Uma coisa que me chocava no ensino académico
era o contraste com a vida nas empresas,
- em que uma reunião ou exposição
de situação da actividade
era sempre concorrida -,
comparada com palestras
ou conferências de mestres
numa ou noutra matéria ou tese
filosófica sobre temas de grande
subtileza, em que nos anfiteatros,
grandes ou pequenos, sempre
a coreografia encenada
lembrava a de
um átomo: um núcleo duro
na secretária central à beira
do quadro negro ou de slide,
ou mera parede, e três ou
quatro ou cinco a assistirem
mudos às palavras do mestre,
conferencista, palestrante.
Só muito. muito mais tarde,
compreendi que o normal
é mesmo isso: na frente
de qualquer investigação
são poucos os que se
abeiram do que está
a ser descoberto,
pensado, dito.
A ciência e saber
nasce interpares.