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Autor Tópico: Educação - Tópico principal  (Lida 378601 vezes)

Automek

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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #220 em: 2013-09-05 22:20:16 »
Eheheheh, o Paulo Guinote já está é a ver a vida a andar para trás. Que chatice essa de ser submetido à concorrência e eventualmente ser cilindrado por professores do privado que, ainda por cima e segundo ele, são uns precários quaisquer, explorados pelos patrões.

É bastante aborrecido quando se deixa de ter um monopólio e se passa a ter de mostrar serviço. Aposto que alguns tipos da PT sentiram o mesmo quando deixaram de poder mamar à grande sem fazer nem vender nada.

Incognitus

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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #221 em: 2013-09-05 22:23:32 »
Eu não creio que o cheque-ensino avançe em qualquer forma realista (generalizado, para todos).

E se avançar como o Paulo Guinote o pinta (apenas para os mais desfavorecidos, etc), então ainda é pior do que não existir, pois AINDA aumenta mais a injustiça que é uns terem ensino de borla e outros terem que o pagar - em vez de todas as crianças serem apoiadas por igual.
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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #222 em: 2013-09-06 01:55:14 »
Algumas novidades potencialmente interessantes (pelo menos ao nível dos princípios, vamos depois ver como sairá a regulamentação)

Citar
Estado vai apoiar directamente alunos dos colégios, anuncia Crato

ANDREIA SANCHES 05/09/2013 - 16:04 (actualizado às 16:58)
Novo estatuto do ensino particular aprovado em Conselho de Ministros.

 
Diploma foi aprovado esta quinta-feira em Conselho de Ministros ADRIANO MIRANDA
 
 Governo abre a porta ao cheque-ensino no básico e secundário
 Afinal, o que se pretende com o cheque-ensino? Pais e especialistas levantam dúvidas
 Fenprof diz que novo estatuto do ensino privado é ilegítimo e ilegal
O diploma que revê o Estatuto do Ensino Particular e Cooperativo foi aprovado nesta quinta-feira em Conselho de Ministros. Uma das novidades é que, com as novas regras, “o Estado não se restringe a apoiar turmas, como existe neste momento com os contratos de associação, mas também apoia alunos, o que abre um caminho mais directo a uma liberdade de escolha e a uma concorrência entre escolas e entre sistemas”, público e privado, explicou o ministro da Educação Nuno Crato.

Nuno Crato acrescentou que com o diploma aprovado pelo Governo “a escola pública fica defendida” e “é promovida uma maior autonomia”.

Sem entrar em muitos detalhes, o ministro garantiu que algo vai mesmo mudar na forma como o Estado se relaciona com os colégios, nos ensinos básico e secundário. Este é “um diploma de princípios a partir dos quais vão ser estabelecidos uma série de regulamentos e portarias que vão concretizar estes princípios”, disse. “Este diploma contribui para recentrar o papel da responsabilidade central na educação das famílias, chama à intervenção a sociedade civil, abandona a preponderância absoluta do papel do Estado e prescreve a autonomia e a descentralização.”

O novo estatuto “corresponde a um dos objectivos estratégicos que estavam no programa do Governo”. E citou-o: “Desenvolver progressivamente iniciativas de liberdade de escolha para as famílias em relação à oferta disponível, considerado os estabelecimentos de ensino público, particular e cooperativo”.

Mal Crato acabou de falar, a Associação dos Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (Aeep) saudou a medida em comunicado. “O novo estatuto é um diploma fundamental para o desenvolvimento futuro do ensino particular e cooperativo. Cria novas áreas de liberdade e inovação que o sector utilizará para a melhoria contínua do serviço educativo que oferece a todos. Trata-se de um momento importante que antecede o início de uma nova era.”

Actualmente, já há milhares de alunos que frequentam o ensino pré-escolar, básico e secundário em escolas privadas com financiamento público. Uns porque estudam em colégios com contratos de associação (celebrados em zonas onde não havia oferta pública suficiente). Outros porque são de famílias carenciadas e beneficiam de um outro tipo de apoio, os contratos simples. São cerca de 49 mil, no primeiro caso, e 20 mil, no segundo.

