Olá, Visitante. Por favor entre ou registe-se se ainda não for membro.

Entrar com nome de utilizador, password e duração da sessão
 

Autor Tópico: Educação - Tópico principal  (Lida 377159 vezes)

Smog

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 6767
    • Ver Perfil
Re: Educação - Tópico principal
« Responder #1380 em: 2016-05-20 11:48:13 »
Alunos com dois ou mais chumbos vão ser acompanhados por tutores
http://expresso.sapo.pt/sociedade/2016-05-19-Alunos-com-dois-ou-mais-chumbos-vao-ser-acompanhados-por-tutores

Não percebo porque é que têm que ter já dois chumbos. Se apoiassem precocemente talvez esses chumbos não existissem.


Vocês poupam nos caracteres para responderem às minhas questões e o Ministro poupa nos Milhões para gastar.
Repara: acabam com o vocacional e poupam nos horários dos professores: serão por turma (de 20 alunos), arredondando, 40 horas. Em vez disso dão 8h para tratar dos 20 alunos, aos tutores. Estes terão de resolver o problema de 10 alunos em 4 horas semanais. Como os professores são seres exepcionais conseguem resolver os problemas das matérias todas, os problemas emocionais e os problemas das famílias. Tudo em 4h semanais: com 4 h temos um professor a substituir um Conselho de Turma, um psicólogo e um assistente social. Já viram como nós somos maravilhosos? :P

Pois, coitados dos alunos com dificuldades.... ah! ainda por cima estas 4 h terão de ser adicionadas ao horário normal.- ficamos todos felizes.

Realidade: em muitas escolas já há tutorias e é 1/2 alunos por hora, na semana. Nem sempre é eficaz.
wild and free

Local

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 15948
    • Ver Perfil
Re: Educação - Tópico principal
« Responder #1381 em: 2016-05-20 16:30:41 »
A minha filha tem 6 horas semanais com 2/3 crianças.
Depende da dificuldade de cada um, mas acho muito reduzido o tempo de apoio.
“Our values are human rights, democracy and the rule of law, to which I see no alternative. This is why I am opposed to any ideology or any political movement that negates these values or which treads upon them once it has assumed power. In this regard there is no difference between Nazism, Fascism or Communism..”
Urmas Reinsalu

Smog

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 6767
    • Ver Perfil
Re: Educação - Tópico principal
« Responder #1382 em: 2016-05-20 17:01:37 »
A minha filha tem 6 horas semanais com 2/3 crianças.
Depende da dificuldade de cada um, mas acho muito reduzido o tempo de apoio.

Em que ano anda a tua filha? Tem tutoria ou apoio? São duas coisas diferentes.
wild and free

Local

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 15948
    • Ver Perfil
Re: Educação - Tópico principal
« Responder #1383 em: 2016-05-20 17:07:15 »
está no 3.º ano. Tem explicação com uma professora, 3 vezes por semana.
tem apoio semanal para trabalhar a dislexia.
Na escola não tem qualquer tipo de apoio por causa das notas.
“Our values are human rights, democracy and the rule of law, to which I see no alternative. This is why I am opposed to any ideology or any political movement that negates these values or which treads upon them once it has assumed power. In this regard there is no difference between Nazism, Fascism or Communism..”
Urmas Reinsalu

Smog

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 6767
    • Ver Perfil
Re: Educação - Tópico principal
« Responder #1384 em: 2016-05-20 17:33:12 »
está no 3.º ano. Tem explicação com uma professora, 3 vezes por semana.
tem apoio semanal para trabalhar a dislexia.
Na escola não tem qualquer tipo de apoio por causa das notas.
bem vindo ao clube. A minha filha também é disléxica, tem 18 anos e está no 12º ano.- como ves teve o seu sucesso, vai entrar para a faculdade no próximo ano.

