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Autor Tópico: Noites de Primavera/Verão  (Lida 308435 vezes)

Smog

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Re:Noites de Inverno
« Responder #880 em: 2014-03-10 18:40:48 »
muito giro :)
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Re:Noites de Primavera
« Responder #881 em: 2014-03-11 19:36:48 »
FIRST KISS

Smog

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Re:Noites de Inverno
« Responder #882 em: 2014-03-12 18:25:56 »
the first kiss é sempre especial. Pelo menos eu lembro-me sempre do primeiro com os homens que tive.
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jeab

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Re:Noites de Inverno
« Responder #883 em: 2014-03-12 18:34:56 »
O meu 1º beijo foi horrível ...  :-[

Sweet baby kissing her best friend
O Socialismo acaba quando se acaba o dinheiro - Winston Churchill

Toda a vida política portuguesa pós 25 de Abril/74 está monopolizada pelos partidos políticos, liderados por carreiristas ambiciosos, medíocres e de integridade duvidosa.
Daí provém a mediocridade nacional!
O verdadeiro homem inteligente é aquele que parece ser um idiota na frente de um idiota que parece ser inteligente!

Smog

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Re:Noites de Inverno
« Responder #884 em: 2014-03-12 18:39:10 »
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Voltou a sombra e voltaram as estrelas. Voltaram no céu de segunda-feira à noite, que estava cheio delas, sem uma única nuvem. A temperatura lá fora ainda não era morna, mas já não era fria de ficar fechado em casa, de costas para as galáxias.

Estamos na parte mais enganadora e deliciosa de Março, em que a ilusão da Primavera conhece picos de delírio de já estarmos perto do Verão. Em noites estreladas em que o ar tépido está parado, como se o vento respeitasse a nossa observação dos astros, basta inclinar a cabeça para olhar para o infinito cintilante e perdemo-nos mais uma vez.

Quase cheira a Verão: é da tontura da nossa pequenez. A Terra pode não ser o centro do universo, mas parece – e a parecença tem muita força. Se é tudo visto daqui, onde estamos, é difícil desconvencermo-nos de que não está tudo à nossa volta.

Portugal também está na ponta da Europa, mas, para quem cá está, numa noite morna, a olhar para as estrelas da noite, rodeado pelo mar aluado, apetece jurar que aqui é o meio do mundo, onde o mundo pára para pensar.

O tempo nas estrelas está no passado – algumas já morreram há muito tempo – , mas é agora que a luz delas nos chega. E agora, tal como aqui, também tem muita força.

É bom sabermos destas ilusões e que, com um pouco de trabalho, descobriríamos como é que as coisas são realmente. Aumenta o prazer não nos darmos a esse trabalho e satisfazermo-nos com o engano, pensando que todas as estrelas vão dar a cada um de nós.
mec
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Smog

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Re:Noites de Inverno
« Responder #885 em: 2014-03-13 19:39:56 »
The Matrix Reloaded : Motorcycle escape/chase (HD) ~umR best movie scene fest!


O que temos de fazer para salvar alguém.
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Smog

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Re:Noites de Inverno
« Responder #886 em: 2014-03-14 23:20:55 »
Matrix Reloaded 1- Kung Fu Fighting
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jeab

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Re:Noites de Inverno
« Responder #887 em: 2014-03-17 16:20:21 »
A professor stood before his philosophy class and had some items in front of him. When the class began, he wordlessly picked up a very large and empty mayonnaise jar and proceeded to fill it with golf balls. He then asked the students if the jar was full. They agreed that it was.

The professor then picked up a box of pebbles and poured them into the jar. He shook the jar lightly. The pebbles roll
ed into the open areas between the golf balls. He then asked the students again if the jar was full. They agreed it was.

The professor next picked up a box of sand and poured it into the jar. Of course, the sand filled up everything else. He asked once more if the jar was full.. The students responded with a unanimous ‘yes.’

The professor then produced two Beers from under the table and poured the entire contents into the jar effectively filling the empty space between the sand.The students laughed..

