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Autor Tópico: Educação - Tópico principal  (Lida 377175 vezes)

jeab

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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #600 em: 2014-01-18 21:32:30 »
Não é só ele que pensa assim .... :)

Cada subsídio que dão ao MO é considerado por mim mais um imposto injusto que estão a lançar sobre milhões para beneficiar meia dúzia. Chama-se a isso espoliar ... >:(
O Socialismo acaba quando se acaba o dinheiro - Winston Churchill

Toda a vida política portuguesa pós 25 de Abril/74 está monopolizada pelos partidos políticos, liderados por carreiristas ambiciosos, medíocres e de integridade duvidosa.
Daí provém a mediocridade nacional!
O verdadeiro homem inteligente é aquele que parece ser um idiota na frente de um idiota que parece ser inteligente!

Automek

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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #601 em: 2014-01-18 21:36:47 »
Um pormenor, todas estas "queixas" são invariavelmente um grupo de interesse a dizer que temos que taxar todos os outros para o favorecer. Ir nestas cantigas é defender a iniquidade entre cidadãos. É dizer que uns têm mais direitos que os outros, que uns são especiais e os outros devem ser escravos.
Nem mais. Começa-se primeiro pelas coisas simples, básicas e, quanto a mim inquestionáveis, como sermos todos solidários com a educação de crianças e jovens, com a saúde, justiça e segurança, para depois começar a acrescentar todo o tipo de coisas, cujo interesse (e inutilidade) é especifico de uma minoria da população.

Essa minoria consegue, contudo, manipular a opinião publica e apropriar-se dos impostos, mesmo de quem ganha 700 ou 800 euros. É de uma imoralidade incrível obrigar uma família destas a pagar um qualquer doutoramento obscuro, filmes do MO e afins.

Incognitus

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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #602 em: 2014-01-18 22:38:47 »
O matemático inglês G. Hardy (final sec XIX primeira metade sec XX), que trabalhava em teoria de números dizia que o fazia porque estava interessado em compreender a estrutura dos nºs e isso lhe dava gozo, mas que não via nenhuma utilidade prática que pudesse resultar da sua investigação nem imaginava que algum dia pudesse a vir a ter alguma.
Hoje em dia os algoritmos usados na net e redes de telecomunicações para encriptação tem as suas bases na teoria de números desenvolvido nas décadas e seculos anteriores e onde se inclui os trabalhos de Hardy. Porque isso aqueles que aqui clamam a favor do imediato, lembrem-se quando fizerem uma transacção bancária pela net que ela só é segura devido aos trabalhos inúteis (segundo o próprio) do Hardy.
A situação até é irónica porque o Hardy era um puro e pacifista e provavelemnte ficaria escandalizado (e talvez mudasse para outra área matemática) se soubesse que as primeiras aplicações dos seus trabalhos foram no domínio militar  ;D

O Hardy era no entanto um verdadeiro investigador e mesmo que não fosse professor universitário e tivesse um emprego das 9 as 5 iria trabalhar nesses problemas quando chegasse a casa ou nos fins de semana. Iria fazer investigação quer fosse pago quer não fosse.
O mesmo já não se pode dizer dos investigadores proletários de hoje, em que a esmagadora maioria desconhece a diferença entre conhecimento e paper, e que simplesmente são funcionários de produzir papel onde o conhecimento é infimo.
Se tiver pachorra escreverei algo mais sobre isso.

Bem, não se trata de clamar a favor do imediato, mas sim de ponderar entre o imediato de quem quer favorecer o imediato, e o "a muito longo prazo" de quem quiser favorecer o "a muito longo prazo". Obrigar todos a pensar num suposto muito longo prazo é querer que todas as pessoas vivam em função de opções de terceiros. E pior ainda, qualquer tipo de opção pode depois ser pintada de "muito longo prazo" quando na realidade pode ser apenas uma desculpa para obter recursos de terceiros de forma mais fácil.
"Nem tudo o que pode ser contado conta, e nem tudo o que conta pode ser contado.", Albert Einstein

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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #603 em: 2014-01-18 22:40:31 »
Incognitus a mim custa-me que estejas a falar verdade e não estejas simplesmente a defender o interesse dos teus "CLIENTES" ou a defender a tua casta, dizendo apenas coisas em que não acreditas, senão lamento dizer mas o teu grau civilizacional é baixíssimo.

