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Tópicos - mbarrela

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As ligações ao PCP e a aproximação a Mário Soares são alguns dos destaques do arquivo Mitrokhin.


Os temidos serviços secretos da antiga URSS estiveram activos em Portugal depois do 25 de Abril. Alguns detalhes foram agora revelados pelo jornal “Expresso”, que teve acesso ao pelo arquivo Mitrokhin.

Este conjunto de documentos com informações sobre os portugueses do KGB está depositado na Universidade de Cambridge, em Inglaterra.

O posto do KGB em Lisboa arrancou em Agosto de 1974, poucos meses depois da Revolução dos Cravos. Operava a partir do Hotel Tivoli, onde desde Julho desse ano se instalou provisoriamente a embaixada russa.

Os serviços secretos da antiga URSS tinham uma equipa de 14 agentes na capital portuguesa, todos com a cobertura legal de funcionários diplomáticos.

A ligação ao PCP

De acordo com o arquivo Mitrokhin, muitos colaboradores foram recrutados por indicação ou recomendação do Partido Comunista Português.

O chefe do posto “Leonid” chegou mesmo a encontrar-se com o líder histórico do PCP, Álvaro Cunhal, em Dezembro de 1974.

Mas, segundo os documentos agora revelados, o principal elo de ligação entre o KGB e o partido era o dirigente comunista Octávio Pato, nome de código “Patrick”, que numa ocasião passou “informação militar secreta sobre os americanos, obtida por um agente do PCP”.

Contactado pelo Expresso, o PCP “repudia veementemente velhas falsidades, calúnias e provocações anticomunistas”. Álvaro Cunhal também negou sempre qualquer ligação do partido à secreta soviética.

O arquivo Mitrokhin também faz referências a financiamentos da URSS ao Partido Comunista Português e também aponta o filho do então Presidente da República Costa Gomes como colaborador.

Namoro a Soares

Mário Soares também vem mencionado no arquivo Mitrokhin. São relatadas tentativas de aproximação ao então líder do PS, que chegou mesmo a receber o nome de código “Merkuriy”, um procedimento interno para identificar agentes ou pessoas que pretendiam influenciar.

Um agente “recebeu informações de ‘Merkuriy’ e uma carta endereçada a Brejnev”, mas os objectivos do KGB “não foram alcançados”, referem os documentos secretos.

Em 1979, os agentes da secreta de Moscovo tentaram infiltrar-se na base da NATO, da rádio Free Europe e nas embaixadas de Angola, Moçambique e Guiné-Bissau. Outros alvos foram os gabinetes da Presidência da República e do primeiro-ministro, entre outros.

Quando AD e de Sá Carneiro chegaram o poder, o objectivo passou a ser “influenciar a opinião pública” com vista à eleição de um Governo de esquerda. O KGB também tentou evitar a entrada de Portugal na CEE.

Também há referências a jornalistas ao serviço de Moscovo, que plantavam artigos nos jornais portugueses.

O arquivo Mitrokhin, agora disponibilizado, é considerado o maior conjunto de informação sobre os serviços secretos soviéticos.

O responsável pela fuga dos documentos secretos foi Vasili Nikitich Mitrokhin, ex-arquivista chefe do 1º directório principal do KGB.

Durante vários anos, Mitrokhin copiou arquivos com informações sobre agentes no estrangeiro e colaboradores. Em 1992, deixou Moscovo de comboio e dirigiu-se à embaixada britânica em Riga, na Letónia, onde começou a entregar os documentos.

Mitrokhin morreu em Inglaterra, em 2004.

in rr.sapo.pt



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Vou lhes contar um segredo: sempre que o governo diz ser necessário "estimular a economia por meio de um aumento nos gastos públicos", o que ele na realidade está dizendo é que irá aumentar os lucros de alguns empresários privilegiados (ou ineficientes) à custa dos pagadores de impostos.

Os keynesianos defensores desta doutrina jamais tiveram a coragem moral de colocar as coisas desta maneira.  Eles sempre dizem que tudo é apenas uma questão de "criar empregos", de "reaquecer a economia", de "fomentar o crescimento", de "melhorar o tecido social", ou de "ajudar os mais desfavorecidos".

