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Autor Tópico: Este Governo  (Lida 597459 vezes)

Luisa Fernandes

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Re:Este Governo
« Responder #2500 em: 2014-09-14 14:17:12 »
O mais incompetente governo que Portugal já teve


Chefe de gabinete da ministra da Justiça resolveu demitir-se ao prever o falhanço do Citius
Colocação Por Sorteio?
Divergências com Carlos Costa e Governo sobre estratégia do Novo Banco levam à demissão de Vítor Bento
Dívida pública aumenta sete mil milhões de euros em três meses
Um Governo, um TC, oito chumbos
Caos nos centros de saúde. Regulador encontrou várias situações anómalas
Portugal é um dos países da OCDE onde a percentagem de jovens que não estudam nem trabalham mais tem crescido

A lista poderia continuar mas esta chega para ilustrar um governo que falhou todas as metas que ele mesmo tinha estabelecido. Um governo que em 3 anos virou o país de pantanas num passeio onde não teve oposição. Qual é a pressa? O que interessa é chegar ao poder, sem traições.
Neste fórum ainda há quem ache que este foi o melhor governo de sempre, no mínimo caricato, não?
« Última modificação: 2014-09-14 15:04:56 por Luisa Fernandes »
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Incognitus

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Re:Este Governo
« Responder #2501 em: 2014-09-14 17:05:18 »
Também há quem seja burro ao ponto de não compreender que as políticas dos governos anteriores faliram o país, levando a que este governo tivesse que tomar as medidas que tanto odeiam.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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vbm

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Re:Este Governo
« Responder #2502 em: 2014-09-14 18:21:59 »
Mas tomou medidas erradas,
como o próprio Victor Gaspar
reconheceu em Jul. 2013.

Zel

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Re:Este Governo
« Responder #2503 em: 2014-09-14 18:29:58 »
Mas tomou medidas erradas,
como o próprio Victor Gaspar
reconheceu em Jul. 2013.

o gaspar so eh burro qd diz o que nao queremos ouvir, de repente ficou genio e eh citado como prova irrefutavel sei la do que
« Última modificação: 2014-09-14 18:36:23 por Neo-Liberal »

Incognitus

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Re:Este Governo
« Responder #2504 em: 2014-09-14 18:31:01 »
Mas tomou medidas erradas,
como o próprio Victor Gaspar
reconheceu em Jul. 2013.

Mostra uma citação directa disso, em vez do que pensas que o Gaspar disse ...
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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Tridion

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Re:Este Governo
« Responder #2505 em: 2014-09-14 20:20:53 »
Bem, se a dívida disparar novamente para mais de 10%,  por causa do BES, vai ser difícil imputar essa responsabilidade ao anterior governo...
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tote

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Re:Este Governo
« Responder #2506 em: 2014-09-14 21:05:31 »
Bem, se a dívida disparar novamente para mais de 10%,  por causa do BES, vai ser difícil imputar essa responsabilidade ao anterior governo...

Eh pah! O que é que vc foi dizer.... vai irritar o homem  :D :D :D

vbm

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Re:Este Governo
« Responder #2507 em: 2014-09-14 23:18:33 »
Mas tomou medidas erradas,
como o próprio Victor Gaspar
reconheceu em Jul. 2013.

Mostra uma citação directa disso, em vez do que pensas que o Gaspar disse ...

Foi o que disse na carta de demissão.

Que as medidas adoptadas não surtiram
os efeitos previstos e desejados;
pelo que, reconheceu
terem sido medidas
erradas.

E censurou, também, não ter sido seguido
o cânone de redução do défice em 2/3
por diminuição da despesa pública
e 1/3 por aumento de impostos!

Parece-me que isso tem de conseguir-se,
o governo tem de dar o exemplo,
cortar cerce nos salários
e no emprego público,
mesmo que isso
implique

um racionamento da oferta
dos serviços públicos.

O Estado também aí deve secundar
o exemplo primeiro a ser dado
pelos governantes:

trabalhar mais e melhor
e com menos recursos,
i.e., sem desperdício.

É assim, o resto é música de violino.