Consegues perceber como é que a civilização moderna e humanista floresceu?
Consegues perceber simplesmente a evolução do pensamento e da inovação no mundo?

Pleaseeeeeee..........

Se existissem aí argumentos eu rebatia-os. Mas isso é apenas um absurdo ataque sem sentido. A evolução do mundo não está de forma nenhuma dependente da atribuição de bolsas de doutoramento ou investigação, e especialmente não está dependente disso se as bolsas forem substituídas por empréstimos.
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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #604 em: 2014-01-18 22:41:59 »
Incognitus a mim custa-me que estejas a falar verdade e não estejas simplesmente a defender o interesse dos teus "CLIENTES" ou a defender a tua casta, dizendo apenas coisas em que não acreditas, senão lamento dizer mas o teu grau civilizacional é baixíssimo.

Consegues perceber como é que a civilização moderna e humanista floresceu?
Consegues perceber simplesmente a evolução do pensamento e da inovação no mundo?

Pleaseeeeeee..........
O Inc segue um raciocínio linear e não sai dele. Aponta para uma coisa lógica e supostamente justa e não quer saber de mais nada. É o caso do Manuel de Oliveira. Não há volta a dar ao Inc.

Exacto, não há volta a dar - eu sou incapaz de defender um mundo onde umas pessoas existem apenas para servirem como escravas das opções dos outros. E ironicamente, esse mundo geralmente é defendido por quem noutras instâncias se diz "pela igualdade".
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Zenith

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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #605 em: 2014-01-21 11:57:43 »
eu concordo com o inc apesar de ter sido beneficiado pelo esquema dos doutoramentos de forma indirecta

alias ja escrevi sobre o esquema que eh fazer um doutoramento a pala de portugal para depois ir ganhar muito bem

Acho que li algures que não chegastes a terminar.
Tiveste de devolver dinheiro?

Zel

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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #606 em: 2014-01-21 12:10:27 »
eu concordo com o inc apesar de ter sido beneficiado pelo esquema dos doutoramentos de forma indirecta

alias ja escrevi sobre o esquema que eh fazer um doutoramento a pala de portugal para depois ir ganhar muito bem

Acho que li algures que não chegastes a terminar.
Tiveste de devolver dinheiro?

nunca tentei fazer o doutoramento, mas quem desiste nao devolve nada

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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #607 em: 2014-01-24 11:07:55 »
Ainda sobre a tragédia da redução do financiamento das bolsas

Citar
(...)Passeando pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra percebe-se a indignação: há trabalhos importantíssimos que deixarão de ser realizados. Eis alguns dos finalizados que assim escaparam à tendência de contenção orçamental causadora da maior destruição da ciência desde a imolação do Giordano Bruno:

- Mães e pais depois da “verdade biológica”? Género, desigualdades e papéis parentais nos casos de investigação da paternidade
- Novas poéticas de resistência: o século XXI em Portugal
- Dicionário Terminológico de Conceitos da Crítica Feminista
- Memória, Violência e Identidade: Novas Perspectivas Comparadas Sobre o Modernismo
- Feitiçaria e Modernidade em Moçambique: questionando saberes, direitos e políticas
- A Regulação do Consumo e a Partilha do Risco do Endividamento
- Representações sobre (i)legalidade: o caso da saúde reprodutiva em Portugal
- Poesia da guerra colonial: uma ontologia do “eu” estilhaçado
http://blasfemias.net/2014/01/24/estao-a-imolar-cientistas/

(links no artigo)

itg00022289

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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #608 em: 2014-01-24 11:28:38 »
O CES foi criado e gerido pelo Boaventura Sousa Santos, não se podendo esperar muito disso


Citar
Aquilo que não tem sido dito no debate sobre a “Ciência em crise”
JOSÉ MANUEL FERNANDES 24/01/2014 - 01:57

A Ciência não é apenas bolseiros da FCT, e até devemos perguntar porque há tantos bolseiros “proletarizados”.



Com aquela tendência bem portuguesa para transformarmos tudo num enorme cataclismo, vivemos nos últimos dias a experiência de mais uma “zona de desastre”. Desta vez, garante-se, o que está em causa é o futuro da Ciência em Portugal. Como é típico nestas situações, o “consenso” que rapidamente se formou acabou por turvar os termos do debate, que ficou polarizado apenas num dos seus aspectos – desta vez o número de bolsas atribuídas pela FCT (Fundação para a Ciência e Tecnologia) – e ignorou todos os demais componentes.