1º não entres em pânico nem desperes. (eu fartei-me de sofrer no inicio mas agora já lido bem com isso.
2º verifica se o qi é normal (costuma ser....) e se o problema é só dislexia ou tem algum problema mais. Todos tem resolução.
3º para trabalhar a dislexia deve ter terapia da fala e acompanhamento psi.

nota que agora é a fase mais difícil : aprender a escrever num código que ela não domina. fazes bem em usar uma professora primária para a ajudar mas não abuses. ele precisa brincar e sentir-se muito amada. não a stresses em demasia. dá-lhe espaço. lê com ela, lê-lhe livros (por exemplo a Sophia) antes de dormir. conta-lhe histórias. desenvolve a atenção e concentração dela porque qd for para o 5º começa a ter testes normais mas pode ter como ajuda a leitura do teste, testes mais curtos etc. Ela será um PEI e poderá fazer todos os exames normais com ajuda extra (leitura de teste...é o que a minha tem ainda agora, tal como a relativização dos erros de português - e mat- ). concentra-te nas áreas fortes dela ( a minha era o desenho e a educação física) e pensa em termos de futuro nessas áreas.


Ná, a tua não precisa de tutoria. precisa de apoios especializados, se não há na escola procura-os no hospital publico- unidade de pedopsiquiatria.

relaxa e vai contando os progressos. ;)
wild and free

Smog

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 6767
    • Ver Perfil
Re: Educação - Tópico principal
« Responder #1385 em: 2016-05-20 17:40:46 »
Vi agora; não tem apoio na escola. ;D
tem de ser sinalizada e se já tem essa ajuda toda... pode é ser uma disléxica suave (a minha é severa...!). Na escola leva os exames médicos e manda-os sinalizar a tua filha. Fala com a direção, a professora de ensino especial, e espeta-lhe o diagnóstico na cara. a menos que os médicos/terapeutas achem que ela vai recuperar, sendo o problema temporário. se for deixa andar. se não for deve ser já sinalizada como NEE. (dec-lei nº3 de 2008 art 20).
wild and free

Zel

  • Visitante
Re: Educação - Tópico principal
« Responder #1386 em: 2016-05-20 18:28:06 »
Vi agora; não tem apoio na escola. ;D
tem de ser sinalizada e se já tem essa ajuda toda... pode é ser uma disléxica suave (a minha é severa...!). Na escola leva os exames médicos e manda-os sinalizar a tua filha. Fala com a direção, a professora de ensino especial, e espeta-lhe o diagnóstico na cara. a menos que os médicos/terapeutas achem que ela vai recuperar, sendo o problema temporário. se for deixa andar. se não for deve ser já sinalizada como NEE. (dec-lei nº3 de 2008 art 20).

A dislexia da tua filha revela-se em que situacoes?

Smog

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 6767
    • Ver Perfil
Re: Educação - Tópico principal
« Responder #1387 em: 2016-05-20 19:20:37 »
Vi agora; não tem apoio na escola. ;D
tem de ser sinalizada e se já tem essa ajuda toda... pode é ser uma disléxica suave (a minha é severa...!). Na escola leva os exames médicos e manda-os sinalizar a tua filha. Fala com a direção, a professora de ensino especial, e espeta-lhe o diagnóstico na cara. a menos que os médicos/terapeutas achem que ela vai recuperar, sendo o problema temporário. se for deixa andar. se não for deve ser já sinalizada como NEE. (dec-lei nº3 de 2008 art 20).


A dislexia da tua filha revela-se em que situacoes?


http://dislexia.do.sapo.pt/dislexia.html#axzz49DmXupiC


Alguns sinais de alerta são:
•Dificuldades na linguagem escrita e por vezes oral.
•Dificuldades na leitura e compreensão (quer de palavras quer de números).
•Problemas de atenção.
•Distraem-se com mais facilidade.
•Problemas de lateralidade (confunde a esquerda com a direita).
•Troca letras com sons idênticos. Por ex: f/v; p/b; p/t; v/z; b/d......
•Na leitura salta palavras ou linhas.
•Não lê a palavra e lê de memória. Por ex: livraria/livro; batata/bata ....


etc.


wild and free

Zel

  • Visitante
Re: Educação - Tópico principal
« Responder #1388 em: 2016-05-21 00:04:16 »
eu tb sou um pouco dislexico, troco a esquerda com a direita e nunca consegui acompanhar as aulas
para mim eram uma perda de tempo, so em casa e sozinho aprendia alguma coisa. nao tenho problemas com a escrita
mas nao consigo acompanhar com facilidade uma pessoa a falar

a parte boa eh que aprendi a ser independente dos professores o que me trouxe vantagens mais tarde

todos os defeitos trazem vantagens  :D
« Última modificação: 2016-05-21 00:08:29 por Camarada Neo-Liberal »

