Estado está a chocar a Irlanda. Primeiro-ministro abre investigação e exige do anterior Governo explicações sobre o que o levou a oferecer garantias de Estado sobre toda a dívida dos bancos, abrindo a porta à falência da própria Irlanda.
O Governo e o parlamento da Irlanda vão desencadear uma investigação ao resgate desastroso de um dos maiores bancos do país, o Anglo Irish Bank, na sequência da revelação de gravações de chamadas telefónicas datadas de 2008 que demonstram que antigos directores da instituição financeira esconderam de forma deliberada e leviana a verdadeira dimensão das perdas prováveis do banco.
 
Enda Kenny, o actual primeiro-ministro, anunciou a investigação e acusou o anterior chefe de governo, Brian Cowen, e outros membros do Fianna Fail de terem formado um "eixo de conluio" para proteger os bancos à custa de riscos enormes para os contribuintes.
 
Kenny frisou que a investigação terá de fazer luz sobre a reunião misteriosamente indocumentada que Cowen manteve em Setembro de 2008 com os principais banqueiros irlandeses e da qual saiu a decisão surpreendente – e muito contestada à época pelos parceiros da Zona Euro – de oferecer garantias de Estado a todos os credores contra eventuais perdas dos bancos irlandeses.
 
O Anglo começou por usar garantias do Estado de sete mil milhões de euros mas acabou por receber dos cofres públicos um resgate de 30 mil milhões de euros, contribuindo de forma decisiva para o colapso das finanças públicas do país que, em finais de 2010, se converteu no segundo Estado do euro a pedir assistência financeira internacional.
 
Três dos principais directores do Anglo enfrentam acusações criminais relacionadas com alegada fraude contabilística e o ex-CEO David Drumm fugiu para os Estados Unidos onde declarou falência em 2010, recusando-se a pagar as suas dívidas pessoais ao Anglo, superiores a 8,5 milhões de euros.
 
O caso sofreu um novo golpe nesta semana, depois de o jornal “Irish Independent” ter começado a divulgar chamadas telefónicas efectuadas em 2008 entre altos responsáveis do Anglo e gravadas pelo próprio banco.
 
Na primeira das gravações reveladas, um gestor (Peter Fitzgerald, director de Tesouraria do Anglo)  pergunta ao outro (John Bowe, director do departamento de mercado de capitais) como chegou ao número de sete mil milhões de euros para se pedir de ajuda ao Estado, e este responde, rindo: “como diria Drumm, tirei-o do rabo”.
 
Na conversa, Bowe diz que a melhor estratégia é fazer com que o Estado meta progressiva e discretamente mais dinheiro no banco, empolando o argumento de que deixar a instituição cair será pior para todos. Com um pouco de sorte, acrescenta, o banco ainda acaba nacionalizado e os dois conservam os seus cargos – o que veio, efectivamente, a suceder.
 
O próprio Drumm também é apanhado numa outra conversa telefónica com Bowe, agora a gozar com preocupação do banco central de que estariam a “abusar” da garantia de Estado que lhe fora concedida para captar depósitos de outros países, designadamente do Reino Unido e da Alemanha, criando uma situação ainda mais difícil para o Governo irlandês no contexto da União Europeia.

"Não vamos fazer nada gritante, mas ... temos que conseguir o dinheiro ... arranja a 'merda' do dinheiro", ordena a John Bowe. Bowe concorda. E canta uma versão-comédia do hino alemão e (numa tradução limada) diz estar a borrifar-se para as preocupações dos britânicos.
 
A revelação destas conversas "chocantes" arrisca-se a tornar ainda mais complicada a missão do Governo que gostaria que parte da dívida bancária irlandesa fosse retroactivamente assumida pelo fundo de resgate do euro (o Mecanismo Europeu de Estabilidade, MEE), aliviando a dívida pública irlandesa, que seria assim parcialmente transferida para a esfera de responsabilidade do conjunto dos Estados (e contribuintes) dos países do euro. O assunto, enquadrado na criação da união bancária e, dentro desta, de um mecanismo único de resolução de bancos, está na agenda da cimeira europeia desta quinta e sexta-feira. "Torna-se mais difícil, é claro que sim, mas vamos continuar a trabalhar para conseguir o melhor resultado possível para os contribuintes irlandeses", disse Eamon Gilmore, vice-primeiro-ministro da Irlanda.


http://www.jornaldenegocios.pt/economia/europa/uniao_europeia/zona_euro/detalhe/irlanda_investiga_banqueiros_que_ludibriaram_e_tramaram_o_pais.html


O link com diversas gravações entre os responsáveis do banco. Se tiverem tempo e paciência ouçam porque aquilo é um autentico manual de como roubar o estado.
http://www.independent.ie/blog/listen-to-the-full-anglo-recordings-29367462.html


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Off-Topic / O futuro do cinema
« em: 2013-06-14 14:45:57 »
A opinião de 2 senadores desta industria.

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Spielberg e Lucas prevêem a implosão de Hollywood - e do paradigma que ajudaram a criar
JOANA AMARAL CARDOSO 14/06/2013 - 12:23

Steven Spielberg revela que Lincoln esteve em risco de não chegar às salas e de estrear na HBO.