Apoio às famílias de classe média
Em declarações ao PÚBLICO, Rodrigo Queiroz e Melo, director-executivo da Aeep, aplaude os princípios aprovados nesta quinta-feira, que reforçam o papel da figura dos contratos simples “como instrumento de apoio às famílias”. “Ficamos agora a aguardar a regulamentação”, diz, explicando que se espera que com o novo estatuto haja um “alargamento dos contratos simples” e que estes passem a ser usados para apoiar não apenas alunos de famílias carenciadas que optam pelo privado, mas também “famílias da classe média”, porque, até agora, na prática, “os contratos simples só apoiavam famílias carenciadas”.

Outra mudança elogiada por Queiroz e Melo tem a ver com o aumento da autonomia das escolas. “A liberdade de escolha das famílias não se consagra apenas podendo elas escolher entre público e privado, consagra-se podendo escolher entre projectos educativos diferentes. É isso que faz sentido: liberdade de escolha na diversidade.”

Nuno Crato garantiu que o novo estatuto “institui uma liberdade de escolha informada entre escolas e sistemas, estabelece novos princípios no que se refere ao ensino particular e cooperativo, salientando a transparência, a obrigatoriedade de informação tanto de resultados escolares como de projectos educativos, e estabelece o princípio da concorrência e o princípio da avaliação externa para este tipo de oferta”.

“Abre-se também caminho para uma maior autonomia para as escolas públicas com contratos de autonomia e para as privadas com contratos de associação que passam a ter uma autonomia curricular maior do que a que actualmente existe”, concluiu o ministro.

O diploma agora aprovado vai ser enviado para promulgação do Presidente da República, após o que será publicado em Diário da República. A regulamentação será feita gradualmente para que a partir do ano lectivo 2014/2015 se possa aplicar “progressivamente este sistema”, disse o ministro.

http://www.publico.pt/sociedade/noticia/crato-anuncia-que-estado-vai-apoiar-directamente-alunos-dos-colegios-1604999

Luisa Fernandes

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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #223 em: 2013-09-07 14:01:39 »
isto é o que defendo:

Citar
A Confederação Nacional de Associações de Pais (Confap) coloca sérias reservas à introdução de um sistema em que as famílias são livres de escolher entre escolas públicas e privadas, com o Estado a financiar ambas as opções. O novo Estatuto do Ensino Particular e Cooperativo, aprovado quinta-feira em Conselho de Ministros, abre essa possibilidade já para o ano letivo 2014/2015.

“Se o Estado está disposto a financiar, tem de regular e garantir que não se vão criar escolas de elite. Deixar a educação ao sabor do mercado é muito perigoso, porque não salvaguarda a equidade e qualidade para todos. Caso isto avance, o privado não pode fazer seleção à entrada”, defende Jorge Ascensão, presidente da Confap, sublinhando que “se a ideia é entregar um cheque à família é preciso garantir que o dinheiro vai mesmo para a educação”.

O responsável rejeita que se “financie uma escola privada se houver uma pública vazia ao lado” e avisa que “só faz sentido falar em liberdade de escolha se houver igualdade de autonomia entre escola pública e privada”.
« Última modificação: 2013-09-07 14:02:08 por Luisa Fernandes »
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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #224 em: 2013-09-07 14:19:20 »
Bem, já é um avanço. Nisso concordamos. Liberdade de escolha e financiamento de todas as crianças tem implícito:
* Não existir selecção à entrada nas escolas (excepto em caso de excesso de procura, caso em que tem que naturalmente existir um critério objectivo para determinar quem fica);
* Todas as escolas - públicas ou privadas - têm que ser autónomas. Isto também significa que as escolas públicas deverão  ser livres na contração, promoção, avaliação, remuneração, etc, dos seus quadros - claro, limitadas pelas receitas que consigam captar (via captação de alunos). E também significa que escolas públicas possam poder falir e ter que reorganizar-se.
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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #225 em: 2013-09-07 15:04:00 »
Pois é um avanço que eu digo desde o inicio.  :-\


Relativamente ao excesso de alunos em termos de procura e prioridades de entrada, não pode vir ao de cima , se o aluno tem piscina, se tem Porsche 911 ou se o sobrenome tem dois LL juntos (metáforas).