Smog

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 6767
    • Ver Perfil
Re: Educação - Tópico principal
« Responder #1389 em: 2016-05-21 12:02:14 »
Pode não ser dislexia, pode ser hiperatividade ou outa coisa qq. Os disléxico trocam mesmo as letras/sons e raramente perdem isso, dificilmente corrigem, por muito que batalhem. mas...
Quanto a seres independente fazes muito bem. Chama-se a isso autonomia e é um parâmetro que eu também avalio e valorizo nas minhas aulas. A dislexia não está relacionada com a falta de qi.

mas...responde lá ás minhas questões:

1. liberdade/uniformidade?
2. O que é diagnosticar.

 ;D
wild and free

Zel

  • Visitante
Re: Educação - Tópico principal
« Responder #1390 em: 2016-05-21 13:45:09 »
Pode não ser dislexia, pode ser hiperatividade ou outa coisa qq. Os disléxico trocam mesmo as letras/sons e raramente perdem isso, dificilmente corrigem, por muito que batalhem. mas...
Quanto a seres independente fazes muito bem. Chama-se a isso autonomia e é um parâmetro que eu também avalio e valorizo nas minhas aulas. A dislexia não está relacionada com a falta de qi.

mas...responde lá ás minhas questões:

1. liberdade/uniformidade?
2. O que é diagnosticar.

 ;D

as questoes eram para mim? nao as entendo.

Smog

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 6767
    • Ver Perfil
Re: Educação - Tópico principal
« Responder #1391 em: 2016-05-21 14:36:58 »
coisas verdadeiramente importantes para discutir na área:

1º alunos NEE : Dec lei nº3/2008, artigo 20º. Estes alunos chamados pei podem ser submetidos a condições especiais de avaliação e currículo mas acompanham a turma. Ora, devido ao texto do artigo os professores podem fazer da forma que bem entendem a avaliação do aluno, pelo que há diversidade. Tanta diversidade que na minha escola se assustaram e pensam uniformizar: argumentam - omissão! eu defendo: liberdade! quem terá razão?

2º Testes diagnósticos: privilegiar a continuidade de matérias , diagnosticando conteúdos académicos anteriores ou diagnosticar conhecimentos (formais e informais) que o aluno detenha no momento?

Parece demasiado especifico mas não é.
1º Liberdade ou uniformização?
2º O que é diagnosticar?


Questões que gostaria, vos fizessem refletir, e depois responder... para todos. ;)
wild and free

Zel

  • Visitante
Re: Educação - Tópico principal
« Responder #1392 em: 2016-05-21 17:19:21 »
podemos ter um sistema que garanta liberdade evitando ao mesmo tempo a concentracao dos bons alunos todos nas mesmas escolas
ha defeitos do sistema dos cheques que podem ser regulamentados e evitados

Local

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 15948
    • Ver Perfil
Re: Educação - Tópico principal
« Responder #1393 em: 2016-05-22 10:05:42 »
Vi agora; não tem apoio na escola. ;D
tem de ser sinalizada e se já tem essa ajuda toda... pode é ser uma disléxica suave (a minha é severa...!). Na escola leva os exames médicos e manda-os sinalizar a tua filha. Fala com a direção, a professora de ensino especial, e espeta-lhe o diagnóstico na cara. a menos que os médicos/terapeutas achem que ela vai recuperar, sendo o problema temporário. se for deixa andar. se não for deve ser já sinalizada como NEE. (dec-lei nº3 de 2008 art 20).

A dislexia da tua filha revela-se em que situacoes?
Em primeiro lugar tem uma grande incapacidade de manter a atenção.
Depois tem dificuldades na leitura, que por sua vez implica dificuldades de compreensão dos textos. Troca letras na leitura e por vezes na escrita. Ao nível matemático tem dificuldades com os problemas. Em vez de compreender a matemática, mecanizou-a.

Não me parece uma dislexia severa, mas também porque ela trabalha muito. Por exemplo, estive 15 dias para ela aprender a fazer contas de multiplicar com dezenas. Fazia 2 a 3 contas de manhã e à noite e mesmo assim foi um suplício. Ela sabia perfeitamente fazer contas com unidades.