Mas a crua realidade é esta: sempre que você apoiar um aumento nos gastos e um aumento no déficit orçamentário do governo (esqueça a ficção do "superávit primário", uma excrescência sem sentido inventada pelo FMI; o que vale é o déficit nominal), você está inevitavelmente defendendo privilégios aos empresários favoritos do governo.  Também está defendendo a socialização dos prejuízos daqueles empresários incompetentes que não souberam investir corretamente.

Isso vale para todo e qualquer tipo de aumento de gastos.  Se o governo disser que irá gastar mais com assistencialismo, os bancos irão financiar o déficit e os pagadores de impostos ficarão com os juros.  Se o governo disser que irá gastar mais com saúde, além dos bancos, as empresas do ramo médico — desde as grandes fornecedoras de equipamentos caros aos mais simples vendedores de luvas de borracha — também irão lucrar mais.

Por uma questão de justiça, vale dizer que nem todos os keynesianos tentam ocultar o que é evidente.  Um de seus mais brilhantes representantes, Hyman Minsky, deixou bem claro em que consistia todo o teatro keynesiano: endividar o contribuinte para engordar o capitalista.  Leiam suas palavras em um de seus livros mais importantes, Estabilizando uma Economia Instável:

Citar
        Se o déficit público aumentar quando os investimentos privados e os lucros estiverem diminuindo, os lucros empresariais não irão diminuir tanto quanto diminuiriam na ausência deste déficit.  Com efeito, o Grande Governo serve para consolidar os lucros das empresas.

Direto ao ponto.  Sem embustes nem rodeios.

A verdade é que não há nenhum mistério nisso.  E é estranho que poucos abordem as coisas desta maneira.  O estado, quando decide "estimular" a economia por meio de mais gastos, pode fazer duas coisas: ou ele pode contratar uma empresa privada para fazer algum desatino qualquer (como construir um estádio de futebol), algo que os consumidores não teriam contratado por si mesmos, de maneira que estas empresas receberão uma injeção de dinheiro público na veia; ou ele pode executar seus dispêndios por meio de alguma estatal, o que inevitavelmente também gerará toda uma série de lucros privados, não apenas em prol de seus empregados, mas também e principalmente em prol de fornecedores, clientes etc.

E, novamente, em ambos os cenários, o déficit do governo será financiado pelos bancos, e os pagadores de impostos arcarão com os juros.

Não há escapatória: quando o estado se endivida e gasta, o que em última instância ele está fazendo é garantindo lucros a seus empresários favoritos, a maioria deles ineficientes.

Não há diferença prática entre o estado aumentar seus gastos para "estimular a economia" e o estado socorrer bancos ou terceirizar a gestão de algum serviço público para uma empresa privada em regime de monopólio.  Em todos eles está havendo transferência de recursos públicos para mãos privadas.  A única diferença teórica é que, nestes dois últimos exemplos, vemos com clareza como o dinheiro está sendo transferido dos pagadores de impostos para alguns capitalistas específicos, ao passo que, com os estímulos, muitos se limitam a aplaudir sem perceber que eles próprios estão sendo espoliados.

Por fim, percebam a ironia das ironias: os maldosos liberais defensores da contenção dos gastos e do déficit zero são aqueles que, no final, se recusam a socializar os prejuízos privados e a enriquecer vários torpes capitalistas por meio da espoliação dos pagadores de impostos, ao passo que os intervencionistas "defensores do povo" são os principais aliados dos grandes empresários que obtêm grandes lucros simplesmente porque se beneficiam das consequências do aumento dos gastos do governo e do déficit público.

Gastos públicos, lucros privados.  É uma lástima que algumas pessoas ainda não tenham entendido de que lado realmente estão e quais interesses privados estão defendendo.

in mises.org.br

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O quase completo socialismo que impera na Venezuela voltou ao noticiário.:



Durante os últimos dois anos, a crise econômica do país vem se desenrolando a um ritmo crescentemente desastroso: à medida que a moeda foi se depreciando, a carestia foi se acelerando de maneira galopante.  Consequentemente, o governo decretou um abrangente controle de preços, o que fez com que a escassez de bens — inclusive alimentos e remédios — se intensificasse.  A escassez, por conseguinte, empurrou as pessoas para o mercado negro, o que elevou ainda mais os preços dos bens essenciais.