Devem ser deste tipo que são universais e constitucionalmente democráticas:

Citar
3.2 — No ensino básico, as vagas existentes em cada escola ou agrupamento
de escolas para matrícula ou renovação de matrícula são preenchidas
dando -se prioridade, sucessivamente, aos alunos:


a) Com necessidades educativas especiais de carácter permanente
que exijam condições de acessibilidade específicas ou respostas diferenciadas
no âmbito das modalidades específicas de educação, conforme
o previsto nos n.os 4, 5, 6 e 7 do artigo 19.º do Decreto -Lei n.º 3/2008,
de 7 de janeiro;
b) Com necessidades educativas especiais de carácter permanente não
abrangidos nas condições referidas na alínea anterior;
c) Com irmãos já matriculados no estabelecimento de ensino ou no
mesmo agrupamento;
d) Cujos pais ou encarregados de educação residam, comprovadamente,
na área de influência do estabelecimento de ensino;
e) Cujos pais ou encarregados de educação desenvolvam a sua atividade
profissional, comprovadamente, na área de influência do estabelecimento
de ensino;
f) Que no ano letivo anterior tenham frequentado a educação pré-
-escolar ou o ensino básico no mesmo estabelecimento;
g) Que no ano letivo anterior tenham frequentado a educação pré-
-escolar ou o ensino básico noutro estabelecimento do mesmo agrupamento
de escolas;
h) Mais velhos, no caso de matrícula, e mais novos, quando se trate
de renovação de matrícula, à exceção de alunos em situação de retenção
que já iniciaram o ciclo de estudos no estabelecimento de ensino;
i) Que completem os seis anos de idade entre 16 de setembro e 31
de dezembro, tendo prioridade os alunos mais velhos, sendo que as
crianças nestas condições poderão obter vaga até 31 de dezembro do
ano correspondente;
j) Outras prioridades e ou critérios de desempate definidos no regulamento
interno da escola ou do agrupamento, prevendo, entre outras,
formas de desempate relativamente à opção entre diferentes estabelecimentos
integrados no mesmo agrupamento, bem como entre aquelas
cuja matrícula ou renovação de matrícula tenha ocorrido depois dos
prazos normais estabelecidos.

3.3 — No ensino secundário, as vagas existentes em cada escola
para matrícula ou renovação de matrícula são preenchidas dando -se
prioridade, sucessivamente, aos alunos:


a) Com necessidades educativas especiais de carácter permanente,
de acordo com o artigo 19.º do Decreto -Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro;
b) Que frequentaram a escola no ensino secundário no ano letivo
anterior;
c) Que se candidatem à matrícula, pela primeira vez, no 10.º ano de
escolaridade, em função do curso pretendido.

3.4 — Aos candidatos referidos na alínea c) do número anterior é
dada prioridade em função do curso pretendido de acordo com os seguintes
critérios:


a) Alunos com necessidades educativas especiais de carácter permanente,
de acordo com o artigo 19.º do Decreto -Lei n.º 3/2008, de
7 de janeiro;
b) Alunos que tenham frequentado no ano anterior a escola onde se
pretenda a matrícula ou a renovação da matrícula;
c) Alunos com irmãos já matriculados na escola ou agrupamento
de escolas;
d) Alunos que comprovadamente residam ou cujos pais ou encarregados
de educação comprovadamente residam na área geográfica do
agrupamento de escolas ou escola não agrupada onde se pretenda a
matrícula ou a renovação da matrícula;
e) Alunos que desenvolvam ou cujos pais ou encarregados de educação
desenvolvam a sua atividade profissional na área geográfica do
agrupamento de escolas ou escola não agrupada;
f) Outras prioridades e ou critérios de desempate definidos no regulamento
interno da escola ou do agrupamento, prevendo, entre outras,
formas de desempate relativamente à opção entre estabelecimentos
integrados no mesmo agrupamento, bem como entre aquelas cuja matrícula
ou renovação de matrícula tenha ocorrido depois dos prazos
normais estabelecidos.
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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #226 em: 2013-09-07 15:19:16 »
Concordo com o critério de já terem frequentado a escola (dado aumentar a estabilidade) e talvez com o de necessidades especiais (embora possa ser abusado), mas acho que os critérios de localização são debatíveis pois levam a abusos e discriminação. Também acho que o critério do mérito académico deveria ser ponderado pois se queremos que a performance escolar seja premiada, então convém premia-la na prática e dar prioridade aos melhores alunos seria uma forma bastante justa e barata de alcançar esse objectivo.
« Última modificação: 2013-09-07 15:19:56 por Incognitus »
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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #227 em: 2013-09-07 17:30:14 »
No ensino obrigatorio (ate 18 anos), uma prova de acesso a uma escola iria deixar alunos fora do ensino.
Iriam existir ghetos com todas as suas consequencias.

Não posso concordar com isso.
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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #228 em: 2013-09-07 17:59:30 »
No ensino obrigatorio (ate 18 anos), uma prova de acesso a uma escola iria deixar alunos fora do ensino.
Iriam existir ghetos com todas as suas consequencias.

Não posso concordar com isso.

A ideia não é uma prova de acesso, a ideia é apenas no caso de existir excesso de procura num dado local. Poderia gerar algumas escolas com alunos claramente acima da média, mas o avanço da sociedade em grande medida vai ser resultado da performance de poucos individuos extremamente dotados, pelo que isso não é negativo, pelo contrário.
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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #229 em: 2013-09-08 17:50:27 »
Caso não haja prova de acesso como determinas quem merece mais?
Não concordo com a historia da prova de acesso.
Se fosse assim iria existir mais ghetização.
O que queremos não é isso. Queremos é que a escola seja niveladora de capacidades e  competências.

Nos países onde isso (cheque-ensino) aconteceu os resultados foram péssimos.
Mesmo existindo regras mais restritas, por exemplo não podendo distribuir-se lucros da gestão dessa escola.
A Direcção da escola, apenas tem o seu salario. Senão é a mercantilização completa da educação.
Tipo saúde.
Quando uma pessoa está mesmo mal, toca de a mandar para o hospital publico.

Querem cheque ensino? tudo bem.
Regras claras... todas as etnias  e raças a poderem concorrerem ás escolas que querem.
Aumentar a qualidade nas condições de mobilidade dos alunos com menos recursos.
Inspecção regular (a cada 3 ou 4 anos) das escolas públicas e privadas, no sentido de determinar se as suas obrigações e objectivos foram cumpridos, assim como se os meios humanos e técnicos correspondem às condições inicialmente apresentadas.
Usar os critérios que apresentei no outro post para prioridades de entrada na escola caso haja excesso de alunos.
Definição do valor dos cheques-ensino de acordo com a instituição a frequentar, ciclo de escolaridade e tipo de proposta pedagógica.

Etc...

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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #230 em: 2013-09-08 18:07:12 »
Caso não haja prova de acesso como determinas quem merece mais?
Não concordo com a historia da prova de acesso.
Se fosse assim iria existir mais ghetização.
O que queremos não é isso. Queremos é que a escola seja niveladora de capacidades e  competências.

Nos países onde isso (cheque-ensino) aconteceu os resultados foram péssimos.
Mesmo existindo regras mais restritas, por exemplo não podendo distribuir-se lucros da gestão dessa escola.
A Direcção da escola, apenas tem o seu salario. Senão é a mercantilização completa da educação.
Tipo saúde.
Quando uma pessoa está mesmo mal, toca de a mandar para o hospital publico.