Nós queremos que ela (nós, a professora, a psicóloga que a segue, a psicóloga do agrupamento) entre para o dec-lei n.º 3, mas o responsável escolar por esse apoio diz que com as notas delas não pode entrar.
“Our values are human rights, democracy and the rule of law, to which I see no alternative. This is why I am opposed to any ideology or any political movement that negates these values or which treads upon them once it has assumed power. In this regard there is no difference between Nazism, Fascism or Communism..”
Urmas Reinsalu

Local

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 15948
    • Ver Perfil
Re: Educação - Tópico principal
« Responder #1394 em: 2016-05-22 10:17:00 »
está no 3.º ano. Tem explicação com uma professora, 3 vezes por semana.
tem apoio semanal para trabalhar a dislexia.
Na escola não tem qualquer tipo de apoio por causa das notas.
bem vindo ao clube. A minha filha também é disléxica, tem 18 anos e está no 12º ano.- como ves teve o seu sucesso, vai entrar para a faculdade no próximo ano.

1º não entres em pânico nem desperes. (eu fartei-me de sofrer no inicio mas agora já lido bem com isso.
2º verifica se o qi é normal (costuma ser....) e se o problema é só dislexia ou tem algum problema mais. Todos tem resolução.
3º para trabalhar a dislexia deve ter terapia da fala e acompanhamento psi.

nota que agora é a fase mais difícil : aprender a escrever num código que ela não domina. fazes bem em usar uma professora primária para a ajudar mas não abuses. ele precisa brincar e sentir-se muito amada. não a stresses em demasia. dá-lhe espaço. lê com ela, lê-lhe livros (por exemplo a Sophia) antes de dormir. conta-lhe histórias. desenvolve a atenção e concentração dela porque qd for para o 5º começa a ter testes normais mas pode ter como ajuda a leitura do teste, testes mais curtos etc. Ela será um PEI e poderá fazer todos os exames normais com ajuda extra (leitura de teste...é o que a minha tem ainda agora, tal como a relativização dos erros de português - e mat- ). concentra-te nas áreas fortes dela ( a minha era o desenho e a educação física) e pensa em termos de futuro nessas áreas.


Ná, a tua não precisa de tutoria. precisa de apoios especializados, se não há na escola procura-os no hospital publico- unidade de pedopsiquiatria.

relaxa e vai contando os progressos. ;)
Sei que é uma maratona, mas quando dá dor de burro a corrida torna-se penosa.  ;D
O QI é normal.
Para mim até os problemas escolares não são os piores. O pior é mesmo a auto-estima, que é muito difícil de gerir. Nós relativizamos os resultados escolares mas ela não. E como está muito mais desenvolvida em termos psicológicos, o gozo dos miúdos tem ainda mais peso.
A nossa tentativa de entrada no DL 3 era mesmo para ela ter mais tempo para brincar, pois tem "apoio" de 2.ª a sábado, seja para fazer os trabalhos da escola, seja para fazer os trabalhos da dislexia.
Neste momento tem um dos livros "Uma Aventura", em que lê 3 páginas por dia.
Como área forte tem a natação em que é mesmo muito boa. É a primeira da turma, onde estão incluídos rapazes de 13 anos.
Está também em consultas de neuro feedback, na tentativa de melhorar a sua atenção, mas ainda não vimos grandes resultados (mas também tem sido um período complicado).
“Our values are human rights, democracy and the rule of law, to which I see no alternative. This is why I am opposed to any ideology or any political movement that negates these values or which treads upon them once it has assumed power. In this regard there is no difference between Nazism, Fascism or Communism..”
Urmas Reinsalu

Smog

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 6767
    • Ver Perfil
Re: Educação - Tópico principal
« Responder #1395 em: 2016-05-22 12:43:30 »
Esse responsável escolar é um idiota que não quer trabalhar. Não te deixes enganar: o que conta são os relatórios médicos (vai a um terapeuta da fala e que faça um relatório...e apresenta-o). Se não ceder apresenta queixa no Ministério. Quando chegar ao 5º e tiver de fazer testes de aferição, o processo tem de estar feito, para poder usufruir de condições especiais de avaliação. Vais deixar que a tua filha seja prejudicada por causa duma falha da natureza? >:( Mexe-te e a escola que de os apoios. é um direito teu e dela.

