https://www.ihu.unisinos.br/categorias/608589-entre-laicidade-declinio-e-solidao-os-mal-estares-da-igreja-da-francaA Conferência Episcopal apoia o Estado francês, que quer combater a radicalização e o terrorismo, mas o projeto de lei atual não parece ser a resposta correta a este desejo”, explica em exclusiva ao Domani o pe. Hugues de Woillemont, secretário-geral e porta-voz da Conferência Episcopal francesa.
Se a intenção é prevenir o extremismo e responsabilizar aqueles que administram locais de culto, a nova modificação apresentaria novos vínculos, como o controle sistemático por um prefeito a cada cinco anos:
"Este projeto de lei corre o risco de violar as liberdades fundamentais como a de culto, associação, educação e até a liberdade de opinião”, explicou pe. de Woillemont.
Hoje, a Igreja Católica francesa também enfrenta uma grave crise financeira. Isso foi revelado no relatório anual da Conferência Episcopal publicado em dezembro passado: um terço das mais de 90 dioceses estão em sérias dificuldades econômicas; destas, 15 encontram-se em situações definidas como "frágeis
Imóveis da igreja
Dessa forma aos bispos é cada vez mais demandado o papel de funcionários, como haviam profetizado os sociólogos Bourdieu e De Saint Martin em um estudo dos anos 1980, que traçava o perfil do bispo "zelote", menos intelectual e mais administrador. Para estancar a hemorragia financeira, alguns edifícios de culto ou imóveis religiosos, cada vez mais inutilizados, são assim vendidos e transformados em espaços de co-working, como é o caso da capela Mondésir em Nantes, onde os bancos para a orações cederam lugar aos sofás. “Há um grande reservatório de igrejas que serão inúteis nos próximos anos, porque não são mais utilizadas, e há um pároco para cada dez cidades”, explicou à rádio France Info, Patrice Besse, corretora imobiliária especializada em edifícios religiosos. Distinta é a interpretação dada pelo pe. de Woillemont: “Trata-se de um fenômeno raro. No país, a igreja permanece um patrimônio vivo, aberto a todos e gratuito”. Nos últimos anos, o tema foi abordado também pela Santa Sé em dois documentos capitais para a gestão de bens em institutos de vida consagrada, respectivamente de 2014 e 2018. No mesmo ano, aliás, foi o próprio Bergoglio quem recordou na Pontifícia Universidade Gregoriana que “O novo destino de uma igreja não é uma operação que se pode negociar apenas do ponto de vista técnico ou econômico, mas segundo o espírito de profecia”.