 
Steven Spielberg e George Lucas não são estranhos ao acto de olhar para o futuro – nem à capacidade de mudar o mercado e a indústria do cinema. Será que quando ambos prevêem que os estúdios de Hollywood vão “implodir” e que o vídeo on demand será o futuro, o sector os ouve? Afinal, são os pais do blockbuster moderno, dos filmes de Verão que arrastam multidões, de marcos temporais chamados Tubarão e Guerra das Estrelas que, na década de 1970, alteraram a forma como o sistema cinematográfico mundial funcionava. Mas em 2012, Steven Spielberg viu-se em apuros para conseguir pôr Lincoln nas salas e esteve quase a estrear o seu filme nomeado para 12 Óscares no canal de TV por subscrição HBO.

Neste futuro iminente, “haverá grandes filmes num grande ecrã, e isso custará muito dinheiro e tudo o resto estará num pequeno ecrã”, disse Lucas quarta-feira em Los Angeles, numa conferência da Escola de Artes Cinematográficas da Universidade da Califórnia do Sul. “Já é quase assim. Lincoln (de Spielberg, nomeado para Óscar de Melhor Filme e Melhor Realizador) e Red Tails (2012, com Lucas como produtor executivo) mal chegaram às salas. Estamos a falar de Steven Spielberg e George Lucas não conseguirem ter os seus filmes nos cinemas.”

Spielberg não hesitou em falar em causa própria e exemplificou que no ano passado “foi por um triz” que Lincoln não se transformou num telefilme, estreado na HBO, e que só o facto de ele ser co-proprietário de um estúdio – a Dreamworks – é que fez o filme chegar às salas. “Acho que eventualmente os Lincolns vão desaparecer e vão estar na televisão.” No início do ano, Steven Soderbergh anunciou que iria abandonar o cinema porque Behind the Candelabra, o biopic sobre Liberace que esteve em Cannes há um mês, não conseguiu chegar às salas norte-americanas, tendo sido exibido exactamente na HBO.

O cinema, surpreendido pela televisão na década de 1950, atacado pelo vídeo nos anos 1980 e minado pela pirataria desde a década seguinte, vai continuar a mudar perante a mudança dos hábitos e a evolução tecnológica, rumo a preços de bilhetes mais altos e um crescimento galopante do vídeo on demand. A visão de Spielberg e Lucas centra-se num espectador individual com múltiplos ecrãs cada vez mais no centro da indústria, com os grandes estúdios e o seu poder financeiro cada vez mais encolhidos perante o recolhimento do cinema para situações caseiras. A sala de cinema como um nicho, no fundo, como descreve a Variety.

“Vai haver uma implosão em que três ou quatro, ou talvez mesmo meia dúzia destes filmes de mega-orçamentos se espalhem ao comprido e isso vai mudar o paradigma outra vez”, acredita Spielberg, falando da insistência dos grandes estúdios em apostar tudo num único título que custe centenas de milhões. De fora ficam filmes mais pessoais de jovens realizadores que, para Spielberg, são “demasiado à margem” para Hollywood – que, acredita o realizador de ET, não os sabe produzir. Lucas sente que o marketing para as massas é demasiado pesado e oneroso e que, no fim de contas, os públicos de nicho estão a ser ignorados, escreve a Hollywood Reporter.

Para Lucas, citado pela Variety, os estúdios estão fixados nos grandes filmes-acontecimento, que garantem resultados de bilheteira chorudos. Filmes que, com a ajuda do 3D, permitem corrigir a quebra na afluência às bilheteiras tanto pelo apelo da tecnologia quanto pelos bilhetes mais caros – no ano passado, o filme mais visto e mais lucrativo foi o blockbuster do importante segmento dos super-heróis Os Vingadores, que rendeu 1,1 mil milhões de euros mundialmente. Para Lucas, “isso não vai funcionar para sempre”, e o realizador de American Graffiti lamenta que essas escolhas estejam a limitar cada vez mais o tipo de filmes feitos em Hollywood. No futuro, “ninguém vai saber fazer mais nada”. “Eventualmente vai haver uma grande catástrofe”, postula Spielberg.

O dia depois do evento transformador acordará com uma paisagem diferente: “menos salas, salas maiores com muitas coisas boas. Ir ao cinema custará 50 dólares ou 100 ou 150, como o que custa hoje a Broadway ou um jogo de futebol”, descreve Lucas, que acredita os filmes ficarão em exibição durante um ano, como acontece com as peças da Broadway. Spielberg exemplifica: “Vão ter de pagar 19 euros para ver o próximo Iron Man. Provavelmente só terão de pagar cinco para ver Lincoln.”

Quanto aos conteúdos que não cheguem às grandes salas, serão cada vez mais alimento do VOD, da Internet e da própria televisão, cuja produção actual, especialmente nos canais por subscrição, considera bem mais inovadora. “Acredito que, no fim de contas, filmes como Lincoln vão deixar o grande ecrã para ser apenas difundidos na televisão.”

 Os dois amigos, realizadores e produtores, falaram também sobre os videojogos – aos quais não são estranhos - e a sua capacidade de criar empatia com as massas, comLucas a prever que nos próximo cinco anos a indústria dos jogos apostará em conteúdos destinados a raparigas e mulheres – algo que, na década de 1980, foi conseguido na era das salas de jogo e das máquinas de grandes dimensões, com PacMan, a alternativa a jogos com mais apelo masculino focados em batalhas ou desportos, por exemplo. Isso “será o Titanic da indústria dos jogos”, diz Lucas. Spielberg aposta na imersão e na mudança dos comandos e da envolvência dos jogos para além dos ecrãs.

http://www.publico.pt/cultura/noticia/spielberg-e-lucas-preveem-a-implosao-de-hollywood-e-do-paradigma-que-ajudaram-a-criar-1597331

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