Quanto ao gozo dos miúdos não há nada a fazer: a minha só conseguiu impor-se aos 12-13 anos quando revolucionou o guarda-roupa e passou a usar maquiagem: os garotos passaram logo a interessar-se...! ;D (idiotas!!) mas é assim que funciona com as crianças- são cruéis.

Os livros da Isabel Alçada ainda não são bons para um 3º ano. Experimenta os da Sophia. E se ela lê, então, leiam os dois a meias- dás miminhos aos mesmo tempo e ela acaba a gostar desse ritual e não desanima.

A atenção vai-se conquistando aos poucos. não desanimes.

hasta!
wild and free

Thunder

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 2009
    • Ver Perfil
Re: Educação - Tópico principal
« Responder #1396 em: 2016-05-23 09:45:54 »
A discussão a nível de opinião pública já está todo inquinado.
Do que tenho visto em outros fóruns, caixas de comentários, comentadores na TV e no meu face o que está a dominar é o pensamento "quem quiser privada que a pague".
As pessoas percebem tão mal o sistema em que estão inseridas que até dá dó.
Não percebem o conceito de receptor líquido de impostos.
Um agregado com 2 filhos e 1200-1500 euros líquidos para suportar esse agregado (quantos nem isso), vai ainda pagar um colégio privado?
Basicamente o que se está a condenar é essas pessoas a não terem opção nenhuma. Colocam no público e mais nada.
O grave da situação é: Que se queira essa opção para mim, tudo bem; agora forçar os outros? Já que tanta gente é de esquerda e muitos mais o são sem "saber" a adesão ao público deveria ser enorme. A escola pública continuaria a ser dominante; e se as pessoas não forem mentirosas e hipócritas seria dominante por uma margem enorme.
Mas haveria escolha para quem pensa de forma diferente.

A questão dos custos necessita de cálculos claros e auditáveis para entrar na discussão.
Se colocarem os custos da Parque Escolar nas escolas intervencionadas, o custo per capita dispara. O estado para compensar a questão da "sobreposição" com a rede pública poderia colocar o preço do cheque ensino no 95% do custo per capita. Aposto que os privados ainda assim conseguiriam ter uma oferta atractiva.

Agora anda tudo tão preocupado com os custos. Quando torraram 2400 milhões de euros numa loucura chamada Parque Escolar, aí andava tudo caladinho. E ainda tivemos uma ex-ministra a "dar baile" quando teve que falar sobre o assunto.

Isto é acima de tudo uma batalha ideológica. Quem tem uma mentalidade mais coletivista defende a exclusividade do público. Há quem não se conforme com a imposição e por isso acha que algo como um cheque ensino deveria existir.
O que me assusta é como as pessoas (de livre vontade) defendem e são os impulsionadores de ideias que mais tarde ou mais cedo levam ao totalitarismo. Ninguém se questiona, que deixar em exclusivo o papel educativo e formativo nas mãos do estado pode ser uma via arriscada?
Ninguém pensa em questões subtis de "formatação"?
« Última modificação: 2016-05-23 09:50:58 por Thunder »
Nullius in Verba
Divide et Impera
Não há almoços grátis
Facts do not cease to exist because they are ignored
Bulls make money, bears make money.... pigs get slaughtered

Zakk

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 2271
    • Ver Perfil
Re: Educação - Tópico principal
« Responder #1397 em: 2016-05-23 09:56:52 »
O cheque ensino é inconstitucional.

Depois aparecem pessoas tipo a smog a perguntar o que achamos sobre isto e aquilo. Se não tenho liberdade para escolher entre publico ou privado, porque devo ter liberdade para escolher o resto?

Se eu não tiver bem, apenas tenho que pagar no privado.