‘Now,’ said the professor as the laughter subsided, ‘I want you to recognize that this jar represents your life. The golf balls are the important things—-your family, your children, your health, your friends and your favorite passions—-and if everything else was lost and only they remained, your life would still be full. The pebbles are the other things that matter like your job, your house and your car.. The sand is everything else—-the small stuff.

‘If you put the sand into the jar first,’ he continued, ‘there is no room for the pebbles or the golf balls. The same goes for life.

If you spend all your time and energy on the small stuff you will never have room for the things that are important to you.

Pay attention to the things that are critical to your happiness.

Spend time with your children. Spend time with your parents. Visit with grandparents. Take your spouse out to dinner. Play another 18. There will always be time to clean the house and mow the lawn.

Take care of the golf balls first—-the things that really matter. Set your priorities. The rest is just sand.

One of the students raised her hand and inquired what the Beer represented. The professor smiled and said, ‘I’m glad you asked.’ The Beer just shows you that no matter how full your life may seem, there’s always room for a couple of Beers with a friend.
O Socialismo acaba quando se acaba o dinheiro - Winston Churchill

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Smog

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Re:Noites de Inverno
« Responder #888 em: 2014-03-18 19:01:21 »
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Não chegámos a ir à Islândia!




Acabei de pegar num livro que li há alguns anos. Já não me lembro de nada do que está escrito nas suas páginas. Nem da história, nem sequer do estilo. Lembro-me apenas que gostei muito de o ler. Na verdade, é exactamente essa a memória que tenho de nós os dois. Já não faço a mínima ideia de como foram os nossos dias juntos. Sei apenas que gostei deles.
 O livro chama-se Gente Independente e é de um escritor islandês. Sei isso porque uma das poucas coisas de que me lembro é que tu o conhecias. Eu não, apesar de ser eu quem o andava a ler.

- Estás a gostar? - perguntaste.
 - Sim.
- Porque é que andas a ler um autor islandês?
- Porque me ofereceram este livro. Só isso.

 Deste-me um abraço e afogaste a tua vontade de rir no meu peito, como se te quisesses aninhar na minha camisola de lã grossa. Achavas que era estúpido andar a ler um livro sem me informar sobre o autor. Depois respiraste fundo.

- Um dia vamos os dois à Islândia! - decidiste.
- Está bem.

 Encontrei-te muitos anos depois, numa altura em que já não te aninhavas em mim. Demos dois beijos na face e perguntámos um ao outro como estávamos. Bem, respondemos abanando os ombros. De um Amor de Verão pode não sobrar quase nada, a não ser a memória de que foi bom.

- Quando duas pessoas marcam uma viagem para data incerta, para um futuro qualquer, é uma forma de prometerem que querem ficar juntas até lá...
- Não chegámos a ir à Islândia! - respondi.

 Sorriste.




 Publicada por Bagaço Amarelo   à(s) 14:16  7 comentários       

 Etiquetas: crónicas de engate
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vbm

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Re:Noites de Inverno
« Responder #889 em: 2014-03-19 17:02:48 »



«A palavra é curva. Nunca atinge
 o alvo. Só o silêncio
 é recto.
 Mas a chama de um e de outro
 limpa a lepra do tempo
 e descobre a fonte branca
 como o desenho latente que na página respira.»

A.R. Rosa


Smog,

Diz lá se este post(al)
não é bonito.

:)

Smog

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Re:Noites de Inverno
« Responder #890 em: 2014-03-19 19:46:58 »
Lindo Vasco.
Feliz Dia do Pai. :)
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Smog

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Re:Noites de Inverno
« Responder #891 em: 2014-03-26 19:08:12 »
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LET´S CALL THE ALL THING OFF

