Um governo que gasta 13,89G Euros em um país da dimensão de Portugal só em aquisição de bens e serviços não pode ser liberal. (Fui buscar o valor às contas consolidadas de Dez de 2013)
E para este ano tem alocado segundo OE retificativo 12,50G Euros para a mesma rubrica.
Eu não sou expert destas áreas e tenho tido alguma dificuldade em encontrar valores. Já ouvi falar em 11G, 13G Euros uma disparidade de valores. Fio-me dos que estão na execução de 2013, acho que devem ser minimamente fiáveis. (pág 46 -
http://www.dgo.pt/execucaoorcamental/SintesedaExecucaoOrcamentalMensal/2014/agosto/0814-SinteseExecucaoOrcamental_julho2014.pdf )
Mas sendo cauteloso vamos usar os 11G Euros.
Sabendo que a Troika emprestou 66G (78G, mas 12G eram para a consolidar entidades financeiras), podemos concluir que todos os anos apenas na aquisição de bens e serviços gasta-se 16,66% do valor que a Troika emprestou.
Se considerarmos os tais 13,89G Euros a percentagem é 21,05%
Se num ano arrebentamos com pelo menos 16,66% do valor do empréstimo da Troika só na aquisição de bens e serviços, como pode ser o governo liberal?
PPC desde o momento que foi eleito fica numa posição complicada. Por um lado tem que agradar ao eleitorado que votou em si pois estava farto do despesismo de governo
s (e sublinho
governos no plural), um eleitorado que podemos dizer seria centro-direita e por outro não quer alienar completamente o eleitorado mais à esquerda. Por isso nunca pode enveredar por uma política realmente liberal (se é que alguma vez o quis fazer).
E misturado a tudo isso tem que "enganar" a Troika, com medidas que passem a ilusão que os programas assumidos para termos direito ao empréstimo são cumpridos. Tudo isso sem mexer muito as águas turvas e interesses instalados a nível interno.
Logo há que passar uma imagem de liberal, para agradar uma grande parte de quem o elegeu e para agradar a Troika, mas ao mesmo tempo aplicando essas ideias ao mínimo possível, por forma a escandalizar o mínimo possível o eleitorado de centro-esquerda e também os beneficiários de transferência de capital público, como PPPs, sector energético, etc