A lista de itens básicos ausente das prateleiras dos supermercados, que começou com papel higiênico — o que levou o governo a ocupar uma fábrica de papel higiênico, com o uso maciço de força militar, para garantir uma "distribuição justa" dos estoques disponíveis —, foi gradualmente se expandindo para abranger também absorventes, xampu, farinha, açúcar, detergente, óleo de cozinhar, pilhas, baterias e caixões.

E, por causa do aparelhamento e da subsequente destruição da estatal petrolífera PDVSA, bem como do racionamento de preços da gasolina, a Venezuela, que é o quinto maior produtor de petróleo do mundo, teve de se tornar importadora de petróleo (outrora o principal item de exportação do país).

Citar


A escassez generalizada obrigou os venezuelanos a, rotineiramente, terem de pedir permissão para faltar ao trabalho e assim poderem ficar o dia inteiro em longas filas nas portas dos poucos supermercados que ainda têm alguns produtos à venda.

Além daqueles que se ausentam do trabalho, também há aqueles que acordam de madrugada para ir para as filas.  E há aqueles que vão para as filas no horário do almoço.  Os venezuelanos estão o tempo todo enviando mensagens de texto no celular para dar informações sobre filas.  Eles se transformaram em especialistas em filas.



Nessa reportagem, um jornalista da BBC tenta comprar apenas 8 itens básicos na Venezuela.  Ele só consegue comprar 3, tendo de recorrer ao mercado negro para conseguir o resto; e só no dia seguinte:
https://www.youtube.com/watch?v=1CMEmKe5mS0

A mais recente estimativa — mostrada no vídeo acima — é a de que um venezuelano gasta, em média, 8 horas por semana na fila de um supermercado para conseguir comprar itens essenciais.

Uma pesquisa do Instituto Cendas, que é venezuelano, revelou que mais de um terço dos gêneros alimentícios não mais são encontrados nas prateleiras de absolutamente nenhum supermercado.  Adicionalmente, os vegetais encarecem a um ritmo de 32% ao mês, as carnes sobem 22% também mensalmente, e o feijão dispara 130%, também a cada mês.  Consequentemente, o prato básico do venezuelano, contendo arroz e feijão, se tornou um luxo.

No entanto, o que está no noticiário atualmente — e que é a raiz de todo o desarranjo da economia venezuelana — é moeda da Venezuela, o bolívar.  O valor do bolívar está desabando feito uma pedra.  O gráfico a seguir, elaborado pelo professor Steve Hanke, da Johns Hopkins University, mostra a evolução da taxa de câmbio do bolívar em relação ao dólar americano.  A linha vermelha é a taxa de câmbio oficial declarada pelo governo; a linha azul é a taxa de câmbio no mercado paralelo.



Taxa de câmbio bolívar/dólar no mercado paralelo (linha azul) versus taxa de câmbio oficial declarada pelo governo (linha vermelha)

Vale ressaltar que, como mostra o gráfico, em agosto do ano passado, um dólar custava 100 bolívares no mercado paralelo.  Em meio desse ano, o bolívar já havia desabado acentuadamente, com um dólar valendo 300 bolívares.  Agora em agosto, o dólar já está se aproximando dos 700 bolívares.

Isso implica uma desvalorização da moeda nacional de 86% em apenas um ano.

O Banco Central da Venezuela, obviamente, parou de divulgar os valores oficiais da inflação ainda em dezembro de 2014, quando a cifra calculada pelo próprio governo havia chegado a 68%.

Essa desvalorização do bolívar está fazendo a carestia disparar na Venezuela.  Para economias altamente estatizadas, a desvalorização de uma moeda no mercado paralelo — que é o único verdadeiro livre mercado operando nessas economias — é o mensurador que melhor estima o real valor dessa moeda.  O princípio da paridade do poder de compra (PPP), o qual vincula alterações na taxa de câmbio a alterações nos preços, permite estimativas confiáveis para a inflação de preços.

O gráfico a seguir, também do professor Hanke, mostra a evolução da verdadeira inflação de preços que está ocorrendo na Venezuela:



Inflação de preços oficial divulgada pelo governo (linha vermelha) versus inflação de preços implícita (linha azul) acumuladas em 12 meses.


Ou seja, a atual inflação de preços na Venezuela — a real, e não aquela divulgada pelo governo — ultrapassou o estonteante valor de 800% ao ano, o que mostra que o país está em hiperinflação.