Incognitus

  • Administrator
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 30961
    • Ver Perfil
Re: Educação - Tópico principal
« Responder #1398 em: 2016-05-23 11:16:38 »
A discussão a nível de opinião pública já está todo inquinado.
Do que tenho visto em outros fóruns, caixas de comentários, comentadores na TV e no meu face o que está a dominar é o pensamento "quem quiser privada que a pague".
As pessoas percebem tão mal o sistema em que estão inseridas que até dá dó.
Não percebem o conceito de receptor líquido de impostos.
Um agregado com 2 filhos e 1200-1500 euros líquidos para suportar esse agregado (quantos nem isso), vai ainda pagar um colégio privado?
Basicamente o que se está a condenar é essas pessoas a não terem opção nenhuma. Colocam no público e mais nada.
O grave da situação é: Que se queira essa opção para mim, tudo bem; agora forçar os outros? Já que tanta gente é de esquerda e muitos mais o são sem "saber" a adesão ao público deveria ser enorme. A escola pública continuaria a ser dominante; e se as pessoas não forem mentirosas e hipócritas seria dominante por uma margem enorme.
Mas haveria escolha para quem pensa de forma diferente.

A questão dos custos necessita de cálculos claros e auditáveis para entrar na discussão.
Se colocarem os custos da Parque Escolar nas escolas intervencionadas, o custo per capita dispara. O estado para compensar a questão da "sobreposição" com a rede pública poderia colocar o preço do cheque ensino no 95% do custo per capita. Aposto que os privados ainda assim conseguiriam ter uma oferta atractiva.

Agora anda tudo tão preocupado com os custos. Quando torraram 2400 milhões de euros numa loucura chamada Parque Escolar, aí andava tudo caladinho. E ainda tivemos uma ex-ministra a "dar baile" quando teve que falar sobre o assunto.

Isto é acima de tudo uma batalha ideológica. Quem tem uma mentalidade mais coletivista defende a exclusividade do público. Há quem não se conforme com a imposição e por isso acha que algo como um cheque ensino deveria existir.
O que me assusta é como as pessoas (de livre vontade) defendem e são os impulsionadores de ideias que mais tarde ou mais cedo levam ao totalitarismo. Ninguém se questiona, que deixar em exclusivo o papel educativo e formativo nas mãos do estado pode ser uma via arriscada?
Ninguém pensa em questões subtis de "formatação"?

Toda a base da esquerda é precisamente evitar isso. É por isso que soluções do género "cada um escolhe o seu" são altamente detestadas, tal como o são mercados livres. A base de esquerda não é defender opções próprias -- a base do pensamento de esquerda é precisamente eliminar ou penalizar as opções dos outros, por definição.

Levado ao absurdo, o pensamento de esquerda resume-se a "Tudo o que eu gosto devia ser apoiado. Tudo o que eu não gosto devia ser proibido."

De resto e de forma engraçada, não muito diferente do Islão. Provavelmente existe uma raíz comum.

-----------

Isto aplica-se à educação e a muitas outras coisas. E é difícil de lhe fugir. Basta ver a ideia de que não se pode apoiar cultura em função da audiência, porque isso deixaria as outras pessoas optar como quizessem, e então podia-se acabar a apoiar "as mamas da Soraia". Como se existisse algo de intrinsicamente mau em os outros poderem gostar de algo diferente daquilo que nós gostamos, e esse algo ser apoiado como gostaríamos de ver o nosso gosto apoiado.
« Última modificação: 2016-05-23 11:22:56 por Incognitus »
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

Incognitus, www.thinkfn.com

JoaoAP

  • Ordem dos Especialistas
  • Hero Member
  • *****
  • Mensagens: 4778
    • Ver Perfil
Re: Educação - Tópico principal
« Responder #1399 em: 2016-05-27 11:53:28 »
Muito interessante.
Citar
Olha, o Ministério da Educação não sabe fazer contas de somar