Pode ser proibido proibir importações:
- mas tudo deve fazer-se para o consumo interno
ser satisfeito por produção no país,
mesmo que se paguem
multas a Bruxelas!


E já estou farto de ouvir falar dos mercados,
pois como disse  Pacheco Pereira - e vocês
sabem-no muito bem - «os mercados
são máquinas não são uma coisa
da natureza.
»

O (equi)vale a dizer que os mercados,
para lá de só conseguirem funcionar,
- como o que quer que seja que exista -,
obedecendo às regras e leis da natureza,
também só obedecem à lógica maquinal
de se adequarem ao que se verifica
estar a agir na sociedade,
pelo que lhes resta tão
só obedecerem
à vontade política que se lhes imponha!

O resto, é música de violino, e nada mais.

Incognitus

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Re:Este Governo
« Responder #2508 em: 2014-09-15 00:39:42 »
Não surtirem os efeitos desejados não é a mesma coisa que dizer que são medidas erradas. Tal como um medicamento não ter todo o efeito desejado não significa que seja o medicamento errado.

Existiam essencialmente 2 medidas adicionais que podiam ter sido usadas: sair do euro e não pagar a dívida. Em todo o caso não se evitava a austeridade.
« Última modificação: 2014-09-15 00:41:03 por Incognitus »
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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Mystery

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Re:Este Governo
« Responder #2509 em: 2014-09-15 09:35:16 »
O mais incompetente governo que Portugal já teve


Chefe de gabinete da ministra da Justiça resolveu demitir-se ao prever o falhanço do Citius
Colocação Por Sorteio?
Divergências com Carlos Costa e Governo sobre estratégia do Novo Banco levam à demissão de Vítor Bento
Dívida pública aumenta sete mil milhões de euros em três meses
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Caos nos centros de saúde. Regulador encontrou várias situações anómalas
Portugal é um dos países da OCDE onde a percentagem de jovens que não estudam nem trabalham mais tem crescido

A lista poderia continuar mas esta chega para ilustrar um governo que falhou todas as metas que ele mesmo tinha estabelecido. Um governo que em 3 anos virou o país de pantanas num passeio onde não teve oposição. Qual é a pressa? O que interessa é chegar ao poder, sem traições.
Neste fórum ainda há quem ache que este foi o melhor governo de sempre, no mínimo caricato, não?



O problema do país é que está na mão de incompetentes. Devíamos colocá-lo nas mãos da sindicalista, do pseudo-brazuca e do funcionário da câmara. Estes sim têm competência e legitimidade democrática para governar.
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vbm

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Re:Este Governo
« Responder #2510 em: 2014-09-15 12:48:38 »
Não surtirem os efeitos desejados não é a mesma coisa que dizer que são medidas erradas. Tal como um medicamento não ter todo o efeito desejado não significa que seja o medicamento errado.

Existiam essencialmente 2 medidas adicionais que podiam ter sido usadas: sair do euro e não pagar a dívida. Em todo o caso não se evitava a austeridade.


Compreendo a analogia 'farmacológica'
e não nego que o governo tentou
resolver as dificuldades.

Fê-lo muito `'trouxe-moche',
e Victor Gaspar desaprovou
a política 'medicamentosa'
que aplicou, nem sempre
do seu agrado.
(Ele e o primo
não serão tão desiguais
quanto possa supor-se.)


Em tempo de crise financeira,
tem de obedecer-se a alguma
forma de 'ditadura financeira'.

Paulo Portas recusou ser o nº 3.

O ajustamento económico-financeiro
foi impossibilitado em parte por ele.

Luisa Fernandes

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Re:Este Governo
« Responder #2511 em: 2014-09-18 14:26:03 »
Caos na Justiça (a saga para privatizar a justiça vai de vento em popa)

A equipa de desenvolvimento do Citius avisou diversas vezes das deficiências do software - problemas de escalabilidade. A ministra fez ouvidos de mercador. A equipa demitiu-se em bloco.

A ministra nao recebeu a equipa e os técnicos do citius em altura própria. Depois da casa a arder após avisos com mais de um ano, e querendo assumir a responsabilidade, só há uma lição a tirar: demitir-se.