O ponto de partida para a actual comoção foi a ideia de que teria acabado aquilo a que se chamou “a aposta na Ciência”. A prova seria a “diminuição brutal” do número de bolsas de doutoramento e pós-doutoramento. Na verdade, olhando para os números que este mesmo jornal divulgou domingo passado, e outros que estão disponíveis nas bases de dados públicas, é difícil sustentar a tese de hecatombe.

Em termos globais, o investimento em Ciência em percentagem do PIB atingiu um máximo de 1,64% em 2009 e em 2012 regressara aos valores de 2008, ou seja, a 1,50%. Estes valores não ficam longe da média europeia de 2,07% e colocam Portugal à frente de todos os outros países do Sul da Europa, incluindo a Espanha e a Itália. Mais: quando olhamos para o detalhe das estatísticas, verificamos que dos 0,14% perdidos entes 2009 e 2012, 0,10% foram perdidos pelo sector privado, o que significa que a quebra no sector público foi de apenas 0,04% (Pordata). Estes indicadores são coerentes com os números fornecidos pela FCT para o nível de investimento público (Orçamento e fundos comunitários): depois de um pico de 452 milhões em 2009, o investimento caiu para 412 milhões em 2011 e recuperou para 424 milhões em 2013 (números provisórios), um valor semelhante ao de 2008 (427 milhões).

Estes números não nos mostram uma situação de catástrofe, como se poderia deduzir do tom do debate público. Mostram-nos sim que o rápido crescimento do sistema parou em 2009 e que as verbas públicas investidas em Ciência começaram a diminuir ainda no tempo de Mariano Gago, sendo que o investimento total diminuiu mais do sector privado do que no sector público. Isto significa que, se compararmos com outras áreas afectadas pela actual crise, temos de admitir que este sector acabou por ser dos mais poupados.

 

Mas se não podemos falar de hecatombe, isso não impede que existam problemas graves. Como o da qualidade da ciência produzida. Ou como o da situação dos bolseiros.

Uma das “verdades sagradas” do actual debate é a de a Ciência produzida em Portugal ser de alta qualidade. A existência de alguns investigadores, em especial jovens investigadores, que têm obtido prémios internacionais reforça essa percepção. Infelizmente, se há em Portugal muitos centros de excelência, o resultados geral do sistema é pouco mais do que mediano, quando não medíocre. Basta pensar no seguinte: no nosso país existiam em 2012 9,2 investigadores por cada 1000 activos, uma percentagem que nos colocava em quinto lugar na Europa, logo atrás dos países nórdicos. Porém, se considerássemos o indicador compósito do Eurostat para a excelência em ciência e tecnologia (um indicador que integra variáveis como o número de publicações científicas ou de patentes), Portugal caía para 19.º lugar, sendo mesmo o pior dos países do Sul da Europa. Em síntese: temos muitos investigadores mas com baixa produtividade.

De facto, como disse a investigadora Maria Mota, recentemente distinguida com o Prémio Pessoa, “caímos no risco de achar que, como crescemos imenso, já estamos no topo e não estamos. Já temos muitos indivíduos que estão ao nível dos melhores, mas sobretudo ao nível promissor”. Ao comparar-nos com países como a Alemanha ou a Suíça, esta cientista constata que “lá já não há coisas medíocres”, ao contrário do que ainda sucede em Portugal. Por isso Maria Mota a defendeu, numa entrevista que deu em Setembro do ano passado, que era “preciso podar, e estaria talvez na altura de o fazer”.

Estas situações de mediocridade não são separáveis do estatuto dos bolseiros, pois os seus problemas são uma das consequências das regras existentes em muitos dos locais onde hoje se faz Ciência. Nesta área, como em muitas outras em Portugal, construímos um país dual.

De um lado temos os professores e investigadores que, sobretudo nas décadas de 1980 e 1990, encheram os quadros das universidades e, depois, dos laboratórios associados. Muitas dessas pessoas estão hoje envelhecidas, nunca tiveram uma qualidade por aí além, mas são inamovíveis por muitos e longos anos. Toda a gente que conhece o sistema sabe do que falo.