José Manuel Fernandes
Observador 26/5/2016

Às vezes os governos julgam que somos tolos, como julgou o Ministério da Educação, que fez um "estudo" sobre escolas com contratos de associação que é um exercício de manipulação com erros grosseiros.
Há muito tempo que não via um “estudo” assim, tão descaradamente aldrabado para chegar a conclusões previamente definidas: as de que é necessário fechar umas dezenas de escolas com contratos de associação. E não escrevo “fechar escolas” de ânimo leve, pois é disso realmente que se trata em inúmeros casos e é isso que os responsáveis do Ministério da Educação verdadeiramente desejam (e até verbalizam).
A última vez que vi algo de semelhante foi no tempo de José Sócrates, há quase 10 anos, quando o ministro Mário Lino também apareceu com um “estudo” feito à medida das conclusões, na altura para justificar porque é que umas SCUT iam passar a ter portagens e outras não. Escrevi então que era uma “pena que o Governo julgue que todos são tolos”, algo que posso voltar a repetir, pois só tomando-nos por tolos se pode pensar que o estudo Análise da Rede de Estabelecimentos do Ensino Particular e Cooperativo com contrato de associação é para levar a sério.
Quando comecei a ler o “estudo” houve logo um primeiro elemento que me saltou à vista: a análise não partia de um levantamento no terreno realizado pelas estruturas desconcentradas do Ministério da Educação, conhecedoras das realidades locais, antes tinha como base o… Google Maps.
Isso mesmo: o Google Maps. Na 5 de Outubro alguém espetou uns alfinetes nas localizações das escolas particulares, outros alfinetes nas escolas públicas situadas num raio de 10 km e, depois, calculou as distâncias e o tempo de deslocação utilizando essa mesma ferramenta online. Com uma curiosa particularidade: só houve preocupação em calcular (ou então em incluir no estudo divulgado publicamente) as distâncias e os tempos de deslocação a pé e de automóvel, não de transportes públicos. Só posso encontrar uma explicação para esta incongruência: em boa parte dos locais não existe rede de transportes públicos, o que se comprova facilmente simulando alguns dos trajectos utilizando o mesmo Google Maps.
E daqui seguimos para o segundo ponto: se não existe rede transportes públicos, como se deslocarão as crianças nos casos em que a escola fica, apesar de tud,o relativamente distante, sendo que há várias situações em que isso sucede. Por exemplo, no tão falado colégio de Santa Maria de Lamas nenhuma das deslocações estimadas a pé é inferior a 27 minutos, para alunos do ensino básico, e a 67 minutos, no caso do ensino secundário.
Qual é então a intenção do Ministério? Que os alunos vão a pé? Que os pais tenham de ter automóvel? Ou está a contar com a rede de transportes escolares das autarquias? Falou com elas? Não, pelo que se sabe e pelo que se ouve de queixas de alguns autarcas. Teve então em consideração as redes existentes? Não parece, pois há casos em que a extinção de turmas num concelho implica a abertura de turmas num outro concelho (Santa Maria de Lamas é de novo um bom exemplo), e as câmaras não costumam transportar crianças para os concelhos vizinhos. Sendo assim, por exemplo, quem irá transportar os alunos os do Instituto Nun’Álvares, concelho de Santo Tirso, para uma das três escolas possíveis em Vila Nova de Famalicão? Ou do Externato Vila Meã, concelho de Amarante, para uma escola em Lousada ou do Marco de Canavezes? (Nesta última escola uma professora, e ex-aluna, Maria do Céu Pinto, fez ao ministro uma pergunta pertinente no Facebook: “se tivesse filhos e não houvesse autocarros, fá-los-ia andar entre 49 a 109 minutos a pé até Lousada? Ou entre 89 a 133 minutos até ao Marco?”)
Dir-se-á: mas o Ministério diz que falou com os directores dos agrupamentos escolares, pelo que certamente que isso foi tido em consideração. Mas dir-se-á mal: uma das primeiras coisas que fui ver quando consultei o estudo foi a forma como o Ministério falou com as escolas, o que vem descriminado no Anexo 1. E daria vontade de rir se não desse vontade de chorar: o Ministério convocou as escolas “ao molho”, todos os directores de cada região escolar ao mesmo tempo, como se estivesse a convocar um plenário. Na região Centro falou com 31 directores ao mesmo tempo. Na Região Norte com 39 directores simultaneamente. E por aí adiante.
Como resulta evidente, esta forma de “consulta” – que mais parece uma convocatória para dar instruções – não permite avaliar, escola a escola, as condições que estas têm ou não têm para receber os novos alunos. Quando muito dá para um director esticar o dedo e pedir obras de beneficiação.