A Sra Ministra diz não haver caos. Porém vamos aos factos: se um advogado enviar uma peça processual para um processo existente, não é incorporada ao processo; vai não sabemos para onde; se apresentarmos uma nova ação para o dito novo citius , a ação é aceite, porém não é distribuída. Vai não sabemos para onde; Se tentarmos consultar um processo no tribunal é todo possível encontra-lo. Isso não será um caos?!..Além disso em tempo a ordem alertou a Sra ministra para os problemas que adviriam e ela fez "ouvidos mocos".Podemos afirmar que neste momento o caos é completo.
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Re:Este Governo
« Responder #2512 em: 2014-09-18 14:30:25 »
Privatizar a justiça comercial e torná-la um centro de negócios para Portugal E exterior seria uma óptima ideia. Seria mais justo, mais barato, mais eficiente e tenderia a criar para Portugal mais um serviço para vender ao exterior.

Exactamente qual a razão para te opores a tal coisa? (diga-se que também acho que ninguém a propõe, mas é uma coisa relativamente óbvia, em que os contratos ditam onde serão derimidos os conflitos, e existindo justiça privada certamente que as partes escolheriam em média os locais mais justos, eficientes e baratos).
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Thunder

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Re:Este Governo
« Responder #2513 em: 2014-09-19 16:14:51 »
Preferir democracia directa à representativa é uma opção difícil de compreender, porque a inteligência aumenta com a livre expressão directa do pensar de cada um, mas para governar impõe-se concatenar as ideias em um pequeno número de ideias-força, e isso resulta melhor por intermédio de representantes adequados. Porém, eu penso que o 'gargalo de estrangulamento' da democracia parlamentar está na deficiente produção legislativa que devia permitir mais iniciativa dos cidadãos e reprimir mais severamente actuações socialmente prejudiciais; a primeira das quais seria a  manipulação da comunicação social por lobbies corporativistas e sindicalistas que propagandeiam o que lhes é vantajoso, mesmo com o prejuízo do bem comum, e o desrespeito das pessoas individuais nos seus direitos de cidadãos.

A questão chave é como disseste: "representantes adequados". Anda-se nessa "busca" há décadas e o resultado pelo que se vê não é famoso.
Costuma dizer-se que insanidade é repetir os mesmos actos vezes sem conta e esperar um resultado diferente.
Na minha opinião, os representantes têm poderes a mais, tendo em conta o historial de má gestão e fraude que temos visto. Se os representantes não estão à altura para terem tanto poder nas mãos, não vejo grande opção, esse poder terá que ser cerceado. Parte desse poder deve voltar a quem elege os representantes, já que os mesmos não se mostram sistematicamente à altura das responsabilidades.


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Re:Este Governo
« Responder #2514 em: 2014-09-19 19:46:41 »
Uma das mais caricatas patologias políticas de que sofrem os nossos governantes é a “assumoaresponsabilidadite”, consistindo esta maleita no pundonoroso hábito de os ministros assumirem, com empáfia, responsabilidade sobre coisas que toda a gente sabe serem efectivamente da sua – deles – responsabilidade. Normalmente isso só acontece quando tal é tão evidente que, calculando vantagens e prejuízos, é melhor botar figura de franqueza. Ou quando o mandante que lhes dá corda – no caso, geralmente, o 1º ministro.

Ontem assistimos a duas dessas cenas. A ministra da justiça assumiu uma responsabilidade que todos sabemos ser sua; até pediu desculpa em tom de quem ralha aos destinatários. O Crato, na Assembleia da Republica, ensaiou coisa parecida naquele seu jeito atarantado de quem parece ter alguma coisa para dizer mas não sabe como. Há, até, assunções de responsabilidade que podem valer, como prémio, belos tachos – a presidência de uma grande empresa de construções, por exemplo.