Querem cheque ensino? tudo bem.
Regras claras... todas as etnias  e raças a poderem concorrerem ás escolas que querem.
Aumentar a qualidade nas condições de mobilidade dos alunos com menos recursos.
Inspecção regular (a cada 3 ou 4 anos) das escolas públicas e privadas, no sentido de determinar se as suas obrigações e objectivos foram cumpridos, assim como se os meios humanos e técnicos correspondem às condições inicialmente apresentadas.
Usar os critérios que apresentei no outro post para prioridades de entrada na escola caso haja excesso de alunos.
Definição do valor dos cheques-ensino de acordo com a instituição a frequentar, ciclo de escolaridade e tipo de proposta pedagógica.

Etc...

Não existindo exames, não existindo dados, obviamente não se pode usar o critério.

Ter como objectivo nivelar capacidades e competências é absurdo, pois as crianças são naturalmente diferentes em capacidades e competências. O objectivo tem que ser atribuir as melhores capacidades e competências possíveis, tendo em conta os talentos de cada um.

Citar
Definição do valor dos cheques-ensino de acordo com a instituição a frequentar, ciclo de escolaridade e tipo de proposta pedagógica.

Isso não é nada boa idea. Qualquer coisa que introduza arbitrariedade nos valores introduz corrupção no sistema.

Esse tipo de ideia deriva da vontade de controlar terceiros, querer decidir por eles, etc. Um valor igual é o único que não discrimina. A existir valor diferente, apenas o poderia ser por geografia (mesmo isso pode não ser muito justo, mas também pode ser a única forma de perante valores homogéneos, viabilizar escolas no interior).
« Última modificação: 2013-09-08 18:10:44 por Incognitus »
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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #231 em: 2013-09-08 19:16:30 »
Já reparei que não te incomoda que a desigualdade aumente, desde que o topo avance ainda mais.

Pois... cada ser humano é como é. Fazer o quê?


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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #232 em: 2013-09-08 19:28:02 »
Já reparei que não te incomoda que a desigualdade aumente, desde que o topo avance ainda mais.

Pois... cada ser humano é como é. Fazer o quê?

Não se trata de não incomodar a desigualdade aumentar, mas sim que a desigualdade é um facto da vida, fácil de ver na dispersão de QIs, habilidade atlética, etc.

Adicionalmente, o mundo actual na tecnologia de ponta é extremamente complexo e avançado - exige os melhores dos melhores para conseguirem dominar esses avanços e levá-los mais longe. Isso é incompatível com a pessoa média. Aliás, os mais variados campos estão num nível de qualidade e competitividade tal que são incompatíveis com a pessoa média e exigem talentos raros.

A escola deve ser estruturada de forma a reconhecer isso. A identificar os talentos raros e variados e desenvolvê-los o mais cedo possível. Isso não se consegue tentando que todos tenham habilidades o mais próximas possível, pelo contrário.

Por fim, é óbvio que sejam quais forem os considerandos o objectivo deve ser maximizar as habilidades de todos, e não harmonizá-las. Pegando num exemplo simples, se o objectivo é os alunos correrem mais rápido, tentarias que cada um corresse o seu máximo ou que todos tivessem tempos o mais parecidos possível?
« Última modificação: 2013-09-08 19:30:19 por Incognitus »
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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #233 em: 2013-09-08 20:25:48 »
O cheque de ensino tem de ser igual para todos e partir desse valor quem quiser outras escolas melhores terá de pagar o excesso ....senão for assim nao faz sentido  :-\
E as privadas tem de se governar com o qe recebem do estado como as publicas e mas o resto que pais pagam para lá andar e nem mais um tusto.

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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #234 em: 2013-09-08 21:11:48 »
Por fim, é óbvio que sejam quais forem os considerandos o objectivo deve ser maximizar as habilidades de todos, e não harmonizá-las. Pegando num exemplo simples, se o objectivo é os alunos correrem mais rápido, tentarias que cada um corresse o seu máximo ou que todos tivessem tempos o mais parecidos possível?
Evidentemente. Não faz sentido dizer que todos devem ter a oportunidade de ser médicos e, portanto, o acesso a medicina ser feito por sorteio em vez de usar as classificações.