Do outro lado temos as gerações que têm vindo a ser formadas nos últimos anos, temos centenas de investigadores com mais valor e mais qualificação do que muitos dos que estão instalados, mas que encontram as instituição cheias e sem vagas. Todos os anos, sempre que mais uma coorte de universitários termina a sua formação, o número dos que ficam à porta do sistema aumenta.

O rápido crescimento do sistema de bolsas de doutoramento e, sobretudo, de pós-doutoramento tornou-se assim não apenas numa tradução do investimento em Ciência, mas numa forma de ir mitigando os problemas de emprego de um número crescente de jovens qualificados. Foi uma solução que só podia acabar mal: quando olhamos para os números verificamos que, mesmo antes da crise, o ritmo de crescimento do número de candidatos era exponencial superior ao ritmo de crescimento das bolsas atribuídas (em 2000 houve 1454 candidatos a bolsas de doutoramento e 309 a de pós-doutoramento, em 2012 foram 4367 a bolsas de doutoramento, três vezes mais, e 2123 a de pós-doutoramento, sete vezes mais). Ou seja, estava a formar-se uma bolha: havia cada vez mais gente à porta do sistema científico, este deixara de poder crescer organicamente, e mais tarde ou mais cedo o Estado deixaria de conseguir continuar a financiar mais e mais bolsas. Foi isso que aconteceu agora. Criara-se entretanto uma espécie de proletariado feito de uma multidão de bolseiros para quem o Estado parece ser o único empregador possível. É um beco sem saída indolor.

 

Ao discutirmos apenas o número de bolsas não discutimos o que está na origem das dificuldades. Não discutimos, por exemplo, as razões por que as instituições não se renovam e têm tendência para enquistar, como sucedeu, por exemplo, em alguns dos laboratórios do Estado, outrora centros de excelência e que hoje vegetam por entre lamentos relativos à ausência de quadros com menos de 40 anos. Essa discussão seria sempre mais difícil e incomodaria os parceiros do lado, pelo que é mais fácil pedir, “em nome da Ciência”, que se alarguem os quadros mesmo quando não há novas formas de financiamento.

Mas a falta de perspectivas dos nossos bolseiros não é apenas consequência do anquilosamento de muitas instituições universitárias e científicas – é também fruto da debilidade do sector privado. Em Portugal apenas três por cento dos doutorados encontraram emprego na indústria, o que compara com médias europeias que andarão nos 40%, ou americanas e asiáticas nos 60%. Esta realidade não se muda de um dia para o outro e não deriva apenas de os nossos industriais investirem pouco em inovação e desenvolvimento, pois também são muito poucos os que, tendo concluído o seu doutoramento, arriscam criar as suas próprias empresas. Há bons exemplos, mas são raros. Até porque falta espirito empreendedor e sobram as dificuldades criadas pela burocracia e pela regulação.

Para além disso continuamos a olhar apenas para o Estado quando há problemas ou falta dinheiro. Mas o Orçamento não dá para tudo. Em 2012 Portugal canalizou para a ciência e desenvolvimento quase 2% do OE (Eurostat), o quarto valor mais elevado da Europa, só superado pela Alemanha, Estónia e Islândia. Isto significa que o défice de financiamento não está do lado dos dinheiros públicos, e que é difícil pedir um esforço ainda maior aos contribuintes. O caminho que está a ser feito pelas instituições que procuram diversificar as suas fontes de financiamento não é por isso apenas necessário e recomendável, tornou-se inevitável.

Jornalista, jmf1957@gmail.com

http://www.publico.pt/ciencia/noticia/aquilo-que-nao-tem-sido-dito-no-debate-sobre-a-ciencia-em-crise-1620799

Incognitus

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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #609 em: 2014-01-24 12:12:48 »
Em parte o problema também vem do mercado pequeno - ideias inovadoras não encontram aqui massa crítica para as pessoas se aventurarem no mercado. Teríamos que ter como mercado uma coisa muito mais alargada. Para isso também ajudaria que no sistema se falasse essencialmente inglês desde muito cedo.
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karnuss

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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #610 em: 2014-01-24 13:33:01 »
Uma opinião de alguém insuspeito e que sabe do que fala. Mudanças necessárias sim (até concordo com muito do que foi escrito pelo José Manuel Fernandes), mas em época de crise deveriam ser mais graduais.

