ja nao ha tempo para inverter o rumo antes de algo estalar
Concordo, mas a coisa ainda parece-me pior do que isso (uma simples questão de falta de tempo) por vários motivos.
Um deles é que não me parece que no rumo actual se esteja de facto a conseguir anular o desequilíbrio comercial.
(Por exemplo, nessa tabela porque é que o 3 trimestre de 2012 já está a piorar em relação ao segundo?)
Mas é claro que mais tarde ou mais cedo, e de uma forma ou de outra, esse equilíbrio será conseguido, porque as entradas liquidas de dinheiro não irão durar para sempre.
Mas há muitos outros motivos, e muito mais importantes, para achar que Portugal não vai resolver os problemas se continuar no rumo actual.
Desses, o mais importante é que não estamos dispostos a abandonar o welfare state a hiper-regulação pública, etc., pelo contrário - mesmo se é bastante óbvio que é ele a causa dos actuais problemas. (Por exemplo, a tanga do Seguro está a "passar bem", e actualmente o PS já deveria ganhar as eleições, apesar de terem sido eles os coveiros quase assumidos do pais, e do contraponto ser um par de partidos apenas marginalmente menos socialistas que o PS.)
Outro motivo é que as dividas portuguesas excedem imenso o problema estrito da divida publica (que aliás continua em crescimento - e não há perspectivas realistas de deixar de crescer). Em termos de dividas empresariais e privadas, Portugal tem dos piores numeros de todo o mundo (penso que agregados são mesmo os piores de todos!). Isso garante que um aperto publico que será inevitável (e que ainda quase não começou, porque para já continuamos com deficits publicos reais proximos dos 7% !!! ) vai espremer quem não tem qualquer capacidade de encaixe: Os particulares e as empresas.
Parece-me garantido que em Portugal vai rebentar o estado (pelo menos no sentido económico/financeiro - e esperemos que só nesse), e vão rebentar muitissimas famílias (no mesmo sentido), e vão rebentar a maioria das empresas (e nestas é "rebentar" num sentido mais final e definitivo do que no caso do estado e das familias).
A juntar a isto, há que realçar que a conjuntura externa deverá ficar incomparavelmente pior do que a actual, porque na Europa poucos paises se devem safar da enorme crise que aí vem, e para outros grandes (USA, Japão, etc.) não já hipotese nenhuma de escapar a um rebentamento tambem muitissimo doloroso (embora previsivelmente menos grave do que o nosso).
E depois, claro, alem destes problemas que foram directamente gerados por estados keynesianos, socialistas, amolecidos, mergulhados num politicamente correcto totalmente louco, hiper-gastadores e desmotivadores do esforço individual e até do esforço colectivo* (o que corresponde a uma crise civilizacional terminal), há ainda as limitações naturais com que o conjunto da humanidade se está a deparar pela primeira vez na história:
Esgotamento dos combustiveis fósseis, limites agricolas para fazer face ao conjunto da (gigantesca e crescente) população mundial, destruição de ecossistemas e de espécies animais (devida a uma pressão sem precedentes por parte da humanidade, devido aos números e ao actual poderio tecnológico), etc..
* Quem é que actualmente defende que se gastem recursos sérios na exploração espacial, por exemplo? Como é que isso compara com a vontade colectiva da nossa civilização de há uns 50 ou 60 anos?
Enfim, o mais proximo da situação actual é o rebentamento do Império Romano.
Só que o mundo agora é uma aldeia, e o rebentamento da nossa civilização não vai ser um fenómeno meramente local (quando visto à escala planetária) como foi o problema do Império Romano...