Porque não assumir o que é óbvio e não tem consequências políticas ou legais? Até dá um certo ar de responsabilidade e magnanimidade. O que falta aqui dizer é que no mundo das relações públicas este tipo de tácticas são usadas porque empiricamente o público gosta. Tirem-se daqui as conclusões que se quiserem.
« Última modificação: 2014-09-19 19:47:18 por Luisa Fernandes »
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Re:Este Governo
« Responder #2515 em: 2014-09-19 22:58:27 »
Luísa, podias colocar a fonte por favor.

Aparentemente foi retirado de:
http://aventar.eu/2014/09/18/eu-assumo-tu-assumes/

E a parte final retirada da parte dos comentários.

E que já não sabemos quando são opiniões tuas, ou apenas "copiar e colar".
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Re:Este Governo
« Responder #2516 em: 2014-09-19 23:38:24 »
É sempre copy paste
"Como seria viver a vida que realmente quero?"

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Re:Este Governo
« Responder #2517 em: 2014-09-20 15:22:27 »
“O que tem valido ao SNS é a mãe, a Constituição, sem a qual já não existia”


 Apresentado muitas vezes como "o pai do Serviço Nacional de Saúde", António Arnaut afirma que, ao contrário de muitos políticos, é utente do SNS, tirando senha e aguardando cirurgias em lista de espera.



O SNS chegou aos 35 anos. Que balanço faz deste percurso?
Apesar de muitas insuficiências do SNS, o balanço é largamente positivo. Os resultados alcançados fazem do SNS o grande sucesso da democracia portuguesa. Esta afirmação não é poética nem metafórica. Se compararmos os nossos indicadores sanitários de 1979/80 com os actuais, vemos um salto qualitativo do fundo da tabela para os primeiros lugares do ranking mundial da saúde. Só na mortalidade infantil passámos de 40 mortos por 1000 nascimentos para menos de três. Antes do SNS havia 0,4 consultas por pessoa e agora há 4,5. É indiscutível que o SNS é a grande conquista social do 25 de Abril. Mas nos últimos anos, acentuando-se nos últimos três, assistimos a uma certa degradação ou debilitação do SNS com aumento das listas de espera, um certo racionamento de recursos, meios auxiliares de diagnóstico e medicamentos, falta de coisas essenciais, ao mesmo tempo que houve um crescimento do sector privado. Mesmo tendo consciência destas deficiências graves, temos de as considerar um epifenómeno. O SNS não é isso, é a dedicação dos seus profissionais e a capacidade de responder às necessidades das pessoas e o conforto que representa para todos com respeito pela dignidade de cada um.

É muitas vezes referido como pai do SNS. Como vê a relação do seu ‘filho’ com o sector privado?
Vamos à questão do pai. Sinto-me orgulhoso, a lei que criou o SNS é da minha responsabilidade. Claro que foi num governo chefiado por Mário Soares, mas foi por uma certa teimosia minha que houve a lei. Mas o SNS está a ser feito todos os dias pelos seus profissionais dedicados. Eu só dei o primeiro passo. Se o SNS tem progenitores, então verdadeiramente o que tem valido ao SNS é a mãe, a Constituição da República Portuguesa. Se não fosse a Constituição já não existia SNS. Quando fiz o SNS fi-lo precisamente em função do imperativo constitucional, ético e moral. Em Fevereiro de 1979 dei-me cinco meses para fazer a Lei de Bases do SNS e ao fim de um mês estava pronta. Tinha consciência de que tinha pouco tempo e de que havia grupos de pressão e de interesses instalados. Tive de enfrentar toda a direita parlamentar e algumas incompreensões dentro do meu próprio partido. A coisa singrou porque havia um grande apoio popular. Criou-se um tal entusiasmo que não se podia travar. O milagre do SNS não está apenas nos seus resultados, que são notáveis, mas está também em ter convertido os incréus e os que lhe eram hostis. Nenhuma pessoa bem formada pode deixar de apoiar uma reforma tão importante para a dignidade das pessoas e para a coesão social. O SNS acabou com a saúde enquanto privilégio de quem a podia pagar. Eu próprio tenho várias doenças e é graças ao SNS que estou aqui. Nos últimos sete anos fui operado três vezes e provavelmente seria difícil eu pagar, claro que fui pagando ao longo dos anos. O que tem de belo o SNS é o princípio da solidariedade em acção. Os que podem pagam para os que precisam e quando estamos doentes não precisamos de pagar. Mas tiro sempre a minha senha e sou atendido na minha vez. Aliás, esperei dez meses para ser operado às cataratas e não aceitei ir ao privado. A maior parte dos políticos não são utentes do SNS, mas eu sou.