Citar
Graça Carvalho. Investigadores "foram apanhados de surpresa" pela "redução drástica" de bolsas


O concurso de 2013, com efeitos práticos em 2014, concedeu menos 900 bolsas individuais de doutoramento e menos 444 bolsas de pós-doutoramento face a 2012
A eurodeputada do PSD e ex-ministra da Ciência Maria da Graça Carvalho reconhece que os bolseiros "foram apanhados de surpresa" pela "redução drástica" das bolsas e defende incentivos fiscais para as empresas que contratem investigadores.

"A maior parte dos candidatos foi apanhada de surpresa", afirmou à agência Lusa, apontando que a redução "de forma drástica" do número de bolsas individuais de doutoramento e pós-doutoramento não foi acompanhada, no devido tempo, pela atribuição de outras bolsas.

"Criou-se uma instabilidade muito grande nos bolseiros", assumiu, acrescentando que a opção do Governo foi, a partir de 2013, "dar prioridade" a bolsas incluídas em programas doutorais e projetos de investigação, limitados a determinadas áreas científicas, sobretudo tecnológicas, em detrimento das bolsas individuais de doutoramento e pós-doutoramento, que abrangem todas as áreas científicas.

De acordo com os resultados divulgados há uma semana pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, entidade pública que atribui o apoio financeiro à investigação, o concurso de 2013, com efeitos práticos em 2014, concedeu menos 900 bolsas individuais de doutoramento e menos 444 bolsas de pós-doutoramento face a 2012.

Os resultados causaram grande indignação na comunidade científica, que saiu à rua, em Lisboa, na terça-feira, em protesto, acusando o Governo de desinvestimento na ciência.

Segundo a eurodeputada social-democrata, "o financiamento não diminuiu", apenas foi redistribuído, "gerido de forma diferente".

Contudo, admitiu que, "em períodos em que há desemprego e crise económica", as "reformas mais radicais deveriam ser feitas de uma forma mais gradual", ao longo de três a quatro anos.

"O número total de bolsas - individuais, doutorais e de projeto - tem que aumentar e ser suficiente para que não haja este pânico que se criou nos bolseiros", sustentou, assinalando que Portugal vai poder começar a beneficiar, este ano, de 20 mil milhões de euros de fundos europeus para a competitividade, ciência e inovação.

A ex-ministra da Ciência e do Ensino Superior, no Governo de coligação PSD-CDS/PP de Durão Barroso, considera que, para sair da crise, Portugal tem de "continuar a financiar a ciência, para manter a excelência académica", e "criar condições para que as empresas se tornem cada vez mais inovadoras e consigam absorver os quadros altamente qualificados" que estão a ser formados.

Neste contexto, Maria da Graça Carvalho defende "menos burocracia", regras de propriedade intelectual "mais simples e menos onerosas", financiamento para as pequenas e médias empresas e incentivos fiscais.

"Na reforma do IRC [Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Coletivas] poderíamos ter dado benefícios às empresas mais inovadoras ou que têm doutorados", advogou, embora assinalando que "não há consciência" por parte dos empresários em "levar para as empresas pessoas altamente qualificadas".

"Só temos três por cento dos doutores na economia", frisou.

A eurodeputada e ex-ministra participa hoje, em Lisboa, na conferência "Ciência, Cultura e Inovação", organizada pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.

A iniciativa conta, ainda, com intervenções do neurocirurgião João Lobo Antunes e do geneticista britânico Paul Nurse, Prémio Nobel da Medicina de 2001 e presidente da Royal Society.



http://www.ionline.pt/artigos/portugal/maria-da-graca-carvalho-investigadores-foram-apanhados-surpresa-pela-reducao/pag/-1

Incognitus

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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #611 em: 2014-01-24 14:19:31 »
Parece existir a ideia de que as bolsas são um programa de emprego. E aquilo de dizer que as empresas "têm que apostar" é outra falácia - têm que ser os investigadores a começar essas empresas que apostam nisso, não há forma de confiar numa entidade externa para o fazer.

Senão, todos têm o mesmo risco de acabar no desemprego. A sociedade não pode ser estruturada de forma a favorecer públicos específicos.
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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #612 em: 2014-01-24 15:23:25 »
Parece existir a ideia de que as bolsas são um programa de emprego.


