Penso nisso, realmente. Nós vemos, ouvimos, percebemo-nos insertos
no que nos rodeia, perspectivamos o espaço, inferindo
a distância dos objectos ao nosso corpo,
pela grandeza maior ou menor
deles no nosso campo
de visão, o que
forma a noção
da tridimensionalidade do espaço.
Também temos consciência do perigo e do risco dos outros seres,
segundo a capacidade maior ou menor que têm de connosco embaterem, etc.
Porém, o facto é de a nossa consciência de viventes, a vibração do nosso respirar,
a total dependência do meio físico que nos envolve, a percepção do nosso estado
no meio do universo forma-se, medeia-se pelo corpo que nos forma,
ele próprio uma forma contígua de tudo o que há.
Eu não consigo entender como possa pensar
sem esta mediação do meio com o meu
corpo que distingo nítido do que lhe
é alheio, salvo o que absorvo
ou o que comungo com
o meu semelhante.
Morrer por certo faz parte do viver
mas o pensar não ocorre fora do viver.