E os privados ameaçam fazer regressar a saúde como privilégio?
Temos assistido a um fortalecimento e uma expansão do sector privado ou sector mercantil. No sector privado há muito boa gente, honesta, que pratica a medicina. Mas também há casos de verdadeira exploração. Nos últimos dias recebi telefonemas de clínicas privadas para ir fazer um rastreio a dizer que é de graça mesmo dizendo que não preciso. Há agressividade e há grupos económicos privados com publicidade enganosa. Há um espaço para o sector privado, mas nestes três anos o SNS perdeu 3000 camas e o sector privado tem mais 1500 ou 2000 camas. É uma expansão do sector privado e uma contracção do sector público, e isso dói. O sector privado não pode é viver à custa do sector público e metade das suas receitas são pagas pelo SNS através de convenções e dos subsistemas. Às vezes as listas de espera no público prolongam-se para além do tempo correcto justamente para aliciamento do sector privado. E todos os governos têm culpa no cartório.

Mas acha que se caminha para um SNS de serviços mínimos?
O objectivo de alguns grupos económicos é esse mesmo. O dos governantes depende e, às vezes, não é pela cor política. O PS também fez as suas tropelias. Num governo PS, o primeiro de Sócrates, a ADSE fez uma convenção com a Espírito Santo Saúde e o grupo dos hospitais privados da Caixa Geral de Depósitos para salvar o Grupo Espírito Santo Saúde. Há muitos interesses aqui. A saúde é um bem mas não pode ser uma mercadoria, porque lida com a vida e com a dignidade das pessoas. A saúde não pode ser um negócio. A dignidade não é um conceito moral, é constitucional.

É por isso que diz que ainda lhe doem as cicatrizes da criação do SNS?

As feridas estão saradas mas tenho cicatrizes na alma. Foi uma das razões por que me afastei da política activa. Na altura era católico praticante, hoje sou um agnóstico cristão, pois conservo os valores. A determinada altura verifiquei que a democracia que eu tinha modestamente ajudado a fazer me excluía dela. Hegel dizia que a política é o lugar da ética. A ética é uma exigência política. Eu sou como sou, não tenho avesso, e na política não é assim. Quando assumiu uma forma de profissionalismo e de carreirismo, saí. Quando persisti teimosamente na criação do SNS foi por convicção, foi por um imperativo moral de servir a causa do povo. Disse muitas vezes a Mário Soares que tinha sobre ele a vantagem de ter nascido numa aldeia e que conhecia o país real. Na altura já havia uns fumos de corrupção, mas hoje é um novelo tão grosso de fumarada que se torna irrespirável.

É a sua teimosia que o faz dizer que é um Dom Quixote, reformista e revolucionário?
Viu o quadro que tenho ali com Che Guevara, Gandhi e Jesus Cristo no topo? Nós somos uma multiplicidade de contradições que dão uma corrente única. Como um rio com os seus afluentes que forma um estuário que desagua no mar. Tenho os valores maçónicos, sou esse complexo de coisas. Poeticamente sou revolucionário, o projecto do SNS diz isso. Imagino que é preciso fazer a revolução, mas pragmaticamente, também sou um reformista, mas a sério, porque sou genuinamente democrata e não posso impor ao povo o que ele não quer. É preciso educar o povo para que ele saiba escolher e há quem o tente manter na ignorância. Eu também soube escolher o meu próprio caminho. Ser socialista impõe uma grande responsabilidade.