 As pessoas não mudam. Nem por amor, nem por dinheiro, nem mesmo por outra imaterialidade ou materialidade qualquer. Podem largar a pele, encarnar noutras, metamorfosearem-se, temporária, provisoriamente, só por um bocadinho, às vezes vidas inteiras, mas não mudam. A natureza está nelas a ferro e fogo, como se nascessem com a fé ou com a falta dela. Normalmente, é o amor que as demanda: o outro exige-lhes nada menos do que a perfeição; idealizarem-se parceiros durante meses e anos tem depois destas coisas: só queremos do bom e do melhor. Além de acharmos que a tanto temos direito - o que é totalmente verdade. Tornamo-nos tirânicos, comportamo-nos como novos ricos com o nosso amor, fazemos-lhe exigências absurdas, assim tipo mandar o empregado do restaurante equilibrar a flute do champanhe na ponta do nariz. E depois, somos contraditórios, tal a nossa arrogância de amadores: queremos as coisas à nossa maneira, independentemente da vontade do outro, embora lhe perguntemos se está bem assim, numa aparência de democraticidade que comove. Só para que o outro, seguindo as regras do jogo senão lixa-se, diga que sim, que está muito bem. Mas também não pode ser um assentimento a roçar o submisso, a cedência imediata, pois assim perdemos o respeito e o outro lixa-se à mesma. A coisa tem de ser de tal forma hábil que pareça que aquelas duas vontades se encontram por acaso no firmamento e puf!, delas saiu uma determinação comum inabalável. Já a oposição frontal e desafiadora pode ser fatal, daí que o não querer o mesmo que o outro quer, tem que ser uma ideia largada devagar, como um lais de guia suavemente a desfazer-se enquanto o barco aquece o motor e se afasta no silêncio das águas escuras. Primeiro, lançar a dúvida razoável, antes de contra-argumentar; ver a hesitação fermentar no outro, apanhar-lhe o flanco a jeito e acrescentar mais um ou outro senão, fazendo-o sempre crer que a dúvida brotou espontaneamente da sua argúcia e raciocínio, e não que lhe foi subtilmente incutida. Assim se vão mantendo os equiliíbrios do mundo, os do amor e os outros. Com base na mentira piedosa, na omissão, no compromisso, no jeitinho, no carrega ali e empurra aqui, no aguenta além. Isto é assim porque as pessoas são todas diferentes, logo, querem coisas diferentes: para si e para os que as rodeiam. E não mudam. Mas como se querem e se precisam e se amam e ficam doidas se umas sem as outras, insistem em moldar-lhes os contornos às suas próprias curvas. A harmonia, sobrevalorizada, é sempre uma elevação momentânea que prolongamos artificialmente em nome das harmonias posteriores, das mais valias que contamos vir a obter. Existem apenas sinapses de entendimento perfeito, como se por segundos abarcássemos o outro todo. Mas noventa e nove por cento do tempo andamos aos papéis, a fazer força para que os outros nos agradem e que, por estes, nos sintamos agradados, tentando não nos arrepender da escolha que fizemos, a atrofiar os sonhos. Mas o mais extraordinário disto tudo é que, com toda a inteligência que nos foi dada, mais o instinto de auto preservação com que fomos dotados (esse de nos enfiarmos em conchas para não sofrer, de nos armarmos até aos dentes ao primeiro sinal do armagedão emocional, de chamarmos à colação todas as más experiências de vida), voltamos sempre a cair no mesmo: uma e outra vez, a tentarmos mudar quem queremos que encaixe nas nossas vidas, empurrando-o até passar pelo buraco da agulha da nossa aprovação. Quando bastaria olharmo-nos e ver em nós o maior exemplo de que não mudámos, nem por nada nem por ninguém. Apenas fingimos por uns tempos. É por isso que sacar um juramento com o fito de inibições futuras, ou seja, à base de condições de facere e de non facere, é o acto mais humano e, ao mesmo tempo, mais violento que podemos impor ao outro.
Sofia Vieira
in.www.controversamaresia.blogs.sapo.pt









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Smog

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Re:Noites de Inverno
« Responder #893 em: 2014-03-31 19:06:12 »
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Gosto do que faço...