Essa combinação de hiperinflação e rígido controle de preços — recurso favorito dos governos populistas — está gerando o supracitado desabastecimento generalizado, esvaziando as prateleiras dos supermercados do país

Com uma moeda inconversível e que ninguém quer portar — nenhum estrangeiro está disposto a trocar sua moeda pelo bolívar, pois não há investimentos atrativos na Venezuela —, nenhum empreendedor na Venezuela está tendo acesso a dólares.

E, sem acesso a dólares, todas as importações, mesmo a de produtos básicos e essenciais, como remédios, estão praticamente paralisadas.

O suprimento de remédios está acabando. Salas de cirurgia estão fechadas há meses, não obstante centenas de pacientes estejam na fila de espera para cirurgias.  Algumas clínicas privadas são capazes de manter a sala de cirurgias funcionando porque conseguem contrabandear dos EUA, sem que o governo venezuelano possa interceptar, remédios essenciais.

Com a falta de remédios, os venezuelanos estão tendo, humilhantemente, de recorrer a medicamentos para cachorro.  Como consequência, os próprios cachorros também começaram a sofrer, já que esse aumento da demanda por medicamentos veterinários está diminuindo a oferta disponível de remédios para serem usados nos próprios cachorros.

Está havendo também uma escassez de contraceptivos, o que vem aumentando a taxa de gravidezes indesejadas no país.  Para piorar, também há escassez de fraldas e leite, itens essenciais para os recém-nascidos.

A revolta dessa venezuelana na fila do supermercado fala por si só:
https://www.youtube.com/watch?v=0JkwAPYTUcQ

A inconversibilidade da moeda venezuelana está causando até mesmo o desaparecimento da cerveja, uma vez que os produtores nacionais não mais estão conseguindo importar a matéria-prima necessária — malte e cevada — para a fabricação da bebida, pois não conseguem trocar bolívares por dólares.

A única entidade na Venezuela que ainda tem dólares é o governo, e é ele quem decide qual empresa pode receber dólares para importar bens.  No momento, por causa de sua escassez — e da acelerada perda de reservas internacionais, causadas justamente pela necessidade de importar itens básicos — a ração de dólares está suspensa.

Essa situação de penúria gerada por uma moeda inconversível e por controles de capital é fatal para todo o bem-estar de uma nação.  O economista austríaco Friedrich Hayek já havia alertado para isso.  Em seu livro O Caminho da Servidão, lançado no longínquo ano de 1944, ele alertou que:

       
Citar
Não há melhor exemplo prático de um abrangente controle econômico sobre todos os outros aspectos da vida do que na área do câmbio.

        À primeira vista, nada parece afetar menos a vida privada do que o controle estatal das transações em moeda estrangeira, e a maior parte das pessoas olha com total indiferença para a introdução dessa política. No entanto, a experiência de quase todos os países europeus ensinou-nos a considerar essa medida um passo decisivo no caminho do totalitarismo e da supressão da liberdade individual.

        Ela constitui, com efeito, a sujeição completa do indivíduo à tirania do estado, a eliminação definitiva de todos os meios de fuga — não somente para os ricos, mas para todos.

        Quando o indivíduo já não tem liberdade nem de viajar nem de comprar itens estrangeiros básicos, como livros e revistas, e quando todos os meios de contato com o exterior se limitam aos aprovados [pelo governo], o controle efetivo [sobre a população] torna-se muito maior do que o exercido por qualquer governo absolutista dos séculos XVII e XVIII.

Já Ludwig von Mises, em seu livro A Teoria da Moeda e do Crédito, publicado originalmente em 1912, já alertava:

Citar
        É impossível compreender totalmente a ideia de uma moeda forte sem antes entender que a própria ideia de moeda forte foi criada para ser um instrumento para a proteção das liberdades civis contra investidas despóticas de governos.  Ideologicamente, a moeda forte pertence à mesma classe das Constituições e da Declaração dos Direitos dos indivíduos.


Recentemente, uma foto de um venezuelano utilizando uma cédula de 2 bolívares como guardanapo para segurar uma empanada tornou-se viral na internet.  E o motivo é a perfeita ilustração do que Mises disse acima: se a moeda é fraca, ela perde toda a sua função de meio de troca, e passa a ser utilizada em aplicações mais cotidianas.