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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #235 em: 2013-09-08 21:18:29 »
Por fim, é óbvio que sejam quais forem os considerandos o objectivo deve ser maximizar as habilidades de todos, e não harmonizá-las. Pegando num exemplo simples, se o objectivo é os alunos correrem mais rápido, tentarias que cada um corresse o seu máximo ou que todos tivessem tempos o mais parecidos possível?
Evidentemente. Não faz sentido dizer que todos devem ter a oportunidade de ser médicos e, portanto, o acesso a medicina ser feito por sorteio em vez de usar as classificações.

Ou seleccioná-los pela distância a que moram da Faculdade de Medicina ...  :D
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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #236 em: 2013-09-10 18:47:05 »


É interessante como se pode escrever tanto sobre uma coisa sem apresentar um exemplo ou dado concreto a dar substância aos conceitos ideológicos, para não falar em preconceitos, pois nem falta a crítica à reacção dos “sindicatos comunistas”, esse bicho-papão.

Liberdade nas escolas? A sério? Gostava de ver isso em certos colégios que têm todo o direito de manter a disciplina como bem entendem, enquanto nas escolas públicas é um ai-jesus sempre que alguém mexe num cabelo.

Este nem chega a ser um puto tóxico, pois parece-me mais um copinho de leite sem nata que é para não engordar...

http://economico.sapo.pt/noticias/liberdade-nas-escolas_176794.html
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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #237 em: 2013-09-10 18:53:01 »
Bem, o tema não tem a ver com a disciplina.

Mas este parágrafo é um problema:

Citar
Uma coisa é certa: não há liberdade enquanto persistirem os actuais entraves económicos que empurram as classes médias, involuntariamente, para o ensino público, tornando as escolas privadas quase um privilégio de meninos ricos. Vai bem, por isso, o legislador ao permitir apoios directos a famílias carenciadas que queiram escolher um colégio privado.

Então a classe média é forçada a ir para o ensino público, e vão ser as famílias carenciadas que irão poder colocar os filhos no privado? Isso é duplamente injusto ... é injusto porque a classe média continua forçada ao ensino público, e porque depois alguns com menos meios AINDA podem ir para o privado.

Isto do cheque-ensino deve ser ou para todos, ou para ninguém (sendo que para ninguém é mais injusto do que para todos, pois continuam a existir crianças sem apoio nenhum).
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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #238 em: 2013-09-10 19:11:56 »
O O governo aprovou, na última quinta-feira, sem grande debate nacional, a possibilidade de financiamento direto aos alunos de colégios privados. No Decreto-Lei, nenhuma carência de oferta pública tem de justificar este apoio. Não há sequer qualquer referência a dificuldades económicas dos subsidiados pelo Estado. Na prática, com os "contratos simples de apoio à família", agora sem qualquer regra de atribuição, o Estado passa a tratar os colégios particulares da mesma forma que trata as escolas públicas (o próprio Crato o confirmou), abatendo na propina do aluno do privado o mesmo que calcula gastar num aluno do Estado.

Acontece que os colégios privados têm vagas finitas. Por isso, basta que haja mais candidatos do que vagas para os alunos terem de ser selecionados. E os critérios de seleção são sempre dois: captar os melhores alunos, para subirem no ranking e serem competitivas, e evitar problemas sociais e disciplinares. Ninguém no seu perfeito juízo acredita que alguma escola privada dispensará, de forma formal ou informal, esta prerrogativa de seleção.

Na realidade, poucos colégios têm ofertas pedagógicas muito diferenciadas em relação ao sistema público. É mais desta capacidade de seleção que a maioria dos colégios vive. Seleção que lhes permite garantir melhores resultados. Não perder tempo com alunos com necessidades educativas especiais, com indisciplina e com problemas sociais é mais do que meio caminho andado para ter um ambiente escolar mais seguro e melhores resultados académicos. É natural que os pais prefiram que os seus filhos estudem neste ambiente mais protegido e selecionado.