Era para ter sido ministro da Justiça e acabou a criar o SNS. Como surgiu a ideia a um advogado?
Se tivesse sido ministro da justiça tinha esboçado um serviço nacional da justiça porque sabia que os pobres eram mal defendidos. Queria ter criado a carreira do defensor público. Considero-me um tribuno da plebe e fui advogado com muito gosto. Defendi muita gente de graça. Nunca ponderei profissões ligadas à saúde. O SNS foi a causa da minha vida por razões éticas e por mero acaso. Sou sensível às questões sociais e conhecia a vida, vinha de uma aldeia. Eu não concebo uma sociedade em que as pessoas morram e sofram por não terem dinheiro. Isto é político e ideológico? Se calhar é, mas é sobretudo moral. É a minha concepção de sociedade. Tenho a noção de que fiz tudo quanto pude, não tudo quanto queria porque o governo durou poucos mais meses. Era natural que houvesse algumas dúvidas, sobretudo sobre o financiamento do SNS, mas muitas vezes o financiamento também é a desculpa e o álibi para quem não quer esta reforma. Quando o governo caiu por causa do SNS e da reforma agrária eu tinha o projecto já aprovado numa primeira leitura em conselho de ministros e antecipei o SNS através de um despacho. Tive que ir directamente à Imprensa Nacional para ele ser publicado. A reforma seguiu por teimosia, mas por uma teimosia saudável. O SNS foi o melhor poema que escrevi.

O financiamento continua a ser uma questão actual do SNS e que lhe valeu críticas do ex-ministro Correia de Campos em 2011, quando disse que Manuel Alegre e António Arnaut eram “coveiros” do SNS por não terem tido preocupações de racionalização.
Correia de Campos é meu amigo e devo-lhe favores. Foi meu consultor benévolo quando fui ministro, que ele já sabia muito nessa altura. Mas quando era meu conselheiro estava muito à minha esquerda e tinha que o moderar. Agora está muito à direita. Eu acho que estou onde sempre estive. Sou da esquerda democrática e reformista, sou mesmo socialista. A liberdade só tem sentido se for acompanhada de direitos sociais. Só a igualdade dá sentido à liberdade. Se tiver a liberdade de escolher um médico mas não o puder pagar, de que é que me serve a liberdade? O que impõe ao Estado a obrigação de prestar cuidados a todos é o conceito de Estado Social, por isso disse, na altura, ao Correia de Campos que para fazer essas medidas, como as taxas moderadoras nos internamentos e cirurgias, que tinha de mudar de partido, que não pode fazer isso no PS.

Mas como se conjuga a dignidade e a liberdade que fala com as medidas recentes tomadas no âmbito do memorando assinado com a troika?
Vivemos uma grande crise de especulação financeira tal como na crise de 1929. Portanto a crise que nós vivemos tem origem no neoliberalismo sem regras, da “economia que mata” como diz o Papa Francisco, que eu muito admiro, e que não me fará acreditar em Deus, mas faz-me acreditar no homem e na capacidade que ele tem de mudar o mundo. Temos que optar entre uma economia que mata ou que salva as pessoas e a sua dignidade. Esta é uma crise de valores. O SNS não depende assim tanto do orçamento. O nosso orçamento de saúde gasta 5% do PIB. Quem é que acha isso muito com os resultados alcançados e para defesa da dignidade, da segurança das pessoas e da coesão social? É preciso é vontade e convicção política.

E nestes últimos três anos houve essa convicção ou foi-se demasiado longe?
Foi-se longe demais, fomos além da troika. De 2010 para 2012 cortámos 1200 milhões e só estávamos obrigados a cortar 500 milhões. Mas penso que o ministro da saúde é uma pessoa que tem sensibilidade social e que tem resistido.

Antes chegou a dizer que faltava sensibilidade social a Paulo Macedo…
Procuro ser justo e, nas informações e contactos com ele, percebi que quer defender o que pode do SNS, tendo feito trabalho no combate à fraude e na política do medicamento. O problema é o primeiro-ministro que é um neoliberal professo. O ministro tem feito o que nestas circunstâncias políticas pode fazer, porque está muito limitado pelas pressões do primeiro-ministro e do ministro das Finanças, primeiro Vítor Gaspar e agora Maria Luís Albuquerque. Mas critico-o por alguns cortes no orçamento, restrições que impôs e aumento excessivo das taxas moderadoras, transformando-as quase em co-pagamentos.