Uma cédula de 2 bolívares vale muito menos que US$ 0,01 (na prática, vale um terço de um cent, ou US$ 0,003).  Já um pacote de guardanapos custa, atualmente, de 500 a 600 bolívares.

Essa foto é pavorosamente parecida com as fotos oriundas do episódio da hiperinflação alemã na época da República de Weimar, em que o índice da inflação de preços mensal saltou de 100% em julho de 1922 para 29.500% em novembro de 1923. A cédula de 100 trilhões de marcos foi criada e as impressoras do Reichsbank passaram a imprimir dinheiro ao ritmo recorde de 74 trilhões de cédulas de marcos por semana.

Como consequência dessa inflação de dinheiro, os alemães passaram a utilizar as cédulas como lenha para fogueiras e para fogões.


   
Por ora, podemos apenas especular a extensão do estrago que esse episódio trará à poupança dos venezuelanos.  À medida que as notícias sobre a economia do país vão sendo reveladas, é inevitável não ter aquela sensação de horror.

Essencialmente, todos os governos do mundo controlam suas moedas da mesma maneira que o governo Maduro.  Varia apenas a intensidade com que cada governo destrói o poder de compra de suas respectivas moedas.  Ao redor de todo o mundo, o que temos no âmbito monetário é socialismo ouro, de modo que todas as moedas nacionais estão sujeitas unicamente ao poder político.

É inevitável imaginar (e temer) quantos outros desastres econômicos terão de ocorrer até que se torne claro que o socialismo — de todos os tipos, tamanhos e graus de intensidade — é impraticável, intolerável e indesculpável.

artigo original com links: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2177

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As Hiperligações forão retiradas do texto



China foi a grande salvadora da economia mundial em 2008.  A implantação de um pacote de estímulos sem precedentes como resposta à crise financeira daquele ano gerou uma explosão de investimentos em infra-estrutura.

Houve maciços e esbanjadores projetos de construção na China, os quais envolveram a construção de basicamente qualquer coisa que você seja capaz de imaginar.  Como explicado neste artigo:

Durante um período de apenas dois anos, 2011 e 2012, o qual representou o ápice da tão aclamada "agressiva política de estímulos" do governo chinês em resposta à recessão do mundo desenvolvido, a China consumiu mais cimento do que os EUA consumiram durante todo o século XX!


A voraz demanda por commodities a serem utilizadas nesse boom da construção civil fez com que os países emergentes produtores dessas commodities — como minério de ferro e petróleo — se beneficiassem desse crescimento chinês e fossem também impulsionados por esse crescimento.

Agora, no entanto, a economia chinesa atingiu o muro.  O crescimento econômico está abaixo dos 7% ao ano pela primeira vez em 25 anos, e isso segundo as próprias estatísticas oficiais do país — o que significa que os números reais provavelmente estão muito piores do que isso.

O Banco Central chinês vem adotando várias medidas para estimular a cambaleante economia.  Nos últimos 12 meses, a taxa básica de juros foi reduzida de 6% para 4,85%, sendo este o menor valor da história.

A fuga de capitais do país vem aumentando.  No segundo trimestre de 2015, US$ 766 bilhões saíram do país.  No primeiro trimestre, foram US$ 945 bilhões.  Só nas últimas sete semanas, mais de US$ 190 bilhões saíram do país.  Nas primeiras três semanas de agosto, US$ 100 bilhões já foram embora, não obstante todas as draconianas leis criadas pelo governo para impedir "saídas ilícitas de capital".

Como consequência dessa maciça fuga de capitais, o Banco Central chinês optou por desvalorizar a moeda chinesa (o renminbi).  Essa recente desvalorização da moeda foi uma medida desesperada e de última instância, a qual serviu apenas para sinalizar que a grande era do crescimento chinês está rapidamente chegando ao fim.

Em julho, as exportações tiveram uma queda de 8,3% em relação ao mesmo mês do ano passado.  Os analistas esperavam uma queda de apenas 1%, o que mostra que a situação chinesa é pior do que muitos estimam.

O mercado imobiliário chinês também se encontra em uma situação claudicante.  Os preços dos imóveis caíram acentuadamente após décadas de contínuo aumento.  Para os milhões de chineses que alocaram sua poupança no setor imobiliário, a situação é perturbadora.