De uma forma ou de outra, as escolas privadas continuarão a querer ficar com os melhores alunos e os que não representem qualquer dificuldade social ou disciplinar: meninos não problemáticos de famílias ricas ou de classe média e, com este financiamento, os melhores alunos das famílias carenciadas. Tudo isto com financiamento público (e não, como seria normal e já acontece em alguns colégios, através do mecenato e de bolsas da própria escola). O que quer dizer que as escolas públicas ficarão com o que sobra: os problemas sociais e disciplinares e os alunos com necessidades especiais. Que pai quererá ter o seu filho numa escola que é um ghetto? O que não puder escolher.

O Estado financiará, através dos impostos de todos, um sistema de ensino dual, com escolas para ricos e bons alunos e escolas para pobres e maus alunos. Este sistema de "apartheid escolar", que simpaticamente nos é vendido como sinal de liberdade de escolha, apenas anulará a principal função da escola pública: garantir a igualdade de oportunidades, sem a qual a liberdade é uma mera ilusão.

Em Portugal não é obrigatório ter os filhos nas escolas públicas. As pessoas têm a liberdade de escolher se os querem no ensino público ou privado, em escolas laicas ou religiosas, em escolas portuguesas ou estrangeiras. O que está em debate não é essa liberdade, que está garantida e é legítima, mas se o Estado está obrigado a fornecer um serviço público universal e gratuito ou se essa obrigação se estende ao subsídio a empresas privadas que se dedicam à educação.

Neste Decreto-Lei o Estado apenas garantirá o financiamento até ao que custa um aluno no sistema público. O que quer dizer que, para os mais carenciados, a liberdade de escolha está limitada a escolas que cobrem abaixo desses preços. Acima disso, teremos famílias ricas, que hoje pagam os colégios sem qualquer financiamento público, a serem subsidiadas para terem os seus filhos nos colégios mais caros do País. Só elas poderão pagar o dinheiro que ainda fica a faltar depois da ajuda do Estado. Só elas continuarão a poder exercer plenamente a liberdade de escolher, entre todas, a escola do seu filho. Porque a liberdade de escolha é sempre finita. E a forma mais justa de a garantir é criar as condições para que as escolas públicas sejam atrativas para todos. Escolas interclassistas e de qualidade. O que implica recursos financeiros que esta estratégia desviará para colégios que têm como objetivo (legítimo) o lucro.

Mas vale a pena não ficar apenas no terreno dos princípios. Conhecemos o País onde vivemos. Sabemos como faz o Estado negócios com os privados. E até temos alguma experiência no financiamento público de colégios privados, através dos contratos de associação. Um dos exemplos foi relatado pela TVI e dei nota dele num dos meus textos: a GPS, um grupo privado com 24 escolas. Um grupo que, apesar de piores condições do que as escolas públicas vizinhas, conseguiu, através de bons contactos no Ministério, desviar alunos que o público tinha condições para receber para as suas escolas.

Pode dar-se o caso deste Decreto-Lei resultar apenas do fanatismo ideológico de Crato. Mas não deixa de ser curioso que isto surja num momento em que milhares de famílias de classe média retiram, por falta de condições financeiras, os seus filhos das escolas privadas. O que está a causar enormes problemas a muitos colégios. Mas que era, ironicamente, uma excelente notícias para as escolas públicas, que viam a classe média a regressar, garantindo uma escola mais interclassista, como existia nos anos 80. Nada que entusiasme o ministro. Enquanto continua os cortes na Educação e inicia um ano letivo com o caos instalado nas escolas públicas, Crato parece estar mais interessado em gastar as suas energias e os nossos impostos para salvar os colégios em aflição.

D. O.
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Incognitus

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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #239 em: 2013-09-10 19:24:10 »
As famílias ricas e de classe média contribuem MAIS para o financiamento público que as outras. Porque raio é que não deveriam ter um apoio igual às outras para os seus filhos?

Ideologia que negue isso deve ser a coisa mais próxima de Belzebu à face da terra.
« Última modificação: 2013-09-10 19:24:27 por Incognitus »
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