O Ministério defende-se e, numa nota entretanto emitida, diz que usou “critérios objectivos” como o já citado serviço do Google Maps (sendo que há escolas particulares que já detectaram erros, caso da distância entre o Externato de Vila Meã e a Escola Básica de Alcanede, que o “estudo” diz ser de 9,6 km quando o milagroso Google Maps afinal indica 12,8 km…) e “o nível de ocupação das escolas públicas”. Repare-se que nestes “critérios objectivos” só foi considerada relação entre o número de turmas e o número de salas de aula, deles não tendo feito parte qualquer avaliação qualitativa das escolas de destino das crianças (quais os índices de abandono? quais os níveis de retenção? qual o grau de sucesso nos exames nacionais? de que equipamentos dispõem para além de salas de aula?). Ou seja, o Ministério assume que só lhe interessou a quantidade de salas de aula e que desconsiderou qualquer avaliação sobre a qualidade do ensino.
Mas quando passamos à consideração do tal “critério objectivo” das salas de aula descobrimos que o Ministério divide as escolas em cinco categorias, sendo que nas categorias 4 e 5 colocou as escolas já hoje sobrelotadas (e que portanto deveriam ver os seus alunos redistribuídos, o que nunca é considerado) e na categoria 3 as escolas que estão perto desse limite, quando não mesmo acima dele. Não se compreendem os critérios para a criação das diferentes categorias, sobretudo o porquê destas escolas da categoria 3, que estando perto da sobrelotação acabam por ser consideradas como capazes de receberem mais turmas. Fica-se com a sensação que se manipularam os indicadores no excel (sempre o excel) até dar o resultado pretendido. Como eu sei fazer, e sei como é fácil fazer, estas coisas no excel, só posso desconfiar.
Mesmo assim às vezes as coisas não correm bem: nas Caldas da Rainha, por exemplo, para fechar as turmas no Colégio Rainha Dona Leonor é preciso enviar os alunos para Óbidos, porque as escolas do concelho estão as duas nas categorias 4 e 5, isto é, sobrelotadas (já têm mais turmas do salas de aula).
Acontece que tudo se complica quando pensamos que muitas das turmas em causa não são de ensino regular, mas sim de ensino profissional e artístico. Ora estas turmas exigem equipamentos de tipo diferente, como oficinas, laboratórios e instrumentos, que não se contabilizam em meras “salas de aula”. Uma das falhas mais evidentes (noticiada aqui e aqui) foi a detectada no concelho de Vila Nova de Famalicão onde, na estimativa de lotação das escolas públicas, não foram consideradas as dezenas de turmas dos cursos profissionais que ali funcionam.
Experimentemos mesmo assim dar de novo o benefício da dúvida ao Ministério (algo difícil, já que este fez questão de reafirmar, na já referida nota à comunicação social, que “a avaliação final da rede é segura e rigorosa” – sic) e pensemos que este vai ainda corrigir os erros detectados – e que são mais do que aqueles que apontei, que são apenas ilustrativos. Faltará contudo explicar outras incongruências reveladoras de uma abordagem trapalhona, para não dizer aldrabona. Um bom exemplo disso é o estranho caso de dois colégios de Fátima que têm uma escola pública perto mas não perdem turmas porque essa escola fica noutro distrito. Diríamos: é um critério. Estranho, mas um critério. O pior é que, noutros locais do país, o mesmo critério não é aplicado e os alunos circulam entre escolas de diferentes distritos, como entre Santo Tirso (distrito do Porto) e Vila Nova de Famalicão (distrito de Braga). O que faz com que as escolas de Fátima sejam diferentes? Ninguém explica.
Este último exemplo indicia má-fé e manipulação. E má-fé reveladora um objectivo: prosseguir uma agenda que não é motivada por razões económicas (nada garante, bem pelo contrário, que optar por escolas públicas, mesmo com salas vazias, represente uma vantagem económica, como se percebe fazendo algumas contas simples), antes pela determinação de garantir o monopólio centralizado das escolas do Estado. Todas as restantes escolas, mesmo prestando serviço público de educação de melhor qualidade, devem ser sacrificadas ou, então, ficar reservadas aos mais ricos, aos que as podem pagar.
Pelo que, a concluir, só posso lamentar que nem a falsificar estudos este Ministério seja competente. Nesse mister podiam aprender com o seu grande inspirador, Mário Nogueira, de quem podemos dizer tudo, e discordar ainda em mais que tudo, mas alguém que não podemos acusar de ser incompetente. A Fenprof nunca nos proporcionaria um documento tão indigente como este.
PS. Já depois de escrito este artigo um leitor chamou-me a atenção para a seguinte coincidência: há apenas 9 concelhos em que as escolas particulares não perdem turmas, e desses 8 são geridos por autarcas do PS.