Confesso que gosto do que faço, mesmo que me dê muito trabalho e algumas preocupações. Gosto. Gosto de ouvir as pessoas, gosto de as ajudar, gosto de conversar, gosto de aprender, gosto de ser um entre muitos, gente simples, gente dotada, gente sofredora, gente à espera de um sorriso, gente desejosa de ser compreendida, gente como eu, porque eu sou como o resto da gente. Partilho tragédias, dramas, alegrias e sou confessor, mentor e aparo qualquer dor. Converso de muitas maneiras, com palavras, com tiradas, com sorrisos e com silêncios. Não há dia que não aprenda, não há dia em que não saiba o que a vida é capaz de fazer. Amar, afrontar, ameaçar, matar, fazer rir e por outros a chorar é o quadro de um dia vulgar. Tudo anda num estranho pandemónio, nada para, nem o sol, nem as nuvens, nem as almas, nem os desejos, nem a esperança de um dia melhor.

A senhora, vestida de negro, mais velha do que parecia, não disse de imediato o que sentia, algo de estranho no seu doce olhar me dizia que tinha cicatrizes de sofrida. Explicou a sua situação com a morte de um filho ocorrido há três meses, a mesma idade da minha filha mais velha. Estremeci. Mas não ficou por aqui, um outro, deve ir a seguir, com doença. Fiquei por aqui. Tenho que me defender. A senhora, simples, humilde, nunca perdeu o sorriso, delicado, estranho, uma espécie de mistura de ignorância e de esperança. Agredeci-lhe. Não compreendeu ou fingiu que não compreendeu. Saiu, meia alma, meio humana. Eu fiquei dorido da alma e atormentado no corpo. Fui para outra freguesia. Vi gente. Aprendi com o que ouvi. Deliciei-me com histórias, risos, medos, sustos e outras coisas com pessoas diferentes, pessoas que são capazes de ensinar quando estão à minha frente penetrando estranhamente na minha mente. Agradeço à minha gente. Surgiu o gago, não o via há um ano. Castiço. O bigode ombreava com o seu doce sorriso e bailava com o seu tartamudear. Perguntei-lhe pelo cinto com a fivela da Harley. Abriu os olhos e colocou de imediato as mãos no cinto, dizendo, não o trouxe. Como é que o senhor doutor se lembra do meu cinto? Como é que poderia esquecê-lo? Achei tão interessante a sua história. Como está a sua máquina? Está com problemas, queimou-se a bomba de água, e uma outra coisa qualquer, está no mecânico e tenho que pagar mais de quatrocentos euros! Fora isso, adoro a minha moto. Vou deitado a conduzir. Faz o gesto sempre a sorrir. Depois foi tempo para histórias, devaneios, manifestações de alegria, de felicidade, de risos e sei lá o que mais. A consulta foi residual. Estava bem, embora não se esquecesse do maldito desastre em que ia a mais de cento e oitenta a hora quando bateu na traseira de um carro. Ficou maltratado, perdeu parte de um pé e passou mais de dois meses no hospital, mas foi útil, senhor doutor, como não podia fumar deixei o vício. E um longo sorriso fez bailar novamente o seu olhar e o seu bigode. A conversa continuou, com ele, com outros, com outras e acabei por me enriquecer. Tanto meu Deus! Estou cada vez mais rico em histórias, em esperanças, em dores, em alegrias, em tudo que diga respeito à vida. Não posso deixar de agradecer ter vivido mais um dia e de o partilhar para ajudar quem queira saber qual o sentido da vida...





 Publicada por Salvador Massano Cardoso   à(s) 22:43  1 comentários   
   





 
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ana

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Re:Noites de Inverno
« Responder #894 em: 2014-04-02 22:52:28 »
Vou contar uma história. Havia uma rapariga que era maior de um lado que do outro. Cortaram-lhe um pedaço do lado maior: foi de mais. Ficou maior do lado que era dantes mais pequeno. Cortaram. Ficou de novo maior do lado que era primitivamente maior. Tornaram a cortar. Foram cortando e cortando. O objectivo era este: criar um ser normal. Não conseguiam. A rapariga acabou por desaparecer de tão cortada nos dois lados.
Herberto Hélder ♥


tudo bem smog:)?