Não havendo em Portugal a chamada carreira de investigador, acabam por ser efectivamente um programa de emprego. Isto é, um Doutorado, após concluir o seu Doutoramento, deveria poder ser integrado com o correspondente contrato de trabalho como investigador (por exemplo, a 5 anos), no centro/universidade onde desenvolveu a sua investigação ou noutro qualquer que manifestasse vontade de o contratar dada a qualidade do seu trabalho (na Alemanha, funciona assim). Como tal não é possível, já que as universidades e centros de investigação estão impedidos de contratar pessoal, as bolsas acabam por ser a única forma de os bons investigadores continuarem nas universidades/centros a fazer investigação.



têm que ser os investigadores a começar essas empresas que apostam nisso, não há forma de confiar numa entidade externa para o fazer.

Também será a opção para parte, mas dizes-me que não há firma de tentar, junto dos empresários e donos de empresas ACTUAIS, que ter malta altamente qualificada é uma vantagem e não um empecilho? Os nosso empresários/industriais têm uma visão assim tão diferente do resto da Europa?

Incognitus

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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #613 em: 2014-01-24 15:25:40 »
Eu digo que não há forma de confiar nisso. Tentar pode-se tentar, mas a única forma garantida é mesmo começar as coisas em que os outros não apostam.
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Luisa Fernandes

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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #614 em: 2014-01-25 13:43:30 »
Quem não Offshora não mama...

Zel

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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #615 em: 2014-01-25 18:09:13 »
carreira de investigador?? pensava que era para isso que ja tinhamos os professores universitarios, querem duplicar o custo ?

Zel

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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #616 em: 2014-01-25 18:11:27 »
os bacanos de investigacao ainda tem muito dinheiro, se lhes cortarem as bolsa de investigacao muitos ainda podem recorrer aos fundos de investigacao e pagar-se dai um ordenado, o seu uso eh bastante descricionario

Local

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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #617 em: 2014-01-29 15:23:44 »
Professores (do ensino) primários portugueses são os 15º mais bem pagos do mundo

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=682198

http://unesdoc.unesco.org/images/0022/002256/225660e.pdf
“Our values are human rights, democracy and the rule of law, to which I see no alternative. This is why I am opposed to any ideology or any political movement that negates these values or which treads upon them once it has assumed power. In this regard there is no difference between Nazism, Fascism or Communism..”
Urmas Reinsalu

Zel

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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #618 em: 2014-01-29 15:37:39 »
mas quem nao chora nao mama, quando o leite eh o sangue do povo portugues ainda mais verdade eh

jeab

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Re:Educação - Tópico principal
« Responder #619 em: 2014-02-07 14:36:01 »
Agora vou chamar de Drº ao serralheiro que me vier colocar as grades na janela ...  :-\

Minha rica Escola Industrial , de onde saíam verdadeiros electricistas, frezadores, etc. que a indústria necessitava.


Conselho de Ministros aprova Cursos Superiores de Dois Anos


O conselho de ministros aprovou a criação de cursos superiores com apenas dois anos de duração. Eis o enquadramento presente no comunicado do conselho de ministros hoje divulgado:

    “(…) 2. O Conselho de Ministros aprovou um diploma que procede à criação de um novo tipo de formação superior curta não conferente de grau, os cursos técnicos superiores profissionais.

    O objetivo destes cursos é alargar e diversificar o espectro da oferta de ensino superior em Portugal e por essa via aumentar o número de cidadãos com qualificações superiores necessárias ao país. Estes ciclos de estudos curtos têm a duração de dois anos, estando previstos no Quadro Europeu de Qualificações com nível 5.

    Esta oferta educativa deve ter uma forte inserção regional, concretizada ao nível da sua criação, definição dos planos de estudos e concretização da componente de formação em contexto de trabalho, na interação obrigatória com as empresas e associações empresariais da região.

    Estes ciclos de estudos serão ministrados no âmbito do ensino superior politécnico e têm uma componente de formação geral e científica, uma componente de formação técnica e uma componente de formação em contexto de trabalho, que se concretiza através de um estágio. (…)”

 http://economiafinancas.com/2014/conselho-de-ministros-aprova-cursos-superiores-de-dois-anos/#ixzz2seAtqvEw
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