Como acha que Paulo Macedo vai ficar recordado? O que faria de diferente, se fosse ministro?
Se tiver alguns cuidados nestes últimos meses e tomar algumas medidas, ficará na história como o homem que fez o que pôde com alguns erros. Ele tem condições extremamente favoráveis para consolidar o SNS, com o apoio da esquerda e da direita e da Intersindical, enquanto eu só tive a esquerda. Se fosse ministro, eu retomava as carreiras profissionais que são a melhor forma de assegurar a cobertura de todo o país e também a qualidade, porque se entra e se progride por mérito. Fixaria ainda um vencimento condigno que, não obrigando à exclusividade, fosse um grande incentivo a que o médico por ela optasse e fixaria um certo tempo inicial de permanência no SNS para compensar o preço da formação médica.

E há dinheiro para a exclusividade?
O aumento dos salários era uma poupança, pois escusávamos de gastar tanto dinheiro nas convenções. O sistema de vasos comunicantes entre a política e os negócios envolve uma teia que nós nem sequer adivinhamos ou pressentimos. Ainda sobre o ministro… No caso do medicamento dos doentes para a hepatite C, que é vendido a um preço que dá 8000 vezes o seu custo, que é impraticável, tentava negociar com a indústria farmacêutica um preço justo. Não conseguindo, depois tentava através de uma comissão arbitral e, não conseguindo, expatriava a patente e ficava na história por ter enfrentado os magnatas da indústria farmacêutica. O código da propriedade industrial permite expropriar a patente com o fundamento de utilidade pública, que é evidente pois estão em causa vidas humanas. Também não tinha feito estes cortes no orçamento. Vinha-me embora. O dever de qualquer ministro da saúde é defender o SNS, isto é, a saúde dos portugueses. Se não o pode fazer, deve demitir-se por uma questão de dignidade.

No 30.º aniversário, escreveu o SNS – 30 anos de Resistência. Passados cinco anos manteria o título?
Sim, claro. O SNS tem feito uma carreira de resistência aos seus adversários, aos que o hostilizaram no princípio, aos que o têm atingido com interesses, aos que têm a concepção de que cada um deve tratar de si e da sua saúde. E triunfou. Impôs-se a sua consciência, pelo menos já ninguém tem coragem de dizer publicamente que é contra uma reforma tão profundamente humanista.

Quem acha que poderia vir a ocupar a pasta da Saúde num governo PS?
João Semedo…

Mas Semedo é o coordenador do Bloco de Esquerda. Não vê nomes socialistas?
Bom, diga-se antes assim: um socialista por extenso que conjugasse os perfis de João Semedo, do bastonário da Ordem dos Médicos e de Constantino Sakellarides.

Com as mudanças observadas acha que o SNS ainda chega à terceira idade, aos 65 anos?
O que me está a perguntar é se o país tem condições para ter um regime democrático, porque não há verdadeira democracia sem o direito à saúde, à educação e ao trabalho. Nada se pode fazer contra a vontade do povo e o povo não deixará perder esta conquista. Se fosse preciso um levantamento popular eu estaria nas primeiras filas e isto não é imagem. Eu sou um homem de esperança e citando o [Miguel] Torga digo com ele: “A esperança tem sempre tempo”.
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Zel

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Re:Este Governo
« Responder #2518 em: 2014-09-20 15:30:08 »
a luisa empesta isto com mentiras e propaganda barata e nem sequer debate os assuntos

Incognitus

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Re:Este Governo
« Responder #2519 em: 2014-09-20 16:04:12 »
São estranhas estas histórias do ataque ao SNS, educação, etc, em que o problema parece passar sempre pela redução dos vencimentos. Se a redução é verdadeiramente um ataque, os profissionais que o acham que saiam e entreguem o lugar a outros que não pensem o mesmo.

Só é um ataque quando os vencimentos propostos implicarem não existir pessoal suficiente para prestar os serviços, e não antes.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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