Smog

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Re:Noites de Inverno
« Responder #895 em: 2014-04-03 19:02:10 »
tudo bem. estou a terminar de dar as notinhas que o período vai finalmente terminar. :)

andas muito desaparecida.
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Smog

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Re:Noites de Inverno
« Responder #896 em: 2014-04-03 21:16:58 »
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Rituais




Gosto de ler, mas não tenho muito tempo, cada vez tenho menos. À medida que o meu tempo avança, e o fim se aproxima, tudo se acelera, tudo se agiganta, como se assistisse a uma estranha dilatação do espaço onde me sinto meio perdido e meio achado. Consigo, mesmo assim, escrevinhar alguma coisa entre duas gotas de tempo que caem à minha frente. Escrevo para não sentir o frio incómodo da triste chuva da vida que sombreia e arrefece quase tudo o que me aparece. Vivo cada livro que leio, entro nas páginas, sejam quais forem, sento-me junto dos protagonistas, olho-os, ouço-os e desfruto as suas dores, angústias, prazeres e amores sem que me vejam, sem que sintam a minha presença. Não interfiro em nada do que fazem, dizem ou pensam, o único que muda sou eu.

Na semana passada telefonaram-me a dizer que tinham entregado na faculdade um pequeno volume vindo de Inglaterra. Fiquei intrigado, não tinha encomendado nada e quando faço uso a minha morada. O que será, pensei. Entretanto dei ordens para que o colocassem na minha secretária. Fiquei com curiosidade. Hoje, depois de ter dado a minha primeira aula, fui ao gabinete e vi o embrulho. Peguei e senti que deveria ser um livro. Como recebo livros de várias organizações, pensei que fosse mais um, mas estava manuscrito e fugia ao habitual. Abri o pacote e deparei-me com um livro, "Burial Rites" de Hannah Kent. Estranho! Eu não encomendei o livro. Abro-o e ao começar a lê-lo lembrei-me de há algumas semanas ter visto uma fotografia de uma rua onde numa livraria estava exposto o livro. As ideias começaram a associar-se à procura de um corpo comum, pronto para contar uma história. Foi então que li a dedicatória, letra cuidada, desenhada, traço inequivocamente feminino e, sobretudo, encantadora, "Outros rituais... I hope you like it... Gratidão/reconhecimento, belos momentos de evasão proporcionados pelas escritas de vexa no 4r... MM". Sorri. Nunca esperei que um dia pudesse receber um livro em "paga" do que tenho escrito. Um gesto doce que inebria os sentidos de quem anda à procura de algo que nem sabe o quê. Levei-o para a segunda aula. Assistiu à mesma, enquanto eu olhava-o com desejo de entrar nas suas páginas e viver aquele passado, drama, enredo e vida numa época e num local que sempre me fascinou, terras e gentes de sagas surpreendentes.

Gosto de rituais, gosto de jogar e falar com símbolos, uma língua muito diferente, mas que tranquiliza a minha mente. Agora vou lê-lo, vou entrar dentro das suas páginas para ver, ouvir, sentir e dormir com aquela gente, sabendo que posso fazer amigos ao longe, pessoas que pensam em mim, e que se sentem bem com aquilo que digo, penso, sinto e escrevo. Afinal é simples viver, basta escrever e, também, ler.





 Publicada por Salvador Massano Cardoso   à(s) 22:01  5 comentários       

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Smog

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Re:Noites de Inverno
« Responder #897 em: 2014-04-04 20:15:41 »
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Re:Noites de Inverno
« Responder #898 em: 2014-04-05 20:16:32 »
....deixou-nos o Dr. Mundinho de "Gabriela, cravo e canela"...... :'(



Morre ator Jose Wilker -



http://entretenimento.br.msn.com/famosos/luto-aos-66-anos-jos%c3%a9-wilker-morre-no-rj
« Última modificação: 2014-10-30 23:16:40 por Batman »

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Re:Noites de Inverno
« Responder #899 em: 2014-04-06 01:09:47 »
rip
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