Adicionalmente, a desaceleração econômica chinesa está enviando ondas de choque para todo o mercado de commodities.  O índice global de commodities, da Bloomberg, que acompanha os preços de 22 commodities, caiu para níveis que vigoravam apenas no início deste século.

O minério de ferro é uma matéria-prima essencial para alimentar as siderúrgicas da China; e, como tal, é um bom mensurador para o atual estado da construção civil chinesa.  O preço do minério de ferro no porto de Qingdao caiu para US$ 53 a tonelada, menos da metade em relação aos US$ 140 que vigoravam em janeiro de 2014.

Já os dados do setor industrial chinês são desanimadores.  O Índice de Gerentes de Compras (Purchasing Managers Index — PMI), o qual é um amplamente reconhecido e respeitado mensurador da produção industrial, caiu para 47.  Para ser considerado positivo, ele tem de estar acima de 50.  Sempre que o PMI cai abaixo de 50, o setor industrial está em contração.  Em julho, o valor havia sido de 48.  O atual valor é o menor da série histórica. [N. do E.: para o Brasil, este índice está em 47,2].

O bem-estar dos chineses


As duas áreas nas quais a nova riqueza dos chineses se manifestou explicitamente foram essas: telefones celulares e automóveis.  Esses dois mercados estão atualmente em contração.

O mercado chinês de telefones celulares é o maior do mundo.  No segundo trimestre deste ano, pela primeira vez na história, as vendas de celulares na China diminuíram.  Isso é um alerta de que os números oficiais do governo, que indicam um crescimento de 7% do PIB, são fictícios.

Virou moda falar que a China está vivenciando uma "saturação".  Essa "saturação" está se tornando uma nova realidade econômica na China.  Durante anos, empresas globais se acostumaram — aliás, o termo mais correto seria "foram mimadas" — com um crescimento econômico artificial.  Essa era acabou.

O problema é que vendas em queda são um fenômeno muito pior do que era de se esperar de um mercado meramente "saturado".  Um mercado "saturado" implica um crescimento de vendas pequeno ou, no máximo, nulo.  Quando as vendas entram em queda, é difícil culpar a "saturação".  Algo bem mais complexo está acontecendo, algo que os números oficiais se recusam a reconhecer.

Smartphones não são o único bem de consumo que está vivenciando essa débâcle de vendas em queda após anos de crescimento espetacular.  Vários outros produtos estão hoje vivenciando essa mesma contração.  Por exemplo, a venda de veículos na China — que é o maior mercado de automóveis do mundo, tanto em termos de produção quanto de vendas — declinou em junho e julho em relação ao mesmo período do ano passado.  Mas os incrédulos fabricantes seguem construindo plantas e ampliando as instalações.

Consequentemente, a Volkswagen, cujas vendas na China — seu maior mercado consumidor — vêm caindo há três meses seguidos, está hoje empenhada ao máximo em negar que esteja reduzindo sua produção para lidar com um problema de capacidade ociosa.  Sim, a VW está cortando a produção, "mas por outros motivos", segundo a empresa.  Capacidade ociosa é algo muito terrível no ramo automotivo.  Tal fenômeno simplesmente não pode ser admitido publicamente.

O que esperar

A maior ameaça para todo e qualquer regime político é esta: a frustração de expectativas otimistas.

Quando as massas começam a acreditar que as coisas só irão melhorar, e passam a acreditar que a atual ordem política fará com que as coisas só melhorem, então, caso essas expectativas se concretizem no curto prazo, o regime político irá se tornar obrigado a gerar uma contínua expansão da riqueza.  Mas se essa expansão desacelerar, e as massas não anteciparem essa desaceleração, o regime político passará a enfrentar um potencial risco de revolução.

Na China, as massas foram ensinadas a acreditar que o sistema sempre irá fornecer os bens.  E, ao longo das últimas três décadas, o sistema de fato forneceu os bens.  Os investidores que investiram no país acreditaram que poderiam enriquecer quase que automaticamente.  Hoje, eles estão descobrindo que as coisas mudaram.

A classe média chinesa que acreditou que o futuro traria dias cada vez melhores, e que saiu às compras por celulares e carros, está agora enfrentando uma nova realidade: as políticas keynesianas baseadas em expansão do crédito sempre geram uma contração.  A China ainda não havia vivenciado um ciclo econômico ao estilo ocidental.  Agora irá vivenciar.

A China é uma economia majoritariamente industrial.  Ao contrário dos países ricos, sua economia urbana não está baseada no setor de serviços; ela se baseia na exportação de bens de consumo.  Foi neste setor que todo o crescimento econômico se concentrou nos últimos 35 anos.  E é esse setor que agora está em recessão. [N. do E.: o IMB já havia anunciado a iminência de uma recessão industrial na China ainda no segundo semestre de 2012].

O mercado de consumo dos bens chineses, localizado no Ocidente, está secando.

É possível argumentar que a contração chinesa seria inerente ao ciclo interno da economia chinesa, até então baseada em crescimento contínuo sem recessão.  Em outras palavras, seria possível dizer que a contração é decorrente das políticas do Banco Central da China.  Os estímulos gerados pela expansão do crédito teriam se exaurido.  Isso significa que a recessão seria estritamente de geração interna.  Entretanto, em um país macicamente industrial que exporta para todo o resto do mundo, as causas da contração são duplas: de um lado, a demanda ocidental está em queda; de outro, as políticas de estímulo do Banco Central chinês não mais estão aditivando a economia.

O Banco Central chinês está explicitamente em pânico.  Ora eles anunciam que irão enrijecer; ora eles anunciam que irão adotar novas medidas de expansão.

Já o governo chinês nunca diz nada.  Ele não se pronuncia.  Os políticos chineses são comunistas da velha guarda e, como tal, não devem satisfação a ninguém no eleitorado.  Consequentemente, eles ficam de boca fechada.  Mas não há dúvidas de que o governo central exige que o Banco Central faça de tudo para manter a economia aquecida.  O problema é que, desta vez, o Banco Central não está conseguindo cumprir a exigência.

A dramática queda que vem ocorrendo nos últimos dois meses na bolsa de valores de Xangai é um indicativo da encrenca em que se encontra o governo central chinês.  O governo estimulou uma insana especulação na bolsa, o que faz com que seu índice mais do que dobrasse em apenas um ano.


Agora, o mercado está indo na direção oposta.


O governo está desesperado para impedir que a bolsa continue caindo, mas, até agora, o índice segue afundando feito uma pedra.  Tudo indica que já está havendo um pânico para sair desse mercado.  Isso é o que se deve esperar.  Tudo foi uma bolha, e a bolha está agora em processo de estouro.  Isso é o que sempre acontece com bolhas.

Investidores chineses não têm experiência com precificações feitas pelo livre mercado.  Eles partiram do princípio de que o mundo foi arranjado de modo a enriquecê-los.  Eles esperaram anos para entrar na bolsa de valores, e então, há um ano, eles começaram a entrar em revoadas.  Esse foi um caso clássico de estouro de uma bolha de ações gerada por uma economia que vivenciou uma expansão artificial.

Era comum ouvir esse mito a respeito do keynesianismo asiático: ele seria diferente do keynesianismo ocidental.  Os economistas keynesianos da Ásia, que não se auto-intitulam keynesianos, recorrentemente argumentavam que um planejamento econômico centralizado pelo governo, por meio do Banco Central, poderia sobrepujar os ciclos econômicos típicos das democracias ocidentais.  Eles estão prestes a descobrir que as leis econômicas são imutáveis em qualquer hemisfério.

in mises.org.br/Article.aspx?id=2170

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Boas, numa pesquisas pelo Google acabei por descobrir este fórum e nas diversas leituras que fiz nos tópicos aqui nesta secção, verifiquei que se discute algumas ideologias politicas e económicas, uns a favor do capitalismo, outros a favor do socialismos, uns mais liberais outros nem tanto, bem como alguns problemas económicos actuais, no entanto algo me intrigou, procurei pela palavra Mises no fórum e não retornou nenhum resultado.

Gostava portanto, saber se existe aqui alguém que conheça as obras de Ludwig von Mises bem como as teorias económicas austríacas?

Sendo eu um recente (uns meses largos) curioso sobre Mises e a Escola Económica Austríaca fiquei curioso por saber se existe mais pessoal interessado nos mesmos temas.

Cumps.

ps: peço desculpa se entrei aqui á papesseco ! :D

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